Capítulo 42

-Bom dia. –Afasto-me do Axel, ao ouvir a voz da minha mãe. Viro-me para trás, ao ver a minha mãe parada no meio da sala, olhar para mim a sorrir. Levanto-me do sofá, coloco o Lacky no chão e caminho até ela.

-Mãe! –Passo os meus braços, á volta do pescoço dela e a abraço com força. Meu deus, estava com uma enorme saudade, de a ver e de a ter perto de mim.

-Minha querida. –Afasto-me dos braços dela e dou-lhe um enorme beijo, na bochecha.

-O que é que vieste aqui fazer mãe? –Questiono curiosa.

-O Axel convidou-me, para almoçar com vocês. –Responde. Viro a cara até ele, que continuava ainda na mesma posição no sofá e não mexia nem um único musculo.

-Eu convidei a tua mãe para almoçar connosco, mais a minha mãe. –Responde.

-Por quê?! Há alguma coisa em especial? –Questiono.

-Não. Pensei que ficarias contente, por ter companhia á tua volta. –Argumenta, ao dar-me um pequeno sorriso de lado.

Eu juro que não consigo entender o Axel, não consigo, é impossível! Ou ele á de estar a discutir comigo ou á de fazer coisas, que me surpreendem. Ainda á pouco estávamos a discutir no quarto, por causa dos ciúmes dele e depois, já estávamos aos beijos no sofá! Eu devia de o ter empurrado naquele momento, quando ele tentou aproximar-se de mim daquela maneira, mas eu não consegui, foi como se eu estivesse parada no tempo, no meu tempo!

-Vamos sentar-nos filha. –Murmura a minha mãe.

Caminhamos abraçadas até ao sofá e sentamo-nos no mesmo lugar, onde eu estava á poucos minutos atrás. O Axel levanta-se do lugar onde estava e senta-se no sofá á nossa frente.

-Como estás filha? –Questiona preocupada, ao passar a mão dela pelas minhas mãos.

-Estou bem mãe. –Respondo, sem dar qualquer sorriso.

-Eu quis visitar-te mais cedo Ash, mas o Axel não deixou, porque estavas fechada no quarto. –Explica a minha mãe. Baixo a cabeça até ás nossas mãos envergonhada, o Axel não me disse nada, sobre a minha mãe ter vindo até aqui a casa visitar-me e nunca mais pensei nessa hipótese, dela ter vindo até aqui...

-Sim é verdade... –Sussurro baixinho.

-Ela sabe muito bem, por que é que ficou fechada no quarto! –Exclama o Axel com agressividade, mas sem levantar o tom de voz dele para connosco.

-Axel, será que podias deixar-me um pouco a sós com a minha filha, por favor? –Levanto a cabeça até ao Axel, ao ouvir a pergunta da minha mãe e olhava para ele, á espera de uma resposta.

-Claro, eu vou deixar-vos á vontade. –Sigo o Axel com o olhar, enquanto ele se levantava do sofa, o Axel não desviava o olhar dele do meu e eu sabia, que ele queria dizer alguma coisa com aquele olhar, assim tão sério. –Atenção! –Exclama com firmeza e arrogância.

Sem esperar alguma resposta da minha parte, o Axel vira-nos as costas ao seguir o caminho dele, em direção ao corredor que dava para o escritório dele. Solto um suspiro profundo e viro a cara ao olhar mais uma vez, para a minha mãe.

-Ashley por amor de deus minha filha, o que é que se passou para ficares fechada no quarto, tantos dias?! –Questiona preocupada e inquieta. Sento-me no sofa de lado e coloco as minhas pernas, em forma de "X".

-Tentei atrasar as coisas para o casamento e quando ele descobriu, o que eu estava a fazer irritou-se e fechou-me no quarto. –Baixo a cabeça e fico a olhar para as minhas mãos.

-Pela santa filha... –Repreende-me preocupada.

-Eu só sai do quarto ontem de manhã, porque implorei muito para sair, se não eu ficava fechada até amanhã... –Explico num sussurro.

-Ashley... –Levanto o olhar e deixo as lágrimas descerem pela cara. Ela olhava para mim com um ar triste, minha mãe levanta a mão dela e passa pela cara, ao limpar as minhas lágrimas. –Minha filha não te prejudiques, vais magoar-te a ti própria, tu sabes disso.

-Mãe eu não quero este casamento, o Axel não é homem para mim e ele não vai fazer-me feliz, porque eu não o amo! –Explico calmamente, sem conseguir controlar as minhas lágrimas. –Eu tenho o direito de saber, o que se passa! Eu tenho o direito de saber o por quê, de ter que casar com ele! Vocês devem me uma explicação! –Exclamo irritada. Tento não levantar a voz por causa do Axel, por mais que eu queira discutir com ela por causa do casamento, eu sei que se o outro me ouve a discutir, ele vem ate nós e aí é que tenho um problema ainda maior.

-O Axel contou-me o que se passou ontem... -Incrível, em como ela muda de assunto muito rapidamente. Reviro os olhos e suspiro.

-Sim! –Afasto as minhas mãos do toque dela e encosto-me para trás, ao manter uma certa distância entre nós as duas. -É verdade, um homem entrou dentro do meu quarto e tentou tocar-me. –Fecho os olhos e respiro fundo. Mais uma vez, lembrar-me desta maldita história, deste maldito momento! –Mas o Axel pareceu no momento certo. –Murmuro, sem vontade.

-Mas estás bem não estás filha, ele não te fez nada?! -Questiona preocupada.

-Se eu estivesse na minha casa, no meu quarto, nada disto teria acontecido! –Exclamo com agressividade e levanto-me do sofá, ao andar pela sala. Cruzo os meus braços chateada e andava para a frente e para trás. –Isto só aconteceu, porque vocês meteram me aqui nesta casa, para me obrigarem a casar com o Axel! Se alguma coisa acontece-se comigo, a culpa iria ser toda vossa e vocês iriam ficar com essa consciência, para o resto da vida! –Exclamo. A minha mãe olhava para mim com um ar triste, mas ela sabe perfeitamente que o que eu digo é verdade, aquele homem sabia que eu era a mulher do Axel, por isso é que ele veio ter comigo, se eu estivesse sossegada na minha própria casa, nada disto teria acontecido.

-Ashley, não digas isso... –Sussurra ao levantar-se do sofá e vem até mim, com uma certa cautela para que eu não me afasta-se. Afasto-me do caminho dela, ao dirigir-me até á janela.

-Ouve bem, o que eu vou dizer mãe! –Exclamo, ao virar-me de frente para ela. –Eu nunca, mas nunca, mas nunca, vou vos perdoar por o que vocês fizeram. Vocês destruíram a minha vida, o meu sonho, ao prenderem me aqui com o Axel, sem ao menos saber o que se passa á minha volta! –Mais uma vez, sentia as lágrimas a formarem-se nos meus olhos, a minha mãe olhava para mim tristemente, mas ao mesmo tempo com pena por me ver neste estado, tudo isto poderia ser muito diferente!

-Ashley! –Assusto-me, ao ouvir a voz do Axel. Viro a cabeça para o lado e o vejo em pé no meio do corredor, a olhar para mim com um ar sério e nada feliz. Viro-me ao poder esconder a cara, para limpar as lágrimas discretamente e caminho em direção ao Axel, ao deixar a minha mãe na sala. –Pode ir até á cozinha, ter com a Isabel. –Ordena o Axel, para a minha mãe.

Continuo o meu caminho até ao escritório calada e já começava a pensar no pior. O Axel fica irritado e zangado, quando ouve que eu estou a discutir por causa do casamento, por isso que eu tentei fazer o mínimo barulho na sala enquanto estava a falar com a minha mãe, mas parece que não foi baixo o suficiente. Ele... alias todos sabem que eu tenho razão ao discutir sobre o casamento, todos esperam que eu aceite as coisas assim, de mãos abertas... eu venho tentado evitar este casamento, mas até o Axel descobri-o que eu andava a atrasar os preparativos e qual foi o resultado?! Casamento a menos de 24 horas e fiquei fechada no quarto, durante dias! A porta do escritório já se encontrava aberta, entro e caminho até á cadeira. Sento-me e fico a espera que o Axel entra-se também. Ouço finalmente a porta a fechar-se e o corpo do Axel passa por mim. O Axel senta-se na cadeira e olhava para mim seriamente, sem dizer nada. Este silêncio dele, é muito estranho, será que é bom ou mau sinal?

-Ashley será possível, que a menos de 24 horas vais começar a discutir com todos desta casa, por causa do casamento?! –Interroga com um ar sério e frio.

-Não estou a discutir com todos Axel, eu só estava a falar com a minha mãe. –Murmuro calmamente.

-Não, não estavas Ashley. Eu ouvi a conversa, ficas a saber que o que aconteceu não foi culpa de ninguém, nenhum de nós podia prevenir que isto fosse acontecer. –Eu pensava que ele ia falar sobre o casamento, mas já fico muito feliz se ele mudar de assunto.

-Não Axel! Aquele homem atacou-me porque sabia perfeitamente que nós os dois iriamos casar, porque ele ficou contente quando olhou nos meus olhos e disse que eu era tua mulher! –Exclamo irritada, ao elevar o meu tom de voz. –Podia acontecer-me alguma coisa e a culpa iria ser vossa e vocês iriam ficar com essa consciência, para o resto da vida! Axel viste o que aconteceu, porque tu simplesmente decidiste, que eu tenho que casar contigo?!

-Ashley, o que aconteceu não voltará á aconteceu, eu garanto-te que não. -Argumenta.

-Que bom, fico muito mais descansada! –Exclamo ironicamente.

Levanto-me da cadeira e caminho até á janela do escritório. Cruzo os meus braços contra o meu peito e fico a olhar para o jardim. Eu própria ás vezes, não consigo entender o que eu mesma quero! Ás vezes apetece-me discutir com o Axel sobre o casamento, na esperança de tanto insistir pudesse ser que ele desistisse do casamento e que me deixa-se livre... mas também sei, que se eu discutir com ele ou vai dar uma grande discucão ou o resultado vai ser eu fechada no meu quarto e poderá acontecer alguma coisa, aos meus pais. Todas as ameaças do Axel, foram só isso... ameaças, felizmente! A única coisa que ele fez, foi prender os meus pais no armazém, mas de outra maneira nunca passou disso, de simples ameaças vazias!

-E mais uma vez eu digo-te Ashley, eu aconselho-te a acalmares-te, por causa do casamento! Está tudo preparado para amanhã, não vai haver falhas nenhumas! –Exclama pausadamente, mas sempre com arrogância e frieza no tom de voz.

-Eu já percebi Axel! –Viro-me de frente para ele mais uma vez, com aquelas pequenas lágrimas a formarem-se nos meus olhos. –Eu vou ficar á espera claro, que tu destruas a minha vida, até ao fim dos meus dias! –Exclamo e viro-lhe as costas, ao dirigir-me rapidamente até á porta do escritório. Abro a porta e a fecho com força, ao fazer um barulho enorme a ecoar pela casa.

-ASHLEY! –Ouço ele a gritar fortemente o meu nome, no escritório. Sem pensar duas vezes, começo a correr em direção á cozinha. –ASHLEY! –O Axel continuava a gritar o nome.

O ignoro e continuo a correr em direção á cozinha, antes que ele saisse do escritório e que consiga ainda apanhar-me, a meio do caminho. Chego á cozinha e a minha mãe e a Isabel viram-se para trás, ao ouvirem-me a correr.

-O que é que se passa Ashley, por que é que o Axel está a gritar? –Pergunta a minha mãe preocupada, ao vir na minha direção.

-Está a dar-lhe um ataque de estrias! –Comento e desvio-me da minha mãe, ao caminhar até á bancada onde estava a Isabel, a cortar qualquer coisa.

-Ashley, o que é que se passou? –Pergunta a minha mãe, mais uma vez.

-Ele está a ter um ataque de estrias! –Exclamo irritada. –Chega de andar sempre a falar, sobre o Axel! –Ordeno irritada. As duas olhavam para mim, com um ar preocupante e acho que exagerei. Fecho os olhos e respiro fundo. –Desculpa, tivemos a discutir e ele está irritado, só isso. –Explico.

-Ashley, estares sempre a discutir com ele, não é nada bom. –Murmura a Isabel.

-E queres que eu faça o quê? –Questiono. –É mais forte do que eu, são personalidades diferentes um do outro.

-Mas filha, se t...

-Mãe por favor. –A interrompo. –Eu não quero, mais falar sobre o assunto. Respeitem pelo menos uma vez que seja, a minha decisão.

-Claro filha. –Sussurra.

-E o que é que vai ser o almoço? –Pergunto, ao mudar de assunto.

-Olha minha querida, eu grelhei carne, fiz um pouco de batatas no forno, com molho de cogumelos.

-Hm, parece-me ser bom. –Murmuro. –A Angel ainda não chegou? –Questiono.

-Ouvi alguém a falar o meu nome. –Assusto-me, ao ouvir de uma pessoa na entrada da cozinha. Viramo-nos as três e vejo que era a própria Angel, que se encontrava parada a olhar para nós.

-Bom dia Angel. –Caminho na direção dela e dou-lhe um abraço. –Estava mesmo, a perguntar por si.

-Minha querida, podes tratar-me por tu. –Murmura. Cumprimento-a com dois beijinhos na cara.

-Bom dia, senhora Clark. –Comprimenta a Isabel.

-Bom dia. –Comprimenta a Angel.

-Bom dia Angel. –A Angel entra na cozinha e cumprimenta a minha mãe, com um pequeno abraço.

-Vem um cheiro maravilhoso, desde da entrada da casa. –Elogia,  ao aproximar-se do fogão.

-Senhora, estamos a terminar de fazer o almoço. –Responde a Isabel.

-Parabéns Isabel, tem um cheiro maravilhoso. –Comenta a Angel.

-Muito obrigada senhora. –Agradece a Isabel.

-Ashley minha querida, sabes onde está o meu filho? –Questiona ao virar-se de frente para mim. Respiro fundo, antes de responder alguma coisa.

-Ele está no escritório. –Murmuro.

-Eu vou falar com ele e já volto, para falar contigo minha querida. –Ela vem até mim, passa a mão dela pelo meu braço de forma confortante e desvia-se a seguir, ao caminhar para fora da cozinha.

Existe duas opções... ou ela vai falar comigo, por causa do maldito casamento ou ela vai falar alguma coisa, por causa do filho! Eu não sou mal educada e nunca tive esse tipo de educação, mas se ela vier falar comigo sobre esses dois assuntos, eu não respondo por mim! Eu estou pela ponta dos cabelos, com o assunto do casamento! Casamento para ali, casamento para o que lá... Irrita-me, saber que todos estão tão ansiosos para o dia, menos eu que sou a noiva!

-Ashley, podem ir para a mesa, ela já está posta e dentro de poucos minutos, já vou servir o almoço. –Murmura a Isabel.

-Não precisas de ajuda? –Pergunto.

-Não. Podem ir.

-Vamos Ashley.

Eu e a minha mãe, saímos da cozinha em silêncio e vamos até á sala de jantar. A casa estava silenciosa, nem sinal da pequena Maryann era estranho... Será que ela estava a dormir? Entramos na sala de jantar e a mesma ainda se encontrava vazia, apenas a mesa que já estava posta. Sento-me no meu lugar normalmente, ao lado do lugar do Axel e a minha mãe senta-se ao meu lado.

-Minha filha... –Sussurra, a chamar o meu nome.

-O quê mãe?! –Questiono, sem paciência nenhuma.

-Minha filha, não podes passar o resto dos dias, a discutir com o Axel... Isso não é saudável, para nenhum de vocês.

-Eu não preciso de saúde! –Exclamo com agressividade.

-Seria mais fácil, se aceitasses as coisas como elas são e não, provocares o Axel. –Murmura num tom preocupante.

-Claro mãe, claro que sim, eu vou ficar calada enquanto o Axel manda na minha vida, pois claro que sim. –Respondo ironicamente.

-Ashley, não foi isso que eu disse.

-Não precisas de dizer diretamente, eu sei bem o que estás a querer dizer! –Exclamo.

-Ash... –A minha mãe tenta tocar na minha mão, mas eu desvio do toque dela.

-ASHLEY! –Assusto-me, ao ouvir a voz da pequena Mary a gritar pelo meu nome. Eu e a minha mãe, olhamos as duas para a entrada da sala de jantar e a veja a correr na minha direção. Viro-me de lado e ela abraça-me com força, ao sentar-se no meu colo. –Estava com tantas saudades tuas!

-Uau, parece que já não me vês á séculos! –Exclamo, ao brincar com ela. Ela larga o meu pescoço, ainda no colo ela olhava para mim feliz e com um sorriso enorme, nos lábios. Ela olhava para mim, como se eu fosse um raio de sol brilhante, ela olhava para mim com uma felicidade enorme!

-Vamos poder voltar a brincar, outra vez?

-Claro que sim!

-Bom dia! –Ouço a voz do James e da Liane, a cumprimentarem em sintonia.

-Bom dia. –Comprimento. Os dois de mãos dadas, caminham até aos lugares deles á minha frente e volto a minha atenção para a Maryann, que mantinha sempre aquele sorriso nos lábios.

-Há, vejo que já estamos todos á mesa. –Ouço a voz da Angel a entrar na sala de jantar, acompanhada pelo Axel, atrás dela.

O Axel mantinha aquele olhar sério ainda, assim que os olhos dele se encontram com os meus, os lábios dele se formam numa linha reta e o olhar dele  torna-se frio. Baixo o meu olhar até á Mary, para fugir do olhar dele sobre mim. O Axel caminha em passos largos até ao lugar dele e fecho os olhos, ao sentir o corpo dele a passar por trás de mim! Espero que a Angel tenha conseguido acalmar um pouco o Axel, ele estava tão irritado por causa daquilo que eu disse, que cheguei a pensar que ele iria vir atrás de mim, quando saí do escritório.

-Mary minha querida, por que é que estás de pijama ainda? –Pergunta a Angel, ao sentar-se no lugar da ponta em frente ao Axel.

-Mãe, eu gosto andar de pijama... -Responde toda contente. –E ele é quentinho!

-Mary, vai sentar-te no teu lugar para comer. –Pede o Axel calmamente.

-Eu queria sentar-me, ao lado da Ashley Axel... –Murmura, ao fazer um beicinho pequeno. Aí esta criança é um amor de menina, tão fofinha...

-Maryann, o teu lugar já está marcado na mesa. –Murmura a Angel.

-Mano, por favor... –Suplica a Maryann, com aqueles olhos lindos.

-Eu não me importo, de trocar de lugar com a menina. –Murmura a minha mãe.

-Só desta vez Mary! –Exclama calmamente o Axel.

-Obrigada!

A Maryann toda contente, passa os braços dela pelo meu pescoço e abraça-me, ao apertar-me com força. A força que ela tem, não é nada comparada á minha ou dos outros, mas ela apertava-me com força porque estava feliz e isso era muito bom de ver. A Maryann larga-me o pescoço e vai até á cadeira livre pela minha mãe, ao sentar-se com o maior sorriso nos lábios. Fico muito feliz por saber que ela gosta de mim, que ela gosta da minha companhia, eu não sei se o Axel a deixa viver com ele por causa da asma ou se é mesmo, para que ela não se sinta tão sozinha. Não sei se ela vai á escola ou se ela tem aulas em casa, visto que ela tem asma, é um grau muito avançado para a idade dela.

A Isabel e Eline entram na sala de jantar, com dois tabuleiros nas mãos que cheiravam maravilhosamente. Cada um acaba por se servir e começamos diversas conversas, entre uns e os outros. Apesar de estar aqui nesta casa por obrigação, fico feliz por a Maryann fazer parte da minha vida, num certo ponto de vista ela é minha cunhada, mas de coração é como se fosse uma irmã mais nova, que eu nunca tive. Eu gosto de brincar com ela e ver que ela gosta de brincar comigo também. Isso alegra-me muito, saber que ela gosta que eu faça parte da vida dela. Eu vou passar o resto dos meus dias, aqui em casa e vai ser ela, que vai ter a minha maior atenção.

Quando eu era pequena, eu sempre pedia aos meus pais para ter mais um irmão, a minha mãe sempre me disse "vais ter se deus quiser", mas até hoje esse dia nunca chegou! Eu não ganhei uma irmã nem um irmão de sangue, mas tive uma recompensa melhor do que essa! Eu ganhei uma irmã de coração e de amor!

-Ashley, minha querida. –Sou interrompida pela voz da Angel, a chamar por mim.

-Sim?

-Estás bem? –Pergunta preocupada. Todos na mesa olhavam para mim, até o próprio Axel olhava.

-Sim, eu só estava distraída.

-Eu estava a dizer, que temos que fazer uma despedida de solteiro. –Propõe, ao sorrir para mim.

-Isso está fora de questão! –Exclama o Axel, todos nós viramos o olhar até ele, que mantinha aquela postura seria e fria. –A Ashley, não saí desta casa! –Baixo o meu olhar, até ao meu prato vazio.

-Meu filho, faz parte da tradição fazer-mos uma despedida de solteiro. –Insiste a Angel.

-Eu já disse, que ela não saí desta casa! –Exclama mais uma vez, mas ao elevar um pouco o tom de voz dele, para com a mãe.

-Axel e se elas fizessem a despedida, aqui em casa? –Levanto o meu olhar até ao James, ao ouvir a sugestão dele. –Elas não precisam de sair de casa, para fazerem uma despedida de solteiro. Á muitos quartos pela casa e até temos a piscina de interior, sempre podem lá ficar e ficamos de vigia. –Com cautela, viro o meu olhar até ao Axel e já tinha o olhar dele sobre mim. Engulo a seco, com medo da maneira de como ele olhava para mim, eu não sei se ele olhava para mim com raiva ou se era de chateado, por aquilo que tinha acontecido. Fico contente e agradeço, pela sugestão do James. Claro que para mim, haver uma festa ou não é igual, não me faz diferença haver ou não uma festa, mas fiquei mais triste e sentida, quando ele disse que eu não iria sair desta casa!

-Está bem, podem usar a piscina de interior! –Exclama. Um pequeno sorriso, forma-se nos meus lábios.

-Obrigada. –Agradeço, num sussurro.

-Mãe, podes ficar encarregada de preparar as coisas. –Sugere o filho.

-Com todo o prazer, meu filho. –Sinto a mão do Axel a ser colocada em cima da minha, olho para a minha mão e ao levantar o meu olhar até ao do Axel, sinto um arrepio estranho a passar por mim. Não sei se é medo ou se é mesmo, por sentir o toque dele sobre mim. Á minha volta, começavam a falar sobre o que iria acontecer na festa de hoje á noite, eu e o Axel mantínhamos o olhar um no outro, sem nenhum de nós desviar nem o olhar nem o toque dele, sobre a minha mão.

-Ashley, acompanha-me até á cozinha por favor. –Meio que afirma, ao pegar na minha mão e a levantar-se da cadeira dele. Todos na mesa param de falar e olham para nós. Com um certo medo que ele vá dizer alguma coisa, levanto-me também e caminhamos para fora da sala de jantar.

-Com licença. –Peco, ao sair-mos da sala de jantar.

Este silêncio dele, estava a dar-me medo e esta ansiedade também. Eu não sei por que é que ele chamou-me até á cozinha, não sei sobre o que é que ele vai falar e isso está a deixar-me com medo. Ao chegar-mos á cozinha, o Axel coloca-me contra a bancada e põe-se de frente a mim. Eu não sei o que é pior, se é ficar presa entre a bancada e o corpo dele, ou se é o silêncio que ele mantinha. O Axel olhava para mim sem dizer nada, ele coloca as mãos dele em cada lado da bancada, ao prender-me com o mínimo de espaço que poderia ter. Respiro fundo e tento acalmar os meus nervos.

-O que aconteceu no escritório, não voltará a repetir-se Ashley! –O Axel é o primeiro a interromper este silêncio, com uma ordem fria e com arrogância.

-Eu não disse nada de mais, eu só disse a verdade! –Exclamo, ao desviar o olhar do dele.

-As verdades também tem consequências, Ashley!

-E parares de ameaçar, não tem? –Questiono irritada. Viro a cara para ele e tinha a cara do Axel, a poucos centímetros da minha. –Eu só disse a verdade e mais nada!

-Tu sabes perfeitamente, que não á nada que possas dizer, que vá impedir este casamento! –Exclama pausadamente.

-Então se não á nada, não estás aqui a fazer nada, á minha frente! –Afirmo irritada. Cruzo os meus braços contra o meu peito e viro a cara até á pequena janela, que havia em cima do lavatório para conseguir fugir ao olhar do Axel. Tudo o que eu vá dizer, não vai valer de nada, ele é que quer sempre ter razão, toda a razão como se ele fosse o rei do mundo e de todos! Eu não vou discutir com ele mais uma vez, por mais que eu tenha essa vontade, isso cansa-me e não é pouco e além do mais, eu nunca irei a lado nenhum lado com isso! Assusto-me, ao sentir o nariz do Axel a esfregar no meu pescoço, fecho os olhos com força, ao desejar que ele para-se com aquilo. –Axel para! –Ordeno.

-Eu não quero discutir contigo, a poucas horas do casamento. –Confessa. Sinto um arrepio a passar pela minha pele, ao sentir o alito quente dele no meu pescoço, eu queria puxa-lo para trás, mas ele consegui-o apanhar o meu ponto fraco e eu não conseguia fugir do toque dele! Sinto finalmente um alivio enorme no meu coração, ao sentir o corpo dele a afastar-se por completo do meu. Abro os meus olhos devagar e ao virar-me de frente para o Axel, o mesmo se encontrava encostado á bancada á minha frente, com os braços cruzados contra o peito dele. O Axel olhava seriamente para mim, ele muda de olhar tão rápido, é incrível em como ele tem milhares de personalidades e de olhares, em menos de cinco segundos. –Ashley, eu deixei fazerem a festa de despedida aqui em casa, mas não foi por ti, foi porque a minha mãe pediu porque por mim, não havia festa nenhuma! Eu espero que tu não tentes nenhuma asneira, porque como sabes a casa foi bastante reforçada, não vais ter qualquer chance para fugires desta casa! –Exclama.

-Recado dado! –Era impossível não revirar os olhos, com a afirmação dele.

O Axel sem dizer mais nada, desvia-se de mim ao virar-me as costas e caminha mais uma vez, até á saída da cozinha. Eu tenho uma boa oportunidade á frente dos meus olhos, de lhe atirar com uma faca nas costas e adeus Axel Clark! Teria a minha única oportunidade, de o matar agora e de conseguir fugir deste casamento, para sempre! Mas e onde é que está a coragem neste momento? Não está!

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