Capítulo 29

-O Axel disse, que tinhas que ir para a cama ás 22 e 30, por causa dos medicamento. -Murmura. Olho para ela e ela continuava a sorria, para mim.

-Como se eu fosse uma criança! -Exclamo friamente. Era só o que me faltava, ter que me deitar ás horas que ele quer!

-É por causa dos medicamentos, Ashley. -O sorriso dela desaparece.

-Sim desculpa... -Sussurro. Ficamos caladas durante algum tempo, nenhuma de nós pronunciou uma palavra, durante alguns segundos.

-Tu sentes alguma coisa, pelo Axel? -Olho para a Liane, ao ouvir a voz dela a interromper este silêncio.

-Claro que não. -Respondo de repente. Mas... que raio de ideias, é que ela anda a ter?

-Eu sei, que ele sentes ciúmes teus. -Murmura, com um sorriso.

-Não sei por quê. Ele não me é nada e é assim, que vai continuar a ser!

-Tu continuas a desafia-lo, eu não quero nem imaginar, o que é que ele é capaz de fazer, sabes?

-Eu só quero evitar, que esse dia chegue, a todo o custo... Quanto mais tarde, melhor!

-Seria melhor, ir-mos para cima. -Murmura.

-Não quero muito, ficar no quarto... -Resmungo, ao baixar o meu olhar.

-Eu sei mas temos que ir, são ordens do Axel e eu não quero problemas, nem para ti nem para mim. -Suspira.

-Está bem.

Levantamo-nos as duas e caminhamos até á saída, da biblioteca. Ficamos aqui na conversa, até as horas passaram tão rápido, não sei que horas são, mas para ela estar a dizer que temos que ir para cima, já deve ser quase horas de tomar os medicamentos! Saímos da biblioteca e a casa estava num completo silêncio... Parecia uma casa assombrada.

-Vou deixar o pequeno Lacky na cama dele. -Murmuro.

-Está bem, eu vou ficar aqui á espera.

Deixo a Liane á borda das escadas e caminho até á cozinha. Coloco o pequeno deitado e o tapo, com o pequeno cobertor castanho.

-Porta-te bem e não faças barulho. -Sussurro, ao passar a mão pela cabeça dele. Ele tem água e comida, ele vai ficar bem.

Afasto-me dele, ao sair da cozinha ao caminhar até á Liane que estava encostada á parede, ao lado das escadas.

-Podemos ir. -Murmuro e começamos a subir as escadas devagar. -O James foi com o Axel?

-Sim. -Responde.

Ao chegar-mos ao fim das escadas, vejo o Aphonso á porta do quarto, ao telefone com alguém e aposto que esse "alguém" era Axel. O Aphonso desliga a chamada e olha para nós, a caminhar na direção dele.

-Boa noite senhoras. -Cumprimenta e curva um pouco a cabeça, para baixo.

-Não precisas de formalidades Aphonso, boa noite. -Cumprimento por igual. O Aphonso abre a porta do quarto, para que eu e a Liane possa-mos entrar. -Obrigada.

Eu e a Liane entramos no quarto e o Aphonso fecha a porta, atrás de nós. Caminho até ao sofá em frente á cama e sento-me a olhar para a janela, onde via a neve ainda a cair lá fora.

-Toma. -A Liane estende-me o termómetro, á minha frente.

-Para que é que eu quero isto? -Questiono, como se fosse uma pergunta obvia.

-Porque tens que medir a febre, antes de tomar os medicamentos. -Explica.

-Eu não preciso disso Liane. -Protesto, ao levantar-me do sofá.

-Por favor Ashley, eu só estou a fazer aquilo que o Axel pedio-me, por favor. -Suplica.

-Eu não tenho febre, eu estou bem! -Exclamo.

-Então se não tens febre, mede-a para eu ter a certeza! -Pede. Pego no termómetro e o coloco debaixo da minha camisola.

Sento-me na cama, enquanto ela fica a andar pelo quarto, não sei a fazer o quê. Ela senta-se no sofá, com uma caixa de comprimidos na mão, reviro os olhos só de pensar que aquilo é para mim! Ouço finalmente, o barulho do termómetro a dar o sinal que já estava pronto, tiro-o de baixo do braço e vejo os graus que eu tinha. 38°graus... Reviro os olhos e dou o termómetro á Liane.

-Eu sabia que estavas com febre Ashley, que teimosa! -A Liane tira o telemóvel do bolso de trás das calças e começa a marcar o número qualquer. Mas... para quem, é que ela vai ligar?!

-Hei! -Coloco a minha mão, á frente do ecrã do telemóvel dela, para a impedir de ligar. -Vais ligar para quem? -Questiono alterada.

-Vou ligar ao Axel, ele pedio-me para ligar, se tu estivesses com febre. -Murmura.

-Não faças isso por favor... -Suplico. -Se tu ligares e dizeres que eu estou com um pouco de febre, ele vai vir para casa alterado e... e eu não quero isso. -Murmuro envergonhada.

-Mas tu tens febre Ashley, o Axel pedio-me para lhe dizer, se ele descobre que eu estou a mentir, vai sobrar para nós as duas! -Exclama.

-Eu sei, mas não digas nada por favor... -Suplicava assustada. -Vamos dizer que tinha 36 graus, isso chega. Eu tomo os medicamentos, deito-me e fazemos de conta, que nada aconteceu... -Suplico-lhe desesperadamente. Se ela contar-lhe, o Axel volta para casa, vai querer dormir aqui no quarto, na mesma cama que eu e eu não quero isso! Eu o quero longe do meu corpo.

-Toma os medicamentos. -A Liane entrega-me um comprimido grosso para mão e pega no copo de água, que estava em cima da mesinha ao lado da cama. Tomo o medicamento e ela senta-se no sofá, a olhar para mim. -Por que é que não queres, que ele saiba? -Dou um suspiro profundo, antes de falar.

-Porque ele vai querer dormir aqui no quarto, dormir na cama comigo e eu não o quero, ele assim muito perto de mim Liane... 

-Mas ele está preocupado contigo.

-Mas eu não quero Liane, por favor não digas nada...

-Está bem, eu não vou dizer nada. Eu vou buscar-te o pijama, já volto. -A Liane levanta-se do sofá e vai até ao closet.

Levanto-me e faço a volta á cama. Puxo os lençóis para trás e arranjo as almofadas, para poder deitar-me. Espero que mesmo assim, ele não venha deitar-se ao meu lado... 

-Toma, este é quente. -A Liane entrega-me o meu pijama preferido, da Minnie.

-Obrigada.

Dispo a roupa que tinha e começo a vestir o pijama. Espero que o Axel não venha a descobrir, que eu pedi á Liane para não dizer nada, não quero que ela tenha problemas por minha causa... Coloco a minha roupa dobrada, no fundo da cama e deito-me por baixo dos lenções.

-Tens a certeza, que estás bem? -Questiona ao olhar para mim, com um ar triste.

-Sim eu estou bem, podes ir.

-Está bem, alguma coisa dizes ao Aphonso, para chamar-me está bem? O meu quarto, fica no fundo do corredor.

-Está bem. -Sorrio para ela.

-Boa noite.

-Obrigada Liane, por tudo. -Sorrio para ela.

-Não tens que agradecer, estou aqui para o que precisares.

A Liane afasta-se de mim, ao fazer o contorno da cama e apaga a luz, ao sair do quarto. Ligo a luz da mesinha ao lado da cama e a deixo estar acesa. Viro-me de frente para a porta e tento arranjar uma posição confortável, para poder dormir. Eu espero que o outro não dorma aqui, no quarto comigo, eu quero ter uma noite descansada e sossegada. Fecho os olhos e deixo-me ficar assim durante algum tempo, até entrar no outro lado dos sonhos.

(...)

Começo a sentir uma mão, a passar pela minha testa e pelo meu cabelo. Sinto um aroma no ar, que cheirava bem e era confortável. Abro os olhos devagar e vejo o corpo do Axel á minha frente, enquanto a mão dele passava pela minha cara. Desvio um pouco a minha cara do toque dele, ao chegar-me um pouco para trás, de maneira a ficar longe do toque dele.

-Estás melhor? -Questiona num sussurro.

-Sim...

-Não estás com febre?! -Questiona com um tom diferente na voz dele, engulo a seco e fico a olhar nos olhos dele. Será que ele descobri-o...

-Não. -Respondo nervosa, ao tentar ficar calma o máximo possível.

-Sabes o que é que eu costumo de fazer, aquelas pessoas que não obedecem ás minhas ordens? -Questiona. Engulo a seco e olho para ele, meio em pânico. A Liane disse ao Axel, que eu estava com febre!

-O que é que tu... -Engulo a seca, antes de formar a minha frase. -Tu queres dizer com isso?

-Porque é que tu dizes-te á Liane, para ela não me dizer que estavas com febre?! -Fecho os olhos e baixo um pouco a cabeça. Eu sabia!

-Como é que tu descobriste? -Questiono, sem olhar para ele.

-Não foi difícil, sabendo que tu deixas-te o termómetro em cima da mesa! Bastou carregar e ver a última temperatura dele. -Levanto o olhar até ele e vejo um olhar frio e enervado, sobre mim.

-A... A culpa não foi da Liane, ela só fez o que eu pedi... -Murmuro.

-Eu sei, ela disse-me. Mas quero que saibas, que ambas irão sofrer as consequências disto! -Exclama.

-Ela não tem nada haver com isto Axel, fui eu que lhe pedi, não te dizer nada. -A defendo.

-Acabou a conversa. -O Axel entende a mão e pega no copo de água e no comprido, que estava na pequena mesa. -Toma isto. -Ele estende-me.

-Mas eu já tomei, antes de deitar-me. -Respondo.

-Mas tu estavas com febre, quando eu cheguei e ainda estás quente. Toma! -Sento-me na cama, pego no copo e tomo o comprimido. Dou outra vez ao Axel e volto a deitar-me, de maneira a ficar de lado para ele. -Agora dorme! -Ordena.

Fecho os olhos outra vez, ao tentar adormecer, sinto o corpo do Axel a levantar-se, abro os olhos e vejo o corpo dele, a dirigir-se até ao closet. Eu não acredito, que ele vai mesmo dormir aqui comigo, outra vez! Devia de ter escondido aquele termómetro, nunca mais me lembrei que os graus ficavam registados, naquele aparelho! Coitada da Liane, eu espero que ele não faça nada com ela, nem ele nem o James! Se alguma coisa acontecer com ela, vou ficar com remorsos para o resto da vida! 

Vejo o corpo do Axel a entrar no quarto, com umas calças de fato de treino pretas e uma T-Shirt branca. O Axel caminha até á cama calado, quando ele puxa os cobertores do lado oposto onde eu estava, eu chego-me mais para trás, para que ele possa deitar-se no espaço que era dele. Continuava de lado para ele, mas com o olhar para os lenções, o Axel deita-se de lado onde o meu olhar fica de frente ao tronco dele. Com este frio e ele vai deitar-se de T-Shirt?!

-Axel... -O chamo num sussurro. Deito-me corretamente, ao ficar de frente para ele, o Axel segurava a cabeça com a o braço direito, de maneira a ficar deitado de lado a olhar para mim. -A Liane não tem culpa de nada. Fui eu, que pedi para ela não contar nada... 

-Por quê? -Questiona num tom arrogante e frio.

-Porque se ela te dissesse que eu estava com febre, tu vinhas logo para casa todo preocupado e alterado. -Tenho que contar a outra versão da história claro, eu aposto que a Liane não contou nada daquilo que eu lhe contei!

-A Liane tinha ordens minhas e ela só tinha que obedecer-me a mim e não a ti!

-Eu sei... Mas não lhe faças nada Axel. -Eu olhava para ele, com um olhar triste e sincero, no meio do escuro do quarto. Não quero que nada lhe aconteça, por minha causa.

-Dá-me uma única razão, para eu ter que fazer aquilo que tu pedes?!

-A culpa é toda minha e não é dela. As consequências são minhas e não dela. -O Axel olhava para mim calado, sem mostrar qualquer reação, mas continuava com aquele olhar frio e irritado.

-Eu dei uma ordem á Liane, por tua causa Ashley e tu... 

-Eu sei desculpa. -O interrompo. -Ela não tem nada haver com a história, a culpa é minha! -O Axel solta um suspiro profundo e passa a mão dele, pela minha testa.

-Dorme, amanhã falamos sobre isso! -Ordena.

-Promete-me, que não vais fazer nada á Liane Axel... -Sussurro.

-Eu mandei-te dormir, Ashley! -Exclama.

-Por favor Axel... Não lhe faças nada! -Suplico.

-Dorme... -Sussurra. Suspiro fundo e aconchego-me confortavelmente, na cama.

Fecho os olhos e tento ficar confortável para dormir. Eu vou sentir-me tão, mas tão mal, se ela pagar por minha causa, eu vou sentir-me tão mal... Espero que o James não tenha lhe feito nada e muito menos o Axel! A Liane só fez aquilo que eu lhe pedi e acabei por não pensar, nas consequências que isso podia trazer-lhe. Nunca mais me lembrei, do termómetro na mesa... 

-Por que é que tu não estás a dormir?! -Ouço a voz do Axel, a cima da minha cabeça. Abro os olhos e levanto a cabeça até ele. O Axel estava na mesma posição e continuava a olhar para mim.

-Nada... -Sussurro.

-Tu sabes, que eu detesto mentiras Ashley! -Exclama.

-A Liane não me saí da cabeça Axel. Por favor não lhe faças nada, eu peço-te por tudo. -Suplicava.

-Aprende de uma vez por todas Ashley, que as tuas atitudes tem consequências. Todos aqui em casa tens obrigações para cumprir e tu, só tens que aceita-las como elas são! -Justifica-se calmamente. 

-Eu só não queria, que tu viesses para casa todo preocupado e alterado. -Sussurro, ao olhar para aqueles olhos escuros.

-Não vai acontecer nada á Liane, mas esta é a última vez, que tu fazes isto Ashley! Porque a próxima vez que tu tiras uma ordem minha, essa pessoa irá sofrer as consequências. -Engulo a seco. Sinto os dedos do Axel a tocar na minha mão, ele tinha os dedos quentes... -Estás com frio?

-Um pouco. -O Axel puxa mais o cobertor para cima de mim, até chegar ao meu pescoço. -Obrigada.

-Agora dorme. -Fecho os meus olhos e tento arranjar um canto quente na cama, mas os lenções estavam gelados. Encolho-me no pequeno espaço onde estava e assim tento ficar para adormecer.

-Axel... -O chamo. Levanto a cabeça para olhar para ele, o mesmo ainda estava acordado a olhar para mim e ainda na mesma posição. -Eu... Eu... 

-Tu o quê?

-Eu posso encostar-me a ti? -Questiono envergonhada.

É... eu quero o corpo do Axel longe de mim, mas...  ele tem o corpo quente, eu tenho frio! O Axel passa o braço dele pela minha cintura e puxa-me para ele. Encosto o meu corpo totalmente ao corpo do Axel, até sentir o meu nariz contra o peito dele, ao poder sentir aquele cheiro, aquele aroma, aquele perfume... Encosto-me contra o corpo, até conseguir achar uma posição quente e confortável. O Axel segurava na minha cintura e com as pontas dos dedos, fazia pequenas massagens em forma de círculo. Com cautela e com um certo medo ou envergonha, coloco a minha mão a cintura dele e assim deixo-me estar. 
Aos poucos, sinto os meus olhos a pesarem e a fecharem-se sozinhos. Sinto o Axel a dar-me um beijo na cabeça e deixar-se estar assim, sem mexer um único músculo. Com o conforto, o calor, o cheiro, assim deixo-me levar pelo sono.

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