sobre a santidade

As tentativas de Lydia de fazer com que Thomas se apaixonasse por ela foram inúmeras. Convidou-o para ir ao cinema, mas o rapaz não achou prudente ir. Também queria que saíssem para tomar um sorvete, pois desejava que Thomas sorrisse para ela assim como estava fazendo na sorveteria com Grace. Mas nada disso parecia funcionar. O garoto parecia não combinar com ela. Ela se esforçou, mas Thomas logo percebeu que seus valores e princípios não eram equivalentes. Bem que ele achou que, por ser amiga de Grace, Lydia poderia compartilhar das mesmas crenças, mas não era assim, ele viu. Ela pesquisou e leu no Google sobre astronomia, ciências e filosofia só para ter alguma coisa interessante para falar quando estivessem conversando, mas, de alguma forma, nada que ela dizia o cativava. Era como se ele soubesse que ela estava tentando ser alguém que não era. E ela sabia que nunca iria conseguir ser como ele.

Resolveu que uma conversa com o seu casal preferido poderia ajudar.

Lydia: Ei, vocês... me ajudem!

Grace: O que? Para quê esse grupo?

Matthew: Oi, Lydia.

Lydia: Então... quero saber a opinião de vocês sobre o Thomas. A gente está conversando há semanas e ele nunca deu um sinal de que está a fim de mim.

Matthew: Eu estava mesmo para te falar, Lydia. Eu achei aquele cara um babaca. Você não vê o jeito que ele conversa com a gente? Ele se acha muito superior.

Lydia: Você acha mesmo?

Matthew: Sim. Eu e a Grace estávamos comentando sobre isso no dia em que fomos à hamburgueria.

Lydia: Você concorda, Grace?

Grace não sabia o que dizer. Como poderia defender Thomas numa situação dessas? Ela sabia que ele não tinha nada de arrogante, mas também sabia que o namorado não gostaria nem um pouco de ler que ela já não pensava mais assim. Talvez tenha sido o seu maior erro tentar contornar a situação.

Grace: Não é bem assim. Ele estava tentando se enturmar...

Matthew: Mas você não concorda comigo que ele fez comentários desnecessários?

Grace: É...

Grace chegou a digitar um "mas...", porém foi bombardeada com várias mensagens de Lydia.

Lydia: Acho que vocês dois têm razão.

Lydia: Ele não quer nada comigo.

Lydia: E não é de hoje que eu tenho sentido isso.

Lydia: Eu me sinto tão estranha perto dele.

Lydia: Ele me faz sentir assim, sabe?

Lydia: E ele tinha que reconhecer o quanto eu sou boa para ele.

Lydia: Eu não posso ficar aqui mendigando amor.

Lydia: Vocês sempre estiveram certos!

Lydia: Grace, você sempre esteve certa sobre esse cara!

Aquele "mas..." ainda continuava na barra de digitação de Grace, porém ela não conseguia escrever mais nada. Tanto porque não sabia o que escrever quanto porque tinha medo do que poderia escrever e do que eles poderiam pensar sobre isso. Thomas não era nada disso que eles estavam falando. Ela tinha certeza agora que havia virado sua amiga. E amigos devem defender um ao outro, certo? Só que não foi isso que Grace fez naquele dia. Ficou calada. Absteve-se. Omitiu tudo o que sabia sobre Thomas.

Matthew: É isso aí, Ly!

Lydia: Ei, Matthew. Você sabe quem faz aniversário em duas semanas, hum?

Matthew: A minha Grace!

Lydia: Sim... E você vem?

Matthew: Sim, e eu tenho grandes surpresas.

Grace: Vocês falam como se eu não estivesse aqui no grupo também.

A barriga de Grace gelou quando pensou nas surpresas que Matthew estava prometendo. Disse a si mesma que se contentava com qualquer tipo de supresa. Aceitaria até um correio do amor na porta da sua casa. Mas, definitivamente, não queria que fosse um pedido de casamento. Nem mesmo um pedido mais simples.

Era noite quando Thomas a chamou para conversar. Já fazia alguns dias que Grace havia o visitado em sua casa e ela já havia terminado o livro que ele a emprestara. Ela simplesmente amou cada palavra escrita ali. E, como eu quem estou a escrever a história, reservo este pequeno espaço para lhe indicar, leitor, a dar uma olhada nesse livro tão especial para Grace. Um livro que disse que ela não devia ficar só na superficialidade da sua fé, mas que deveria ir mais fundo naquilo que cria. O livro será de grande valia para aqueles que não querem mais viver como Grace vivia. Numa crença morna, sem entender exatamente no que cria.

Thomas: Já terminou o livro, certo?

Grace: Sim. Quer a resenha?

Thomas: Eu sei que você é perfeccionista demais para não tê-la já toda digitada aí. Cola aqui, mocinha.

Grace realmente já tinha escrito tudo.

Grace: A verdade é que eu escrevi mais foi um desabafo. Serve?

Thomas: Claro. Sou todo ouvidos.

Grace: Eu preciso da sua ajuda. Eu nunca pensei na minha religião como algo prático, algo que resumisse a minha vida. Crer em Cristo, claro, sempre me direcionou a ser uma boa pessoa em certas situações. E também influenciou algumas decisões como 'não desrespeitar meus pais', 'não faltar aos cultos', 'ser uma boa aluna'. Eu tenho certeza que devo isso tudo ao que eu aprendi na igreja. Mas, sobre Cristo... aquilo que Ele fez por mim... o conhecimento dessas coisas nunca chegou a transformar a minha vida, porque, na realidade, eu nunca me aprofundei em realmente conhecer a Cristo. E entender que a minha crença em Deus não pode ser um simples amuleto para me livrar do mal fez toda a diferença na minha vida. Eu li nesse livro que "Aquilo que afirmamos crer faz pouca diferença se não agimos de acordo com o que cremos". E é exatamente assim que eu me via. Crendo sem viver.

A verdade era que Grace, que sempre creu em Deus, nunca chegou a entender o fundamento de sua fé. E Thomas, ao ler o que a amiga disse, mais uma vez se sentiu no dever de cuidá-la. Foi assim que Thomas descobriu qual era a real necessidade de Grace. Conhecer o Deus em quem tinha crido.

Thomas: Grace, se você tem fé, você está apta a conhecer. Quando se tem fé, nós sabemos em Quem cremos. "Porque eu sei em quem tenho crido..." (2 Tm 1:12). A fé é um dom de Deus, é algo dado a você gratuitamente. A questão é se esse seu conhecimento de Deus tem trazido vida para você.

Grace: Você pode me explicar mais um pouco?

Thomas: A Bíblia diz que fomos nascidos em pecado. Aliás, desde o ventre das nossas mães somos indignos. Nós estamos mortos em pecados, porque fomos expulsos da presença de Deus. Sabe disso, não é?

Grace: Sim.

Thomas: Somente Deus pode nos dar vida novamente. Temos uma Grace morta. Temos um Deus soberano. Portanto, temos um Deus que resolve dar vida a Grace.

Grace: E como eu sei que eu tenho essa vida em mim?

Thomas: Se somos progressivamente moldados ao caráter divino, nós podemos ter segurança de que Ele tem atuado em nós para a salvação, pois 'sem a santificação ninguém verá o Senhor' (Hb 12.14).

Grace: Então Deus nos escolheu para sermos moldados?

Thomas: Sim, como um vaso nas mãos do oleiro. O Senhor te chama e te santifica. Você tem visto isso em você?

Grace: Eu não consigo ser boa o bastante.

Thomas: Mas a santificação nunca foi sobre sermos perfeitos. É sobre lutarmos a cada dia contra o pecado.

Grace: Mas sinto que eu tenho errado tanto numas coisas... não consigo ser firme o bastante para me livrar disso.

Thomas: Achei que você fosse dizer que se achava boa e meiga demais para merecer o inferno. Isso é um bom sinal, sabia?

Grace: É? Eu não penso assim. Na verdade, eu tenho que resolver uma coisa urgentemente.

Thomas: Eu quero.

Grace: O que?

Thomas: Eu posso.

Grace: Oi?

Thomas: Eu preciso.

Thomas: Eu devo.

Thomas: Eu vou cuidar disso com você. Ou melhor: eu vou te ajudar. Melhor ainda: a gente pode se ajudar nisso. O que você acha?

Grace: Acho que você é o melhor amigo do mundo!

Neste momento, Grace percebeu que a sua vida nunca mais seria a mesma. Naquela noite, Grace orou antes de ir dormir. Tirou um tempo para conversar com Deus e agradecer por tudo o que Ele havia feito na vida dela sem que ela tivesse conhecimento. Orou por Thomas também. Agradeceu a Deus por ter um amigo tão bom e alguém que a ajudasse na sua caminhada. Pediu que Deus os permitisse continuar juntos e que aprendesse com Thomas tanto quanto fosse possível.

Lembrou-se da oração que tinha feito para que Thomas ficasse bem distante dela. Nada daquilo fazia sentido para ela.

Pediu paz a Deus para resolver uma questão que já a incomodava há muito tempo, desde quando havia começado a crer em Cristo: seu namoro era um empecilho para se voltar totalmente para Deus.

________

Imagine que tristeza não seria se Deus realizasse todas as coisas impensadas que pedimos em oração? Talvez o que mais desejamos se revelará, no final, um caminho que nos levará para a perdição.

Não esquece a estrelinha. ⭐

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