karaokê
A semana passou rápido, encarar Lydia na última aula da sexta-feira era o que mais a estava preocupando, mas a garota nem ao menos pareceu perceber a sua existência.
De algum modo, tudo parecia bem. Ela não mais dependia de alguém para estar em paz, por isso tinha confiança de que tudo iria melhorar.
A saudade de Thomas a estava matando. Ele não havia entrado em qualquer rede social desde quando se fora e o número de celular parecia ter mudado.
Ficava se perguntando por que é que eles não podiam voltar a se falar. Afinal, já ia fazer mais de duas semanas que não se falavam e as coisas não estavam nada bem para o lado de Grace, ainda que ela estivesse tranquila com tudo.
Estava grata porque a amizade com Brenda parecia estar fluindo aos poucos, do jeito certo, como deve ser. Não sentia que a garota estava fazendo aquilo somente para agradar o amigo. No fundo, achava que Brenda gostava dela, e isso era recíproco.
No final da aula, Grace ouviu alguém chamar seu nome. Seu coração tremeu dentro de si, achando que poderia ser Lydia. Mas era Brenda, e isso a fez soltar um sorriso de orelha à orelha.
— Ei, Grace. Não some — Brenda corria até ela, respirando com dificuldade. — Eu estava pensando em ir à sua casa hoje. Fazer aquela coisa de cantar, sabe? Eu estava precisando...
— Tudo bem. Quer almoçar lá em casa? — Grace perguntou.
— Não... Eu vou à casa do Luke, sabe o Luke Bryce? — Brenda falava um pouco nervosa enquanto Grace acenava que sim. — Então, vou lá agora. Mais tarde eu passo na sua casa. Okay?
— Okay — Grace reparou que a amiga estava um pouco apavorada. — Está tudo bem, Bê?
— Está sim. — Brenda confirmou com a cabeça. — É que vou resolver umas coisas...
— Tudo bem. Pode contar comigo para qualquer coisa. — Grace sorriu.
— Eu sei que sim — Brenda deu-lhe um sorriso angelical e subitamente a abraçou.
Era a primeira vez que se abraçavam. Grace retribuiu o abraço, não sem achar aquilo tudo muito esquisito.
•••
Grace chegou em casa apreensiva quanto ao que Brenda havia lhe falado. Seja o que for, estava com medo de que as coisas não dessem certo para a nova amiga. Sabia, porque Thomas a havia contado, que Brenda tinha uma paixonite por Luke. Será que ela iria falar alguma coisa para ele? Naquele momento, não tinha nada a fazer a não ser se preparar para receber Brenda.
Arrumou um pouco o seu quarto e deitou-se depois do almoço para descansar um pouco. Pareceu que, em quinze segundos, sua mãe batia à porta com novidades.
— Grace, tem uma coleguinha sua lá embaixo. Brenda Hunter.
— Ah, sim. Eu vou lá recebê-la.
— Essa garota é mesmo sua amiga? Nunca a vi com você.
— É... agora ela é. — Grace sorriu e desceu as escadas para encontrar com Brenda na sala.
— Oi! — disse Brenda, com um semblante um tanto caído.
— Vem. — Grace enlaçou seu braço com o da amiga e a puxou para o andar de cima.
Grace trancou a porta atrás de si. Brenda sentou-se na cama e olhou para o chão.
— E aí, está tudo bem? — Grace disse, por fim.
— Sim. Cadê o microfone? — Brenda se animou subitamente, como que querendo esquecer tudo o que havia acontecido. Grace achou melhor não tocar no assunto.
Grace ligou o computador e colocou num canal só de karaokês no YouTube. Ligou uma caixa de som e conectou o microfone sem fio nela.
— Qual música?
Brenda tenta olhar as opções.
— I Will Always Love You.
— Não acredito — Grace riu.
Brenda iniciou a música com uma voz tão bonita quanto aquelas de cantoras famosas. Grace abriu a sua boca num perfeito "o", e gritou:
— Que voz é essa, Brendaaaa!?
Em minutos, as duas estavam de pé na cama dividindo o microfone rindo e cantando:
AND I~~~~~~~~~
WILL ALWAYS LOVE YOU
UUUUUUU~~~~~~
As duas se lançaram na cama como se estivessem muito cansadas por cantarem uma única música. Brenda ficou olhando para o teto enquanto Grace pegou o microfone de sua mão e começou a cantar, com uma voz masculina, ao seu lado a próxima música que acabara de começar automaticamente:
Hey Jude, don't make it bad
Take a sad song and make it better
Remember to let her into your heart
Then you can start to make it better
Brenda ria alto. Grace estava feliz por estar ajudando Brenda de alguma forma, mesmo que ela não se sentisse à vontade de dizer o que estava acontecendo.
Quando a música terminou, outra começou, Brenda pegou o microfone, pôs-se de pé e começou a cantar e dançar, como se estivesse num musical, aquela batida conhecida:
Oh
Oh
Oh oh oh
Yeah
— Hanson? — Grace colocou as mãos no rosto, rindo muito. — Isso é perfeito!
Brenda continuava cantando.
— Mmmbop, ba duba dop
Ba du bop, ba duba dop — Brenda colocou o microfone na boca da amiga para que ela repetisse.
— Mmmbop, ba duba dop
Ba du bop, ba duba dop — Grace respondeu.
Depois de várias músicas, as duas se deitaram na cama e suspiraram, agora realmente cansadas.
— Isso foi muito bom — Brenda disse por fim.
— Sim, devíamos fazer mais vezes.
— Com certeza — Brenda virou-se para Grace. — O Thomas pediu para que eu me aproximasse de você, mas quem precisava disso era eu.
— Brenda... — Grace sentiu uma vontade imensa de chorar, mas conseguiu se segurar, ao contrário de Brenda.
— Eu fui na casa do Luke... E, hum. — Limpou a garganta. — Eu contei que eu gosto dele.
— Ah. — Grace não sabia o que dizer.
— E aí ele... — Brenda começou a chorar. — Ele me disse que não gosta de mim assim. Mas ele... ele tinha dito que me amava...
— Ele disse? — Grace estava espantada.
— Ele disse. Ele sempre me dizia... Ele me enganou.
— Mas ele ficava com a Mary Forbes, não?!
— Ele me dizia que não era nada... mas agora eles estão namorando, de verdade.
— Uau, Brenda. Eu sinto muito — Grace disse e, sem jeito, esfregou sua mão no braço de Brenda, para consolá-la.
— O Thomas sempre me avisou que ele não era pra mim. Mas eu nunca acreditei. Achei que era ciúmes, algo assim. Mas é verdade. O Luke gosta de ter as garotas nas mãos, mas no final das contas ele não quer ninguém... Aliás, ele quis a Mary. Aaaaaaaaah. — Lamentou-se.
— Estou surpresa que os dois estejam juntos...
— É... ele está apaixonado por ela. Não por mim. Ninguém se apaixona por mim.
— Não é assim, Brenda. Você é uma garota incrível!
— Não sou. — Brenda fungou.
— É sim, shiu — Grace a abraçou.
— Você que é uma garota de sorte, Grace.
— Por quê? — Grace soltou a amiga e fitou-a sem entender.
— Porque o Thomas está caidinho na sua. Nem tente negar.
— Quê? — Grace corou, fingindo não saber de nada.
— Sério... pela primeira vez eu vi o meu melhor amigo apaixonado.
— Ai — Grace suspirou.
— Ai — Brenda a imitou revirando os olhos. — Você também, não é? Apaixonadinha...
— Hum. — Grace mordeu o canto da boca. — Acho que sim...
— Acha?
— Tá. — Grace revirou os olhos. — Acho que esse tempo sem ele me fez perceber que eu sinto, mesmo, algo por ele.
— Ah. — Brenda bateu palminhas. — Que coisa linda!
— É... — Grace corou.
— Sinto falta dele. — Brenda suspirou.
— Eu também. — Grace suspirou em conjunto.
— A gente podia tentar ligar pra ele, não? — Brenda sentou-se na cama e olhou para Grace, que sentia o que o coração iria saltar da boca a qualquer momento.
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Esse capítulo me lembrou uma amiga querida que eu não cito o nome porque vocês todas a conhecem 😅 #descubram.
Não esquece a estrelinha. ⭐
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