em comum

Encarar aquela escola não seria nada fácil. Não havia mais ninguém do seu lado. Tinha medo do que poderia acontecer. 

Será que Lydia havia falado da situação para alguém? Grace tinha certeza que sim. Provavelmente ela já teria encontrado uma nova melhor amiga, ou algo do tipo. 

Tentou encontrar o olhar de Thomas em algum lugar, pois ainda restava uma pontinha de dúvida se ele havia de fato ido embora. Sem sucesso. Nenhum sinal dele em toda a escola. 

Passou pelas três primeiras aulas sem muita dificuldade. Se concentrou nas aulas e conseguiu esvaziar um pouco a mente das coisas que havia acontecido.

— Oi, Grace — disse Júlia, uma garota que sempre estava em turmas em comum com Grace. Tinha uma pele bronzeada e olhos cor de mel, sempre usava estilosas tiaras para adornar seu cabelo, uma gracinha! 

— Oi, Júlia! Que bom falar com você — disse Grace, aliviada porque alguém estava falando com ela.

— Você quer fazer o trabalho de Física comigo? 

— Mas é claro. 

— Ai, que bom! Você é tão inteligente, preciso de uma nota boa — disse a garota, rindo. Grace sorriu, nunca havia reparado no quão simpática era aquela garota.

No intervalo entre aulas, Grace comprou uma água. Estava se dirigindo a uma mesa do refeitório quando viu que Lydia estava numa mesa rodeada por várias outras garotas, que não paravam de olhar para Grace enquanto Lydia contava-lhes uma história de cair o queixo.

"Pronto. Minha reputação foi por água abaixo", pensou. 

Percebeu que, dentre as garotas, estava Júlia, fazendo uma cara um pouco decepcionada.

Grace respirou fundo e sentou numa mesa vazia. Tomou sua água enquanto olhava a multidão conversando sobre várias coisas ao mesmo tempo, sem conseguir distinguir uma só palavra que vinha aos seus ouvidos. 

— Gracie Daves! — ouviu uma voz soando atrás de si.

— Oi, é Grace — disse tímida, era Brenda Hunter, a melhor amiga de Thomas, a que esteve em seu aniversário. 

— Ah, sim. Desculpa — disse, sentando-se à frente de Grace. — E aí, gostou do meu presente? — Deu uma piscadela.

— Ah, sim, muito. — Grace riu junto à Brenda. 

— Que ótimo... — disse Brenda tentando arrumar algo para falar.

— Ele realmente foi, não é
foi? — perguntou Grace, por fim.

— É... aquele cabeça-oca foi. — Brenda agora olhava para a maçã que estava comendo. — Ele passou lá em casa. Pediu pra te dar esse presente, me deu um abraço e foi embora.

Grace sentiu uma pontada de ciúmes por não ter sido a última pessoa a falar com ele antes de ir, mas relevou.

— Ele disse por quanto tempo vai ficar por lá?

— Não, ele não sabe. — Brenda deu de ombros. — Talvez ele fique por anos... Até terminar a faculdade.

— Ele conseguiu entrar para a faculdade, já?

— É... Isso que dá ser um gênio. — Brenda sorriu.

— U-hum. Ele é tão inteligente! — Grace tentou disfarçar sua cara de quem estava nas nuvens ao pensar em Thomas.

— É tão inteligente que dá raiva! — Brenda disse e, por fim, as duas riram do comentário. — Ele vai fazer muita falta.

— É...

— Deixa eu te falar... Ele me contou as coisas.

— Que-que coisas? — Grace gaguejou. 

— Que você tem namorado, e ele achou melhor vocês se afastarem, e tal...

— Ah, sim — Grace disse, sentindo-se aliviada porque ele não disse tudo, não com todas as letras e todas as implicações disso tudo.

— E aí ele me pediu para me aproximar de você.

— O quê? — Grace engasgou com a água, o que fez Brenda rir.

— Não é que ele tenha pedido para que sejamos melhores amigas, é só para eu checar se você não está sozinha demais — Brenda disse e Grace quase chorou. — O que eu acho que se concretizou. Cadê a sua amiga, aquela loira? 

— A gente se desentendeu um pouco ontem...

— Ai, Grace... Já estou vendo que meus relatórios serão gigantes.

— Relatórios? Ele te pediu isso?

— Não, sua boba, é brincadeira — Brenda deu a última mordida na maçã. — Ele só me pediu para não te deixar sozinha, não é nenhum estágio remunerado, ou coisa do tipo.

— Ah, sim — Grace disse, ainda sem graça. — Mas pode ficar tranquila, eu me ajeito.

— Eu disse para o Thomas que eu e você não temos nada a ver. Mas, em nome de minha amizade com ele, estou disposta a tentar ser sua amiga — Brenda dizia num tom muito engraçado. 

— Se vamos tentar, — Grace riu da ideia, — então as coisas não podem ser tão forçadas, certo?

— Certíssimo! — Brenda jogou a maçã comida na bandeja. 

— Mas como a gente inicia uma amizade, assim, do nada? — Grace perguntou.

— Você é mais inteligente do que eu, pensa aí.

Brenda era mesmo uma das pessoas mais simpáticas que Grace um dia havia conhecido. Grace tentou lembrar-se de alguma coisa que poderia fazer com que a amizade delas surgisse. E não é que conseguiu?

Lembrou-se de "Os quatro amores", numa parte sobre a amizade. Thomas parecia ter pensado em tudo. 

— Certa vez eu li que uma amizade se inicia quando duas pessoas falam "Espera aí, você também? Uau! Eu achei que eu fosse a única!" 

— Ge. Ni. Al. — Brenda enfatizou cada sílaba para mostrar que estava surpresa. 

— E, então... Você gosta de, hum — tentou pensar em alguma coisa — livros?

— Hum, eu gosto do Stephen King. De mais nada. 

— Eu nunca li Stephen King. Acho que não começamos bem. — As duas riram.

— Não faz mal, eu te empresto A Torre Negra, e você vai amar.

— Tudo bem, eu tenho certeza que sim — disse Grace, mesmo achando que não. 

— Você gosta de que tipo de música? — Brenda perguntou.

— Jazz?

— Sério? — Brenda fez uma cara de decepção. 

— Sério, eu gosto muito — Grace riu.

— Vamos tentar encontrar um meio termo. Fala o nome de um cantor — Brenda disse e Grace concordou.

— Justin? — Grace tentou ser o mais genérica possível.

— Timberlake?

— Não, Bieber.

— Ew, não. — As duas riram.

— John Mayer? — perguntou Grace. 

— É sério que você gosta dele? 

— Eu curto as antigas... — Grace coçou a cabeça. Ia ser difícil achar algo em comum mesmo.

— Música. Hum... Se eu te confessar uma coisa, não vai rir de mim? — perguntou Brenda, entre risadas.

— Claro que não, pode falar — disse Grace, rindo.

— Eu gosto de cantar — Brenda falou baixinho.

— O quê? Eu amo cantar! — Grace disse enquanto riam, mesmo não sabendo qual é a graça.

— Acho que é um bom começo. Vamos arrumar um dia pra gente ir a um karaokê, mas eu tenho tanta vergonha. — Brenda corou. Grace nunca imaginou que ela seria capaz de corar.

— Não seja por isso! Eu tenho um microfone lá em casa — Grace disse, convidativa.

— Está me convidando para ir à sua casa um dia desses?

— Quando quiser — Grace mal podia acreditar que aquilo realmente funcionaria. Apesar do gosto musical completamente diferente, já tinham o suficiente em comum para conseguir fazer com que a amizade durasse pelo menos uns dias.

Uns dias? 

________

Ok, o Thomas pensou em tudo mesmo.

Não esquece a estrelinha. ⭐

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