21 = Pedindo (e dando) Informações
Tamborilei os dedos inquieto pela mesa, enquanto folheava as páginas de um livro de figuras. O óculos pendia em meu nariz, comigo olhando de soslaio para Victor que estava no balcão atendendo alguém. Quando a pessoa saiu ele andou até à mesa em que eu estava, afastando os cabelos loiros dos olhos.
— Não sabia que usava óculos — ele disse, enquanto cruzava os braços.
— Na verdade, eu não tenho problema de vista. Eles são de descanso — suspirei lentamente. — Coisa da minha mãe, não me pergunte o porquê.
— Então vou perguntar por que veio. O que tem a dizer?
— Eu não sou virgem mais.
A feição de Victor travou. Essa seria a melhor forma de descrever sua reação, porque apesar de piscar, seu cérebro parecia ter desenhado um grande ponto de interrogação, seguido por um de ponto de exclamação.
— O... Quê?! — Finalmente deixou sair. Até mesmo sua postura se voltou para à frente, na tentativa de me encarar. — Com quem você...?
Era como se ele estivesse suando frio. Me perguntei que tipo de resposta ele esperava que eu desse.
— Bom... — resolvi alongar, só para ver sua reação.
— Fala logo, inferno!
Me assustei, ele estava realmente diferente. A resposta da minha informação parecia poder mudar seu humor.
— E se eu disser que foi com à Emília? — Testei.
Victor abriu a boca para dizer algo, mas voltou a fechá-la, voltando também a se encostar na cadeira.
Eu ainda precisava arrumar um bom pretendente para ela, e Victor era um dos que estavam sob observação.
— Não tenho nada a ver com isso.
Apesar da resposta, ele estava olhando para o lado, não querendo manter contato comigo. Poderia jurar que ele estava apertando suas mãos, só não cravando as unhas na própria carne por cortá-las.
— Não foi com ela. Emília é minha melhor amiga — sorri. Ele voltou a olhar para mim, parecendo agora estar calmo —, mas você me pareceu se importar demais se fosse...
— Foi com aquela garota com quem estava conversando? Interessante como já avançou tão rápido.
Fingi não perceber que ele estava mudando de assunto. Victor era muito reservado, então, naquele momento eu resolvi respeitar.
— Não, não, só nos beijamos algumas vezes. Ela não parece querer avançar mais do que isso, e eu ainda escuto o clero feminino na minha cabeça que diz que ela é muito nova para sairmos desse estágio.
Victor concordou. Percebi sua língua percorrer o canto de sua boca. Ou era uma mania que usava quando estava pensando, ou ele ainda estava estressado.
— Victor... — Passei a olhar para as minhas próprias mãos. Não sabia como dizer aquilo ao certo, mas se não dissesse aquilo a alguém, com certeza continuaria confuso e preocupado. — Eu descobri que ela se mutila.
Seus olhos pararam em mim, com ele soltando um suspiro pesado.
— Sinto muito — ele começou. — Eu sei bem como é ter alguém assim por perto.
— Sabe...?
— Sei — concluiu. — Minha irmã faz a mesma coisa. Nós... Mandamos ela para uma clínica por algum tempo, mas meus pais decidiram tirá-la de lá.
— Por quê? — Curiosidade me tomava.
— Porque não estava adiantando. Tiveram que entubar ela. O peso estava muito abaixo do preciso.
Ele dizia tudo com certo peso. Não parecia ser algo que ele falava para todos, além de não ser algo que ele se sentia bem falando sobre.
— Ela está bem agora?
— Nunca esteve — ele disse, sério. — Eu sinceramente não teria tirado ela de lá, mas meus pais ficaram preocupados. Ela nunca tinha chegado a esse ponto em casa, então, quando ela disse que queria ir embora, eles tiraram ela de lá.
— Ela por acaso te afasta?
Era algo que eu precisava saber. Eu começava a acreditar que Ágatha estava me evitando.
— Ela mal fala comigo — dessa vez ele sorriu. — Meus pais se preocupam com ela. Não sabem mais o que fazer. Eles têm medo dela fazer algo contra ela mesmo. Eu... Acho que ela pensa que só temos pena dela.
Pena. Talvez fosse isso que Ágatha pensava que eu sentia por ela. Nada mais que um sentimento de pena, para com alguém que tinha problemas.
Me levantei, pegando a mochila que estava no chão.
— Espero que que ela fique melhor.
— Eu também. Ainda tentamos manter a esperança.
Meti a mão dentro da bolsa, e deixei metade do Capitão a mostra.
— Eu e ele temos que encontrar alguém, não é? — O Capitão refletiu seus olhos em minha direção, dando um pequeno miado. — Alguém que vai te dar um nome decente.
Depositei um beijo em sua cabeça, o deixando voltar para à minha bolsa. Não passei o zíper, somente a joguei nas costas, dando um "tchau" para Victor. A medida que saia do prédio, indo em direção a parada de ônibus vários pensamentos me rondavam a mente; a irmã de Victor, o próprio Victor, Emília e Ágatha.
Vamos por partes.
Primeira parte: Victor só tinha citado sua irmã uma única vez, mas agora eu sabia muito mais coisas sobre ela; coisas que não machucavam somente a ela mesma como as pessoas ao seu redor, no caso, sua família. E se ela for igual à Ágatha, ela deve estar se afastando de um por um, se trancando em seu próprio mundinho, onde só ela pode entrar e sair, se conseguir. A segunda opção é a mais difícil de se executar, ainda mais quando não se tem amigos ou forças suficientes para te fazerem seguir em frente, dar a volta por cima.
Você continua sempre a permanecer na primeira...
Caindo cada vez mais no precipício que acabou se criando sem você nem ao menos perceber, e que às vezes, quando percebe, já é tarde demais pois ele acabou se tornando um caminho sem volta.
Ágatha não só estava se matando aos poucos como a mim também. Ela não sabia, ou talvez nem mesmo tivesse ideia disso, mas o seu afastamento, de forma tão repentina, estava se mostrando cruel demais para mim, e com isso eu ficava com medo.
Medo de acontecer alguma coisa com ela.
Medo de não saber como ajudá-la,
Medo da mesma não aceitar à minha ajuda.
E por último, sendo o pior de todos, medo de perdê-la. Para sempre.
Ágatha tinha, em pouco tempo, se tornado uma pessoa muito importante para mim; seu jeito, seu carisma, e até mesmo sua timidez mexeram comigo. Me sentia um tremendo idiota às vezes, mas admitir era a forma mais sensata de lidar com isso.
Seu afastamento era nocivo, e tinha receio de que com o tempo ela fizesse dele ainda mais regular. Até estar realmente sozinha, e perceber que nunca foi aquilo que ela quis.
Segunda parte: Talvez eu só esteja imaginando coisa, ou até mesmo querendo dar uma de shipper igual minha mãe faz em seus livros, mas... até que Victor seria um bom pretendente para Emília. Até mesmo eu tinha que concordar que eles eram umas das melhores pessoas para se ter amizade.
Certo que Victor é mais reservado que Emília, mas eu aposto que ela conseguiria dar um jeito nisso...
E ainda tinha o icônico dia que pela primeira vez Victor ficou temperamental; claro que ele não chegou nem perto de como Igor ficava, mas um garoto que antes só falava em torno de três palavras falar grossamente comigo, como se estivesse com raiva de alguma coisa, se tornava estranho.
Mas talvez, apenas esteja acontecendo tantas coisas ao meu redor, que é eu quem estou ficando estranho.
◆◈◆
Enquanto estava sentado no banco do ônibus, continuei a passar a mão no Capitão, que até o final do dia teria um nome decente. Voltei o olhar para à chuva que caia do lado de fora. Em meu fone, um rock pesado tocava, com os rifles indo e vindo, e a bateria maluca, mas no fundo, um pequeno som ambiente tocava. Como se minha mente estivesse pedindo por calmaria.
Pausei a música, e durante grande parte do percurso me deixei levar pelo barulho à minha volta. Pelo menos uma vez.
Capitão olhava para mim, parecendo estar com frio. Não era de se estranhar. Diferente do que a previsão meteorológica previu, não teve somente uma chuva fraca. Era o dia mais frio no México, desde o começo do ano.
Por um motivo aleatório, me lembrei do que Arraiá tinha dito. Sobre o campeonato. A idade máxima era de dezoito anos. Igor somente com dezessete já derruba muitos jogadores. Me perguntava que tipo de pessoas seriam os de dezoito de times grandes. Times em que os jogadores queriam seguir carreira naquilo. Também me peguei pensando por que alunos de uma escola pobre, que mal verba tem, conseguiram uma vaga.
Éramos bons, mas valíamos a pena para algo assim?
Quando desci, ainda percorri às linhas do metrô. Estava pensativo demais. Pensava nas palavras que usaria. Ainda assim, quando Felipe abriu à porta não houve uma palavra que ousou escapar. Nem mesmo um suspiro. Somente um sorriso de canto, desajeitado.
Sua ação de me deixar entrar me aliviou. Segui seus passos, indo até à cozinha, onde ele começou a vasculhar os armários, a procura de algo para me oferecer, e eu, me sentei na cadeira da mesa da cozinha. Estava tão confuso que até mesmo fiquei colocando o dedo no meio dos buracos da mesa de madeira apenas para passar o tempo, enquanto Felipe fervia algo que parecia ser chá. Talvez de camomila? Foi uma boa escolha, visto que, era ele quem iria responder perguntas.
Seu irmão estava sentado no sofá, brincando com carrinhos de corrida. Ele girava as rodas, e as observava por um tempo. Talvez uma fixação por movimento. Por algo que seguia um padrão, sem poder sair dele. Um vício que ele desenvolvia, e que seu psicológico prosseguia a avançar. Me levantei, me sentando à sua frente por um tempo. Capitão, que estava em meus braços, pulou para à mesa, saltando dela para o colo de Gabi, aonde ficou se passando, como forma de pedir atenção.
— Traidor! — Exclamei. — Sou eu que te dou comida!
Gabi parou seu vício, passando a mão pelo animal.
— O que... tem? — Ele perguntou, entre pausas. — Dar comida?
Gabi não entendia ironias. Tinha dificuldade em saber quando alguém estava brincando, ou não. Uma pequena falha na sua percepção momentânea. Mas eu entendia. Era sarcástico de natureza, com esse DNA tendo passado de minha avó para suas filhas, e delas, para os filhos. Eram incontáveis às pessoas que não gostavam de mim porque me viam como um babaca. Um idiota que faz piada com tudo, e que não tem um senso mínimo de noção. A verdade era que eu não podia mudar quem eu era. Aquilo era algo que estava cravado em mim; pregado com cola, e nunca poderia ser mudado. Assim, como eu nunca poderia controlar.
Minha única saída era ficar calado em situações que sentia vontade de falar, porque mesmo que no meu cérebro a resposta não estivesse com sarcasmo, ela saia como tal. Tão sutil quanto o reflexo de Felipe, que deixou um copo de vidro escorrer de suas mãos na cozinha.
Me levantei para ajudá-lo, e às minhas costas, veio uma pergunta:
— Já deu o nome? — Gabi perguntou-me.
Sorri, enquanto voltava meu olhar em sua direção.
— Esperava que você fizesse isso por mim, astronauta. — Brinquei. Ele sorriu, e aquilo mostrava que tinha gostado do apelido. — Você com certeza tem mais criatividade que eu.
Voltei a dar atenção à Felipe. Enquanto eu pegava os cacos com um pano, ele continuava a fazer sanduíches. Alface, tomate, queijo, presunto. O básico. O suficiente.
Ele os colocou em um prato, que eu deixei em cima da mesa, com cada um de frente para o outro. Lugar que mais tarde, foi preenchido por um de nós, que segurava uma xícara de cor diferente cheia de chá.
Felipe olhou para o irmão, que novamente rodava a roda do carro. O pobre Capitão miava. Pedia atenção.
— Ele está pensando — Felipe disse, ainda com o olhar no irmão. Sua mão alcançou o queixo, dando apoio para que observasse de forma mais confortável. — Gabriel às vezes faz esse tipo de coisa quando está pensando. Admito que faz até quando não, mas... A psicóloga disse que pode ser um estímulo para a mente dele. Ao menos, ele pode pensar assim.
— Contanto que ele me ajude, tudo bem. — Tomei um pouco do chá, quase queimando a língua. — Porra!
Felipe sorriu, voltando a olhar diretamente para mim.
— Está tudo bem na sua casa?
— Não exatamente. O aniversário de morte da minha avó é em alguns dias. Ema provavelmente deve chegar perto da data. Depois disso, Finley vai embora.
— Ele vai voltar para o Brasil? — Quis saber.
— Não, parece que eles vão ficar na casa de alguns amigos do marido da minha prima. Parece que arrumaram a antiga garagem para eles dormirem.
— Garagem...?
— Sim. Mas é melhor do que nada, porque na minha casa mal tem espaço para mim!
Rimos os dois.
— Ainda encontra formigas lá?
Fiz uma careta. Odiava até mesmo me lembrar.
— Ontem mesmo. O que mais tem é formiga e cupim, graças as estruturas de madeira.
No sofá, Gabriel ainda girava as rodas.
Felipe se levantou, e foi até o irmão, deixando à frente dele um copo de suco. Um dos grandes motivos para que ele deixasse o copo cair, já que se atrapalhou quando tentou jogar o líquido do liquidificador para a peneira.
— Seu pai não chegou? — Perguntei.
Felipe se sentou. O sorriso que tentou me demonstrar não parecia ser verdadeiro.
— Ele está aproveitando o tempo que resta com ela.
Ele começou a rodar o dedo pela borda do copo. Um vício bem parecido com o de seu irmão.
— Eles...?
— Não — ele respondeu logo. — A situação está piorando, e... Só um milagre para conseguirem dois órgãos ao mesmo tempo. Não querem correr o risco de dar um, para ainda assim... Ela morrer. É quase triste demais para alguém que só precisaria de um. Aquele que ela estava usando. Que foi perdido.
Ele estava tentando não chorar; estava tentando ser forte. Felipe não era tão "bravo" quanto Igor. Por mais que ele quisesse parecer forte para que sua "masculinidade" não fosse partida, as circunstâncias não o fizeram ser apto a tentar parecer forte. A fingir ser forte, quando em casa, assistia comédias românticas desejando uma garota. Porque essa foi a situação de Igor Xavier. O garoto que mantinha a pose de machão, por meses, tinha praticamente assistido todo o estoque de comédias românticas da Netflix de Felipe. A prova maior era que de todos nós, ninguém gostava daquele tipo de filme.
Eu, era mistério; Cobalskin, terror; Noah, drama; Felipe, fantasia; Jeff, animações, e Victor mal falava conosco, então, a senha da Netflix entrou por um ouvido, e saiu pelo outro. Ele estudava mais do que tentava se divertir. Se dedicava a algo tão fielmente, que eu chegava a me perguntar como ele conseguia.
Deixei que ele chorasse na minha frente, me calando para que nada sarcástico saísse. Olhei para o sofá procurando por Gabi, e me espantei ao ver que ele vinha em nossa direção, com meu gato em mãos.
— Vésper! — O garoto exclamou, enquanto olhava para o gato.
Olhei para Felipe, pedindo explicações.
— Deve ser algo envolvendo astronomia. Não olhe para mim, porque não faço ideia do que seja.
Peguei o celular e mandei uma mensagem à Cobalskin pedindo explicações. Ele, que sempre respondia mensagens assim que via — não deixando no vácuo de forma proposital —, respondeu alguns minutos depois. Era um áudio. Sua preguiça para digitar ainda era viva.
"Vesper é um dos nomes do planeta Vênus. A 'estrela' que aparece pela manhã. Solitária. E à primeira a brilhar no anoitecer".
O nome era tão bom que eu sentia vergonha de ter tentado.
Gabi já tinha subido para seu quarto, e agora Felipe parecia estar mais calmo, por isso, decidi ir às perguntas.
— Felipe, eu preciso que me explique uma coisa, porque... Eu não vou saber lidar com isso se pensar sozinho.
Felipe mastigou o sanduíche, comigo me lembrando do meu. Houve uma pausa para isso, com ele fazendo um gesto com a mão para que eu prosseguisse.
— Eu tenho... Uma amiga — decidi descrevê-la assim — que se mutila. Eu...
— Quer saber por que ela faria isso? — Ele me interrompeu. Apenas concordei, apesar de não ser exatamente aquilo. — Pode não ter só um motivo.
— Eu sei, mas... — Era difícil falar aquilo. Ele parecia tranquilo. Comia seu sanduíche, enquanto esperava que eu parasse de enrolar. — O que te fez fazer aquilo, daquela vez? O que te fez começar a se mutilar?
A pergunta parecia ter sido direta demais. Ele tomou um pouco do chá.
— Acho que... — ele coçou a bochecha, enquanto olhava para uma parte aleatória da casa. Organizava os pensamentos. — Eu me sentia um inútil. Minha mãe estava no hospital, meu irmão tinha sido diagnosticado com autismo, e... Eu estava no meio de tudo, não sabendo lidar com nada.
— E agora sabe?
— Não — ele começou a rir. — Mas eu sei que não é errado eu não saber. Que... Não posso me culpar por ser humano. Abafar minha dor, com mais dor, fazia tudo doer ainda mais.
Comi. Estava difícil prosseguir. Mas eu tinha. Precisava.
— Eu... Não sei o que ela pensa. Não sei o que faz ela fazer o que faz.
— Talvez nunca vai saber — ele parou os olhos nos meus. — Talvez nem mesmo ela saiba a resposta. Quando isso vira um vício, seu corpo somente pede por aquilo. Sempre começamos com um corte pequeno, porque pensamos "É só um corte! Puff!" e depois vem outro, porque você não sentiu nada de estranho no primeiro, e então outros e outros, e no final, aquilo se torna um vício. Você sabe que é errado, e quer parar, mas não consegue. Os cortes parecem não doer mais que o que sente, e ninguém parece se importar com o que você faz.
No andar de cima, Gabi corria. Talvez estivesse correndo atrás dos outros gatos.
— Então, eu não posso ajudá-la?
— Você deve ajudá-la. — Ele sorriu. — Faça ela feliz, Will. Falo por mim. Tudo que eu mais precisava era sentir que alguém se importava comigo. Sentir, que eu não era um inútil na vida de todos. Vocês me mostraram isso. Me mostraram que eu tinha amigos, e que se eu não pudesse fazer algo, vocês fariam por mim. Estariam lá. Me fariam sorrir.
Ele de novo parecia querer chorar, mas talvez não de tristeza. Parecia se lembrar de tudo que tinha acontecido, e ficava feliz por termos estado lá.
— E se ela não acreditar em mim?
Ela não acreditava. Não parecia acreditar.
— Ela não acredita nela, Will. Não acredita que você possa gostar dela. Que alguém pode realmente querer ficar perto dela.
— Então, eu me afastar mostra que ela estava certa?
— Talvez — Felipe pegou meu prato, que estava vazio, também pegando o seu. — Mas eu acho que o pior, vai ter sido a falsa esperança que você deu a ela.
"Falsa esperança...?"
Felipe começou a lavar a louça. Eu não achava ser um jeito de mudar o rumo da conversa, mas já tinha feito perguntas demais. Me levantei, pegando minha mochila.
— Will! — Ele gritou, vendo que eu estava indo buscar Vesper. — Não se culpe por não poder parar cada corte. A decisão de parar, ou não, é dela.
— E se eu for o motivo deles?
Felipe negou.
— Pode ser você quem entrega a lâmina, mas é ela quem afunda. Não a machuque. Se ela gosta de você, à sua falta vai doer, e o que você disser de ruim sobre ela vai machucar mais do que qualquer um diz.
Somente concordei.
Perdi o resto do meu tempo com Gabi. Ele colocou vários vídeos, e no final me fez assistir "O Extraordinário", quase pulando para algum filme de comédia estrelado pelo Eddie Murphy quando meu celular tocou. O número na tela era do café em que minha mãe frequentava.
Finley talvez não fosse. Ele não tinha celular, e por isso não poderia avisá-lo para ir buscá-la.
Não poderia dizer a ele para ir ajudar minha mãe.
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