16 = Sabe aquela aposta...? (eu desisto)

Quando acordei, Finley estava parado na minha frente, sem camisa. Era a primeira vez que eu comprovava que sim, homens podiam ter tantos gominhos no abdômen quanto o rambo.

O poder amazônico era impressionante. Tinha até medo de ver minha prima, Ema.

Na última vez que a tinha visto, ela era magra, tinha 1,59 e reclamava constantemente da rapidez que seus pelos cresciam. Meu medo não era ela voltar como à Sarah Jessica Parker, e sim, parecendo um gorila.

A idade não faz bem para todos...

De todas as formas, aceitei o convidativo sanduíche que ele me estendia, e o observei até seu caminho para os degraus da escada.

— Saiu para correr às oito da manhã? — Resolvi perguntar.

— Não, às quatro. Depois eu fiz algumas outras coisas, que envolvem minha religião, mas, fora isso, eu só voltei para cá, e dei o café à sua mãe antes dela sair.

— Ela já saiu? — Ele concordou, por isso, voltei a dizer. — Que coisas da sua religião? Me diz aí... Somos primos. De segundo grau.

— Eu rezo — resumiu. — Cinco vezes por dia. Em horários específicos.

Wow, isso é... Diferente — me levantei. Finley somente sorriu. — Sabe que, se fizer isso em público, vão te achar um maluco, não sabe?

— Se eu me importasse com as palavras, não teria fugido do meu país. — Finley se levantou, pegando a toalha em cima do corrimão para me entregar. Ele parecia querer desabafar sobre algo, e foi o que fez. — Por mais que seja muçulmano, eu só não consigo acreditar que matar por Alá ainda é um fim justificável. Hitler matou os judeus por causa do que acreditava, mas isso não fez do desastre menor do que foi.

— Sócrates uma vez "disse" — fiz as aspas com a mão — que o erro vem da ignorância humana. Acho que quando se entende os pontos de vistas diversos, o contexto deixa de ser... Fechado.

— Não acho que se trate de ser fechado. Quando eu conheci sua prima — e lá ia ele começar a falar da Ema — ela me ensinou que, o Deus é um só. O nome muda, mas ainda é o mesmo. Idealizamos a força maior da forma que gostaríamos de ser.

Eu não era ateu como Arraiá, ou cristão como à minha mãe. Eu, na verdade acreditava que haviam certas coisas certas em cada religião, como outras que eram discutíveis.

Eu seguia minha própria filosofia.

— Finley — coloquei a mão em seu ombro — fico feliz de enfim encontrar alguém que tenha senso crítico o suficiente para acreditar que o bem e o mau são subjetivos. — Tirei a mão, voltando a consertar a toalha no ombro. — Na minha filosofia, ter senso crítico é essencial. Sem senso crítico, o ser humano vive em uma bolha de falso conhecimento, alimentado pelo conhecimento empírico, que hoje se pode resumir a: preguiçoso.

Ele boiou no que eu disse, por isso sorri. Minha prima Ema era boa em muitas coisas, mas ela nunca poderia bater de frente comigo quando se tratava de Filosofia.

Anotem um ponto para o Will, caso alguém esteja contando.

Agora, qual o ponto disso tudo? Esperem meus caros.

Segundo a teoria do conhecimento, adolescentes são facilmente influenciado pelas opiniões alheias. Pelo que acham sobre eles, e sobre o que eles podem passar como imagem para os outros. Os corpos crescem, e a corrida para o auto descobrimento começa.

O meu ponto nisso tudo, é que a adolescência é difícil, e eu não posso ser culpado pelo meu erro.

A questão maior, que me fez ter que explicar sobre o comportamento de jovens deprimidos, é que eu romantizei muitas coisas. Em mais específico: Ágatha. E isso foi proposital, mas não algo que eu decidi.

Apesar de ter descoberto que gostava dela a pouco tempo, o fato dela me bater me fez perceber que, nem tudo estava correto.

Ágatha estava correta da sua forma, mas errada no modo que pensava.

Eu tinha evitado ela por dias. Realmente. A culpa era minha.

Me preocupava com a forma que os outros reagiriam, afinal, para todas as dúvidas eu ainda namorava com Emília.

Às vezes, os cacos estão quebrados e sendo colados por tempo demais.

Contexto Will. Contexto.

Ok. A questão, é que eu usei muita essa palavra.

Contexto. Darei contexto.

Will Belmarques foi à escola. Quatro aulas depois alguém bateu nele. Mas, o contexto vem primeiro.

◆◈◆

Na primeira aula, Arraiá nos chamou na sala de esportes. Noah preferiu ficar em pé. Ele estava usando seu óculos escuros, mas dessa vez, não era porque ele tinha feito algo legal. Arraiá apontou para sua têmpora, pedindo para que ele tirasse, e assim ficou a mostra seu olho roxo.

— Ela tinha namorado — ele disse, enquanto guardava o óculos no bolso.

— Você é complicado. — Arraiá coçou a cabeça, enquanto se sentava. — Precisa conservar o seu rosto. As garotas gostam dele.

— Isso mesmo, você não é o Igor. — Olhei para trás, diretamente para ele. — Seu trabalho é ser bonito, e não brigar. Deveria ficar com garotas da sua idade. Já é a segunda vez que é enrolado.

— Adolescentes são imaturas — Noah olhou para seus pés. — É difícil encontrar alguma garota nessa idade que não tenha depressão, transtorno alimentar, ou que não se corte.

— Enfim... — Arraiá cortou, tentando voltar ao assunto. — Chamei vocês aqui porque precisamos discutir duas coisas. Uma delas, é que vocês receberam uma proposta — ele colocou um papel na mesa. Era um tipo de pôster de campeonato. — O Wins vai começar no mês que vem, e como sabem, esse campeonato é a grande chance para conseguir uma carreira no esporte. E... Para a sorte de vocês, um olheiro viu um dos jogos, e os convidou a participar.

— Olheiro...? — Jeff olhou para mim. — Será que foi aquele garoto?

— Garoto? — Arraiá olhava para nós. — Não acho que o Wins deixaria algo como isso nas mãos de um garoto. Eles geralmente mandam pessoas experientes no assunto, com muitos anos na área.

— Então, ele continua sendo uma incógnita — Noah disse de forma sussurrada.

— Que se foda! — Igor exclamou. Ele sorria. — Essa é a nossa grande chance! A minha grande chance! Eu sei que vocês não querem seguir no esporte, mas...

— Não mesmo — Noah sorriu. — Já me basta um olho roxo. Não quero ter que encher meu corpo de placas e pinos.

— Eu quero ser profissional no Hockey! — Ele olhava para todos nós. — Vai ser complicado? Vai! Vão ter pessoas lá que vão lutar com tudo por isso, mas...

— Mas o quê? — Noah descruzou os braços. — Somos um time composto por sete garotos. Sabemos que na verdade, o que fez com que nos chamassem é o show de pancadaria que você e o Will dão. Eles esperam que algum de vocês arrebentem o nariz de alguém.

— Ele tem razão — Arraiá concordou. — Ir só os sete é um risco muito grande. Vocês dois sabem se defender, mas se um ou os dois se ausentarem, praticamente o time todo se torna alvo. Em especial, o Victor.

Olhei para ele, que estava sentado do meu lado. Era patético perceber que ele tinha razão. Não éramos profissionais. Éramos amadores que socavam jogadores, e ainda por cima marcavam gols. Era quase sorte, e não uma estratégia. Mesmo que Jeff fosse um ótimo estrategista, confiávamos demais no que ele dizia, e quando não dava certo, partimos para a briga.

Ao menos, eu e Igor. Em especial, ele.

E ele, estava irritado. Era sua chance. Se brilha-se, conseguiria uma vaga na NBO, e de lá, seria somente uma rápida subida para a fama. Não que a fama importasse, mas é algo que qualquer esportista almeja.

— Sente-se. — Arraiá mandou, vendo que ele estava se levantando para ir embora. — Não estou dizendo para desistirem, mas, se querem aceitar, tem que arrumar ao menos mais um jogador que possa entrar no lugar de vocês dois.

— Precisa ser da escola? — Igor perguntou. — Porque ninguém dessa merda vai aceitar. Não, quando viram o que somente nós dois fazemos a alguém.

— Não exatamente. As regras só dizem que precisa ter acima de 14 anos.

Igor concordou antes de se levar, batendo a porta quando saiu. Não parecia completamente irritado, e sim, sem saída. Era seu sonho, não o nosso. Noah somente entrou porque queria participar de um esporte que o fizesse popular; o pai de Jeff queria vê-lo em um esporte "másculo", para amenizar a dor de seu filho ser um gamer. As razões do Victor nunca foram claras, e às minhas... Pode-se dizer que eu somente queria um recomeço.

Somente eu e Victor ficamos na sala, com Arraiá indo atrás de Igor.

— O que acha? — Olhei para Victor, ao meu lado.

— Acho que ele tem razão. — Victor devolveu o olhar. — Na última partida vocês saíram muitas vezes, e o outro time se aproveitou disso. Eles sabiam que não teríamos mais ninguém para entrar no lugar.

— Eu sei. Todo esse tempo estivemos correndo riscos.

— É... Mas... Não acho que podemos abandonar o Igor agora. Ao menos, devemos tentar.

Sorri. Victor era alguém legal. Eu poderia imaginar que a razão para ter entrado foi porque se comoveu com o único garoto que entregava panfletos feitos por ele, convidando pessoas para um time morto. Um time, que depois tinha mais um.

Victor foi o primeiro a dar esperanças para Igor de que aquilo daria certo.

Foi ele também quem fez panfletos melhores.

— No começo... — Victor começou. — Eu não acreditava que isso chegaria longe. Quando se passou duas semanas desde que entrei com mais ninguém tendo aceitado, eu disse: "Eu aposto que ninguém mais vai entrar! Vamos ser só eu e você, e aí, vamos ter que fundar um outro clube!". Mas ele insistiu. Dois dias depois você aceitou entrar, o que me fez ter que vir de bermuda e chinelo por quatro meses, em um mês frio.

— Então foi isso?! — Comecei a rir. — Se eu soubesse da aposta teria entrado no outro dia!

Victor olhou fixamente para mim, como se tentasse passar ódio por telepatia.

— Mas ele quase desistiu — voltou a falar. — Ele chorou muitas vezes. Teve ataque de raiva quase todos os dias em que tentava falar com alguém, com todos fingindo não estarem escutando. Ele tentou fazer isso funcionar até depois de suas esperanças já terem ido embora.

Resolvi me levantar, e vi, pela janela da sala Igor correndo pela pista de corrida. Me perguntei quantas voltas seriam precisas para que se cansa-se.

Continuei a olhar para a janela por um tempo, com os olhos fixos no sol, e em outros momentos, em Igor.

— Eu acho que... Eu tenho alguém.

— Sério? E quem seria? — Vi Victor arquear uma de suas sobrancelhas, e em seus olhos eu conseguia ver esperança. A mesma esperança que ele tinha tentado passar à Igor, naquela época.

— Bom, isso eu não posso dizer ainda. Até porque, eu nem mesmo sei se ele irá aceitar — dei de ombros enquanto esboçava um sorriso, e Victor concordou com um balançar de cabeça, me entendendo.

— Então, enquanto você decide falar com essa tal pessoa, vamos correr. — Deu uma risada.

Deixamos a sala para trás, e ao passar por Arraiá, ele murmurou rapidamente para nós um: "vocês vão encontrá-lo logo".

E assim, eu sorri, porque a pessoa que estava pensando era exatamente o tipo de pessoa da qual precisávamos.

— Vamos alcançá-lo — Victor comentou saindo do meu lado para tentar acompanhar o ritmo de Igor, mas eu o impedi, pegando em seu braço.

— Não! Preciso conversar com você — ele logo voltou ao meu lado, e esperou para que eu continuasse. E assim o fiz. — Não é nada sobre o time. Mas sim, sobre garotas.

— Imaginei que fosse. — Sorriu enquanto cruzava os braços. — O que foi agora? Tem a ver com alguma das duas garotas?

— Eu preciso desfazer essa aposta — disse o que estava entalado na minha garganta há dias.

Não tem mais como aguentar isso. Não que Emília seja de todo mal, só que eu tenho que prosseguir minha vida do jeito que eu realmente quero.

Sem aposta.

Sem Emília.

Talvez Ágatha.

— E só agora você percebeu isso? — Victor exclamou, seguindo para o vestiário, rindo de mim. A primeira aula tinha terminado.

Do mesmo jeito que eu quero que acabe minhas mentiras.

Preciso encontrar Emília.

◆◈◆

Na saída do ginásio, peguei meu celular rapidamente para mandar uma mensagem para ela.

"Emília, precisamos conversar".

Sua resposta não veio de imediato como na maioria das vezes vinha, e eu logo pensei na ideia de que ela talvez não tenha ido para o colégio. Mas, enquanto caminhava para ir em direção a aula seguinte, encostada nos armários, perto da nossa sala, estava ela.

— Acabei de receber sua mensagem. Preferi te esperar aqui, sabia que você estaria voltando do ginásio. Fiquei sabendo que o professor de Ed.Física veio em um horário mais cedo para falar com o seu time — ela sorria, enquanto eu, estava sério. — Então... O que você quer conversar? — Perguntou, vendo que eu não estava tão amigável, como ela estava.

— Acho melhor desfazemos nossa aposta — comentei baixo, pois ainda haviam pessoas que avançavam em direção a sala, e que por vezes, olhavam para nós.

— Não vou te perguntar o porquê disso. Não faria sentido. Mas quero saber se é por causa de alguma garota — um sorriso logo apareceu em sua face.

— Sim — concordei. — Eu fiquei com alguém.

— E vai para frente? — Perguntou, cruzando seus braços acima do peito ao mesmo tempo em que me encarava de maneira maliciosa.

— Até poderia ir, se eu já não namorasse com uma certa pessoa que está bem à minha frente. — Arqueei uma sobrancelha para ela.

— Ei, calma aí, Will. Não me culpe, quando foi você quem começou com isso primeiro — ela logo descruzou seus braços, aproveitando para bater seu dedo indicador no meu peito.

— Você poderia não ter aceitado! — Comentei.

— Ah, então agora sou eu a culpada de tudo, é isso mesmo? Você está colocando toda a culpa para cima de mim? É sério?! — Gritou, agora apontando para si.

— Desculpa — respirei fundo antes de prosseguir. — O que eu quero dizer é que tanto você como eu estamos impossibilitados de darmos um passo à frente, com alguém que gostamos, só por conta dessa maldita aposta.

Emília descruzou os braços e os passou pelo cabelo. Estava pensando.

— Isso é injusto! — Ela praticamente gritou. — Eu te ajudei a conseguir muitos encontros! Não pense que não sei que se pegou no banheiro com aquela garota do terceiro. Aquela que tem cabelo grande e corpão!

— Tá bom, porra, admito! — Me encostei no armário.

— Você... — ela apontou o dedo para mim, estando na minha frente. Bem perto — aceitou as condições, e eu não vou quebrar a porcaria dessa aposta até eu ter um namorado de verdade! De ver-da-de! — Ela se encostou ao meu lado.

— Por que quer tanto assim um namorado? — Perguntei. — Não precisava só de um amigo?

Emília não estava olhando para mim. Seus olhos ainda estavam no chão, mas percebi que ela estava segurando para não chorar.

— Eu esperava que tendo você como amigo, fosse me ajudar. Eu espalhei para todas as garotas que você era carinhoso e, bom de cama, e aos olhos dos outros eu... continuo sendo uma anti-social. E agora, uma anti-social que trepa mais que coelho.

Tá. Era injusto. Muito injusto na verdade.

Eu tinha realmente ficado com outras garotas, que começaram a se interessar por mim somente pelo que Emília dizia. Eu não tinha certeza, mas eu talvez tivesse virado algum objeto de teste.

Eu não queria dizer a ela que a mesma garota que tinha me dado um bom trato no banheiro, me convidou para a casa dela.

Emília queria um amigo para não ser sozinha. Queria um amigo para poder confiar. Queria um amigo, para que pudesse ajudá-la a conquistar quem gostava. Porque, o grande sonho da garota que estava ao meu lado era ter alguém que a amasse.

Ela queria literalmente encontrar sua cara metade. Ou conquistá-lo.

Eu não era a porra de uma garota que viraria e diria "tudo bem amiga, ele vai vir. Confie no destino". Eu não acreditava no destino. Não faria voz fofa. E nem de jeito algum prometeria algo que não poderia dar certeza. A única coisa que eu poderia fazer por ela era dar um abraço, e dizer que ajudaria. O que fiz.

Outro problema. A maioria dos garotos do meu passado não eram garotos que gostaria que Emília se relacionasse, e os que conhecia, não passavam de idiotas.

Jeff era um gamer otaku, que era viciado em jogos, em especial os Japoneses. Tinham tantos jogos de encontro na casa dele, do que existia de revistas pornô no quarto de Noah. Outro que era dispensável, afinal, ele só se interessava por mulheres mais velhas. Igor não era citável.

Só me sobravam três opções. Opções médias. Duas se for contar que Felipe mal tem tempo para ele próprio.

Me afastei dela, e coloquei os fones, procurando uma música.

— Então, ainda estamos namorando... — disse, baixo.

— É... Mas, você ainda não me contou da garota que gosta. — Emília sorriu. — Vai gritar o nome dela no meio de um jogo?

— Sabe, quando fala desse jeito, me lembro que minha aposta tinha algo relacionado a você com maquiagem e, super produzida.

Se Emília fosse eu, com certeza teria me mostrado o dedo do meio. Mas, para a minha sorte, ela era educada.

Vi Emília olhar para trás, e também olhei, vendo alguém correr. Não era bem correr para qualquer lugar. Talvez até o banheiro?

— Não era a garota que estava conversando outro dia na sala? — Ela me perguntou. — É uma das suas ficantes? Porque se for... Ela sabe que "namora"?

Puta que me pariu.

Esse é o momento que sua cabeça roda em 360° e você se vê de cabeça para baixo. Seu coração acelera, e, o sentido simpático age, te fazendo a pergunta "Eae, vai fugir ou encarar?".

Em hipótese alguma, deixe uma garota na mão. Mesmo se ela descobrir algo ruim seu, não tentar, é o mesmo que não mostrar arrependimento. E mesmo se no final se der mal, e sair de lá com a marca dos cinco dedos dela na sua cara, ainda é melhor do que não tentar.

Desisti de selecionar a música, para ir atrás de Ágatha. Eu consegui alcançá-la antes que entrasse no banheiro. Eu tinha sorte que dois passos dela eram um meu.

O Will já estava se tornando um pamonha. Um completo manteiga. Mas ele não sabia. Claro que não. A masculinidade dele dizia que aquela garota, à sua frente, o provocava, mas na sua deturpada mente não havia a opção que dizia que ela na verdade, precisava de atenção.

— Me solta! — Foi o que ela disse, puxando seu braço de mim. — Pode ir. Volta a conversar com ela!

A primeira coisa que veio à mente do Will foi "ela está com ciúmes".

Com certeza uma parte daquele teto deveria ter caído naquele momento. Talvez o sangue na sua cabeça voltasse a funcionar. Talvez eu, teria pensando melhor nas palavras que usaria.

— Ágatha, ela é uma amiga, OK?

— Igual eu — ela sorriu. Não um sorriso verdadeiro. — Não. Não somos nem sequer amigos. Foi você quem disse isso, certo? Mas, "OK."

Eu de novo segurei em seu braço, mas eu tinha me esquecido que Ágatha não gostava de contato. Na verdade, eu nem sequer tinha parado para reparar nisso. Estava tão bobo por ela que não me passava pela cabeça que ela era alguém frágil. Alguém, que queria que eu percebesse o que estava de errado, mas que me afastaria quando eu percebesse.

Ela tentou me empurrar, mas não era mais forte do que eu.

— Eu cansei de você! — Agora ela estava gritando. — Uma hora me agarra, e na outra, foge de mim! E depois... Vem atrás? O que acha que eu sou? Um brinquedo? Alguém para usar?

Dessa vez ela tentou tirar a mão da minha, o que resultou em sua camisa descer pelo seu braço até parar no cotovelo.

Bwom! Realidade a vista. As lágrimas dela a vista. A visão da garota perfeita e imaculada abaixo. Tudo resumido em marcas recém feitas por estilete. Marcas que Will Belmarques podia apostar que teriam companhia.

Ele era a causa daquilo. Desde o momento em que a viu era responsável por uma parte de seu sofrimento. A garota não estava o provocando. Não. Ela não gostava dele porque falava coisas safadas. Não.

Gostava porque ele estava ao seu lado.

Eu ainda segurava sua mão, enquanto ela dava socos em meu peito. Minha mente analisava as coisas em câmera lenta, mas, eu ainda tinha o reflexo de que, não poderia impedir nada. Mesmo que eu tirasse o estilete do bolso dela, ela ainda poderia tentar abrir as outras. Nada a impedia disso.

— Desculpa — era a única coisa que poderia fazer naquele momento. — Se eu gosto da pessoa tendo a não notar as coisas.

Não era bem uma declaração, e ela não acreditou em nada do que eu disse.

Eu soltei sua mão, e não impedi que ela entrasse no banheiro. Não poderia parar aquilo, quando nem mesmo eu tinha noção do que fazer.

Eu tinha romantizado à Ágatha. Queria imaginar que ela me provocava. Queria porque, eu realmente amava ela.

Will Belmarques amava tanto aquela garota que não sabia o que fazer.


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