15 = Me (Con)vença

E esse é mais um dia que Will Belmarques acorda às cinco da manhã, com um humor bom para porra!

Irônia.

O Capitão estava em cima de mim, e se levantou com muito desdém.

Capitão. O gato.

Eu ainda precisava de um nome, e já tinha decidido quem o daria, então, até lá, ele seria o Capitão. Uma clara e desavergonhada referência ao Capitão América. Até poder ver a pessoa que faria as honras, meu gato se chamaria Capitão do México, e eu não estava aberto a discussões.

Deixei o capitão para trás, para enfrentar um sol de lascar. O que claramente piorou a porra da minha dor de cabeça.

Ter sinusite é uma merda. Essa doença só não chegava a ser pior que a doença da minha prima, Ema, que tinha asma. Sua doença foi, inclusive, a sua maior desculpa para ir morar com alguns amigos na Amazônia. Hoje, ela fala quatro dialetos indígenas distintos, e sabe caçar. Quando se mudou, ela tinha quatorze anos.

Enquanto eu estava farreando, como se não houvesse amanhã, minha prima aprendia a caçar animais só portando um canivete.

A morte da nossa avó foi algo que mudou muita coisa.

Ema já tinha perdido a mãe, mas quando nossa avó se foi, uma porta ainda estava aberta. Nossa grande velha tinha emancipado Ema. E quando ela se foi, Ema seguiu seu próprio caminho.

Agora, por que citar à minha prima selvagem, quando comecei falando da porra da minha dor de cabeça? Porque, por algum milagre mandado por oxalá, Ema tinha mandado sinal de vida. Ou melhor dizendo, ela tinha... Tinha... Mandado um índio. E quando eu acordei, ele estava dormindo no sofá.

Minha mãe estava na cozinha. Fingi que não estava vendo-o, e tomei meu café.

— Não vai me perguntar nada? — Foi ela quem fez a pergunta.

— Ele vai ficar?

Ela fez que sim, sendo vaga propositalmente, querendo que eu fizesse alguma pergunta.

— Não me importo. — Terminei o café, deixando em cima da mesa. Passei pelo batente, mas voltei, dizendo: — A propósito... Eu tenho um gato.

Abri a porta, e coloquei os fones para não escutar sua reclamação. Era mais do que justo. Minha prima Tarzan mandava um estranho, e eu, colocava um animal estranho em casa.

A loucura era de família.

Mas Finley Theodore Vitti não era da família. Finley era, e sempre vai ser, o único ser humano da Terra que não é completamente ferrado, ou negativo.

Mas, vê-lo deitado no meu sofá, usando roupas não normais, não me foi uma boa primeira impressão.

Eu era o Thor, e ele o papa capim.

Resumidamente: Foi um péssimo começo de dia.

Os Beatles estavam entrando por meus ouvidos, me fazendo não escutar o que o senhor-tenho-uma-namorada dizia. Quando sua garota apareceu, ele como sempre foi dá-la atenção, o que me fez suspirar de alívio.

Entrei na sala e sentei na mesma carteira. Cumprimento Jeff. Nada de mais.

A grande diferença, que fez esse dia começar a parecer diferente, foi quando Noah entrou pela porta usando um óculos escuros. Ele nunca fazia isso, a não ser, quando tinha feito ou descoberto algo. Era o modo dele de mostrar ao mundo: "Eu sou foda! Fiz algo foda! Hahaha!"

Quando ele puxou uma cadeira e se sentou ao meu lado, com direito a tirada lenta do óculos seguida de uma leve arrumada no cabelo, percebi que também era uma boa notícia para mim.

— Will, sabe que somos amigos. — Ele começou. Se estava fazendo discurso, então, era algo realmente bom. — Sabe que amigos se ajudam, não importando o que for, não sabe?

— E com o que você me ajudou, amigão?

— Eu sou um ótimo detetive. Você sabe que descubro qualquer coisa. A internet é minha casa. Meu terreiro. — Olhava para mim, esperando que concordasse. Assim que fiz, ele próprio também concordou. — E para sua sorte, meu amigo, eu disponibilizei meus serviços a você e sua causa.

Noah tirou o celular do bolso.

— Eu pesquisei sobre aquele garoto. O que estava no dia do jogo. — Noah desbloqueou o celular, e mostrou uma das fotos do garoto que estavam postadas no Instagram. — Seu nome é Taeseon Yang. Ele tem dezessete anos, e... É mestiço. Meio coreano, meio americano.

— Só isso? Por acaso vai me contar o nome da namorada dele também? — Despejei sarcasmo. Não estava de bom humor.

— Ele não namora. — Seu olhar era sério. — E nem deve pretender. Se fizer, vai perder os dez milhões de inscritos que tem no YouTube. E os mais de sessenta mil no Instagram.

Dei uma leve tossida. Era informação demais.

— Famosinho. — Jeff se sentou ao meu lado.

Como éramos da área de humanas, estávamos somente os três na sala. Talvez depois disséssemos algo aos outros.

— Bonito. — Jeff olhava as fotos de dito cujo no Instagram. — Esse com ele na foto não é o...?

— Sim. — Noah voltou a tomar o celular de sua mão. Não gostava que ninguém tocasse nele por muito tempo. — Ele é amigo de muitos idols. Foi assim que grande parte de sua fama foi consolidada.

— E daí? — Jeff roubou a pergunta da minha boca. — Ele foi lá assistir só para fazer um vídeo dizendo "Fui assistir um jogo de Hockey, e olha no que deu!"

Eu ri. Até Noah admitiu que era uma piada que merecia ao menos um leve sorriso de gentileza.

— Aí é que mora o problema. — Noah nos mostrou o canal dele no YouTube. — Ele não fez nenhum vídeo. Não tirou nenhuma foto. Mas ele foi não só no nosso jogo, como no último amistoso daquela escola no Sul.

— Talvez ele goste do esporte — conclui.

— Mais do que gosta. — Noah apontou para uma foto. Era ele criança(?), em uma pista de gelo. — Ele joga hockey desde que é criança. Ele estava presente em jogo quando teve o milenar 28X04.

— Está brincando?! — Igor exclamou. Tinha chegado a pouco tempo, mas citar aquela partida o fazia sorrir. Até mesmo pegou o celular das mãos de Noah. — Aquela partida foi um arrombo!

— Ele estava lá. Fez oito dos vinte gols. — Olhamos uns para os outros. Não era lá grande coisa. — Esqueci de dizer que ele chegou nos últimos DEZ minutos do jogo.

Agora sim estávamos pasmos.

— Esse filho da puta não tem nem mesmo um machucado! — Igor exclamou. — A pele parece a da minha irmã. — Ele resolveu continuar a frase: — A de sete anos.

Noah mostrou algumas fotos. Em todas ele estava suado e com o uniforme do time.

— Fiz amizade com uma garota do fã-clube dele. Em menos de uma hora ela me deu a descrição de sua vida. Segundo ela, a mãe dele é diretora de um hospital — ele mostrou a foto de uma mulher coreana, com cabelos longos negros. — Ela teve a grande maioria dos votos. Segundo minha fonte, a diretoria do hospital é feita de forma democrática. Foi assim que ele conheceu grande parte de seus contatos. Eu não sabia, mas... Segundo ela e outras fontes e pesquisas feitas por mim, muitos desses idols vão parar no hospital. Tentativa de suicídio, anorexia, bulimia, cansaço, perda da voz... Eles passam por muita coisa.

— Então ele era o garotinho da mamãe? — Igor riu. — Ficava grudado nela, e ganhou alguns amigos ricos. Entendi. Mas, o que isso tem a ver?

— Tem a ver, meu caro... — Noah mostrou a foto de um homem de terno. Parecia ser americano. Depois, voltou a mostrar as fotos dele com artistas. — A mãe dele é diretora do hospital. O pai, advogado. Tudo isso, leva a contatos. Fama. Entende?

Resolvi ser mais direto.

— O que raios ele estava fazendo lá?! Por que saiu da sua China tecnológica para um lugar camuflado no mapa das potências mundiais?

— Ele veio morar aqui, Will. — Noah concluiu. — Por algum motivo, esse garoto veio sozinho para o México, e trabalha como vendedor em uma loja do shopping.

Todos começamos a rir. Era muita merda dita. Quem em sã consciência larga a Coreia, seus pais, para morar sozinho, sem dinheiro?

— Noah, e por que ele faria isso? — Eu ainda ria. — Por que um garoto que cheira a dinheiro faria algo como isso?! Acho que dessa vez você errou feio!

Noah não pegou uma foto qualquer. Ele literalmente abriu o Instagram, e colocou a foto que o próprio tinha tirado, em meio a arara de roupas, enquanto usava o uniforme da loja.

OK... Cada vez mais ficava estranho.

— Eu não sei o motivo, mas esse garoto não estava e não está aqui atoa. — Noah bateu com o dedo em cima da foto dele. — Pessoas como ele, só se arriscam se souberem o que estão fazendo, e ele... Me cheira a esperto.

Noah voltou para seu lugar, e Igor saiu da sala, indo voltar para à sua.

Olhei para Jeff, que estava sentado em cima da mesa.

— O que acha? — Perguntei olhando para ele. — Ele é estranho.

Quando disse isso, me lembrei dele sorrindo para Ágatha. Odiava a ideia de que talvez tudo virasse a merda de uma comédia romântica. Sempre odiei a enrola e, o drama desnecessário de se ter um triângulo amoroso.

— Sabe o que é o mais estranho? — Jeff parecia analisar a situação. — É ele não usar ainda mais seus contatos. Sabe, eu vejo rappers se sustentarem com feats, e YouTubers que gravam mais com famosos que sozinhos. — Concordei. Jeff deu um longo suspiro antes de prosseguir. — Foi uma pena o que aconteceu depois daquele jogo...

— Eles tinham futuro... — Também suspirei. — Em um dia estavam marcando o Hockey colegial, e no outro... Metade dos jogadores eram pegos com drogas em um exame de doping.

O professor entrou em sala, o que fez com que Jeff saltasse para a cadeira. E, para à minha surpresa, alguns minutos depois, Victor passou pelo corredor, silencioso como um mosquito. Ele ser silencioso não me assustava. Ele chegar atrasado, sim.

Eu não era um expert, mas sabia ao menos dizer quando um homem parecia inseguro se poderia sorrir com o final de um furacão, ou, se deveria chorar com os danos causados por ele. Victor parecia estar nesse impasse.

Voltei minha atenção para a aula. Filosofia era uma das únicas matérias que me interessava. Algo que prendia minha atenção.

Há muitos anos tínhamos estudado sobre os pré-socráticos, e sua fixação pelo centro das coisas. Depois os pós-socráticos.

A verdade, era que mesmo que Sócrates não fosse o primeiro filósofo, sua existência era o que fazia da filosofia, a filosofia. Assim como Tiradentes, sua morte, foi o começo. O que ele fez tinha sido gravado nas escrituras, então, ele nunca morreria.

Apesar de todo o devotismo que aqui parece ser descrito, é apenas uma forma de dizer que em três semanas iria fazer dez anos que minha avó tinha morrido. Eu tinha dezoito anos, minha prima Ema, vinte e quatro. Se viva, minha avó teria setenta e dois.

Só prestei atenção na primeira aula, as outras não me fizeram concentrar.

Eu estava deixando, happiness tocar em replay infinito.

Mas você ainda irá me amar

Quando ninguém me quiser por perto, por perto

Quando eu tiver 81 anos e esquecer as coisas

Você ainda estará orgulhosa?

Orgulhosa de mim, e da minha pequena lista de realizações

Eu e minha falta de novas notícias

Eu e meu egoísmo

Ou eu e meu desejo de nada fora uma versão feliz de você

Na terceira aula, eu dormi. Dormi de uma forma nada profunda, o que não te deixa ter nenhum sono. Só acordei porque alguém tirou o fone do meu ouvido. Primeiro eu abri o olho, só para ver quem tinha sido, depois, tentei entender porque Victor tinha feito aquilo, até minha visão melhorar ao ponto de perceber que aqueles olhos azuis não eram dele.

— Ágatha? — Perguntei tirando o fone, e pausando a música.

Minha visão agora estava totalmente clara. O que me fez pensar para onde deveria olhar primeiro. Para o blusão branco — que eu usaria, afinal, só tinha frases legais em inglês estampada — ou, para a expressão dela de feliz.

— Eu vim! — Ela exclamou. — Você disse que eu deveria, então... Aqui estou!

Olhei para a sala, que estava vazia. Me levantei, e fechei a porta, voltando a me aproximar dela, e do meu lugar, a passos lentos.

— Está brincando comigo? — Ela negou. — Então, agora é uma aluna da Trendwell Wood?

— Sim. Mas faço Ciências Sociais.

Coloquei a mão em sua cintura, e fiz ela se sentar na minha mesa, depois, voltei a me sentar na cadeira. Coloquei a cabeça em suas pernas, usando de travesseiro.

— Você não dorme em casa? — Ela perguntou, enquanto passava a mão por meu cabelo.

— Durmo. Por falar em dormir... Quando eu acordei tinha um índio deitado no meu sofá.

— Índio?

— Não era bem um índio. Com certeza deve ser coisa da minha prima Ema. — Ainda com a cabeça deitada em sua perna, levei o olhar para cima, buscando seu rosto. — Como está sendo seu primeiro dia de aula?

— Legal! — Ela sorria.

Deixe-me ensinar duas coisas que te farão detectar uma mentira:

1 — Se a pessoa diz a mentira com total ênfase, então, não é uma verdade.

2 — Se ela sorri, mas seus olhos não acompanham a emoção, então, não é uma verdade.

Eu tinha perguntado sobre o primeiro dia de aula dela. O primeiro dia de aula é sempre uma merda. Você não conhece ninguém, e não tem certeza se as pessoas que falaram com você no primeiro dia vão mesmo ficar perto de você. Fora o medo do desconhecido que maioria tem. O medo de sair do poço, só para se afundar no lodo.

— Você não vai conseguir mentir para mim. — Consertei a postura. — O que teve de errado?

Ela começou a apertar as próprias mãos, enquanto olhava para elas.

— Nada para se preocupar.

— Ágatha, eu estou preocupado comigo. — Sorri. — Porque se eu descobrir a verdade depois, eu com certeza não vou ser bonzinho com eles. Eu com certeza vou ser muito assustador.

Ela colocou as mãos nas minhas bochechas, e encostou o nariz no meu, dizendo:

— Como ele é fofo!! — Sorria.

Ela desceu da mesa, e consertou o blusão.

— Ágatha! — Chamei. — Se elas falaram algo ruim para você, só não escute... Ok?

— Ok — ela concordou. — Mas... Eles tem razão, Will. Em tudo.

Quando ela colocou a mão na maçaneta, abrindo, se deparou com Emília.

Suspirei de forma pesada. Emília olhava de mim para a garota que tinha saído, parecendo desconfiada.

Eu queria saber o que era o "tudo". O que aquilo significava.

— Tudo bem? — Emília me perguntou.

— Por enquanto.

A verdade, era que eu torcia por uma briga. Igor era sedento por elas. Suas veias pediam por isso. Já no meu caso, o meu sistema nervoso simpático falava mais alto.

Eu estava sempre de prontidão. Sempre pronto para fazer algo, caso fosse preciso.

◆◈◆

Quando eu abri a porta de casa minha mãe estava sentada no sofá, acariciando o Capitão. Ele estava a alguns centímetros de distância dela, mas ainda assim, ela dividia a atenção do notebook em suas pernas para ele.

Coloquei a mochila no chão, e arregacei as mangas.

Presumi que ela com certeza nem mesmo tinha lavado a louça, mas me impressionei ao ver o garoto lavando.

Seu óculos escuros eram amarelos, e seu cabelo cacheado. Olhando de perto não parecia um índio. Parecia um garoto parado nos anos noventa.

— Mãe, por que minha prima mandou um índio? — Resolvi provocá-lo, mas ele não reagiu.

— Sua prima realmente mandou ele para cá, mas ele não é um índio, Will, é islâmico. — Quando ela disse isso, voltei a olhar para ele. — Ele se separou dos pais quando tentavam fugir do país. Sua prima "adotou" ele.

— Mãe, eu mal tenho um quarto, e você quer colocar mais uma pessoa em casa?! Aonde ele vai dormir?! Ele por acaso fala espanhol?

— Inglês também. — Ele respondeu, enquanto secava os pratos. — Também falo um pouco de inglês.

Minha mãe tentou não rir, mas o sarcasmo era de família.

— Eu não tenho nada contra você, é que... — ele me interrompeu.

— Eu não vou ficar aqui. Quando a Ema chegar, eu vou embora.

— A Ema vai sair da Amazônia?!! — Olhei para minha mãe. — Como... Quando tudo isso aconteceu?!

O garoto se sentou na mesa, e eu, fiz o mesmo, esperando que ao menos ele me explicasse.

— Eu preciso terminar a escola. Depois, quando eu terminar, vou voltar com ela. — Ele tirou o óculos, deixando os olhos verdes a mostra.

Eu não podia acreditar. Aquele garoto era um caso raro!

Eu era pardo e tinha o cabelo liso, mas meu olho era tão marrom que se podia jurar que era preto. Ele, era negro, tinha cabelo cacheado — legal, por sinal —, sardas, e olhos verdes.

Ele quase se encaixa completamente em todos os 1% existentes!!

— Quantos anos tem? — Perguntei.

— Dezessete — respondeu. Sua voz era grave.

Eu queria matá-lo. Queria fazer ele voltar para à Amazônia, nem se eu mesmo tivesse que pagar a passagem!

— Finn, não ligue para o Will! — Minha mãe exclamou. — Ele é muito invejoso!

— Sou! — Me inclinei, olhando para ela que ainda estava sentada no sofá. — Como minha prima Ema achou ele?! Pensei que ela estava ocupada demais caçando! Pensei que ela nem sabia mais falar espanhol!

William! — Minha mãe exclamou.

O garoto fez um sinal como se estivesse tudo bem. Só depois entendi que, o que para mim era brincadeira, para ele, talvez fosse uma ofensa.

Eu sabia que os índios não eram como nos filmes. Sabia que muitos deles tinham se atualizado, e não caçavam com materiais feitos por eles, ou andavam nus. Aquilo era algo que eu e minha mãe usávamos para atacar minha prima, quando na verdade, tínhamos certa inveja por ela não ter terminado a escola, não ter feito faculdade, mas, ainda assim, conseguir viver sozinha com pouco e se contentar com aquilo. Ser feliz dessa forma.

Eu era materialista. Ema, era livre.

— Nós realmente caçamos. Eu só vivi com sua prima por dois anos, mas ela me pareceu uma mulher forte.

— Ela sempre foi. Enquanto eu tinha dificuldade para roubar ovo de uma galinha, Ema trocava a ferradura de um cavalo.

Ele sorriu. Parecia ser algo sobre ela que ele não sabia.

Eu sou Finley Theodore Vitti.

Eu sou Will Belmarques. — Apertei sua mão de volta. — Qual desses sobrenomes é o do marido da minha prima?

— O "Vitti".

Concordei. Era um sobrenome legal.

Finn assoviou, e o Capitão desceu do sofá, indo até ele. Era um tipo diferente de assovio. Percebi.

— Então sabe encantar animais? — Provoquei.

— Nem todos, por exemplo, ainda não consegui fazer você calar a boca.

Eu estava pasmo. Era ironia demais em uma só frase. Era quase um crime!

— Bem-vindo a família. — Dei dois tapinhas em seu ombro. Passei pela sala, e abri a porta do "meu quarto". — Caso à minha mãe durma nesse sofá, pode dormir no sofá que tenho no meu quarto.

— Ah, claro. — Ele se encostou no batente da porta da cozinha, olhando para minha mãe, que parecia estar cansada ao ponto de dormir a qualquer minuto. — Obrigado. Acho que vou precisar.

Apontei para o quarto, dando autorização para que entrasse. Ele entrou, e, antes que eu entrasse minha mãe disse:

— Eu sabia que isso iria acontecer. Por isso mesmo coloquei a mala dele lá embaixo.

— Me sinto ofendido. Fez tudo sem a minha permissão!

— Quer falar sobre o gato que colocou na minha casa, sem minha autorização?

— Boa noite, mãe. — Sorri, antes de fechar a porta, e trancar.

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