Capítulo 26


CADU

- Luane - grito enquanto corro atrás da minha filha – filha, espere por mim querida.

Eu grito, mas ela não para de correr, eu tento me manter focado para não perdê-la de vista, em uma esquina isso quase acontece mas consigo mantê-la na minha linha de visão

- Lua querida pare de correr pra gente conversar – ela olha para trás, mas sem para de correr e ai acontece...

Ela tenta atravessar a rua, mas um carro está vindo e não consegue frear a tempo, com os olhos arregalados vejo o carro atingir minha filha a jogando no chão. Escuto um grito tão desesperado e alto que demora pra entender que partiu de mim.

- Luane, calma filha,o papai esta aqui - falo quando chego perto dela, mas não a toco, pois sei que em casos assim é importante não mexer na pessoa ferida.

- Me desculpe, por favor, eu não a vi, ela apareceu do nada - uma mulher fala ao meu lado enquanto se abaixa ao meu lado - eu sou medica vou prestar os primeiros socorros , chame rápido uma ambulância.

- Eu já fiz isso pelo radio- um dos policiais que estava na minha casa comenta quando se próxima.

- Papai meu braço dói - Luane chora e tenta se levantar mas a medica não permite e me pede para conversar com ela para que ela se acalme, antes olho para baixo e vejo as escoriações em seus braços e pernas e meu coração parte mais um pouco. – eu quero a minha mãe.

- Certo meu amor sua mãe já vai chegar, mas agora eu preciso que você fique bem quietinha e não tente se levantar tudo bem? A ajuda vai chegar em breve.

- Mas ta doendo, eu quero você papai.

- Eu sei princesa e não vou sair do seu lado - faço carinho nos cabelos dela tentando mantê-la calma e para falar a verdade para me manter calmo também, pois estou a um passo de surtar. E isso quase acontece quando sinto algo viscoso nos meus dedos e quando levanto a mão vejo que e sangue de um corte em sua cabeça.

Com alivio escuto o som da ambulância chegando, rapidamente os socorristas colocam a Luane sobre a maca e eu vou com ela na ambulância. No caminho ligo para a Denise, pois vou precisar dos documentos e da carteirinha do plano de saúde da Luane. Como o esperado a Denise se desespera e exige falar com a filha com cuidado coloco o telefone na orelha da Luane e isso foi bom, pois ela parou de chora ao falar com a mãe.

No hospital ela foi rapidamente atendida e alguns exames foram feitos, por sorte quando ela bateu a cabeça houve só um pequeno ferimento que não precisou nem de ser suturado o que nos deixou mais calmos, mas em contrapartida ela quebrou o braço esquerdo que teve que ser engessado.

- Como você está se sentindo meu amor? - pergunto enquanto o ortopedista cuida do braço dela.

- Meu braço doí, mas não como antes agora doí menos um pouco. Mas vai ser legal né? Minhas amigas vão poder escrever no gesso. No mês passado o Lucas quebrou aperna e todo mundo escreveu no gesso dele e agora e a minha vez.

É impossível não sorrir depois disso, a inocência dela e como um balsamo para meus nervos, ver ela bem é tudo que importa e finalmente consigo respirar aliviado.

***

Horas depois estamos finalmente em casa, o medico disse que não havia necessidade de mantê-la em observação no hospital, passamos na farmácia e compramos vários remedis que foram receitados caso ela sinta dor. E agora já não estou mais tão preocupado com a Luane e sim com a Denise. Ela quase não falou desde a hora que chegou ao hospital. Durante todo o caminha ela veio calada no banco de trás junto com a Lua, igualmente calada ela deu banho na nossa filha e a colocou para dormir.

- Você também esta vendo isso?- Mirella comenta baixinho ao meu lado.

- É como ver a formação de uma tempestade, aquela calmaria antes de um vulcão entrar em erupção. – Mauro também fala enquanto observamos a Denise encher a terceira taça de vinho - acho que você deveria fazer alguma coisa. Nos já vamos, mas qualquer coisa liga que a gente volta correndo.

Mauro aperta meu ombro e Mirella beija o meu rosto antes de saírem. Respiro fundo, tomo coragem e vou até ela. Só a vi dessa forma, a poto de quebrar, quando a mãe dela morreu, ela esta sentada com as costas super reta, acho que nem durante os ensaios de balé a coluna dela é tão forçada , o único movimento que seu corpo faz e o de levar a taça a boca. Me sento ao lado e seguro a sua mão impedindo que o liquido chegue a sua boca.

- Denise fala comigo amor, você não está bem.

- Eu estou ótima, perfeita, esplendida, excepcional - já assisti muitos filmes de terror nessa vida, mas nada me deu tanto medo quando o sorriso que ela abre - esta tudo maravilhoso.

- Amor não precisa ser forte eu estou vendo que você esta a um passo de fazer alguma loucura.

- Eu tenho que ser forte, pois o contrario disso seria admitir que venho sendo uma péssima mãe, que a minha filha ao primeiro sinal de perigo imagina que eu não a quero mais, o que só mostra que ela não se sente segura na nossa família. Se não me mantiver forte vou surtar por saber que alguém foi ate policia denunciar a gente por maus tratos e isso pode interferir no processo de adoção. Se eu não me mantiver forte eu vou quebrar em mil pedaços imaginando que minha filha esta lá em cima com dor agora. – quando ela termina de falar esta praticamente gritando.

- Denise olha nos meus olhos, primeiro qualquer criança iria se assustar com a policia na porta dela e para nossa filha isso é ainda pior pois ela já teve que se esconder muito da policia enquanto estava nas ruas , a Luane já passou por muita coisa na vida e isso não seria curado e esquecido em tão pouco tempo, coisas como as que ela passou podem destruir a confiança de um adulto imagine de uma menininha tão nova, mas isso não significa que ela não sabe o que nós a mamamos - seguro seu rosto para mantê-la focada em mim - segundo eu vou fazer de tudo para descobrir quem fez a denuncia e não temos nada a temer somos ótimos pais, cuidamos bem da nossa filha e a assistente social sabe disso e juiz também vai saber, só por cima do meu cadáver vamos perder a guarda dela. Por ultimo a Lua esta bem, foi só um susto graças a Deus, ela foi medicada por isso não esta com dor e nós vamos mima-la muito durante esse mês que ela vai ficar com o gesso. Nos três vamos ficar bem. – termino meu discurso e os olhos dela estão cheios de lágrimas não derramadas.

- Ah Cadu- é tudo que ela falantes de se atirar nos meus braços e começar a chorar, as lagrimas vem como um grande tsunami sem seus olhos e assim a vejo quebrando na minha frente.

Com cuidado a pego em meu colo e subo as escadas, seu rosto na curva do meu pescoço e suas lagrimas molhando a minha camisa, vou direto par o banheiro do nosso quarto e a ajudo a entrar debaixo da ducha quente, cuido dela como se fosse uma flor preciosa e delicada e depois a coloco na cama, quando me levanto para apagar as luzes escuto um gemido baixinho vindo do quarto da Lua, abro a porta e vejo que ela esta no meio de um pesadelo a pego o colo e ela se assusta um pouco, mas logo relaxa quando me vê, a levo pra o nosso quarto a deito ao lado da mãe e apoio seu braço em uma almofada.

Quando Denise sente a presença da filha instintivamente passa um braço por sua cintura e assim as duas dormem abraçadas, finalmente apago a luz e me deito tomando cuidado para não machucar a lua, sorte que a cama e enorme e cabe nos três com folga. Fico quieto esperando o sono chegar, não posso mentir para mim mesmo que os eventos de hoje não me afetara, pois isso aconteceu eu vivi uma montanha russa de emoção que foi da alegria ao desespero em poucas horas, antes de cair na escuridão que o sono proporciona eu prometo a mim mesmo que não vou permitir que nada tire a paz da minha família novamente.

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Não esquece de deixar uma estrelinha ;)

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