Capitulo 1
Estava terminando meu café quando meu pai apareceu na cozinha já arrumado. Em suas mãos estava uma gravata e ele parecia procurar algo.
— Deixa eu adivinhar, perdeu as chaves do carro de novo? — dou um gole no meu café e ele me olha rindo.
— Talvez. — dei risada me levantando.
— Me da aqui. — peguei a gravata de sua mão e coloquei nele.
Meu pai era péssimo nessas coisas, ainda tinha o dom de perder qualquer coisa que fosse. Eu não o julgo, também tenho esse problema de esquecer, mas espero não chegar ao seu nível. Um dia ele perdeu o celular e quando fomos procurar estava dentro da geladeira… sério, como ele conseguiu aquilo?
— Pronto. — digo apertando.
— Obrigado meu amor. — sorriu me dando um beijo na cabeça.
— E aqui estão suas chaves. — digo tirando do meu bolso. — Estavam no chão da sala inclusive. — dei dois tapinhas em seu ombro e segui até o meu quarto.
— Amor, estou pronto. — escutei ele gritar e soltei uma risada baixa.
— Any. — parei na porta do quarto ao escutar minha mãe chamar. — Você já vai?
— Já, só vou escovar os dentes. — digo e ela segura meu rosto me dando um beijo na bochecha. — Bom trabalho. — digo com um sorriso.
— Igualmente. — piscou e seguiu para o andar de baixo.
— Beijo, amo vocês. — gritei.
— Também te amamos. — sorri e escutei a porta bater.
Entrei no meu quarto e segui até o banheiro. Escovei meus dentes e fiz um coque em meu cabelo.
Peguei meu óculos na mesinha e assim que olhei pela janela vi Josh saindo de casa. Vi ele sair com o carro e revirei os olhos.
— Ao menos não preciso olhar sua cara de perto logo de manhã. — peguei a chave da casa e fechei a janela do quarto.
Corri até o andar de baixo e me certifiquei de não deixar nada para trás.
Sai de casa e tranquei a porta. Atravessei a rua correndo e peguei a chave da casa deles para entrar. Úrsula me disse que não tinha problema eu entrar sem bater, então eu só fiz isso.
— Bom dia? — digo fechando a porta e vejo Ron.
— Any. — disse sorridente vindo me abraçar. — Meu Deus, você realmente mudou bastante. — sorri sem graça.
— Acho que ficar quatro anos sem marcar um jantar dá nisso. — brinco e ele ri. — Mas eu também entendo, era muito trabalho e o ensino médio em escola particular é puxado. Virei noites estudando.
— Realmente. — ele olhou seu celular. — Mas agora dá para remarcar os jantares, assunto não vai faltar. — forcei um sorriso e assenti mesmo indo totalmente contra a ideia.
— Querido vamos. — olhei para o lado vendo Úrsula. — Oi Any. — sorri e me agachei ao ver a pequena Bella.
— Oi pequena. — digo sorrindo. — Meu Deus, vou parecer uma velha, mas você realmente cresceu. — os dois deram risada e a menina se escondeu atrás da mãe.
— Filha, essa é a Any, vai cuidar de você enquanto os papais trabalham. — Úrsula se agachou na frente dela. — Você vai amar ela. — a pequena me encarou e eu acenei.
— Tá bom mamãe. — ela abraçou a mãe.
— Tchau meu amor, nos vemos mais tarde. — Ron deu um beijo na filha e pegou as chaves do carro. — Beijos Any, se cuida. — ele me deu um beijo na cabeça e eu sorri.
— Tchau, tenham um bom trabalho. — acenei vendo eles saírem e logo aquela porta se fechou.
Me virei encarando a pequena e ela ainda parecia tímida comigo.
— Acho que você não se lembra de mim. — digo me agachando na sua frente. — Mas eu conheci você quando era apenas um bebê. — digo com um sorriso.
— Você é nossa vizinha? — assenti. — Nunca te vi, eu acho.
— Pois é. — suspirei. — Mas a tia aqui estudava de manhã, e quando seus pais saiam para trabalhar, era o seu irmão que ficava com você. Eu fazia curso online, então não tinha muito tempo pra sair.
— Você conhece meu irmão? — assenti. — Desde quando?
— Ih pequena, desde os seis anos. — forcei um sorriso. — Mas, podemos combinar de não falar do seu irmão?
— Por quê? Ele é muito legal. — disse abrindo os braços insinuando algo grande.
— Ele é. — digo com um falso sorriso. — Mas vamos lá, o que você faz quando acorda?
— Mamãe já me deu café, então eu ia brincar um pouco. — assenti. — Você gosta de boneca tia? — ela andou pela casa e eu a acompanhei.
— Já brinquei bastante, mas minhas prioridades hoje são outras. — ela apontou para uma porta e eu abri.
Ali havia uma pequena sala de brinquedos que continha de tudo um pouco.
— Tipo o que, tia? — ela se sentou no chão e eu tirei meu tênis para me juntar.
— Ah pequena, sabe como é, mais livros, menos diversão. — digo pegando uma boneca.
— Meu irmão disse que a escola é chata. — encarei ela.
— Seu irmão não sabe o que fala. — ela riu. — A escola é muito importante, principalmente se você quiser ser algo grande.
— E o que você quer ser tia? — perguntou sem me olhar.
— Quando eu era mais nova sempre tive o sonho de ser médica. — digo com um sorriso. — Mas vendo os meus pais comecei a me interessar muito por ciências contábeis. — ela me olhou.
— E o que isso faz? — soltei uma risada fraca.
— Basicamente lida com números e relatórios, mas você ainda é muito nova para entender. — digo e ela volta a brincar.
— Sabe o que meu irmão quer ser? — alisei minha testa esperando ela continuar. — Veterinário. — levantei as sobrancelhas surpresa.
— Ele te falou isso? — ela assentiu.
Joshua, veterinário… parece até que estou participando de uma pegadinha.
Bella e eu ficamos brincando por mais um tempo, depois resolvi colocar um desenho para ela ver um pouco. Enquanto ela estava na sala focada na tv, eu revia a lista que Úrsula havia me mandado.
Tem atividades que ela gosta bastante, inclusive nadar. Mas Úrsula deixou ressaltado que só é para deixar uma vez ao dia e nada de passar muito tempo lá dentro. Já vi que vou ter mais trabalho do que o previsto.
…
Achei que o dia seria mais cansativo, mas até que foi tranquilo. Bella é realmente muito comportada e não reclama de nada. Fiz o almoço e ela comeu tudo, ainda elogiou minha comida, o que me deixou feliz. Depois ela descansou um pouco e esse foi o tempo que eu tive para ouvir um pouco de música e jogar alguma coisa.
Mais tarde dei banho nela e fizemos até um show no banheiro, música alta e água para todo lado.
Agora ela já havia comido um lanche e estava deitada no sofá jogando em um tablet. Eu assistia tv e às vezes jogava com ela.
Escutamos a porta abrir e eu arregalei os olhos ao lembrar que horas eram. Merda!
— Cadê o meu amor? — aquela voz me fez fechar os olhos com força e só senti Bella saltar do sofá.
— Irmão! — gritou ela e eu alisei a testa desligando a tv.
Me levantei de onde estava e tratei de colocar meu tênis para ir embora o mais rápido possível.
— O que você faz aqui? — escutei aquela voz mais próxima e tive a certeza de que ele estava falando comigo.
— Ela é minha nova babá. — Bella disse sorridente no colo do irmão.
Encarava ele com o maxilar travado e me segurei para não dizer nada na frente da criança.
— Tanta pessoa no mundo e minha mãe escolheu logo você? — revirei os olhos.
— Me erra Joshua. — passei ao seu lado e segui até a cozinha para deixar um pote.
— Essa bruxa tratou você bem, meu amor? — fechei minhas mãos respirando fundo.
— Ela não é bruxa irmão. — escutei o tapado rir. — Ela brincou comigo de boneca, foi mais legal do que com você. — sorri deixando a cozinha.
— Ah é? Bom saber Bella, bom saber. — disse ele fingindo estar magoado.
Me aproximei da mesinha e peguei meu celular e as chaves de casa.
— Eu já vou indo pequena. — digo distante já que ela ainda estava no colo dele.
— Já? — disse triste abrindo os braços.
Josh ficou me encarando e eu me aproximei pegando a criança de seus braços.
— Já, a tia tem que estudar ainda. — dei um beijo em sua bochecha.
— Você vai voltar amanhã? — coloquei ela em pé em cima do sofá.
— Amanhã e o resto da semana. — ela sorriu e eu só escutei Josh resmungar algo atrás. Resolvi ignorar e dei um último beijo nela.
— Tchau tia. — sorri e assim que olhei Josh fiquei séria.
Passei ao seu lado e fui direto para a porta sentindo ele colado em mim.
— Pensei que não suportava mais ver a minha cara. — revirei os olhos abrindo a porta.
— Não suporto. — passei para o lado de fora. — Mas eu amo a tia Úrsula e estou fazendo esse sacrifício por ela. — ele cruzou os braços. — Minha vontade era deletar você da minha vida.
— Digo o mesmo, Any. — sorriu forçado e logo fechou a porta na minha cara.
— Idiota! — resmungo me virando e sigo pra casa.
Não vou suportar mais de uma semana, isso é fato!
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