Capítulo 08: Verdade Negada

Lisa reconheceu rapidamente o rapaz. Era Jonas Gum Whitesnake, o seu sobrinho, filho do seu irmão Áquila que ela não via à anos.

–Jonas? –Exclamou a detetive passando na frente do arqueólogo. –O que faz aqui? –Perguntou Lisa.

–Eu estou morando aqui enquanto curso a faculdade de Ciências da Computação. –Disse o rapaz. –Mas, você precisa da minha ajuda? –Neste momento, Mark passou em frente de Lisa e se intrometeu na conversa.

–Sim. Eu sou o arqueólogo Mark Stone.

–Jonas Gum Whitesnake. –Disse o rapaz cumprimentando-o.

–Como conseguiu esta casa? –Perguntou a detetive se intrometendo e passando novamente na frente de Mark.

–Hum... um velho... ele... ele alugou a casa para mim. Disse que está casa era apenas um lugar onde passava os domingos e disse que se dispunha a alugar a casa para mim. Desta vez, ele saiu sexta-feira passada. Eu sabia que a casa estava disponível para ser alugada. Foi isso. Mas, por que perguntam?

–Olhe Jonas, você sabe onde ele está? –Questionou Lisa.

–Ele quem?

–O velho que está alugando a casa para você. Sabe para onde ele se mudou?

–Por falar nisso, eu sei que parece um pouco estranho, mas, por incrível que pareça, ele me deixou o endereço do lugar que ele estava indo e não me pergunte o porquê? Ele parecia ter um pouco de demência. –Disse o rapaz rindo-se um pouco.

–Então diga qual é!  –Disse o arqueólogo com as pupilas dilatadas.

–Eu vou buscá-lo, mas por que querem saber?

–Ele é alvo da minha mais nova investigação. –Disse Lisa.

–Sério? Ele é suspeito de cometer algum crime? –Questionou o universitário um pouco assustado e ansioso.

–Por favor, apenas nos mostre o endereço. É confidencial. –Disse Lisa.

–Pois só lhes digo o endereço se me disserem quem é aquele velho.
–Jonas, por favor... –Resmungava Lisa.

–Me diga!

A detetive deu um suspiro e respondeu:

–... Tudo bem. O velho é Walket Gomet, irmão de Mosa. –Neste momento, o arqueólogo mordia os próprios lábios de raiva pela revelação que a detetive fez ao rapaz.

–O irmão do Pensador Mosa? Pena que o Pensador está desaparecido, provavelmente morto. –Disse o rapaz.

–Eu sei. Estamos investigando sobre o que ele sabe sobre o irmão para saber se ele pode estar vivo. É isso. –Explicou a detetive ocultando boa parte de informações do garoto.

–Espere... Me explique melhor. –Solicitou o sobrinho da detetive.

–Isto é tudo, Jonas. Eu revelei algo confidencial à você. Por favor nos dê o endereço que aquele velho lhe deu. –Disse Lisa.

–Tudo bem... –Disse o rapaz com um ar de desconfiança e  adentrou na casa para pegar o pedaço de papel com o endereço. Ele o entregou para Lisa e ela mostrou o fragmento para o arqueólogo.

    O Pensador morava novamente no 18º Distrito da cidade de Barnely. Tanto o arqueólogo, quanto a detetive se surpreenderam com o fato de velho estar morando no mesmo endereço anterior. Afinal, porque aquele velho se mudava constantemente? A única maneira de descobrir era indo atrás do velho demente.

     Rapidamente, ambos esperaram em uma parada de ônibus que se localizava  nas proximidades do centro de Morris. Foram de passagem para Barnely. Para o mesmo endereço de antes, mas ninguém atendeu quando Mark apertou na campainha. O arqueólogo chamou por mais três vezes o morador da casa, mas foi só no quarto chamado, que aquele mesmo velho chegava em sua residência com pacotes de mantimentos. O Pensador soltou um sorriso quando viu o seu filho novamente.

–Pensador Mosa! –Exclamou Mark ironicamente.

–Eu sabia que viria. –Disse o velho.

–Eu creio que sim. –Em contraste com o velho, Mark exibia uma expressão séria. –O senhor sabe que o quê senhor fez foi... foi...

–Antiético? –Disse o Pensador.

–É... e o senhor deve supor que temos muitas perguntas para fazer. –Interrompeu Lisa.

–Eu compreendo. Entrem. –Convidou o velho.

–Acho que nós podemos conversar aqui. –Disse Mark.

–Não tenha medo. Se você acreditar em mim... quer disser eu prometo que não vou agredi-los novamente. –Disse o velho enquanto abria o portão da casa.

–Não, obrigado. Podemos conversar aqui. –Disse Mark.

–Ora, eu insisto. Entrem! –Dizia isto, o velho, com muita insistência e prometendo que não os sedaria novamente. Por fim, depois de o velho chegar a jurar, entraram na casa para o indagar , não porque confiavam no velho, mas sim porque Lisa estava prevenida com um Spray de pimenta. Enfim, adentraram na casa e  recostaram-se à mesa da sala de jantar do local.

–Então... –Dizia Mark, olhando para os lados pensativo.–...eu nem sei o que dizer. –Disse balançando a cabeça e fixando um olhar no velho.

–Quer provas de quê o que eu falei é verdade. Não é? –Disse o velho mais sério.

–Olhe, se o quê o senhor falou é verdade, por que me  deixou sozinho nas mãos de um velho desconhecido? E por que... por que não denunciou o Joseph, sabendo que ele  é proprietário do  Museu de Barrymore.

–E acha que acreditariam em mim? Acha que há provas concretas? Não! A única prova concreta que eu tenho é você, se você me ajudar a desmascarar o Museu de Barrymore. Se você não quiser... –O Pensador falava de forma aguda e repreensiva.
–Não vai me restar mais alternativas. Vou ter que viver uma mentira. Fingindo ser alguém que eu não sou. Mas uma coisa você pode ter certeza. –Se aproximou e falou de forma mais baixa, mais misteriosa. –Você não poderá negar. Não poderá negar a verdade...

–Que verdade? Quais provas exatamente você possui de que pelo menos alguma droga que você falou é verdade? –Questionava Mark com ira.

–Provas? Além do fato de você não me reconhecer depois de tanto tempo e eu saber quem você é, e qual é o seu nome?

– As cidades do Vale de Barrymore não são tão pequenas assim e eu não sou tão insignificante quanto pareço. Sou um dos funcionários de maior destaque do Museu de Barrymore. Mas uma coisa eu tenho certeza, esta cidade tem o tamanho suficiente para as notícias de outras cidades ficaram mais famosas aqui do que nos locais de origem. Então, sim eu exijo uma segunda prova! –Bradava o arqueólogo.

–Tudo bem. –Dizia o Pensador em um tom misterioso balançando a cabeça positivamente. –Melanie Stone. –Quando o Pensador soltou estas duas palavras, o arqueólogo ficou calado com as pupilas dilatadas, enquanto a detetive esboçava desconfiança. –O que foi? Este nome não significa nada para você? Não faz parte da sua vida? –Dizia de forma séria e irônica. O arqueólogo permanecia calado. –Não vai disser nada?

–Eu nem sei o que dizer! –Disse o arqueólogo em tom de espanto. –Se fosse assim, o meu pai me diria.

–Tem certeza? E se ele quis poupar você de tal verdade.

–Não! Ele jamais faria isto! Eu o conheço. De qualquer maneira de que me adianta saber disto agora? Eu estou prestes a abandonar por completo a minha família. Não pode ser possível tudo o que o senhor disse ser verdade!

–Bem, de qualquer maneira, eu fiz a minha parte. Contei a verdade. Acreditar ou não fica ao seu encargo. Agora, quero que se retirem da minha residência.

Os visitantes  se levantaram para se retirar quando o Pensador interrompeu:

–Se isto não basta, aqui estão os documentos do Walket.

–Olhe, o senhor já provou o bastante! –Disse Mark com raiva. –Eu já entendi que a minha vida inteira foi uma mentira. Você foi covarde! Nem sequer lutou pela minha guarda por medo de ser pego pelo Joseph! Então, eu me recuso a encará-lo como o pai que eu nunca tive! –Bradou. –Então, adeus. –Disse o Pensador.

     Quando os visitantes estavam prestes a saírem, o morador se dirigiu  sobre os mesmos com o spray com sedativo depois de chamar pelo nome do arqueólogo. Teve sucesso com Mark, que adormeceu na mesma hora. Mas, ao tentar fazer com que a substância fosse inalada por Lisa, sua atitude foi barrada pelo reflexo rápido da detetive que aplicou  o spray de pimenta no velho Pensador, que levou o braço no rosto gemidos e tosses agonizantes.

***

    Mark acordou mais uma vez no lugar onde, desde de suas investigações, sempre acordara: em uma sala do maior hospital de Barrymore.

–O que houve agora? –Indagou Mark.

–Uma mulher prestou socorro. Ela disse que o senhor teve simplesmente um desmaio. –Respondeu o doutor.

–O que? –Exclamou Mark com raiva.

–Sr. Stone, de todos os casos que me comprometo, este é o mais estranho que já vi. O senhor parece ter inalado um analgésico. O que esta mulher falou é verdade? Aconteceu mais alguma coisa?

Neste momento, Mark pensou em desmascarar a detetive desgraçada e mentirosa. Odiava-a. Sentia uma necessidade de falar o que lhe acontecera nos últimos finais de semana. Mas resolveu manter a calma. Não sabia o motivo de a detetive ter mentido para a equipe médica.

–Olhe, eu não me lembro de muita coisa... –Disfarçava Mark.

–Entendo. –Disse o médico. Olhe, eu recomendo  ter mais cuidado quando for em uma festa, mesmo que seja entre amigos.

–Festa? –Disse Mark.

–Sim, há pessoas que colocam alucinógenos nas bebidas ou coisa pior. Tome cuidado da próxima vez.

–Ah, tá... tudo bem. –Disse ele meio confuso.

–O seu pai ainda não chegou, mas eu já telefonei para ele. Ele deve chegar em nove minutos. Acho que o senhor já pode receber alta. Tenha um bom dia. –Disse o médico, se retirando da sala.

    Naquela noite, Mark recebeu alta de forma fácil. O mesmo não podia se falar da discussão entre ele e o seu pai na sala de jantar. Enquanto comiam um bife acebolado, a refeição foi interrompida.

–Escute, eu não quero mais saber de você sair nos finais de semana sem me avisar. Você simplesmente desaparece.  Você ainda mora comigo! –Repreendeu o velho.

–Você não pode mandar mim! –Dizia Mark furioso.

–Você ainda vive sob o meu teto.

–Eu vivo sob o seu teto e o senhor nunca me falou a verdade! Nunca!

–Verdade?

–Continue, pode disfarçar o quando pode. Não preciso que você me fale a verdade. Eu já descobri tudo. Mas, que diferença isso faz a essa altura da minha vida, não é mesmo?

–Olhe, tudo o que eu fiz na sua vida foi para proteger você.

–Me proteger do quê? Da verdade? Há uma coisa que eu ainda não entendo, pai. O porquê de eu não me lembrar de absolutamente nada da minha infância.

–Mark, eu nunca esconderia nada de você. Você era muito novo...

–Não, isso não importa. Eu não me importo mais em saber de mais nada. Toda a minha vida foi uma incrível mentira.

–Você acredita naquele velho...

–Aquele velho é o Pensador Mosa e meu pai!

–É mesmo? Como sabe disto?

–Eu... eu posso sentir. Há muitas provas... eu posso provar. Ele escreveu um diário sobre a vida dele!

–Olhe filho, eu não vou impedir que você acredite nisto. Mas, eu espero que vá embora da minha vida logo. Não posso mais suportar isto. Ah, e leve aquele... aquele diário tosco com você.

Mark se retirou para o seu quarto e ligou para Lisa. Na primeira chamada, nenhuma resposta. Mas na segunda, recebeu a notícia que abalou as suas estruturas: a detetive iria sair de férias com marido.

–Não! Não vai à lugar nenhum antes de me explicar porque fez aquilo! –Disse Mark furioso no telefone.

–Ah, eu... eu achei que você quisesse manter o caso em sigilo. Além disso...

–Em sigilo? Não acha que a minha vida inteira já foi um sigilo ? –Interrompeu Mark alterando gravemente o tom de voz.

–Desculpe! –Disse ela, quase implorando. –Eu não sabia o que dizer e inventei aquela história. Desculpe! Olhe, nós podemos continuar o caso depois das minhas férias. Enfim, denunciar o Sr. Joseph e o Museu por tentativa de homicídio, ocultação de informação...

–Lisa... acabou.

–O que? Como assim "acabou"?

–Eu decidi encerrar as investigações aqui.

–O que? Mas, mas... se não formos afundo, o Joseph poderá ficar impune. E o que vai ser da sua vida? Vai continuar convivendo com a possibilidade bastante provável de a sua toda ter sido uma mentira?

–Lisa, não faz mais sentido eu saber de tudo isso agora. Não significa mais nada para mim  saber que o Pensador Mosa é o meu pai, que eu fui enganado a minha vida toda ou que o diretor do Museu onde trabalho é um vigarista. Eu só quero recomeçar a minha vida. Prefiro esquecer de tudo isso. Eu nunca tive um pai. Enfim, eu não devo explicações à você.

–Mas... mas... vai continuar trabalhando para o Joseph, sabendo de tudo o que ele fez?

–Não! Olhe eu quero encerrar as investigações agora. Acabou! –Disse Mark com um pouco de raiva.

–Tudo bem, então! –Disse Lisa em tom de decepção e desligou o telefone.

***

  A detetive estava  confusa e com raiva ao mesmo tempo. Não conseguia compreender como o seu cliente havia encerrado as investigações. Sentia um ódio pelo arqueólogo. Havia simplesmente ignorado tudo por motivos egoístas. Havia ignorado um crime grave contra a vida dele! A detetive se esforçava ao máximo para retirar o fracasso do caso de sua cabeça, mas não conseguia. Sentia uma conexão com o dilema do arqueólogo. Não entendia o porquê de ele simplesmente preferir levar uma vida de plástico. Tentou mandar todos estes pensamentos embora. Concluiu que deveria resolver o caso, denunciar Joseph, com ou sem Mark.

    Lisa chegou em casa. Seu marido havia preparado o jantar. Ele já havia jantado e assistia um programa jornalístico de televisão onde um homem e uma mulher eram mortos por um homem mascarado em passeios de férias. As panelas com espaguete untados com molho de tomate estavam no fogão.

–Olá! –Disse Lisa abrindo a porta da casa.

–Ah, oi amor. Eu arrumei as coisas para a viagem. Partimos amanhã à tarde. –Avisou ele.

–Gleson, eu... eu preciso falar com você. –Disse de um jeito misterioso, enquanto retirava a bolsa dos ombros e se recostava à mesa. –Não acha melhor o Joseph não ir conosco?

–Como assim? Ele é nosso amigo e está sempre disposto a nos ajudar. Por que está falando isso?

–Gleson... eu.... ah, é que o Joseph...

–Sim..

–Ele é suspeito de ter ocultado informações e... e de ter tentado cometer homicídio! –Ela suspirava, enquanto Gleson se espantava com a resposta da mulher.

∆∆∆

Nota: Se você gostou, não se esqueça de deixar o seu voto. Comente e dê a sua opinião. Quem me conhece sabe que eu sou uma pessoa muito aberta com respeito a críticas, tanto positivas, quanto negativas. Então, não tenha medo de dar a sua opinião.  Muito obrigado e até sexta!

                 

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