13. Sol da Noite
Belissário saiu em disparada para a biblioteca, seguido pelos dois semideuses. Eles adentraram o Chalé 15, a biblioteca como alguns chamavam, o maior acervo de livros mágicos já registrado.
— Esse livro era importante?
Belissário procurava nas prateleiras, na esperança de encontrá-lo.
— Aquele livro é de magia negra.
Os dois se entreolharam.
— Circe não é a deusa da magia negra? Por que ela precisaria de um livro se já sabe tudo?
— Nem os deuses sabem tudo sobre magia.
— O que ele tinha de tão especial?
Belissário sabia a resposta mas preferiu mentir.
— Eu não sei, tenho tantos livros que me perdi.
— Devemos procurá-lo?
— CAÇA AO LIVRO! — gritou Clarissa entusiasmada.
— Infelizmente não Clarissa, os livros mágicos tem vontade própria, temos que esperar ele retornar.
Clarissa suspirou triste.
— Eu sinto muito. — disse Thomas com a voz trêmula — Se eu não tivesse chamado atenção dela, nada disso estaria acontecendo.
Belissário tocou no ombro do garoto.
— Está tudo bem Tom, eu te conheço há anos, sei o quanto você queria vê-la. Sinto muito que não supriu as suas expectativas.
Thomas reprimiu um soluço.
— Obrigado Bel.
Eles se abraçaram, Clarissa entrou no abraço. Os três continuaram na biblioteca, ainda esperançosos que o livro voltaria.
— O que é isso?
— Um livro de biologia.
— Não sabia que biologia era mágica.
Bel riu.
— Eu era professor de biologia — o líder do acampamento segurou o livro saudoso. — Fui obrigado a sair da escola pela minha imortalidade.
— Se você não gosta, por que se tornou imortal?
Belissário suspirou.
— Se eu fosse imortal, protegeria os campistas por mais tempo e eles sempre teriam um rosto conhecido por perto, não tinha como eu negar.
Belissário apresentava um semblante triste. Clarissa tocou em seu ombro tentando sorrir.
— Eu fui incapaz de proteger um campista, ele só tinha 15 anos — ele encarou Thomas, o qual fitava o chão — O acampamento estava em seu primeiro mês e ninguém sabia qual caminho tomar. Não tínhamos um feitiço eficiente para proteger os abençoados — ele reprimiu um soluço. — Todd foi atacado por um empousa.
Clarissa o abraçou.
— Espera, as empousas não foram criadas por Hécate? — perguntou ela curiosa.
— Após a guerra de Cronos, as coisas saíram do controle. Todd foi morto por uma criatura mágica, a qual era sua meia-irmã — Tom soltou um riso anasalado. — Seu apelido era Sol da noite, mesmo sendo filho de Hécate, ele era extremamente alegre.
Thomas assentiu, era amigo próximo de Todd e ouvir seu nome doía, o garoto levava alegria pro acampamento.
Thomas, Conan, Luna e Todd foram o primeiro quarteto de melhores amigos do recém acampamento Luar. Eles se divirtiam muito brincando com a magia. Como não haviam aulas e nem regras, faziam o que quisessem.
— Thomas, vem comigo!
— O quê?
Havia passado algumas horas, Clarissa estava torcendo para que as garotas já estivessem acordadas.
— Você mandou uma deusa se fuder.
— Eu sei.
As meninas riam.
— ÓTIMO.
— Clarissa, não.
— Vocês estão bem?
Ambas assentiram, se sentiam renovadas, como se tivessem nascido de novo.
— Thomas tem uma história para contar.
— Tenho?
— Todd.
Thomas encarou o chão.
— Clarissa, eu não sei se isso é relevante...
— Tom, eu sei que você sente falta dele e quero te ajudar, por favor conta.
Thomas suspirou e com apoio moral, contou a história de um de seus melhores amigos. Ao terminar, Thomas e Jessica se encontravam em lágrimas.
— Por que, Clarissa?
— Nós faremos um mural para ele, como eu fiz pra minha Tia. Falando nisso, Thomas, você sabe fazer tinta?
Ele assentiu.
— Ótimo, a parede na parte externa do Chalé 1 é perfeita.
— Nós vamos vandalizar o acampamento? — perguntou Jessica preocupada.
Jade riu.
— Não, é arte. — disse Clarissa.
Thomas foi para o seu quarto disposto a criar tintas.
— Me dêem meia hora.
As garotas assentiram.
Thomas estava concentrando manuseando seus frascos, a fim de criar várias cores.
— Aqui. — Thomas voltou com diversos potes nas mãos.
— Vamos?
Eles pegaram as tintas e partiram para o Chalé principal. Clarissa encarava a parede preta a sua frente, sabia exatamente o que queria.
— Eu quero um céu estrelado.
Os três molharam os dedos na tinta branca e passaram a criar as estrelas. Clarissa pintava um sol no centro, ela sentia-se feliz. Jessica pintou uma montanha na parte próxima ao chão, Thomas escreveu um nome próximo ao sol e partiu para chamar Belissário, as amigas o seguiram.
— Ei Bel, você precisa ver isso, alguém vandalizou seu chalé.
Belissário encarou a parede, uma noite com um sol, um nome parecia brilhar no canto. Alguns campistas se aproximaram ao perceber o novo painel, Bel não conteve as suas lágrimas.
— Todd — disse ele lendo o nome. Ele abraçou os pintores — Obrigado.
Thomas estava com os olhos marejados, ele encarou Conan e Luna, os dois irmãos choravam desesperadamente.
Alguns campistas se emocionaram ao lembrar do semideus, outros não entendiam o que estava acontecendo.
— Agora você pode descansar em paz irmão. — disse Belissário reverenciando o painel.
Todos os campistas imitaram o movimento.
Autora: Eu não tô chorando, você que tá.
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