Hora do Almoço

Anderson


  Pego meu celular e olho o horário, já são quase meio dia, estou com bastante fome, então digo:
  -Precisava comer algo.
  -Também, mas não tem oque comer - fala Deiverson.
  -Eu sei onde tem comida - respondeu Jhyonathan - vi em uma salinha lá dentro, quando estava procurando a Fran.
  -Vamos lá buscar! - diz Franciele, bem entusiasmada, imagino que esteja faminta também.
  -Primeiro conta pra gente oque aconteceu lá dentro, e porque você gritou - digo eu, querendo saber oque tinha acontecido.
  -Bem, não foi eu que gritei.
  -Quem foi então? Era um grito feminino - falei rindo, de uma forma sarcástica - ou foi você sim Deiverson?
  -Sai fora, para com essas ideia aí.
  -Mas você disse que não ouviu grito nenhum.
  -Eu não ouvi e não foi grito meu! - responde ele, meio irritado, com seus olhos grandes semisserrados, me encarando.
  Franciele calmamente se sentou e começou a relatar.
  -Eu estava terminando de usar o banheiro, ouvi um barulho de água e saí para ver quem era.Assim que saí, dei de cara com uma menina, que se assustou, gritou e saiu correndo.Fui atrás, tentando alcança-la, porém acabei escorregando e devo ter batido a cabeça, por isso que quando o Jhy me encontrou, eu estava desmaiada.
  -Entendi - Diz Deiverson enquanto enche o tanque do seu carro - Então não estamos sozinhos aqui?
  -Correto, vamos lá pra dentro, preparamos algo para a gente comer e depois procuramos ela - digo eu, andando em direção aquela grande porta de vidro - Vamos?
  -Mas pra que vamos procurar ela? - interroga Deiverson, contrariando a mim - não precisamos de mais ninguém.
  -Verdade! - Jhyonathan acena com a cabeça, concordando com Deiverson.
  Franciele se levanta, para em frente aos dois e diz alto e seriamente:
  -Não está em questão se nós precisamos de ajuda.Ela que pode estar precisando da nossa ajuda ou de alguém, até porque, deve estar sozinha aí.
  -Exato Fran - é oque digo, segundos antes de atravessar a porta.
  Assim que entramos, algo cai no chão, todos ouvem um barulho de vidro se quebrando, podendo ser um copo ou até mesmo um prato.Jhyonathan após ter levado um pequeno susto, diz:
  -Pode ter sido aquela menina.
  -Devemos procurar agora mesmo, aproveitar que não deve ter ido muito longe - digo eu com a voz mais grave, comandando meus colegas - Procurem em todos os cômodos daqui, se separem, assim que acharmos ela, gritamos.
  Todos nós procurávamos com muita velocidade, estávamos todos correndo pelo local para achá-la, exceto Deiverson, que está sentado em uma cadeira, com seu fone, seu capuz e deitado, com sua cabeça sobre a mesa.
  Entro num quarto, o qual percebo algo de diferente, está mais limpo, cheiroso e mais arrumado doque os outros ambientes dali.Acendo a luz e ando até a cama.
  -Você conseguiu me encontrar, mas por favor moço, não me machuca, eu não vou fazer nada pra você e seus amigos - diz a garota, que esta agachada atrás da cama.
  Caminho lentamente em direção a ela, e me sento na cama.Ela está tão assustada, que é perceptível ver isso no rosto, e em seu corpo trêmulo.A pequena garota está vestida com uma calça militar, e um moleton grande escuro, o qual chega até o meio de sua coxa.
  -Calma, não precisa me chamar de moço, não devo ser tão velho assim.
  -Ok, mas porque vocês estão me perseguindo?
  -Não estamos perseguindo ninguém, apenas queremos te ajudar, venha conosco, nós vamos para um lugar melhor que este.
  -Não preciso ir com vocês, eu estou muito b-bem a-aqui.
  -Eu sei que não está! - eu via isso nos olhos dela e na voz dela, os quais deixavam transparecer a tristeza que havia nela.
  -Estou, por favor, saia daqui, leve seus amigos e vão todos embora.
  -Você não vai se arrepender se vier com a gente.
  -Já disse que não quero! - dizia a garota, cruzando seus braços e fazendo uma cara de negação.
  -Por favor, vem comigo, saiba que não aceito um não como resposta.
  Eu não parei de insistir e após varias tentativas, ela finalmente aceitou.
  -Aaaa! Então tá, então vou, mas preciso pegar minhas coisas antes.
  -Você está sozinha aqui?
  -Estou sim - foi oque imaginei.
  -Certo, meus colegas vão pegar a comida ali, enquanto isso, você pode ir pegando suas coisas aí.Só não vá fugir!
  -Vai chamar eles, eu espero você aqui, combinado?
  Eu saio do quarto da jovem, fecho a porta e grito pelo corredor, dizendo que encontrei a garota, todos vem em minha direção, perguntando onde ela estaria.
  -Ela está nesta sala aqui, e aceitou vir conosco.Enquanto ela pega as coisas dela vocês podem ir pegando tudo oque é comida, por favor? - respondo eu.
  -Claro! - Diz Deiverson, me encarando novamente.
  Pegamos tudo oque é comestível daqui e levamos para a Cozinha.
  Além da comida que já está pronta, há uns sacos de outras coisas - arroz, feijão, açúcar, sal, algumas frutas, legumes e verduras; que pegamos para fazer e o resto guardamos na Mercedez-Benz Vito de Deiverson, que era preta e tinha vários adesivos a enfeitando.
  Chegando na cozinha Fran foi esquentar a comida, mas não tinha como ascender o fogão.Ela então perguntou a todos:
  -Alguém tem fósforo, ou isqueiro para que eu possa esquentar a comida?
  -Quem que traria fósforo ou isqueiro? - diz Deiverson rindo - Ninguém saberia que íamos precisar.
  -Eu trouxe - digo, logo em seguida, saindo em direção a porta - Estou indo lá buscar e já volto!
  -Espera ae - Jhyonathan se levantou da cadeira que estava sentado e veio em minha direção - Vou junto.
  -Vamo lá então.
  Abrimos a porta e saímos conversando.
  -Você viu a cara do Deiverson, na hora que eu pedi pra gente ir pegar a comida?
  -Eu vi.
  -Se sabe oque aconteceu?
  -Você.
  -Eu, como assim!?
  -Ele não gostou nem um pouco de você ter chamado aquela menina pra vir com a gente.
  -Ah, só por isso então - digo, enquanto tiro o isqueiro da mochila - não imaginei que ele ficaria assim.
  -E nem eu, pra ser bem sincero.
  -Pois é né mano.
  -Eu tava falando, que pra ser bem sincero, nem eu gostei de você ter chamado aquela menina pra vir conosco.
  -Oxi, porque?
  -Ah mano, se sabe né, ela é uma completa desconhecida.
  -Poxa cara, ela é tão bonitinha fala ae.
  -Eu nem vi ela ainda, mas independente se ela é bonita ou não, você sabe que as aparências enganam né?
  -Eu mesmo aceitei vir com vocês e também são completos desconhecidos, porque com ela seria diferente?
  -Ah mano, mas com você é totalmente diferente.
  -Diferente como?
  -Não dá pra explicar, mas é diferente.
  -Então tá né.Mas cara, eu meio que senti, que ela é boa pessoa, e que posso confiar nela, sei lá, e ela parece bem sozinha, meio triste, dava pra ver isso nos olhos dela.
  Enfim, entramos novamente e eu entreguei o isqueiro à Franciele.Ela ascende a boca do fogão e começa esquentar a comida.
  Após alguns minutos, está tudo pronto, todos se sentam a mesa, e Jhyonathan interpela:
  -Cadê a menina?
  -Deve ter fugido, de novo - diz Deiverson.
  -Vou lá ver - respondi a Jhyonathan, me levantando da mesa e indo para o quarto que ela estava.
  Chegando lá, bato na porta.
  -Posso entrar?- pergunto, já abrindo a porta - Você não vem comer com a gente?
  -Não, prefiro aqui mesmo.
  -Ok, mas não irá comer sozinha.
  -Obrigado, mas...
  -Sem "mas", não vá sair daí.Já volto!
  Saí do quarto rapidamente, sem dar tempo para ela falar nada e lá estou eu, na cozinha de novo.
  -Não disse que ela tinha fugido novamente - diz Deiverson, com seu sorriso sarcástico - pelo jeito nesta jornada, seremos apenas um quarteto mesmo.
  -Pra nossa sorte, não - murmurei, tirando a comida - ela vai comer no quarto mesmo, e para ela não almoçar sozinha, eu vou com ela.
  -Gado demais.Não sei porque não vem comer aqui mesmo, e aproveita para se apresentarem, ainda nem vimos ela, e nem seu nome sabemos.
  -Acho que ela não está acostumada a almoçar com muita gente, tem vergonha e também ela deve comer sempre em seu quarto, entendeu Deiverson?
  -Sim, mas aposto que nem o nome dela você sabe - percebi ele sendo sarcástico novamente.
  Eu não sou de odiar ninguém, mas esse jeito do Deiverson está começando a me irritar.No entanto, apenas digo
  -Ainda não, vou descobrir durante nosso almoço, quero conhecê-la melhor e que ela possa confiar em nós, ou que seja, em mim pelo menos.
  Sem mais nenhuma vazei dali, clima chato que tava, credo.Volto para ao quarto da menina, e entro com os nossos dois pratos.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top