Lee Kyung Seok repassava a coreografia mais uma vez naquela noite. O relógio marcava nove horas, e o treino estava só começando. Com o debut tão próximo, os ensaios se intensificavam a cada dia. Dali, só parariam à meia-noite.

A sala de ensaios, que tinha uma das paredes revestida por espelhos, se tornara sua casa no último ano, desde que fora selecionado, junto com mais quatro garotos, para o novo boy group da C Entertainment.

— Ya, Kyung Seok-ah… — Um dos staffs abriu a porta, interrompendo a dança sincronizada. — O maenijonim quer você na sala dele.

Lee Kyung Seok seguiu correndo, mais pela animação que pela urgência do chamado. Seu sonho de infância estava finalmente se realizando, aquele garoto passando pelo corredor tão empolgado, amava cada fase de sua jornada. E, dentro de tão breve, se tornaria um idol.

Chegou até a sala do manager, molhado de suor, com um sorriso aceso no rosto.

— Não sei como lhe dizer isso, mas você me deixou de mãos atadas com todo esse falatório.

Kyung Seok ainda sorria, sem entender o que estava sendo dito.

— Não posso assegurar seu destino daqui para frente... Criança, está me entendendo?

— A-aniyo, maenijonim.

O homem, inquieto, diante de sua mesa, suspirou, pois com tantas obrigações, teria que ceder de seu precioso tempo para dar explicações desnecessárias.

— Então não está mesmo sabendo de nada… — Apoiou os dois cotovelos na mesa e, abaixando a cabeça, passou as mãos sobre o cabelo. Ao levantar o olhar, perguntou, sem vontade: —  Está com seu celular aí, certo? Abra a barra de pesquisa e digite as palavras "trainee" e "C Entertainment".

Lee Kyung Seok fez exatamente assim, e quando os resultados da pesquisa saíram, ele não podia acreditar. O sorriso desapareceu e o suor em seu corpo começava a gelar.

— O que acontece agora? — foi tudo o que conseguiu murmurar.

— O que você acha? Sinto muito, mas não tenho escolha.

— Quer dizer que estou fora do debut?! Vou voltar a ser trainee de novo? Depois de tanto tempo me esforçando? — sugeriu o pior, aflito, torcendo para que o empresário dissesse que ele estava exagerando.

— Está demitido — o outro disse seco. — Entenda, Kyung Seok, se resolverem prestar queixa, a empresa terá muito a perder.

— Mas eu não fiz nada! Maenijonim, o senhor sabe que isso tudo é uma injustiça! Por favor… — Desesperado, e com os olhos merejando, o garoto se pôs de joelhos, e suplicava.

— A expulsão entra em vigor imediatamente. Esvazie seu dormitório e saia amanhã de manhã, até às dez. Seus pais já foram contatados.