CAPÍTULO 32
Meu celular vibra em cima da mesa e eu dou uma olhada sem pensar muito. Até tinha esquecido do Mateus, prestando atenção na conversa da mamãe com a dona Carmem.
"Você mora nas proximidades do terminal de Ipetrópolis, certo?"
Limpo a mão, suja de mamão, na barra da blusa e leio a mensagem mais umas três vezes antes de responder.
"Eu moro em Canário
A casa da minha vó que fica perto do terminal"
"Entendo. Também moro na cidade de Canário, atualmente. Mas não conheço bem ambos os municípios.
Uma vez que toquei no assunto, poderia indicar algum lugar que possua uma bela paisagem para fotos?
Sei que na região há várias, mas preciso de um local específico. Um em que haja várias cagaiteiras, que tenha grande incidência de raios solares durante o crepúsculo e sem construções ou qualquer indício de interferência humana, apenas a natureza. Uma vez que fotografias capturadas durante a golden hour são as melhores, na minha opinião."
Não entendi muita coisa do que o Mateus mandou. Será que é porque ele pensa em coreano enquanto fala em português?
Não dá, não posso parecer burra. Crepúsculo eu sei o que é, por causa do filme.
Abro o Google e digito "o que é golden hour?".
Eu queria mesmo era saber onde ele mora, mas é melhor não perguntar. Ele pode me achar intrometida. A real é que seria o máximo descobrir onde é a casa dele. Imagina se a gente é vizinho?!
"Tem um lugar assim em Canário!"
"Onde?"
"Você sabe onde fica a pracinha?"
"Sim, fica próxima à minha casa."
"Sério? Da minha também 😆"
"Então moramos perto um do outro."
"Pse… rsrsrs
Então, da praça é fácil chegar no campinho. Lá é tipo um espaço aberto que o pessoal joga bola de vez em quando. O campo mesmo é só a terra, mas, mais para o fundo você vai ver que tem um montão de pé-de-cagaita.
O pôr do sol é perfeito e essas árvores estão todas carregadinhas de flores.
Acho que você vai curtir"
"Seria muito incômodo da minha parte pedir mais um favor?"
"O que?"
"Que você me acompanhasse até lá."
— AI-MEU-DEUS!!!
— O que é isso, Hessiene, deixa de ser escandalosa!
— Ai, mãe, devem ser os coreanos dela…
— Ãn? Eu falei isso alto?!
Mamãe só revirou os olhos e esvaziou a xícara de café em um gole só.
Volto a digitar:
"Hoje?"
"Sim, antes do anoitecer, o que acha?"
"Estou no Ipê agora, mas se eu pegar o ônibus, a gente pode se encontrar na pracinha, então?"
"Perfeito"
— Perfeito… AAH!!!
— Hessiene Camile, me poupe.
— Quer mais café, Sílvia? — A vovó estendeu a garrafa.
— Não, mãe, se não, não durmo à noite.
— Mãe, vó… — Levanto rápido e coloco duas colheradas cheias de mamão na boca. — Vou embora primeiro. Vou de ônibus — digo mastigando e saindo da mesa.
— Ué, por quê?
— Vou levar o Ma… Quer dizer, vou levar uma pessoa lá no campinho pra tirar uma fotos.
Quase falo o nome do menino. Ainda bem que a mamãe nem desconfiou. Ia ser um saco se ela soubesse. O rapaz nunca mais ia ter paz no trabalho. Não com a dona Síl interrogando, investigando, analisando e jogando indireta em cima do coitado o tempo todo. Isso é bem a cara dela.
Vou para a sala, quase correndo, pegar minha mochila, mas ponho ela de volta no sofá: — Vou deixar aqui, mãe, a senhora leva para mim quando for, tá?
As duas olham uma para a outra e depois para mim.
— Aposto que é macho. Estava demorando… — A vovó falou, guardando o bolo em uma vasilha.
— Pode ir apagando esse fogo, dona Hessiene, porque você não vai para lugar nenhum.
— Ah, mãe! Fala sério!
— Tá doida, Hessi?! Ir para o meio do mato com um cara que você nem conhece!
— Eu conheço, mãe!
— Então quem é?
— Uai…
— Isso é porque você não explica as coisas para a menina, Sílvia. Ela fica aí assistindo esses coreanos e acha que todo homem bonito é um santo e um príncipe!
— Ai, mãe, claro que eu explico! Já estou careca de tanto falar, a Hessiene não é mais criança! Olha, minha filha, o que é que eu e a sua vó estamos cansadas de repetir?
— "Nunca confie em homens"...
— Tá vendo, né, mãe? Ela sabe!
— Mas entre saber e fazer existe um universo. Hessiena Camile, eu na sua idade estava praticamente casada. Então, quando a sua avó dá um conselho, é porque ela sabe o que está dizendo. Eu, se fosse você, só ia pensar em macho depois que me formasse e olha lá! Melhor ainda: homem só depois que você for independente, financeiramente falando! — Ela abriu a geladeira para guardar o bolo e continuou o sermão. — Concordo com a sua mãe em não deixar você ir. Já está escurecendo e sabe como anda o mundo hoje em dia.Não vá achando que só em cidade grande acontece barbaridade não, minha filha. Por falar nisso, ficou sabendo que a Tiana Fofoqueira foi assaltada esses dias, Sílvia?
Me despenquei no sofá e suspirei bem fundo.
— Para ir na academia ela estava morrendo, de tanto passar mal, mas para bater perna por aí… — a vovó continuou resmungando da cozinha.
O jeito vai ser desmarcar, já que não tem como eu ir contra essas duas.
Tomara que o Mateus não pense que eu sou uma sem palavra.
"Desculpa…
Surgiu um imprevisto e não vou poder ir com vc…"
"É mesmo uma pena. Neste caso, pode me enviar a localização pelo mapa?"
Enquanto eu procuro o campinho no mapa, a cara da Ângela começa a aparecer na minha cabeça, falando sem parar: "Chama o gato pra dar um rolê", "Chama o gato pra dar um rolê", "Chama o gato pra dar um rolê"...
E é agora que eu tenho uma ideia. Não sei ainda se ela é genial ou um desastre, ou um desastre genial.
Nem paro para pensar nisso, só envio a localização e já vou digitando:
"Está sabendo do Festival dos Ipês?"
🔸🔶🔸🔶🔸🔶🔸🔶🔸🔶🔸
🙂🙂🙂🙂
No próximo cap teremos mais uma preocupação para a cabecinha de vento da Dona Hessi
🙂🙂🙂🙂
Quinta-feira a atualização de MVK vai sair bem tarde, mas vai sair!
Me dá um Fighting! 💪
Até lá 🙂🙃
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