CAPÍTULO 3
— Lee, quero dar uma palavrinha com você — pediu o gerente, assim que a reunião com os supervisores terminou.
Lee tem cerca de trinta anos, com aparência de vinte e cinco. Ele estava de saída, mas girou os calcanhares e voltou, com o caminhado moleque e exibido que só ele tem. Sentou-se novamente diante da mesa comprida da sala, na cadeira mais próxima do Álvaro, seu chefe, que ocupa o lugar da ponta.
— Ficou sabendo da equipe nova de Desenvolvimento de Produtos?
— Ah, ouvi alguma coisa a respeito. A Kongang inovando em importação, quem diria, hein?
— Exatamente, foi o que pensei. Querem algo daqui para vender que nem água na Coreia… Enfim, é sobre isso que quero te perguntar. Eles precisam urgentemente de um designer gráfico, pra ontem! E ninguém está disposto a se mudar tão rápido.
— Como assim? Eles não estão na filial?
— Claro que não, foram transferidos para Ipetrópolis.
— Petrópolis? Ah, não é super longe.
— Não, Ipetrópolis. Fica onde Judas perdeu as botas! Em Goiás. Do tamanho de um ovo. A indústria da Kongang é a principal fonte de renda do lugar. Então, na sua opinião, tem alguém aqui que seja competente o bastante e que esteja pronto para ir o quanto antes? Assim, não é nenhuma promoção, só um remanejamento com alguns benefícios.
Lee sorriu para o homem, que, por sua vez, respondeu com uma expressão confusa.
— É, eu acho que tenho o cara perfeito...
Ao sair da sala de reuniões, caminhou rápido e animado até seu alvo:
— Mateus, meu homem! — Bateu na cabeça dele alguns papéis enrolados que tinha na mão. — Chega aí! — disse e continuou andando até sua sala.
— Já era, hein, campeão? — Paulo zoou, sem tirar a atenção do computador que arrumava.
Os cabelos lisos do Mateus até tinham algum comprimento se comparados aos do primo, que viviam em um corte social impecável. Assim, eles cobriam parcialmente sua testa numa aparência sóbria que beirava a despretensão.
— Senta aí… — disse Lee, em coreano, assim como sempre faziam em suas conversas particulares.
Ele girava em sua cadeira com o pé direito sobre o joelho oposto. Massageando o queixo, continuou encarando o outro por cima dos óculos quadrados sem armação, sem dizer nada.
— Hyung, é algo muito importante? Estou bem ocupado…
— Se é importante…? Apenas o milagre da sua vida. — Calou-se novamente.
— Eu tenho mesmo muita coisa para fazer…
— Certo. — Lee ergueu a postura de supetão e pôs ambos os cotovelos na mesa. — Falei de você para o Álvaro. Ele quer conversar sobre uma certa proposta. Fala se eu sou ou não sou o melhor hyung do mundo!
— Ainda não posso dizer.
— O que… Se eu sou ou não o melhor hyung do mundo?
— Também... Vocês vão me promover?
— Então… Não é bem uma promoção. Eu poderia dizer que se parece mais com um… remanejamento…? — Lee exibiu os dentes como se a segunda opção fosse mil vezes melhor que a primeira.
— Para onde…?
— Logo ali, no estado de Goiás…
— Por que eu iria até esse fim de mundo? Desculpa, mas, o que tem na cabeça, hyung? Está disposto a se livrar do próprio primo só para ganhar uma moral com o seu gerente?
— Aish… Você é realmente muito bom lendo as más intenções das pessoas. Tá, mas, não… Claro que pensei em você. Pensa aqui: é uma equipe nova, no projeto mais ambicioso da companhia. A direção está de olho nesse pessoal! Se você se sair bem, o que é óbvio, até porque a minha reputação está profundamente envolvida, imagina as oportunidades que pode ter!
— É, mas… Goiás? Na capital?
— Não, é uma cidade do interior. Cerca de 400km da capital. Tem uma indústria da Kongang lá. O nome da cidade é Ipetrópolis.
— Petrópolis?
— Ipetrópolis.
— Me mudar assim, sem nenhum objetivo concreto realmente não estava nos planos…
— Aish… eu posso pelo menos terminar a proposta? Se aceitar, ganha casa mobiliada e carro na garagem, por conta da empresa. Quase metade do seu salário vai para o aluguel aqui em São Paulo, sem contar que você só anda de transporte público.
Mateus continuou pensativo, olhando os próprios sapatos engraxados: — Mais algum argumento?
— Pensei em dizer que você é jovem e que é bom se aventurar, mas na verdade você é tão engessado que tem 24 só na identidade. Sua mente é de gente velha, isso sim!
Mateus sorriu, pois, de certa forma concordava com Lee. Mas não da palavra "engessado". Ele preferia metódico.
— Ah! — Lee exclamou de repente. — Essa você vai gostar: as pessoas lá mal tem internet, metade da população é idosa e ninguém ouve outra coisa a não ser música sertaneja — insinuou.
— Como sabe?
— É o que todo mundo diz! E sobre os vovôs, está aqui no Google, só pesquisar. E então, vai lá conversar com o chefe? Por favor… Sério, ele estava tão desesperado! Se eu ajudasse nessa, seria o máximo...
⚫⚫⚫⚫⚫⚫⚫
Quem é vivo sempre aparece...
🤭🤭🤭
Eu realmente precisava de um tempo off para fazer minha cabeça entender que Bangtan e Eu acabou e que ela precisava imergir em outra história, bem diferente...
Acho que finalmente estou conseguindo me inserir de verdade em MVK.
Vc que escreve, também acha difícil quando uma história acaba e precisa mergulhar em outra?
QUIZ:
Como vc acha que será a interação do Mateus com a Hessiene?
A: Eles vão brigar muito!
B: Vão se apaixonar de primeira.
C: A Hessiene vai viver um amor não correspondido.
D: A Hessiene morre no final.
Não esquece de deixar seu Votinho!
Obrigada pela companhia 🧡
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