EMMA CLARKE

Eu estou surtando. Literalmente surtando.

Porque em sã consciência Isaac me convidaria para ir a um evento? Sei que ele poderia muito bem cuidar de Abigail sozinho. Os dois estão tecnicamente passando um tempo juntos.

Eu irei atrapalhar. Não é uma boa ideia. Também nunca fui a uma festa de ricos antes.

Matt e Kate não fazem suas festas chiquérrimas. Minha amiga não suporta gastos desnecessários, mesmo que se preocupar com isso ela não precise. Os Romanov tem dinheiro para comprar Seattle inteira se quisessem.

Dá pra imaginar o quanto de dinheiro possuem.

Assim que Isaac sai mamãe fecha a porta e me olha instintivamente e sei que vem perguntas por aí.

Logo depois que encontrou eu e sua filha sujas de farinha ele nos comunicou que teria que ir a um evento, aniversário de casamento se não me engano. Achei que estava querendo me pedir para cuidar de Abigail até ele voltar porém me surpreendi com o que falou a seguir.
Perguntou a pequena se ela gostaria de acompanhá-lo e assim que sua filha confirmou pediu que Abi me convidasse também.

Sei que não foi um pedido diretamente. Nada romântico ou indicando interesse por mim, mas tenho que admitir que mexeu comigo. Acendeu uma faísca que a anos estava apagada.

E eu falei que iria pensar e se talvez fosse avisaria.

- Filha, por que não disse logo de uma vez que iria junto? Na sua idade não existia a palavra não no meu vocabulário. - Ri suspirando, provavelmente relembrando das suas aventuras.

- Mãe, para. - Reviro os olhos não contendo o riso. - Ele só foi educado. Eu e Zac não conseguimos manter uma conversa sozinhos no mesmo ambiente. Acaba sempre em briga ou provocação.

- Por que os dois são cabeças duras. Sei que sentem algo ainda um pelo outro.

- Ele duvido. E também a senhora sabe que não é fácil superar alguém como ele mãe. - Escondo meu rosto entre as mãos choramingando. - Eu estava seguindo em frente. Juro que sim. Só que do nada ele reaparece na minha vida. Como eu posso lidar com isso?

- Olha para mim. - Pede carinhosa, assumindo agora uma pose séria. - Eu já fui da sua idade meu amor, sei como é gostar tanto de alguém ao ponto de seu coração quase explodir. Porém, você é forte e corajosa. Irá se sair super bem. Podem até no final ficarem juntos. Não sabemos o propósito de Deus na sua vida e se não acontecer terá um aprendizado.

- A vida deveria ser mais simples. É tão doloroso gostar de alguém. Quatro anos apaixonada por ele. Pelo menos queria ser sua amiga, mas nem isso ele está disposto a ser.

- Você não pode desistir rápido como dá última vez. Talvez Deus tenha lhe dado mais uma chance de conquistá-lo.

- Meio impossível. Isaac não é mais o mesmo. É irritante, frio, arrogante e mesquinho.

- Quem é mais capaz de mudá-lo se não você? Uma moça linda, alegre e acolhedora... Mostra a ele que pode confiar em você. Não é em um dia que serão grandes amigos. Seja paciente, compreensiva. - Acaricia meus cabelos me deixando esperançosa.

- Eu não sei...

- Se não por ele, por Abigail então. Sei que se apaixonou por ela desde que a viu pela primeira vez no casamento da Kat. Sabe que ela precisa da sua companhia.

- Quando Abigail crescer vou cobrar os favores que fiz por ela. - Brado revirando os olhos arrancando gargalhadas de mamãe.

- Anda avisa ele. - Manda empolgada batendo palminhas.

Minha mãe é uma casamenteira de primeira. Piorou quando conheceu Dona Renata. Diria até que combinaram. As duas entraram em uma missão. Encontrar um namorado para mim.

Decido mandar uma mensagem. Não estava afim de falar com ele por telefone. Não é necessário ligar só para falar que vou a essa tal comemoração.

" Isaac, eu vou. Por Abigail. "

Demorou uns minutos até que ele respondesse. Fiquei o tempo todo com o celular na mão, checando sem parar as mensagens.

" Certo. Passo aí daqui vinte minutos."

" Ok"

" Nem vou perguntar como tem meu número, acho que já sei"

Com as mãos trêmulas digito uma última frase.

" Não pergunte."

Largo o celular na mesa lembrando desesperadamente que não tenho ideia do que vestir. As lojas já estão todas fechadas e a maioria das minhas roupas estão na casa do Isaac.

- Mãe, não vou ir.

- O que? Por que? - Indaga inconformada.

- Vou vestir o que? É uma festa chique, não posso ir de calça e sapatilha.

- Verdade... - Assente pensativa por uns segundos, mas logo sorri lembrando de algo. - Vem comigo filha.

Dou de ombros a seguindo pelas escadas apressadamente.

Entro em seu quarto e aguardo ela apanhar uma roupa empacotada e pelo jeito nova.

Mamãe abre revelando um vestido branco com babados no busto, e todo furado em quadradinhos pequenos.
Não me agradou de vista porém decidi experimentar antes de chegar à uma conclusão. Se não gostasse teria tempo de avisar que tive um imprevisto e não iria mais.

Respirei fundo e fui me olhar no espelho. Mamãe permaneceu calada observando meus movimentos com um grande sorriso.

Eu sempre me considerei uma garota sem graça e desorientada. Fora dos padrões de beleza.
Desde que conheci Kate no colegial desejava ser ela. Uma garota tão linda, tímida e encantadora. Apesar de ter sofrido abuso dos seus pais a maneira como era comigo simplesmente me encantava.
Sou tagarela demais, sincera demais, impulsiva demais.

Só que agora, vendo-me nesse vestido todas as minhas inseguranças desapareceram. Vejo uma mulher independente, forte e maravilhosamente estonteante.

- Você está perfeita minha menina! - Me abraça de lado e em seguida beijando minha bochecha.

- É estranho me sentir assim mãe. E-eu sou linda! - Exclamo sorrindo abismada.

Em todos esses anos nenhuma vez uma roupa me fez se sentir bela. Não fiz e não faço questão de me produzir toda. É raro eu me maquiar, comprar roupas, usar um simples batom.

- Você sempre foi linda e sempre será meu amor. Pare de rebaixar assim. Como irá amar alguém se não ama à si mesma?

- Desculpa, eu estou tentando...

- Tenta mais. Você é perfeita, uma mulher linda. E se você não acha está dizendo que Deus também é. Você é a imagem e semelhança Dele querida. Uma obra prima. - Segura meus cabelos mostrando meu rosto no espelho. - Agora vamos realçar sua beleza e mostrar ao mundo.

Sorrio contagiada pela empolgação de Dona Alice.

Mamãe ao contrário de mim ama se maquiar. Fez até curso para aprender a ser maquiadora profissional.

Me sentei na penteadeira e aguardei por sua mágica.
Uns dez minutos depois e eu estava me olhando no espelho boquiaberta com a mudança no meu rosto. A maquiagem não estava exagerada, era simples. Prime, Corretivo, base, rímel e finalizado com um batom rosa que parecia ser a cor da minha boca.
Em seguida ela amarrou uma parte do meu cabelo com uma presilha brilhante e nos cabelos soltos fez baby liss. Nem percebi o momento em que ela o pôs na tomada.

Assim que levantei ouvimos batidas na porta. Logo corri até o guarda roupa de mamãe e escolhi uma sandália preta de salto grosso e médio que deixava meu andar mais sofisticado.

Por não ser muito meu estilo eu optei por não comprar saltos altos e sandalias. Todos que uso são da minha mãe. É raro quando uso, só apenas em ocasiões especiais e que exigem formalidade.

Na hora em que apareci na sala o olhar de Isaac se arregalou minimamente mas na mesma rapidez se desfez. Foi como uma faca no meu estômago.

Não que eu quisesse sua aprovação porém um elogio me deixaria mais feliz.

- Vamos... - Se virou indo a porta. - Até mais tarde senhora Clarke.

- Até menino Isaac. Cuida bem da minha filha.

Vejo-o assentir e literalmente me abandonar para trás.

Talvez não tenha sido uma boa ideia aceitar esse convite.

Mesmo assim não deixei abalar por sua insignificância, levantei minha cabeça disposta a pôr meu melhor sorriso no rosto.

Eu estava deslumbrante e poderosa e não seria esse homem idiota e perfeito que estragaria minha noite.

Não olhei em sua direção o cominho inteiro. Prestei atenção em Abigail e seus elogios a mim. Fomos brincando e rindo o tempo todo. Isaac não fez questão de falar, apenas concordava com sua filha e voltava a escrever em seu notebook.

" Queria o que Emma? Que ele te elogiasse e em seguida te agarasse? Para de ser tonta e entenda que coisas assim só acontece em livros e filmes"

- Infelizmente.

- Você e Kate brigaram? - Olho para o senhor todo poderoso não entendendo sua pergunta aleatória.

O carro para não dando tempo de responde-lo. Saio sem esperar o motorista abrir para mim.

Arrumo minha postura e seguro a mãozinha de Abigail. Ela está no meio de nós e Zac segura sua mão direita nos conduzindo ao grande castelo.

Os flashes e paparazzis nos cercam no momento em que nos enxergam.

Observo de relance Isaac para ver sua reação ao ser flagrado comigo de mãos dadas com sua filha. Supreendendo-me completamente ele continua com sua cara de paisagem.
Em um instante seguranças surgem e afastam eles para que possamos entrar na grande propriedade.

Abigail cantarolava saltitante alguma música aleatória prestando atenção nos fogos de artifício pelo céu.

- Não respondeu minha pergunta. - Me encara com aqueles lindos olhos castanhos que de alguma forma talvez pudessem decifrar cada pensamento meu.

- Não. Só não a vejo desde que comecei as trabalhar para o senhor, mas que eu saiba estamos bem. - Dou de ombros sem me importar com sua pergunta besta.

- Porque respondeu infelizmente então quando te informei que Kate também viria?

Olho impressionada para o salão no minuto em que entramos. O lugar todo esbanjava riqueza. Quadros caros, pilares decorado com ouro, e sem contar nas pessoas. Suas posturas eram chiques, suas roupas, os gestos. A única pobre era eu.

Abigail não ligando para regras de etiqueta corre no instante em que vê Matt e Kate. Isaac demonstra não se importar fazendo um pequeno sorriso se formar nos meu lábios.

- Eu penso alto quando fico quieta e acabo falando sem querer, saberia se fosse meu amigo.

- Já tenho minha filha. É o suficiente para mim. - Se palavras matassem nesse momento eu cairia no chão de tanto que ela me perfurou.

- Esse pensamento vai acabar te matando.

- Pelo menos vou morrer feliz tendo minha filha como melhor amiga. - Declara por fim.

Fiquei igual uma tonta parada no meio do caminho sozinha quando Zac partiu para junto aos demais.

Se arrependimento matasse.

Sabendo o que vim fazer aqui caminho tranquilamente pelas pessoas procurando uma naniquinha de cabelos loiros e vestido lilás.
Sorrio quando a vejo olhar atentamente para os doces paralisada. Kate a cuidava de longe alternando o olhar entre ela e um homem de cara amarrada.

Meu objetivo aqui era ser a babá da Abi então não teria a obrigação de cumprimentar ninguém.

Abaixei para ficar do seu tamanho e puxei seu corpinho para mais perto do meu.

- Não vai experimentar esses doces? Eu sei que você adora.

- Tô de dieta tia. - Morde o lábio me encarando.

- De onde tirou isso Abigail? Dieta por que?

- Estou goda demais.

Espanto-me com tamanha atrocidade.
Abigail era uma garotinha perfeita. Com seus cabelos loiros compridos, bochechas rosadas e rechonchudas, baixinha demais para sua idade e com o corpo pequenino.

- Abigail, você é perfeita do jeitinho que é. - Levo a mão direita ao seu rostinho dando leves carícias.

- Não sou não. - Olha para baixo e quando seguro seu queixo o levantando noto seus olhos lacrimejados.

- Quem disse que não? Alguém falou algo para você? - Pergunto desconfiada. Abigail não pensaria assim por conta própria. Ela estava bem a uns dias atrás.

- A pofi eduada, ela dixy que tô goda demais e se quisé dancá lá pecijo magecê. - Lágrimas rolam por seu rosto rosado fazendo uma raiva crescer em mim.

Quem essa professora pensa que é para falar uma coisas dessas para minha princesa? Ela só pode ser louca. Se Isaac descobre uma barbaridade dessas eu sei que ele vai humilhar aquela mulher.

Quem vai resolver será eu. Irei mostrar a essa louca que não se mexe com quem está quieto.

- Abigail, olha para mim. - Seus olhos curiosos ficam vidrados nos meus e o que mais quero é abraçá-la. - Tudo o que essa professora falou é mentira. Você é uma criança. Não engorda. Você sabia que crianças obedientes e queridas não engordam?

- Mas, ela dixe...

- Não escuta ela está bem? Eduarda mentiu para ver se você vai dar seus doces para ela.

- Qué todos? - Não contenho a risada ao ver o bico que ela faz.

Assinto contente por ter conseguido ter uma explicação pelo comportamento da professora.

Não tive opção a não ser inventar esse motivo a ela. Como iria dizer a Abigail que a professora é uma idiota incompetente? Não teria como convencê-la.

- Olha amor da tia, eu vou resolver tudo com sua professora. Consegue guardar segredo do seu papai?

- Poquê papa não pode sabê? - Pisca inocentemente agora com um sorrisinho divertido.

- Porque é uma conversa só de meninas entende? Seu papai não vai entender nada.

- Compeendo. - Gargalho alto chamando atenção de algumas pessoas. Não ligo, alegrar Abigail é o meu serviço.

- Agora lindona. Vamos encher nossa barriga de chocolate. - Pego-a no colo acompanhando sua risada.

- Pode antes do jantá?

- Hoje pode amor. - Beijo sua bochecha a esmagando.

Sento com ela em meu colo separando os docinhos para experimentarmos.

Enquanto ela comia eu pensava no que iria falar para a tal Eduarda. Teria que olhar a agenda dela e ver qual dia ela ia para o balé.
Eu iria fazer aquela mulher desejar não ter nascido.

- Aí estão vocês. - Isaac chega de surpresa me assustando e quase fazendo eu derrubar os doces de Abigail.

- Que susto!

- Você ultimamente está sempre se assustando comigo. Anda com os pensamentos aonde?

- Várias coisas. - Me limito a dizer não querendo falar sobre mim.

- E... - Muda de assunto notando que não prolonguei seu questionamento. - Como fez ela comer doces de novo? Faz dias que não a via tocar em nenhum doce se quer.

- Segedo papa. - Diz séria o encarando.

- Certo. - Zac levanta as mãos em rendição nos fazendo rir. - Então... será que meu bebê gostaria de compartilhar alguns doces com seu papai?

Eu iria levantar e deixar os dois terem um momento pai e filha novamente porém, Isaac inesperadamente puxa una cadeira sentando de frente para mim. Colando os joelhos nos meus.

Eu vou desmaiar!

Meu coração bate tão rápido que temo todos ouvirem.

O que ele quer? Na maioria das vezes é grosseiro e do nada é gentil e puxa assunto. Talvez nem ele saiba o que está fazendo.

Os dois riem, conforme mastigam. Meu chefe faz careta quando come um doce ruim ou azedo.
Incontrolavelmente acabo rindo também.

- Experiemnta. É ruim para caramba! - Leva o doce em minha direção e antes que eu possa pegar com a mão ele para esperando eu abrir a boca. Seguro seu pulso não sabendo como reagir. Devagar abro a boca sem quebrar nosso contato visual.

Por um momento nos olhamos tentando entender o que estamos fazendo, pensando e sentindo. Esqueci até que estou com um doce na boca.

Quando percebo o gosto azedo e forte não contenho a careta e os dois caem na gargalhada.
Discretamente puxo minha mão do seu pulso e ele parece não perceber ou disfarça muito bem, pois continua rindo com Abi.

Isaac é tão sério que quando sorri penso estar delirando.

Esse sorriso destruiu com todas as estruturas do meu coração e desejei profundamente ter esse sorriso e olhar voltados à mim também todos os dias.

É uma droga ser apaixonada pelo seu chefe e cunhado da sua melhor amiga.

Seria pedir demais almejar que ele se apaixone por mim também?

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OBRIGADA!💜

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Mais um amore!!

Só eu que amei esse capítulo? Izac será que vai resistir a nossa loira elétrica? 😂

Me digam o que acharam...

Beijinhos😘