Capítulo 4
EMMA CLARKE
Trabalhar na mansão Romanov estava sendo suportável até. Porque depois do episódio que passei semanas atrás com Isaac decidi que não seria mais trouxa. Se ele não quer minha amizade não posso fazer mais nada.
Nenhum dos dois tenta puxar assunto ou falar mais do que bom dia para o outro. E como não ficamos no mesmo cômodo é fácil de o ignorar e na maioria das vezes nem lembro que trabalho pra ele.
Mas um lado dele que fiquei feliz demais foi o lado fofo com a filha. Já estava mais do que na hora do Zac abrir o olho e enxergar o quanto suas atitudes estavam magoando a pequena.
Quando terminei de dar banho em Abigail naquele dia eu fui tomar banho também e após me sentei na sacada do quarto ler bíblia.
Um dos livros que me cativam é o de Thiago. Ele é muito sincero com suas palavras e por isso amo muito ler as suas passagens.
Passei horas meditando, me consagrando, escutando louvores que nem percebi que a lua e as estrelas iniciaram sua companhia comigo.
Desci pra tomar uma água e comer algo pois eram quase nova horas e meu estômago gritava de fome.
Ao terminar a longa escada tenho a curiosidade de ir até a sala e dar uma olhada neles.
Como sou uma mulher sedentária essa caminhada se torna cansativa.
Não sei porque comprar uma casa do tamanho do mundo se só duas pessoas moram nela. Pra ir em qualquer lugar é longe demais. Um elevador seria muito útil.
Ao avistá-los sorrio incontrolavelmente. Os dois pegaram no sono e dormem na mesma posição. De barriga pra baixo e uma mão por baixo do travesseiro. Não nega que são pai e filha.
Não quis comentar nada sobre o que vi ou fazer piada do quanto ficaram fofinhos domindo pois Isaac não quer minha amizade. Apenas será uma relação de chefe e funcionária.
Hoje acordei antes do despertador e foi bom pois ver o nascer do sol foi sensacional. Lembrei da minha mãe, ela adora falar com Deus olhando para o céu.
Rodeio e danço pelo quarto feliz que irei ver minha adorável mamãe. Eu já recebi e poderei abastecer nosso armário e até comprar umas roupas novas pra ela.
Ela vai chegar lá pelas três da tarde e então irei no mercado antes e farei uma surpresa.
Estava tão distraída que levei um susto ao ver Isaac parado na porta me olhando.
- Droga, quase tive um ataque cardíaco.
- Pra ter um ataque você precisa ter dor no peito, pescoço, braços etc. E outros sintomas. Você apenas teve um susto que acelera o coração e te deixa sem ar por alguns segundos. - Permaneço sem reação o encarando por um longo tempo.
- É médico agora? - Reviro os olhos enquanto organizo minhas roupas lavadas no guarda roupa.
- Fiz uns estudos pra ser cirurgião e aprendi muita coisa.
- Por que não continuou? Poderia estar quase formado agora.
- É poderia, mas meu irmão precisa de mim na empresa então eu não achei necessário continuar. - Diz dando de ombros e sai sem nem me dar um bom dia.
O que foi que aconteceu aqui?
Ele deixou de ser cirurgião, que deu pra ver que deve ser a profissão dos sonhos dele para ajudar o irmão?
Que gesto lindo.
Termino de arrumar meu quarto e desço para preparar o café de Abigail.
O encontro na sala de jantar lendo jornal.
Que mania de velho. Quem vê pensa que ele tem mais de quarenta anos. De óculos e sério.
Não quero nem pensar no quanto ele fica charmoso assim.
Deus, só estou nesse emprego por que preciso, pois esse homem não facilita não.
- Para que está parecendo uma psicopata me olhando desse jeito. - Me recomponho tentando não transparecer meu constrangimento.
- Nem estava te olhando.
- Estou lendo jornal mas não significa que não vejo as coisas senhorita Clarke.
- Tenho que preparar o café da sua filha, se me der licença. - Mudo de assunto para não me incomodar logo de manhã. Principalmente por ele me chamar pelo meu sobrenome como se fôssemos dois desconhecidos.
- Não estou atrapalhando sua passagem pelo que eu saiba.
"Se controla Emma.
Assassinato é pecado. Você não vai ir para o céu. Ainda mais porque não vai se arrepender".
Meu subconsciente me alerta.
Se ele que ditou as regras não se importa eu muito menos.
Dou de ombros e vou seguindo para geladeira.
Abigail não come quase nada. Se deixar ela passa o dia inteiro sem comer. E aquela fofura é uma formiguinha. Se oferecer um doce não recusa nem se estiver passando mal.
Para a incentivar preparo um café da manhã com desenhos.
Ela ama flores e ursos.
Corto os pães em círculo grande e pequenos.
Desenho com presunto e queijo, colocando no forno. Após isso irei finalizar com frutas coloridas.
Percebo o olhar de Isaac nas minhas costas mas não faço questão de olhar. Ele deve estar com raiva por não fazer o que achou que eu iria fazer.
Se quer que a filha tenha um café da manhã terá que me ter por perto.
Duvido que saiba fritar um ovo.
Me pergunto o que ela comia antes de eu aparecer.
Bom ele é rico. Da pra imaginar como viviam.
"De vento talvez, não é de duvidar"
- O que tem o vento? - Pulo de susto quando ouço sua voz.
Oh vida... achei que estava só pensando.
- Nada.
- Você é estranha.
- E você arrogante. - Reviro os olhos porém percebo a burrada que falei. Depois não quer ser demitida.
- Chefe. - É só o que ele responde.
- Perdão.
Escuto a cadeira se arrastar mas não viro na sua direção. É vergonha demais olhá-lo.
De canto de olho vejo sua silhueta se afastando e como uma boa reparadora que sou, assim que Isaac está de costas eu aproveito para admirar seu porte físico.
Jesus por que tão lindo? Eu sou humana pai. E possuo hormônios.
- Chefe... - Chamo-o me arrependendo instantemente.
- Diga.
- Nada não. Deixa pra lá. - Continuo preparando o café e não paro pra ver se ele está me observando. É constrangedor demais.
- Emma. O que deseja?
- Certo. - Tomo fôlego e coragem. - Poderia, eu sei que não é seu trabalho, mas poderia por favor acordar Abigail para mim? Se eu sair tenho medo de queimar os pãezinhos no forno.
- Senhorita Clarke. - Sinto suas mãos no meu ombro e em seguida me girando de encontro a ele. - Abigail é a minha filha e não evite me pedir ajuda se precisar. Farei com maior prazer.
- Certo. Me desculpe. - Assinto. - Agora vai lá buscá-la que está quase pronto.
- Você é muito mandona.
Vou de encontro ao forno revirando os olhos apenas. Se eu não segurar a língua vou estar sem emprego em um piscar de olhos.
Minutos mais tarde minha pequena florzinha aparece vestida com seu uniforme, tênis e um rabo de cavalo completamente mal feito.
- Bom dia Princesa, senta aqui.
- Bom dia tia Emillya. - Beija minha bochecha em um grande estalo antes de assentar.
- E esse cabelo aí? - Gargalho impulsivamente enquanto posiciono seu prato e café preto sem açúcar como ela gosta.
- Papa, eu deixei pôque papi se mostô feliz em me vestir.
- Olha, adorei saber disso mas não posso deixar seu cabelo assim. Terei que ensinar alguns penteados e maneiras de amarrar o cabelo ao seu pai. - Ela se arreganha e começa a comer. Aproveito e refaço o penteado.
{...}
Meia hora e nada!
Trinta minutos e dez segundos e nenhum sinal da minha mãe.
Onde essa mulher se meteu?
Ela me avisou que estaria aqui quando eu chegasse.
Liguei, liguei e não atendeu.
Não queria mas estava ficando preocupada.
Disquei o número da minha tia e quando iria apertar pra chamar mamãe estacionou.
Permaneci estática no lugar apenas olhando para o carro.
Meus músculos não se moviam de jeito nenhum pensando ser um sonho. E se fosse eu não desejaria acordar nunca mais.
Um mês. Um mês longe do meu bem mais precioso, da minha rainha. Cada dia pareciam anos.
Automaticamente meus olhos se encheram de lágrimas não derramadas, e assim que mamãe tocou minha face um chuva de sensações caiu sobre mim e o choro que tentei controlar saiu descontroladamente.
Nos abraçamos como se o mundo fosse acabar naquele instante. Choramos até nosso corpo alertar que estávamos ficando sem água.
A ajudei com as malas e rapidamente saímos para fazer compras.
- Filha, não precisa gastar comigo. Sua tia me ajudou e encaminhamos meus papéis e laudos para me encostar. E eu consegui. Posso me virar com a casa.
- Mãe, não fala esse absurdo. É minha obrigação. Não é porque não vou estar em casa em todo tempo que não tenho minhas obrigações. Eu sou sua filha e prometi cuidar de você. Terá que me prender para arcar com as despesas sozinha. - Digo calmamente dando-lhe um beijo na testa. - Somos eu e você mamãe. Sempre cuidarei de ti.
- Desculpa pensar assim filha. É que não queria lhe dar trabalho.
- Nunca mamãe. A senhora é a minha família. Te amo infinitamente.
- Também te amo. - Nos abraçamos e dada por resolvida a conversa dirijo até o mercado.
As nossas compras teve que ser feita em dois carrinhos pois era muita coisa. E também não poderia faltar minhas guloseimas, que é o que mais esperei pra fazer quando recebesse.
Antes se limitávamos comprando somente o necessário, por causa que o dinheiro não cobria tudo. Passei muita vontade de comer doces, de fazermos sobremesas gostosas para as visitas e para nós mesmas. Pedi a Deus para que não acontecesse novamente, que ele nos abençoassse com grandes farturas. E ele cumpriu como sei que faria e ainda conseguimos ir bem no dia das promoções. Só tenho a agradecer.
Foram muitas sacolas levadas para dentro de casa. Elas pareciam ter se multiplicado. Não acabava mais.
Minha felicidade por ver que minha mãe agora não precisará se preocupar com as compras e nem deixar de comprar o que gosta para pagar as despesas é gigante. Esqueço até as dor nas costas de abaixar seguidamente.
Faltava poucas sacolas para organizar nos armários quando ouvimos batidas na porta.
Não fazia ideia de quem poderia ser a essa hora.
- Espera alguém mamãe? - Pergunto a ela que me olha confusa.
- Que eu me lembre não. Minhas amigas sabem que não sou fã de surpresas.
- Mesmo assim vou ver quem é. - Dou de ombros despreocupada.
Quem eu menos esperava era que se encontrava na porta da minha casa, novamente.
- Preciso de você. - É o que Isaac diz ao me ver.
Sabe quando uma frase causa um impacto mesmo sem ter o sentido que você imaginou ? Foi isso que causou em mim ao ouvir.
- Que? - Pisco várias vezes atordoada.
- Pra ficar com Abigail. - Volto ao meu normal e concordo impossibilitada de falar. - Sei que é a sua folga hoje mas temos algo urgente para resolver na empresa. Posso te pagar extra hoje.
- É... Eu... fico sim, sem problemas. E não precisa de dinheiro não. Cuido dela com prazer. Somos amigas não é princesa? - Fico da sua altura estalando um beijo na sua bochecha. Abigail sorri e não resisto a pegando no colo. - Dá tchau para o papai.
- Tchau papa. Vai senti saudade de eu?
- Vou contar os minutos pra voltar pra você meu girassol. - Ele a beija longamente na testa. - Te amo mil milhões.
- Te amo mil milões papa.
Ficamos o olhando ir de encontro ao carro e uma coisa eu tinha certeza. Conviver todos os dias com esse homem lindo não iria acabar bem. Minha sanidade iria por água abaixo com certeza. Toda vez que o olho lembro do passado e de como passar meu tempo com ele era bom.
O que eu faço pra resistir a essa tentação Deus?
- Tiaa Líliaa... - Sou chacoalhada pela pequenina e só naquele momento me dou conta que a tinha nos meus braços. Sorrio sem graça.
- Vem amor. Vamos fazer algo divertido.
- Bolo tia... sempe quis fazê bolo mas não tenho mamãe para me ensiná.
As palavras dela acertam em cheio o meu coração novamente. Outro dia a ouvi conversar sozinha pelo quarto, mas após prestar atenção notei que era com a " mãe" dela. Me surpreendi por Isaac ter contado o verdadeiro motivo pela qual Abi não tem uma figura materna.
Acho fofo demais ela se embaralhar com algumas palavras. Sinto vontade de apertar sem parar toda vez.
- Feito. Vai ser um delicioso bolo de chocolate.
- Ebaaa!! - Ergue as mãozinhas extasiada.
Só assim para distrair meus pensamentos de um certo ser arrogante e insuportavelmente charmoso.
Talvez de agora em diante eu precise trabalhar de olhos fechados.
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OBRIGADA!💜
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Mais um amores. Com a graça e a misericórdia do meu bom Deus.😊🙌
Beijos amorinhas 😘
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