2: Cinquenta Tons De Cinza não é uma master piece.
No capítulo anterior eu critiquei o mal que Crepúsculo fez para a literatura vampirica, mas aquele atentado terrorista contra a literatura foi tão grande que atingiu outras áreas literárias também.
Hoje nós vamos falar de um "filho" da saga Crepúsculo, e esclarecer de uma vez por todas um engano que infelizmente muitas pessoas tem. Senhoras e senhores… Cinquenta Tons De Cinza.
No ano de 2011, a escritora Britânica Erika Leonard James lançou um dos livros mais vazios e sem alma de toda a literatura, Fifty Shades of Grey [Cinquenta Tons De Cinza]. O primeiro livro de uma trilogia que está sendo tratado como o "pornô das mamães" [não, não fui eu quem criou essa descrição] vendeu mais de dez milhões de livros nas seis primeiras semanas.
Nele o milionário Christian Grey [o título do livro é um trocadilho com sobrenome dele, Grey = Cinza] um manico sexual, faz um contrato pervertido com a jovem Anastásia Steele, uma jovem universitária ingênua, sexualmente inexperiente e bastante simples.
Anastásia conhece Grey durante a realização de um favor a uma amiga que ficou doente e para salvá-la de perder seu trabalho, a jovem acaba viajando no lugar da amiga para uma entrevista com Grey. Lá ambos se interessam um pelo outro e firmam o tal contrato. Pronto! Essa é toda a história do livro, daí pra frente é só chatice, momentos de ostentação de um milionário que, misteriosamente, consegue manter sua empresa sem jamais fazer nada e cenas de sexo que até eu consigo fazer melhor [e olha que eu detesto escrever esse tipo de coisa de forma tão explícita].
Os segundo e terceiro volumes da trilogia são intitulados Fifty Shades Darker [Cinquenta Tons Mais Escuro] e Fifty Shades Freed [Cinquenta Tons De Liberdade]. Ambos são igualmente tão chatos e vazios quanto o primeiro, com o agravante de você estar vendo a mesma coisa se repetindo ao longo de mais dois livros.
Ao todo, a trilogia soma mais de quarenta milhões de cópias vendidas em trinta e sete países, ultrapassando Harry Potter e O Código Da Vinci no Reino Unido. Entretanto, o site oficial no Brasil, ao anunciar o número de trinta milhões de cópias em dez semanas para Cinquenta Tons de Cinza, não especifica se o número se refere ao primeiro livro ou à trilogia.
Fifty Shades of Grey é uma obra mal-aceita na comunidade BDSM (basicamente um pessoal aí que gosta de sexo por submissão e dominação) por tratar o assunto de dominação e submissão com imprecisão. Eles afirmam que o relacionamento tratado na obra é abusivo e não condiz com a realidade de um relacionamento BDSM na vida real, que deve ser sempre centrado em confiança e respeito. O relacionamento de Christian e Anastásia não segue os princípios éticos básicos do BDSM conhecidos como são, seguro e consensual.
Praticantes de BDSM enfatizam que há maneiras saudáveis e éticas de combinar consensualmente sexo e dor. Todos eles exigem autoconhecimento, comunicação e maturidade emocional para tornar o sexo seguro e mutuamente gratificante para todos os envolvidos. Porém, Fifty Shades of Grey foge desse contexto. Às vezes, Ana diz sim ao sexo com o qual se sente desconfortável por ter vergonha de dizer o que pensa ou por ter medo de perder Christian; ela dá consentimento quando ele quer infligir dor, mas isso não impede que ela seja prejudicada.
Outro ponto bastante criticado é a personalidade de Christian. Os especialistas em BDSM caracterizam ele como frio, controlador e manipulador, que é o inverso do que uma pessoa dominante deve ser num relacionamento de dominação e submissão.
Mas vamos deixar esses termos técnicos de lado e focar no que interessa, meter o pau nessa obra…
Quem me conhece sabe que odeio SPOILERS, mas vou dar alguns aqui.
PRA QUEM NÃO QUISER SABER O FINAL DESSA HISTÓRIA, EU RECOMENDO QUE PULE A PARTE QUE COLOQUEI ENTRE ASTERISCOS.
*Acho engraçado como algumas pessoas defendem esse livro, dizendo que ele se trata de empoderamento feminino e defende a liberdade sexual. Mas a heroína se casa com o primeiro cara com quem fez sexo, só consegue o seu emprego dos sonhos porque ele COMPROU a companhia PRA ELA. Está constantemente AMARRADA, e após passar toda a série lutando pra não ficar descalça e grávida… ela acaba literalmente descalça… e grávida. Esse é o empoderamento feminino desse livro*
[FIM DOS SPOILERS]
No ano de 2012, Cinquenta Tons De Cinza venceu o National Book of the Year, Reino Unido. Traduzindo… ele foi eleito como o melhor livro do ano em todo o território do Reino Unido. Eu fico pensando nos concorrentes dele pra que o mesmo conseguisse ter vencido. Será que ele disputou com fanfics de k-pop? É a única explicação.
"Ain, Félix você falou, falou e falou… mas até agora não explicou qual a ligação entre Cinquenta Tons De Cinza e Crepúsculo".
Calma, filhão, eu já ia chegar lá…
O fato é que Cinquenta Tons De Cinza nasceu como uma fanfic de… [adivinha quem… Exatamente…) Crepúsculo. A autora publicou sua fanfic em um site de fanfics e logo a coisa começou a bombar, então não demorou muito pra sua criação ir parar nas mãos de engravatados que criaram uma versão física dela. E não demorou muito pra fanfic virar um sucesso no mundo inteiro também.
[Aliás, a autora escreveu sua fanfic em um celular, então isso me deixa esperançoso em relação a minha carreira. Pelo menos isso de bom no meio de todo esse lixo literário. Pra quem não sabe, eu também escrevo meus livros através de um celular… Um BLU!!! Eu disse… um BLUUUU!!!!. Amigão, cê já teve um celular BLU? Se a resposta for não, então agradeça por isso… burguês.]
Além dos livros, existe também uma trilogia de filmes baseada nesse lixo literário. E os filmes são tão ruins quanto os livros. [Afinal é a mesma história né?]
Pra cê ter uma ideia… Robert Pttinson, o ator que fez o Edward Cullen nos filmes de Crepúsculo, odeia completamente os filmes da saga, e aquela época de sua carreira. E adivinha só, Jamie Dorman (o ator que fez o Christian Grey) também odeia os filmes em que ele mesmo atuou. Ele até jurou não retornar para um quarto filme, caso fosse ter um. [Felizmente não teve… AINDA].
Enredo fraco, personagens rasos, motivações nada convincentes, proposta nada inovadora, baixo talento narrativo e descritivo da autora, acontecimentos repetitivos… além de um final fraco pra trama. Não vejo como uma obra com todos esses pontos negativos possa ser uma master piece, ou pelo menos servir de inspiração pra qualquer autor. Mas isso acontece… infelizmente acontece.
Assim como seu "pai" Crepúsculo, Cinquenta Tons De Cinza também iniciou um movimento que vem degradando a boa literatura. É por causa dessa obra [DESGRAÇADA!!] que o wattpad e a Amazon estão cheio de livros pornográficos e sem qualquer profundidade além de cenas de sexo [os chamados hot].
Eu não tenho nada contra quem gosta desse tipo de conteúdo, meu problema é com quem produz. E eu também não tenho nada contra quem escreve cenas de sexo em seus livros, até mesmo as mais explícitas, o problema é você focar exclusivamente nisso… Aí não dá.
E o pior, é que eu vejo pessoas se orgulhando disso, gritando aos quatro ventos que seus livros tem esse tipo de coisa, como se fosse algo bom, como se isso fizesse de seu livro uma obra prima.
"Então por que essas pessoas continuam escrevendo esse tipo de coisa? Por que elas fazem tanta propaganda de algo tão raso e apelativo dentro de seus livros?"
Simples… PORQUE VENDE.
"Ainn, Félix, mas se o livro é um campeão de vendas então isso significa que ele é bom."
Não, não significa não. Sabe o que também vende muito e não é considerado bom? COCAÍNA.
Qualquer um pode escrever um livro desse tipo, e as chances de ser um sucesso serão muito maiores que as chances de um livro de romance tradicional, ou um drama. Além do fato de ser muito mais fácil de escrever algo assim. [Porra, mano, cê acha mesmo que Cinquenta Tons De Cinza deu tanto trabalho pra ser escrito quanto Harry Potter, Percy Jackson, À Espera De Um Milagre, As Crônicas De Gelo E Fogo ou The Witcher? Haha Meu querido…]
"Então por que todo mundo não vai escrever hot e ficar rico, já que vende tanto assim e dá muito menos trabalho pra ser produzido?"
Porque… felizmente, ainda existem pessoas com princípios, pessoas que se recusam a prostituir sua literatura para ganhar alguns votos ou trocados. A pergunta agora é: ATÉ QUANDO PESSOAS ASSIM CONTINUARÃO A EXISTIR?
Bem, por hoje é só…
Espero que tenham gostado.
Digam aí o que acham disso tudo.
Concordam? Discordam?
Deixem aí que quero saber.
Até a próxima.
Bye…
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