Capítulo 12

Sasuke parou em frente à porta de seu quarto e digitou a senha, ao abrir a porta ficou aliviado por finalmente entrar em seu lugar de descanso, a garota entrou logo depois e parecia pensativa, ela se sentou na cama e mordeu o lábio enquanto brincava com seus dedos, ele notou, mas não perguntaria, apenas pegou sua toalha e caminhou até o banheiro.

- Escuta – ela diz apreensiva. – Eu queria... – engoliu seco. – Queria perguntar se posso ir até lá todos os dias.

- Não. – ele diz seco e lhe dá as costas novamente, Sakura o olha desacreditada e não aceita aquilo. Se levantou e ficou de frente para ele.

- Por que não?

- Minha missão é ficar de olho em você o tempo todo.

- Você nem se quer faz isso, sai e me deixa aqui trancada sem direito a nada.

- Justamente para não ter trabalho que te deixo trancada apesar que até nisso vou ter que tomar cuidado não é?

- Foi um acidente, mas a culpa é sua de deixar uma espada envenenada em baixo da cama.

- Não foi eu que saiu vasculhando meu quarto.

Sakura respirou fundo e massageou a têmpora, abriu seus olhos minimamente e os fixou no abdômen desnudo do Uchiha, focou em algumas cicatrizes , aquilo a desconcentrava.

- Minha resposta continua sendo não a menos que você me dê uma razão para deixá-la ir até lá – o moreno caminha até o banheiro e abre a porta mas antes de entrar a olha por cima do ombro. – E pare de mexer no que não é seu.

Ele bate a porta e a garota resmunga. Batendo os pés, ela se senta na cama e cruza os braços. Ficou pensando no que dizer para convencê-lo mas o som alto do ronco de sua barriga a fez desistir.

- Ah droga, estou faminta. – choraminga.

Até então ninguém apareceu para lhe oferecer o que comer. Se deitou e encarou o teto, minutos se passavam e então Sasuke sairá do banheiro, já vestido, a Haruno virou-se de lado, adorava o silêncio mas somente quando estava com um livro em mãos porém, sua barriga outra vez clamou por alimento o que a deixou vermelha e o moreno sorriu enquanto ainda estava de costas.

- Minha mãe te convidou para se juntar a nós – ele começou. – Se quiser ir se arrume.

Sakura se encolheu, só a ideia de encarar Izumi e seu esposo a fazia temer.

- Não...

Ele a olhou por alguns momentos. A assustou de verdade a ameaça de seu irmão?

- Basta pedir desculpa mas é você quem sabe.

Ele fica alguns instantes em frente ao espelho para arrumar o cabelo e depois segue para a porta.

- Se ele me matar a culpa será sua. – ela foi até o banheiro rapidamente.

No momento em que Sasuke fechou a porta, Sakura se perguntou o por quê de ter aceitado aquele convite e como sua mente era fértil, começou a imaginar ideias ruins, se estava bem vestida ou se seria morta quando Itachi a visse.

Ela alisava a barra do vestido branco curto e rodado com frequência, Sasuke seguia na frente mas podia sentir a inquietação dela.

O moreno parou de repente e Sakura se esbarrou em suas costas largas, o olhou incrédula e viu que ele olhava para frente, seus olhos seguiram os dele e a garota se arrependeu. Itachi, Izumi e os primos de Sasuke se aproximavam, Sakura se encolheu atrás do Uchiha mais novo.

- Estávamos te esperando – Itachi inicia a conversa. – Por acaso estava ocupado com a rosada? - diz num tom malicioso.

- Não diga bobagens Itachi. – ele riu mas de repente ficou sério.

- Achei que tinha sido claro quando disse que não a queria por perto, mudou de ideia?

Sakura tremeu, sabia que falava dela e engoliu seco.

- Itachi. – Izumi diz em tom de reprimenda.

A garota respirou fundo, não podia apenas ignorar aquela situação ou então passaria os dias trancada no quarto até poder voltar para sua casa. Ela saiu de trás de Sasuke e ficou em frente ao casal, Itachi a olhou friamente mas ficou surpreso ao ver a garota inclinar todo seu corpo numa reverência.

- Me desculpem – ela levou alguns segundos naquela posição e ao se endireitar olhou de Itachi para Izumi. – Você foi gentil comigo e tudo que fiz em troca foi te por pra dormir e fugir, estou muito arrependida e reconheço que fui muito egoísta.

- Sakura...

- Me desculpe também Sr. Itachi, eu não tive a intenção de fazer mal para sua esposa mas o que fiz não foi certo, então por favor me perdoe por ter feito o que fiz. – novamente a garota se curvou.

Itachi a olhava seriamente, um silêncio tomou conta do corredor por breves segundos até o mais velho respirar fundo e coçar a nuca.

- Está bem, o que importa é que lestá arrependida, mas não faça algo do tipo outra vez Sakura. Não estamos aqui pra te fazer mal, o Sasuke eu já não sei mas o resto de nós só queremos ajudar.

Nesse momento seu irmão mais novo o olhou irritado o que fez o homem sorrir ladino.

- Não se preocupe Sakura, graças a você tirei uma boa soneca – Izumi ri e se põe ao lado da rosada que sorriu tímida. – Vai se juntar a nós no jantar?

- Minha mãe a convidou.

- Que ótimo, então vamos. – as duas seguiram na frente.

- Eu não esperava por essa. – Shisui diz encarando as costas de Sakura.

- Não pensei que ela iria tomar essa iniciativa, mas bem, é melhor do que ter o ar pesado na mesa de jantar. – Itachi diz enquanto começa a andar e da de ombros, foi seguido pelos demais até a sala de jantar.

Izumi e Itachi entraram primeiro e se juntaram aos seus pais, Sasuke e Obito logo depois, porém Sakura parou no meio do caminho, estava envergonhada talvez não fosse uma boa ideia de fato.

- Não precisa ficar com medo – Shisui diz e toca no ombro dela chamando sua atenção, ele sorri gentilmente. – Vamos lá. – ele a empurra levemente para que entre na sala, Sakura engole seco quando os olhos de Mikoto e Fugaku caem sobre si.

- Oh você veio – Mikoto diz com um sorriso animado. – Que bom que aceitou meu convite Sakura-chan.

- Er... o-obrigada. – a garota se senta a mesa entre Obito e Shisui.

- Soube que esteve na enfermaria mais cedo, você está bem? – ela lhe pergunta com um olhar pouco preocupado, Sakura olhou para Sasuke a sua frente que também a olhou sem emoção.

- Não foi nada demais, só me cortei.

- Entendo, parece que gostaram de você. – ela dizia enquanto colocava o jantar de seu esposo.

- Mas eu não fiz nada, só ajudei o Sr. Orochimaru em algumas coisas. – ela coçou a nuca sem graça e riu nervosa por estar recebendo atenção.

- Não é qualquer um que consegue a atenção daquele homem. – Fugaku finalmente fala mas não dirigi seu olhar a moça.

- Ele diz ser conhecido da minha mestra Tsunade, então...

- Ainda assim, é surpreendente. – a mais velha diz e Sakura apenas sorri.

A garota foi servida por uma das empregadas, por um momento, sua fome havia ido embora de repente dando lugar ao nervosismo. Ela tomou um gole d'água para tentar se acalmar.

- Consegue comer sozinha ou quer que eu dê em sua boca. – a voz grave e baixa de Obito chama sua atenção, ele estava perigosamente próximo de sua orelha.

Sakura o olha brava e se afasta.

- Não.

- Você deveria me pedir desculpas também, pelo soco que me deu. – a garota revirou os olhos.

- Você mereceu.

- Meu irmão te incomoda Sakura? – foi a vez de Shisui se aproximar dela.

- Não se mete Shisui, estamos apenas conversando não é Sakura-chan?

A garota olha de um para o outro, ambos agora se encaravam como se quisessem brigar ali mesmo.

- É desnecessário vocês disputarem a garota durante o jantar como se fosse um pedaço de carne – Sasuke diz friamente enquanto olha para sua taça com vinho. – Até porque não tem nada de interessante nela.

- Sasuke! – Mikoto diz em forma de repreensão mas o garoto não se importa. Shisui sorri ladino e encara seu primo.

- Se não está interessado Sasuke, por quê se incomodar comigo e o Obito a paquerando?

- Não vou discutir isso com você Shisui, mas se quer tanto vai em frente.

Sakura não estava crendo que eles falavam dela daquela forma sabendo de sua presença ali ainda.

- Já chega vocês três, estão assustando a garota! – Izumi diz, o que os faz se calarem.

- Perdoe-os Haruno, os garotos as vezes tendem a agir como selvagens quando se trata de mulheres. – Fugaku diz sério enquanto olhava para os três severamente.

Se ela já se sentia deslocada antes de entrar naquela sala, agora estava sufocada pela situação constrangedora. O jantar se seguiu silencioso, fora a primeira a terminar e já não sabia se foi pela fome ou se queria sair rápido dali.

- Eu posso me retirar? Estou um pouco cansada.

- Claro querida, quer que alguém te acompanhe? – a mais velha pergunta com calma na voz.

- Ah não é preciso, eu gravei o caminho – ela sorri falso e se levanta. – Obrigada pelo convite senhora, o jantar estava ótimo. – os cumprimenta e se retira da sala.

- Viram o que fizeram? Ela com certeza ficou constrangida, vocês são terríveis. Por quê disse aquilo Sasuke? – Mikoto diz olhando para seu filho seriamente.

- Já terminei, vou me retirar. – o moreno também sai da sala sem se importar com a reprimenda de sua mãe.

Quando saiu da sala de jantar, Sakura pode enfim respirar fundo. Enquanto caminhava pelo corredor encontrou uma das empregadas que levou seu café da manhã algumas vezes e a acompanhou até o corredor dos quartos, por sorte, o cômodo que ficará antes ainda estava aberto, entrou e se deitou na cama.

Ela estava se sentindo um peixe fora d'água e não via a hora de sair dali, não que se importasse com o que Sasuke pensava dela ou se ele a achava atraente ou não, porém, não imaginava que ele falaria daquela forma na frente dos outros e aqueles dois então?

- Onde fui me meter? – diz após soltar um suspiro pesado.

Ouviu batidas em sua porta mas se manteve deitada em posição fetal. A mesma foi aberta e pode ouvir os passos se aproximarem.

- Por que está aqui?

- Vim dormir o que acha que estou fazendo?

- Achei que fosse dormir no outro quarto.

- Já me desculpei com Itachi, não há mais necessidade de dormir lá. – o moreno respirou fundo e coçou a nuca.

- Desculpe pelo que aconteceu no jantar, não foi minha intenção te deixar desconfortável.

- Independente da situação, eu me sinto desconfortável com vocês por perto isso é um fato – ela se senta e encara o homem a sua frente. – Então não perca seu tempo se desculpando Shisui.

Ele fica sério diante o olhar firme da rosada, sem dizer mais nada ele lhe dá as costas e sai de seu quarto.

Sakura se levantou tempo depois e trancou a porta, não queria ter outra visita inesperada, queria apenas deitar e dormir, quem sabe esquecer da noite de hoje.

Ino estava preocupada com sua amiga apesar de Naruto e Shikamaru pedirem para que ela ficasse tranquila. Já estava a quase dez minutos andando de um lado para o outro em seu quarto, a loira parou e respirou derrotada. Ouviu batidas em sua porta e logo a mesma ser aberta por seu pai.

- Fiz o jantar hoje, esta com fome? – a garota não responde, voltou a ficar pensativa e o homem na porta a olhou incrédulo. – Aconteceu algo Ino? – fala enquanto adentra o cômodo.

- Preciso ir até a Ala Sul. – diz seriamente o pegando de surpresa.

- Por que quer ir até lá?

- Sakura está lá, você já deve estar sabendo de tudo, quero ver como ela está.

Inoichi respira fundo e coça a nuca.

- Não acho uma boa ideia, Fugaku pode não gostar nada disso.

- Eu não ligo se ele vai gostar ou não, eu tenho o direito de ver minha amiga e só você pode me ajudar papai.

- Ino...

- Por favor, só pra levar algumas coisas dela e pronto, tudo bem?

- Está bem, vou pedir a Hiruzen uma autorização, mas você não irá sozinha.

- Quanto à isso não se preocupe, vou pedir ao Naruto e ao Shikamaru para irem comigo.

- Muito bem, agora vamos jantar. – a garota sorri e acompanha seu pai para fora do quarto.

Dois dias se passaram desde o ocorrido no jantar, para evitar outro tipo de situação, Sakura continuou a comer em seu quarto e desde então não viu seu “guarda-costas”, talvez ele também a estivesse evitando.

Sua única companhia durante a tarde era Izumi e graças a ela não fica entediada já que a morena lhe emprestou alguns de seus livros preferidos, mas isso não era o suficiente, estava cansada de ficar ali parada.

- Chega. – ela se levantou da cama determinada e saiu do quarto.

Seu destino seria o andar de baixo onde se localizava a enfermaria, porém, cruzou com quem menos gostaria.

- Onde vai? – Sasuke para em sua frente e a olha com superioridade.

- Não te devo satisfação.

- Volte para seu quarto e não procure problemas. – ele ordena e passa pela garota que o olha incrédula.

- Eu não vou ficar trancada no quarto o dia todo e sair quando você quiser que eu saia.

- Não me faça te por lá a força outra vez. – seu olhar gélido a fez tremer no lugar mas precisava arriscar.

- Esqueça – Sakura lhe deu as costas e saiu dali rapidamente, ignorando o homem. Fora tão rápida que logo encontrou o elevador e apertou o botão. – Vai!

- Sakura! – o moreno se aproximava a passos largos e o desespero dela aumentou quando viu que estava próximo.

- Até que enfim. – diz quando as portas de metal se abriram, ela acenou um tchau para ele e sorriu convencida enquanto as portas se fechavam.

- Garota idiota. – ele diz enquanto encarava o elevador.

- Falando sozinho Sasuke? – Obito se aproxima e olha incrédulo para o mais novo.

- Não, esquece. – ele ia saindo mas o rapaz o chamou.

- Espera, viu a Sakura por aí? Passei no quarto dela mas não a encontrei.

- Acabou de descer, por quê?

- Meu tio avisou que ela vai receber uma visita em breve.

- De quem?

- Não sei ainda – Sasuke suspira e decide dar meia volta. – Conseguiram arrancar algo do cara que prendemos?

- Vou interroga-lo outra vez mais tarde. – o outro assentiu.

- Estou surpreso de vê-la aqui Sakura-chan.

- Achei que tivesse dito pra voltar quando quisesse senhor Orochimaru. – ela diz ao se aproximar do balcão onde o homem estava fazendo experimentos.

- Sem formalidades. Eu não pensei que Sasuke deixaria, ele não é muito... amigável com as pessoas.

- Ah sobre isso, eu o ignorei caso contrário não estaria aqui de toda forma. – ele riu soprado e balançou a cabeça em negação.

- Senhor Orochimaru onde devo por isso? – um jovem rapaz de óculos arredondados aparece, Sakura não o havia notado ali quando chegará.

- Naquela estante. – ele comanda e o rapaz o obedece.

Ao se virar novamente o garoto percebe o olhar da Haruno sobre si e sorri a fazendo cair em si.

- Sakura esse é Kabuto, meu assistente.

- Prazer. - ela diz quando ele se aproxima um pouco.

- O prazer é meu. – ele sorri ladino.

Ambos ficam um tempo se encarando até Orochimaru interrompe-los com um pedido para Kabuto.

- Leve isso para Mikoto, ela estava reclamando de enxaquecas mais cedo.

- Sim senhor.

Kabuto olhou para a garota uma última vez e saiu da sala.

- Eu não lembro de tê-lo visto da última vez que estive aqui.

- Kabuto se esconde na sala de pesquisa as vezes, se não chama-lo ele fica o dia inteiro lá.

- Ele deve ser esforçado.

- Até demais. Mas acredito que não veio até aqui para falar sobre meu assistente certo?

- Ah claro que não, eu queria pedir uma coisa mas não sei se o senhor estaria disponível.

- Apenas diga.

- Poderia me ajudar a concluir meus estudos? Já que não posso voltar para a faculdade, ao menos quero concluir algumas coisas.

- Isso seria interessante mas precisaria da permissão de um certo Uchiha não?

- Ah, por favor Sr. Orochimaru, não preciso da permissão dele pra isso. Ele é apenas meu vigia.

- Se é assim então não me incomoda, me diga o que estudou até agora e trato de te ensinar o resto. – Sakura sorriu e se aproximou do mais velho lhe contando onde havia parado seus estudos.

As horas haviam se passado tão depressa que Sakura se quer notou que já estava tão tarde.

Se espreguiçou um pouco enquanto andava pelos corredores do subsolo da mansão, olhava atenta para tudo que havia ali e por um instante percebeu não reconhecer aquele lado. Se lembrava que o elevador ficava bem próximo a enfermaria e laboratório, já aquele lado era mais fechado.

- Onde eu vim parar? – a garota temeu por ter se perdido, pôs o dedo entre os dentes, estava preocupada.

Pensou em dar meia volta e tentar achar a saída outra vez, mas sons de gemidos de dor chamaram sua atenção. Sabia que poderia ser algo perigoso mas sua curiosidade era maior que sua razão e quem sabe alguém estivesse precisando de ajuda? A passos lentos a Haruno se aproximou de uma pequena escada, o local era um pouco mais escuro. Ela engoliu seco e desceu degrau por degrau para não chamar a atenção seja lá de quem for.

A medida que seguia os sons seu coração acelerava e seu subconsciente gritava para que ela saísse dali imediatamente porém a garota era teimosa até consigo mesma.

Mais a frente podia ver não só uma mas várias portas de ferro, o local parecia ser mais uma prisão. Uma das celas estava com a luz acesa e a porta aberta. Sakura se aproximou dali e se abaixou para ver o que acontecia.

Seus olhos se encheram de temor e desespero ao ver um homem completamente ensanguentado amarrado a uma cadeira, a sua frente estavam Sasuke, Obito e mais alguns homens os quais não conhecia mas sabia que eram subordinados.

- Esse maldito cachorro não abriu o bico por nada. – Obito diz friamente.

- Vocês todos vão se ferrar! – o homem ria dos demais.

- Ainda tem forças para rir? – Sasuke diz com a mesma frieza, talvez pior que a do primo. – Então ria no inferno. – o moreno sacou a arma em sua cintura e atirou na cabeça do outro, ao mesmo tempo Sakura gritou pelo susto mas tapou a boca de imediato.

- Tirem esse lixo daqui. – o Uchiha mais velho diz aos dois homens que logo o obedece.

A rosada saiu dali as pressas tomando todo o cuidado para não ser ouvida. Prendeu seu choro o máximo que pôde. Retomou o caminho que fez até finalmente chegar ao elevador, entrou no mesmo e se encostou nas paredes frias de metal.

Ainda na cela, Sasuke observava os homens retirarem o corpo do membro da Akatsuki dali o arrastando para fora.

Seu primo pode não ter ouvido, mas a audição de Sasuke é mais aguçada que qualquer um daquela casa e mesmo que o som alto da arma sendo disparada tenha ecoado, pôde ouvir um fino grito feminino o qual ele já sabia pertencer a Sakura.

- O que vai fazer agora?

- Você avisa a Itachi e ao meu pai, eu preciso resolver um assunto. – ele apenas diz isso e sai calmamente em direção ao seu mais novo destino.

Tirar a vida de alguém tinha se tornado algo fácil para Sasuke, foi obrigado a ser frio quanto a isso. Seus olhos gélidos e sem brilho não o importavam mais, aprendeu a conviver com o sentimento de culpa em seus ombros por todas as pessoas que tirou a vida até hoje, se julgava perdido e isso já não era importante.

Estava tão alheio a tudo que nem notará que já estava no primeiro andar da casa, podia ver a escada ao longe a qual levava ao corredor dos quartos.

- Sasuke? – ele para ao ouvir a voz de sua mãe e a mesma se aproxima dele.

Ela o encara por breves segundos, sabia o que aquele olhar vazio significava, via o mesmo olhar em seu primogênito e em seu esposo sempre que tiravam a vida de alguém.

- Vi a Sakura agora a pouco, ela não parecia bem. Sabe de algo?

- Vou resolver isso, preciso ir. – ele se afasta e a mais velha não lhe pergunta mais nada.

Ele se aproximou da porta e a encarou por longos segundos, estava pensando se deveria ou não entrar. Sabia que a porta estava trancada, Sakura era previsível demais. Decidiu resolver aquilo de uma vez e quem sabe repreender a garota por xeretar onde não devia.

Pegou a chave mestra em seu bolso e abriu a porta da garota, logo que entrou a viu sentada na cama abraçada aos joelhos e com a cabeça baixa.

Fraca.

Foi o que ele pensou ao ver a figura frágil dela. Por alguma razão Sasuke sentia raiva de ver uma Sakura tão fraca, frágil, emotiva, odiava tais fraquezas principalmente nela que fora uma das poucas que o enfrentou de frente e saiu viva para contar história.

Ele se aproximou dela e fez menção de toca-la mas a mesma se encolheu no lugar e se afastou.

-  Tem tanto medo assim de mim? – ela levou um tempo para responde-lo mas apenas mexeu a cabeça com um “sim"

Sasuke se sentou na cama de frente para ela e a observou.

- Você é um monstro Sasuke Uchiha. – diz sem conseguir mais segurar o choro.

- Eu nunca disse que era um mocinho Sakura.

- Como pode ser tão frio depois de matar alguém? – ela ergue o rosto e o encara com raiva mesmo com os olhos cheios de lágrima.

- Sentimentos estúpidos são uma fraqueza.

- Então eu sou fraca por tê-los.

- Sim, a prova disso é que está chorando a morte de um homem que nem conhece, esse mesmo homem que faz parte do grupo que está atrás da sua cabeça e você nem sabe o porquê.

Ela olhou irritada para outro lado.

- Isso só te deixa pior, vulnerável, é desnecessário.

- Cala a boca – ela diz irritada. – Você só prefere se esconder atrás dessa máscara de homem frio mas na verdade é um covarde que tem medo de enfrentar seus sentimentos.

- Não vou discutir isso com você Haruno, só vim avisar que você está proibida de descer até que eu decida o contrário.

Ele se levanta e da as costas para ela.

- Mais uma coisa, amanhã você vai receber visitas, trate de se comportar como a menininha fraca e medrosa que é. – sem que ela pudesse perguntar sobre, ele sai do quarto.

Sakura pega uma das almofadas e joga contra a porta.

- Imbecil. – fala num sussurro. Enxugou suas lágrimas teimosas e se deitou mesmo sabendo que teria dificuldades de dormir depois do que viu. Pela segunda vez viu alguém perder a vida diante de seus olhos e não pôde fazer nada para evitar.

Uma coisa ele tinha razão, ela era medrosa, medrosa demais para lidar com seus traumas sozinha.

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