Capítulo 11

O relógio digital marcava oito e quinze. Sakura se virou e encarou o teto, respirou fundo e olhou para o lado tendo a visão do moreno que ainda dormia. Havia cochilado em algumas vezes durante a noite mas só o pensamento de que não estava sozinha a fazia despertar e ficar alerta.

Se sentou na cama e abraçou seus joelhos, pensou no que fizera noite anterior.

- Tenho que me desculpar com ela. - sussurrou para si mesma.

Olhou para Sasuke outra vez quando o viu se mover, agora, o rosto do moreno era visível para si. Uma mecha do cabelo negro caiu sobre o rosto bem alinhado e instintivamente a Haruno levou sua mão para tira-la, mas antes que conseguisse Sasuke segurou seu pulso rapidamente causando susto a garota. Ele abriu seus olhos lentamente e os fixou nas orbes verdes.

- O que acha que está fazendo? - sua voz era ainda sonolenta.

- Eu... nada. - ela engoliu seco.

Sasuke se sentou e coçou um de seus olhos, a rosada tentou soltar seu pulso mas ele o apertou ainda mais, respirou fundo e olhou novamente para ela pelo canto do olho. Notou as olheiras que estavam mais profundas e constatou que ela não dormiu.

- Pode me soltar? - ela fala o encarando.

- Não faça isso outra vez, na próxima posso te confundir com um inimigo e te matar. - ele a soltou e se levantou, seguiu para o banheiro e fechou a porta.

Sakura respirou aliviada sentindo o coração bater mais rápido que o normal.

Ela se levantou e caminhou até a estante de livros ao lado da janela, pegou um dos livro de capa preta com letras douradas, o abriu e foleou as primeiras páginas, começou a lê-lo enquanto esperava o outro sair do banheiro.

Minutos depois Sasuke abre a porta e a vê totalmente distraída com a leitura, se aproximou calmamente e tirou o objeto das mãos dela.

- Ei! - ela reclama o que o faz erguer uma sobrancelha.

- Não te ensinaram a não mexer no que não te pertence? - ele fecha o livro e põe no lugar de antes.

- Você nem se quer os lê.

- Como tem tanta certeza?

- É óbvio que não lê, estão todos empoeirados.

- Não importa.

- Eu vou ficar trancada aqui o dia todo, vocês roubaram meu celular e não posso nem ao menos ler?

Sua fragilidade de ontem sumiu completamente, ele pensou.

- Não me importo - Sasuke lhe deu as costas e se pôs em frente ao guarda-roupas, abriu as portas e olhou para a roupa que usaria. - Quer tanto me ver nu? - ele fala ao olhar para ela que ficou vermelha no mesmo instante.

Sasuke sorriu malicioso e pôs a mão na toalha em volta de sua cintura, a rosada arregalou os olhos e correu para o banheiro batendo a porta em seguida.

Ele balançou a cabeça em negação e procurou se vestir. Não era nada agradável aquela situação, não tinha nem se quer sua privacidade em seu quarto. Antes de se vestir olhou para a estante, não tinha como ela encontrar aquilo certo?

Apesar de dizer para sua mãe que estava tranquilo, Itachi não sairá do lado de Izumi, seu café da manhã foi levado para o quarto e se fosse preciso o almoço também seria servido ali. O moreno a olhava a cada instante.

Seus dedos faziam uma leve trilha pelo rosto sereno de sua esposa.

Aos poucos ela abria os seus, não se lembrava de ter ido para seu quarto dormir, em sua mente apenas a lembrança de Sakura e depois mais nada.

- Bom dia. - a voz suave de seu esposo chamou sua atenção.

- Itachi? - diz sonolenta. - o que aconteceu?

- Parece que a Haruno pôs você pra dormir. - ele diz risonho mas ainda estava bravo com a atitude de Sakura.

- Sakura...? - ela arregalou os olhos e forçou se levantar mas apenas sentiu tontura. - Aí.

- Calma meu amor, você apagou completamente, não se esforce.

- Por quanto tempo dormi?

- Bastante, já são duas da tarde. - ele ri pela expressão surpresa de Izumi.

- O que aconteceu com ela? - o moreno respirou fundo.

- Ela fugiu mas Sasuke a trouxe de volta.

- Eu fui descuidada.

- Não se culpe Izumi, a sorte dela é que eu ainda não a vi.

- Por Deus Itachi não faça nada com ela - diz preocupada. - Ela agiu mal mas a entendo, esta assustada, cercada de desconhecidos.

- Mesmo assim, não quero vê-la em minha frente e não quero que você se aproxime dela outra vez. - ela iria contestar mas seu esposo se levantou da cama e saiu do quarto.

- Ele é tão preocupado as vezes. - diz suspirando e depois sorri.

Apesar de ter ido buscar conselhos com seu amigo, o mesmo parecia tão pensativo quanto ele já que andava de um lado para o outro, havia acordado cedo e ido direto para seu escritório na torre.

- Você está me deixando tonto desse jeito Shikamaru. - ele fala olhando o moreno pelo canto de olho.

- Desculpe - ele sorri nervoso e se senta ao lado do amigo no sofá. - Mas é bem complicado.

- Eu sei. - o loiro respira fundo.

- Conheço esse olhar, esta pensando em aceitar?

- Ainda estou pensando nisso, é de uma vida que estamos falando certo? - ele inclina a cabeça para trás. - Casamento não é brincadeira.

- Naruto, não está fixado com aquela garota ainda está?

- Não sei mais, acho que só fiquei atraído ou sei lá, mas não vou mentir que as vezes ainda penso nela.

- Tome uma decisão sabia, eu te aconselharia a dar uma chance a proposta de Hiashi-sama mas isso você decide.

O Nara se levantou e saiu, deixando Naruto com mais pensamentos do que quando veio.

- Em que fui me meter.

Ele se deitou no sofá e pôs o braço no rosto, quem sabe um cochilo não o fizesse por a cabeça em ordem para tomar uma melhor decisão.

Horas haviam se passado desde que sequestrou a garota, seus olhos gélidos a encaravam, ajoelhada em sua frente, suas mãos estavam amarradas atrás de si e sua cabeça baixa.

- Não vale a pena manter seu código de honra agora, é até irônico falar em honra quando a sua foi jogada no lixo.

O ruivo rodeava a loira como um leão prestes a atacar.

- Um dia você estava entre os cães mais fiéis e bem reconhecidos pelo líder do clã Uchiha e no outro, servindo homens bêbados e sem ética e se deitando com eles em troca de migalhas. - a garota rangeu os dentes com esta menção e serrou seus punhos. - Tudo isso porque se meteu com a chefona - ele riu soprado e se abaixou em frente à ela. - Não acha isso injusto?

- Tente o quanto quiser, eu não vou dizer nada, vai me matar de qualquer jeito não?

- Quem falou em matar? Você pode escolher Emi - Yahiko se levanta e abre os braços com um sorriso. - Pode escolher me contar o que sabe e em troca vem para meu lado ou escolhe me contar através da dor. - seu tom de voz muda de repente para uma voz fria.

- Se eu contar eles vão me matar.

- Não enquanto estiver sob minha proteção, vamos, você é uma garota bonita - o ruivo acaricia o rosto dela. - Odiaria ter que ferir esse rostinho.

Ela engoliu seco quando Yahiko deslizou seu polegar sobre seus lábios.

- É uma promessa?

- O que acha? Comigo pode conseguir o que quiser, muito mais do que possa imaginar.

Houve um breve silêncio na sala quase escura, Emi olhou para o lado e Yahiko seguiu aquele olhar apreensivo.

- Não se incomode com eles, apenas diga.

- Pode não parecer mas o clã Uchiha é a força de Konoha, são maiores em homens treinados e em armamentos.

Yahiko a ouvia atentamente enquanto a rodeava outra vez.

- Existem salas subterrâneas onde estão o laboratório do nosso médico Orochimaru e sua equipe, uma sala própria para treinos de diversos tipos e não menos importante, uma oficina onde criam as próprias armas.

- Eles que as fabricam? - ele pergunta um pouco surpreso.

- Sim, os Uchihas são responsáveis pelo bom armamento que é distribuído não só aqui mas é exportado para outras cidades.

- Hm, meus homens roubaram um caminhão cheio dias atrás, não imaginava.

- Não é atoa que são uma das famílias mais ricas, as pessoas pagam bem por elas.

- Mas estamos no subsolo da cidade, como não encontrei este lugar ainda? - ela ri soprado.

- Não vai conseguir, o lugar é totalmente camuflado por fora e conta com um sistema forte de segurança que pode detectar qualquer intruso.

- Mas você sabe como entrar não sabe?

- Sabia, a cada mês as senhas são trocadas.

- Isso é uma pena.

- Mas tem um jeito - ele a olha curioso. - O sistema é bom mas não é perfeito, com um vírus forte o bastante ele o detecta de imediato.

- E em que isso seria bom?

- Com o vírus, o sistema vai focar em elimina-lo e deixará parte do local vulnerável o que dá a oportunidade de alguém de fora alterar as senhas.

- Por quanto tempo?

- No máximo dez minutos.

- É muito pouco.

- Como eu disse, é o melhor sistema de segurança.

- Muito bem Emi, suas chances de entrar na Akatsuki estão aumentando, só preciso do lugar exato dessa oficina. - ela sorri. Não tinha nada a perder, ainda sentia raiva de Mikoto por tê-la posto naquele lugar sujo, ela enfim daria o troco.

- Seu chá tio. - o rapaz de olhos perolados põe a xícara em frente ao mais velho que deu um meio sorriso.

- Obrigado Neji. - ele diz tomando um pouco do líquido.

O mais novo se sentou a mesa ao lado do homem e o olhou preocupado, Hiashi percebeu e sorriu compreensível.

- O que te aflige Neji?

- Acha que fez bem em contar a ele sobre sua doença tio? Não estou questionando sua decisão mas...

- Entendo sua preocupação, mas eu confio naquele garoto e em sua família, na verdade confio mais neles do que no próprio Hiruzen.

- Acha que ele vai aceitar?

- Eu não sei, mas seria bom que aceitasse, ficaria mais tranquilo. - riu baixo e tomou mais um gole do líquido quente.

- Hinata não está feliz com a ideia, mal falou comigo desde que voltamos e hoje de manhã me ignorou completamente. - diz risonho.

Neji amava Hinata como uma irmã mais nova já que ambos cresceram juntos e com a morte de seu pai, ficaram ainda mais próximos e Hiashi sabia do carinho fraternal que ele possuía pela herdeira do clã.

- Não fique chateado meu sobrinho, uma boa conversa pode resolver isso não acha? - o mais novo suspirou derrotado.

- Vou tentar falar com ela mais tarde - ele se levanta. - O senhor vai até o cassino hoje a noite?

- Cuide de tudo por mim, qualquer coisa me avise. - Neji assentiu e se retirou da sala.

Hiashi respirou cansado e olhou para as árvores de seu jardim, faziam alguns meses que não as podava, isso porque quem o fazia era sua falecida esposa. O homem suspirou e tomou do seu chá.

- Quem sabe.

Ficar encarando o teto se tornou tedioso demais para Sakura. Se levantou da cama e andou de um lado para o outro suspirando nervosa, iria enlouquecer dentro daquele quarto. Havia sido proibida de ler os livros, não podia sair do quarto e tudo que tinha era apenas a vista da varanda e sua própria companhia.

A garota resmungou e se sentou na cama mais uma vez, cruzou as pernas e os braços. Fechou os olhos e enfim teve uma ideia que poderia ocupar um pouco do seu tempo.

- Se ele é um criminoso, deve esconder coisas perigosas. - sorriu travessa e mordeu o lábio.

Sabia que estava procurando briga com o Uchiha, ele certamente iria odiar vê-la fuçando suas coisas, mas o que os olhos não vêem o coração não sente.

Ela seguiu para o criado mudo, abriu suas gavetas e cutucou mas não achou nada que fosse de seu interesse. Caminhou até o guarda-roupa do rapaz.

- Até que pra um homem ele é bem organizado. - diz sem muito interesse.

Vasculhou pelos cantos e nos fundos, sentiu que uma das madeiras era diferente das demais, traçou seus dedos tendo enfim a certeza de que era um fundo falso mas para seu desgosto não pôde abri-lo já que pedia a digital do usuário.

- Será que nada aqui não seja com a digital daquele cara? - ela revira seus olhos e fecha as portas depois de se certificar que estava tudo em ordem.

Olhou para baixo da cama e se abaixou, tateou por ali e sentiu que havia algo, outra vez sorriu travessa e se deitou no chão pondo metade de seu corpo ali debaixo.

- Uma espada, que legal!

O que Sakura não imaginou era que seu anfitrião acabará de entrar no quarto. Seus olhos se demoraram nas coxas e pernas da Haruno mas por pouco tempo. Lentamente ele se aproximou, se abaixou um pouco e segurou nas pernas da garota a puxando, ela gritou pelo susto.

- Eu.. só estava limpando...

O moreno levou seus olhos para debaixo da cama e pode ver uma parte do cabo de sua katana fora do lugar, a olhou seriamente nos olhos, sabia que ela estava com medo agora.

Ele se abaixou sobre o corpo dela, quase sentando em seu colo, olhou suas mãos juntas próximas ao queixo como se estivesse protegendo.

- Qual parte do não mexa em minhas coisas você não entendeu?

- Você disse pra não mexer nos livros. - ela engoliu seco e ele sentiu uma veia pulsar em sua testa.

- É difícil você ficar quieta na droga de um lugar sem ter que fazer besteira? Por acaso tenho cara de babá?

- Não é o que você está sendo agora? Foi responsável por cuidar de mim não foi? - ela queria testa-lo, só podia ser, para rebate-lo dessa forma.

Sasuke trincou os dentes com aquilo, se levantou e levantou a Haruno pelos braços com força.

- Não brinque comigo garota, você não sabe do que sou capaz.

- Me larga, está me machucando!

- E vou machucar muito mais se você continuar agindo como uma idiota mimada! - ele a fez deitar na cama, em resposta ela gemeu baixo de dor e segurou forte sua mão esquerda.

O Uchiha viu o sangue escorrer da palma e deduziu que ela se cortou na lâmina da katana.

- Francamente. - ele a segurou no braço e a tirou da cama.

- Me solta!

- Fique quieta. - ambos saíram do quarto e Sakura temeu pelo pior.

- Pra onde está me levando? - ela não obteve resposta. Estranhamente Sakura começou a sentir sua mão queimar e ficar dormente.

O moreno seguiu até um elevador no fim de um dos corredores, entrou junto com a garota e apertou o botão para o subsolo.

- O-o que tinha naquela coisa?

- Veneno. - ele disse tranquilo e não se importou com a expressão desesperada da rosada.

As portas de metal se abriram e Sakura se deparou com um lugar totalmente diferente da casa. Pessoas andavam apressadas de um lado para o outro, usavam jalecos e faziam experimentos, julgou ser algum laboratório químico.

Estava admirada com os equipamentos avançados e não deixou de demonstrar seu interesse.

Sasuke notou o brilho nos olhos da garota, o que ele não virá desde que ela chegou na mansão. Continuaram a caminhar até uma parte mais tranquila, onde se localizava a enfermaria.

- Orochimaru. - o moreno chama o homem que estava de costas.

- Sasuke? Que raro vê-lo aqui em baixo - ele sorri de forma sombria, Sakura se encolhe atrás do Uchiha quando Orochimaru a olha, o moreno a vê por cima do ombro, próxima demais. - Então essa é a garota que pôs Izumi para dormir?

- Sim.

- O que os trazem aqui?

- Preciso que dê uma olhada na mão dela.

O homem se aproxima sério de Sakura que recua um pouco, ele segura sua mão ferida e respira fundo.

- O que andou fazendo com a garota?

- A pergunta certa seria o por quê ela estava mexendo onde não devia.

- Entendo, se aproxime menina. - Orochimaru caminhou até um armário e pegou um pequeno frasco com um líquido amarelado, a Haruno olhou para Sasuke apreensiva mas ele apenas se manteve inexpressivo.

Engoliu seco e se aproximou, se sentou numa das camas e segurou sua mão a deixando imóvel para que o veneno não se espalhasse mais.

- Isso vai doer um pouco. - ele injetou o antídoto na rosada.

- Não doeu - ele sorriu maldoso e logo a Haruno sentiu sua mal realmente doer, mas era suportável. - Que tipo de componentes você usou? - pergunta curiosa.

- Segredo.

- Vocês também fazem remédios? Foi você que plantou aquilo?

- Que paciente curiosa você me trouxe Sasuke - o moreno deu de ombros. - Ouvi dizer que estava estudando medicina.

- Estava, se não fosse por eles eu ainda estaria. - diz convicta.

- Creio eu que você é aluna de Tsunade, não é? - a garota o olha surpresa mas depois sorri.

- Sim, a melhor professora que já tive, você a conhece?

- Talvez sim.

- Vamos, não tenho o dia todo. - Sasuke diz impaciente e a rosada se chateia, desce da cama e caminha em direção a saída.

- Deixe-a ficar, quando o efeito do antídoto se completar eu a mando de volta.

Sakura sorri animada para Orochimaru, o Uchiha olhou dele para ela e respirou fundo.

- Eu venho quando anoitecer. - ele dá as costas e sai.

- Vamos ver se a Tsuna te ensinou bem.

- Ah não duvide. - era estranho ela se sentir um pouco mais a vontade com o Orochimaru, acabou de conhecê-lo, talvez o fato dele ser um médico - bem estranho ao seu ver. - a deixou tranquila.

Sakura ficou ao lado dele o tempo todo, vendo tudo que ele fazia e cada vez mais seu interesse despertava e ficava animada quando o homem a deixava fazer algo.

Seria ótimo poder estar ali todos os dias já que foi privada de ir a faculdade, porém, seu "protetor" a deixaria voltar ali? O jeito seria pedir diretamente a ele o que não lhe agradava muito.

Espero q tenham gostado, até mês que vem amores ❤️❤️

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