Não 아니
Hueningkai
O nervosismo pairava sobre todos presentes na sala, exceto a professora, é claro. Mesmo que eu pense que ela também está ansiosa para ver o resultado dos trabalhos dos seus alunos. Era o primeiro trabalho do ano, lógico que ficaríamos apavorados.
— Tudo certo para a nossa vez? — pergunta Jang-mi, pela terceira vez.
— Já disse que sim. — titubeei.
— Só quero me sentir segura. — responde, virando-se para a frente e mordendo seus lábios com força.
— Admite que você é ansiosa e necessitada por validação.
— Ei! Não é tão simples assim, tá? — ela parece ofendida.
Nossos nomes são anunciados e de imediato, a garota arregala os olhos, enquanto eu sorrio soprado, dando um tapinha em seu ombro direito.
— Vem, hora de descarregar essa agitação que está dentro de você. Coloque seu plano em ação, ok? Vai dar tudo certo. — estendo a mão para a garota sentada a minha frente.
— Mas, e se eu esquecer de alguma coisa...
— Me escuta. — seguro seu ombros, obrigando a mesma me olhar. — Não vai esquecer, tenho certeza disso. Posso não ter estudado com você nos anos anteriores, mas pelo pouco tempo que passei ao seu lado, tenho convicção que é inteligente o suficiente para fazer isso sem precisar se esforçar. Você vai conseguir, você é inteligente.
— Se eu fosse você, não confiaria tanto em mim assim. — murmura ela, mordendo sua bochecha.
— Para de se morder! E eu confio, tá? Você não pode me ditar o que posso ou não fazer. E você deveria fazer o mesmo. Por Deus, vou ter que pagar um psicólogo para você? — a assegurei, fazendo a mesma rir pelo meu sarcasmo.
Ela põe o notebook sobre a mesa e o abre, conectando ao mini projetor da sala. Fico por trás, observando os movimentos da mesma e quando ela para por alguns minutos, começando a se desesperar, apoio a mão sobre suas costas e pergunto:
— O que está havendo?
— Eu... eu não sei! Aqui diz que o arquivo foi corrompido.
— Como assim? Ele estava salvo até ontem. — tento abrir o documento, mas estava inválido.
— Aí meu Deus, Hueningkai. — Jang-mi coloca suas mãos sobre a boca e começa a ficar ofegante.
Por favor, não.
Não, não, não, não.
Não chore, não sei como lidar com garotas que choram.
— Shhh, se acalma. Vamos tentar converter mais uma vez, tudo bem? Vou pedir ajuda da equipe de informática. — enxugo as poucas lágrimas que escapam de seus olhos, e a mesma assente, engolindo seu choro.
— Está tudo bem? — a professora se aproxima de nós, preocupada.
— Bem, mais ou menos... — respondo, com as mãos na testa, perdido. — Nosso arquivo foi corrompido. Pode passar outros grupos na frente até que consigamos resolver?
— Claro! Posso fazer isso sem problemas. Leve a Jang-mi para tomar um ar, ela está tensa. — sua voz grave, soou.
Assinto, pegando na mão de Jang-mi para sair da sala, porém a professora me chama mais uma vez, fazendo-nos virar.
— Sabe dizer se alguém além de vocês mechou nesse trabalho?
— Não, senhora. — Jang-mi respondeu baixinho.
— Bom, eu mostrei para a Jina. Ela me ligou tarde da noite desesperada sobre como faria, e eu só mostrei como fizemos o nosso para... Espera. — olho para Jina, que está sentada no fundo da sala, evitando o encontro com o meu olhar, mas percebo um sorrisinho se formando em seus lábios. — Já sei o que pode ter acontecido.
Faço uma reverência para a professora, e saio com Jang-mi. Asseguro de que ela está sentada e tenha voltado a respirar normalmente, sem soluços. Vou até a cantina e a compro uma água, fazendo ela beber uma boa quantidade aos poucos.
— Não precisava gastar dinheiro comigo.
— Pelo amor de Deus, é uma água. E isso tudo foi culpa minha, vou resolver, prometo. — estendo um guardanapo, e limpo um resquício de água que acabou por escapar de sua boca, molhando um pouco seu rosto.
Noto que estamos próximos demais, pois consigo sentir sua respiração. Olho para cima e a vejo me encarando, estática.
O que eu estou fazendo?
— Não foi culpa sua. — ela quebra nossa tensão ao falar.
Sorrio, e tento reconfortá-la pelo máximo de tempo que conseguimos. Mais tarde, ela se queixa de dor da cabeça, e pergunto se quer um remédio para passar, mas a mesma me nega, alegando de que ligaria para seu pai vir buscá-la. Acabamos nos despedindo e marcamos a apresentação do trabalho para outro dia, já que a equipe da informática estava com muitas demandas e não conseguiria dar conta de tudo hoje.
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— O que você fez?
— Não fiz nada que ferisse alguém. Ou fiz? — debocha Jina, quando estamos sentados no meu quarto.
— Acha engraçado a ceninha que você me fez passar hoje? Que patético. — reviro os olhos.
— Achei páreo para aquela menina. E aliás, por que você ficou um tempão fora da sala com ela? Fui motivo de chacota entre minhas amigas. — ela faz um biquinho, ofendida.
— Acho bem feito. Você é louca. Só porque não fiz o trabalho com você acha que tem o direito de interferir na minha vida e prejudicar os outros só porque estão comigo? — vociferei.
— Não são todos "outros" — enfatiza, ela. — É só que não sinto que você deva ficar perto daquela menina.
— Jina, eu tô cansado de você. — balaço a cabeça, em negação. — O que você fez hoje foi desrespeitoso, e não prejudicou só a mim, mas também a garota com que fiz o trabalho. Ficamos até tarde ontem resolvendo, e só porque você teve uma crise de ciúmes teve uma atitude tão infantil como essa?
— Você não entende que eu só estou cuidando do nosso relacionado e preparando você? — ela tenta me segurar, mas me livro do seu toque.
— Me preparando? — repito, incrédulo. — Prefiro morrer a ter uma esposa como você. Conversarei com nosso pais e chegaremos a conclusão de que não dá mais para ficarmos juntos. Estou sendo prejudicado demais.
— Não pode fazer isso! Mamãe está passando por alguns problemas e... — rebateu ela, tentando achar argumentos inválidos.
— Não me interessa o que sua família está passando. Não acha que essa desculpa está ultrapassada? — ela se nega a olhar para mim, focando em algum ponto no chão e começa a chorar, silenciosamente. — Espero que ao menos esteja arrependida dos seus erros.
Me levanto e bato na porta com força, bufando logo em seguida. Toda aquela sensação boa ao estar do lado de Jang-mi desde ontem evaporou, desde que adivinhei que minha noiva havia destruído o nosso trabalho. O que mais me inquietava, era que eu não estava arrependido do que tempo que gastei com Jang-mi, e estava disposto a correr o risco de acabar com a escolha que meus pais me predestinaram.
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