vinte e um




- O que meu pai queria quando ligou?

Perguntei depois de entramos no carro dele e ele sair com o automóvel.

- Ele queria saber sobre você, e sobre quem eu era claro. Eu disse que você estava bem e que ele poderia ligar mais tarde, falei que você estava chateada e que precisava se distrair e por isso, estava comigo.

- E o que ele disse?

- Disse que depois ligava.

- Fácil assim? - isso é uma surpresa. - E como ele parecia? Irritado? Bravo?

- Não sei, acho que calmo. - ele olhou pra mim por um momento. - Era pra ele estar irritado?

- Acho que um pouco. - dei de ombro. - Desculpa por ter sido grossa, não queria ter falado daquele jeito.

- Tudo bem querida. - ele tocou minha perna nua. - Eu não deveria ter atendido, eu sei. Mas, eu sei como você está, só queria que você se sentisse bem.

- Eu estou bem.

- Não totalmente. - ele apertou meu joelho. - Só queria ajudar.

- Eu sei, me desculpa.

- Está tudo bem, Eve. Mais tarde você resolve isso, estou aqui se você precisar, sabe disso não é?

- Sei sim. - eu toquei sua mão que estava na minha perna. - Obrigada.

;;;

Estávamos no centro de Roma.

Michele disse que precisava comprar algo para usar no seu primeiro show.

Então, estávamos em uma loja de roupa de grife escolhendo algo.

- O que acha dessa? - ele perguntou enquanto mostrava uma camiseta estampada. - Bonita, não é?

- Não. - fiz uma careta. - Chama muita atenção.

- Sério? - ele sorriu grande. - É isso que eu quero mesmo, e eu gostei dela.

- Claro que gostou.

Eu tinha dado uma rápida espiada no closet dele hoje e tinha visto muitas camisas estampadas, uma mais feia que a outra.

Mas é claro que nele ficaria bonito, o que não ficaria?

Ele é bonito de qualquer jeito, mesmo que ele esteja vestindo uma camisa feia iremos dizer: Essa camisa feia fica bem no Michele. Por que é a verdade.

- E essa? - ele mostrou outra camisa estampada, essa até que era bonitinha. - O que achou?

- Baby, você deveria usar alto neutro. - falei e olhei em volta da loja. - Que tal branco? - apontei. - Vai ficar bom e combina com a sua cor de pele, mas, se você quiser levar essa também, tudo bem. Você experimenta e vemos qual ficou melhor.

- Certo. - ele ele tocou meu queixo e beijou minha boca rapidamente. - Vamos levar as três!

- As três?!

;;;

Estávamos em um restaurante italiano de massa. Ele tinha falado que eu precisava comer pois daqui a pouco eu sairia voando. Eu não reclamei por comer,claro, estávamos na Itália, daqui veio a massa, aqui existe a melhor massa. Eu pedi um macarrão com queijo e ele um Calzone.

Eu amava macarrão com queijo.

Ele tinha achado tudo que queria, eu acho. Ele era muito indeciso e demorava horas para se decidir sobre algo e, não levava minha opinião em conta.

Estávamos lado a lado na mesa, esperando nossos pratos chegaram.

Ele estava vendo algo no celular e eu estava vendo ele ver algo no celular.

Ele era muito bonito e tão atraente, que droga.

E eu me sentia atraída, muito atraída.

Mas quem não né?

Acho que eu passaria a eternidade olhando pra ele, sério.

Ele estava vestindo uma camiseta preta de manga curta que deixava todo o seu braço a mostra, e que braços, e uma parte de suas inúmeras tatuagens.

- Você pensa em fazer mais tatuagens? - perguntei e toquei seu braço. - Doeu?

- Acho que sim. - ele largou o celular na mesa. - E não, não doeu. Mas dor é relativo, em uma pessoa pode doer já em outra não. - explicou. - Por que? Quer fazer alguma?

- Talvez. - dei de ombro. - Eu não curto agulhas, você sabe.

- Tem lugares que dói mais que outros, mas não é nada muito dolorido.

- Você já tem muitas, já se acostumou com a dor, é duvidoso.

- Caso você faça alguma, vai ver que não é tudo isso.

;;;


- Qual será o nosso cronograma? - perguntei.

Estávamos em mais uma loja só que dessa vez, eu estava procurando uma roupa pra mim usar amanhã.

- Completo?

- É, eu acho. - eu estava olhando um vestido muito bonito, mas lembrei que estava frio na Polônia. - Eu vou de calça, ainda está frio lá.

- Bom, nosso vôo é as duas da manhã. - falou e veio atrás de mim, eu estava olhando uma calça jeans que cotinha alguns rasgos. - É bonita. Lá eu vou ter que ensaiar, tenho um Q&A pra falar do meu álbum e a noite, umas sete, ou oito horas, é a minha apresentação. Depois que acabar, voltámos pra cá.

- Então não preciso levar bagagem?

- Não, querida, iria ser desnecessário. - ele riu. - Vamos voltar amanhã mesmo.

- Entendi. - eu ainda estava olhando a calça, decidido se levaria ela ou não. - E seu amigo?

- O Raffaele? - peguntou e eu balancei a cabeça e, peguei a calça, eu iria levar ela.  - Ele é fotógrafo, vai tirar umas fotos.

- Ele é fotógrafo? - perguntei surpresa. - Isso é interessante.

- Por que? - perguntou.

Olhei em volta e procurei alguma blusa que iria combinar com a calça e achei uma de cor preta, então fui até ela. Ela era rendada e de alças, era um pouco curta e com certeza deixaria minha barriga a mostra, nada que um casaco não resolva.

- É bonita não é? - mostrei a ele e ele apenas balançou a cabeça. - Vou levar.

;;;

- Por que é interessante ele ser fotógrafo? - ele pergunto logo que entramos no carro.

- Quem?

- O Raffaele.

- Ah, é que ele não tem o tipo.

- Então ele tem o tipo de que?

- Eu não sei... - pensei um pouco. - Acho que ele o tempo de ceo frio e calculista sabe?

- Sei. - ele riu alto. - Mas não, querida, não tem nada a ver.

- Acho que é a barba que intimida, ou o fato dele ser tão sério.

- É acho que sim. - ele parou no semáforo e olhou pra mim. - O que achou da barba dele? - ele sorriu e tocou minha perna. - Hmm?

- As vezes você faz as coisas pra me irritar né? Eu odiei, já disse que só gosto da sua.

Risonho, ele apertou minha perna e logo retirou a mão voltando a pegar a direção do carro.

- É bom saber disso, baby.

;;;

Tínhamos acabado de entrar no apartamento dele quando meu telefone tocou e eu peguei pra ver quem me incomodava, era meu pai.

- Eu vou atender ele. - falei para o Michele. - Já volto.

Logo que fechei a porta do quarto atrás de mim, atendi meu pai.

- Oi, pai.

- Oi, pai? - praticamente gritou. - Eve Allen Stasiak, você endoidou foi? Onde você se meteu? Você sabe que o último semestre é o pior? Qual o seu problema? Volte pra casa!

- Pai...

- Eve, não! - me interrompeu. - Filha, é sério, você tem que voltar pra casa, o Enzo ele...

- O Enzo o que? - essa era boa. - O que tem o Enzo?

- Ele está preocupado com você e...

- Preocupado? - ri. - Agora ele está preocupado? Ele também estava preocupado quando eu o encontrei há alguns dias atrás transando com uma mulher? Ele deve estar muito preocupado mesmo, até imagino o por que.

Como pode ser tão cínico?

Como eu pude passar anos com um cara desse?

Eu só sinto nojo.

- O que?

- É, pai. Isso mesmo que você ouviu, o seu querido Enzo me traiu. Vai ver não foi nem a primeira vez, devo ser burra demais pra perceber algo assim.

- Você não é burra, Eve, eu já te ligo de volta.

E desligou na minha cara.

Maravilha.

Michele entrou no quarto algum minutos depois e perguntou se estava tudo bem.

- Está.

- Resolveu o que tinha que resolver?

- Não, meu pai vai me ligar de volta. - falei. - Ele desligou na minha cara.

- Tudo bem. - ele riu e se aproximou, ele tocou meu queixo com os dedos e inclinou minha cabeça para olhá-lo.

- O que?

- Nada, querida. - ele sorriu e se inclinou para baixo, colocando nossos lábios por um breve momento, para depois de levantar. - Quando você acabar vamos no mercado, preciso comprar algumas coisas pra você comer.

- Tudo bem.

Quando eu voltasse pra Londres, estarei uma pequena bolinha por causa do tanto de comida que vou comer enquanto estiver com ele.

Eu que não vou reclamar.



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