Capítulo 9


 BEATRIZ

– Já vai – gritou da porta e bem baixinho para mim acabo murmurando: – inferno, parece que vai derrubar o portão.

Quando enfim viro a chave e forço a maçaneta para baixo e o portão se abre tenho a maior surpresa de toda, meus irmãos, minhas cunhadas e todos os meus sobrinhos estão parado na calçada, meu coração acelera em felicidade por todos estarem aqui , mas meu sorriso vai murchando quando observo a cara das minhas cunhadas. Elas estão um pouco mais para trás e suas bocas me dão um aviso silencioso:

"Corre, agora" presto atenção no que a Lívia está tentando dizer e só aí encaro o rosto dos meus irmãos que estão me encarando como dois toros bravos, minha cunhada Camilly, faz gestos com as mãos para que eu me afaste e é isso que eu faço, pois se as duas estão tentando me alertar e porque a coisa deve ser séria. A última vez que o Benício me olhou desse jeito foi quando eu bebi todas na calourada da universidade, bati na porta dele, vomitei no tapete e ele teve que me dar banho.

– Tia Bea ta encrencada – a linda da minha sobrinha mais velha Larissa fala e os gêmeos caem na risada o que me deixa ainda mais apreensiva.

Começo a pensar no que eu posso ter feito de errado para merecer uma visita em peso da família inteira. Dou um passo para trás e abro um sorriso fofo para meus irmãos com a intenção de derreter o coraçãozinho deles dois, me sinto como uma menina levada que vai receber bronca dos mais velhos, sei que é patético, mas eu nunca gostei de ser repreendida e figuras de autoridade me deixar intimidada. No hospital, na minha sala de cirurgia, eu sou segura de mim e o meu local de comando eu sou a rainha, mas na vida eu sou sensível e detesto confrontos, por isso dou mais um passo para trás.

– Pode parar por aí mocinha – Bento fala

– você não vai fugir da gente. – é a vez do Benício falar

– Viemos passar o fim de semana cunha – Lívia fala – eu juro que tentei impedir mas o Benício é um cabeça dura e disse que vinha de qualquer jeito então vim segurar a fera que tem dentro do gordinho.

– Eu já disse eu não gosto de ser chamado assim amor.

– Há mais aquela v.a.g.a.b.u.n.d.a – ele soletra, creio que para as crianças não entenderem – você deixava te chamar assim né.

Aproveito a pequena discussão que os dois iniciam e vou me afastando calmamente, mas com pressa, mas não chego muito longe quando escuto:

– Você não devia fugir da minha filha, esses cães ladram mas não mordem. Eu já não te disse que você deve se impor mais Beatriz

– Papai eu não tinha visto você ai – senhor Vitório me olha de sua cadeira de roda e sorri pra mim, vou até ele e peço a benção e beijo seu rosto sentindo a barba me pinicar um pouco, ele reforça baixo para mim que eu devo me impor então eu tomo coragem é é isso que faço. – Vamos entrar, não é educado ficar conversando na porta da rua.

– Beatriz.. bento começa mas eu o corto.

– vamos entrar agora – falo firme – a vovó vai ficar feliz por ter vocês aqui, e pelo monte de malas parece que vocês vieram passar a semana e não três dias, então vamos ter tempo para conversar depois que vocês se acomodarem.

– Arrasou cunhada, bota eles no lugar – Camilly fala e levanta a mão e a minha vai de encontro a dela. – será que seu pedir a sua avó faz aqueles doces gostosos que são segredo de família?

Eu e meus irmãos nos entreolhamos e ameaçamos rir por saber bem qual é o segredo da vovó Matilde em relação aos doce. Mas logo a cumplicidade some e meus irmãos voltam a olhar pra mim com a cara amarrada, ou grandões da minha vida passam por mim contrariados levando as malas pra dentro e eu Já vi que o dia vai ser longo.

***

– Então agora que já nos instalamos – Bento começa

– Já comemos... – Benício continua

– Já conversamos com a vovó sobre os últimos vinte anos... podemos finalmente falar sobre os quase dois milhões que você transferiu da sua conta mocinha?

– Então o drama todo era por isso? – eu achei que sei lá eu tinha feito uma besteira, eles chegaram aqui como um furacão que imaginei um os piores cenários – quer dizer que vocês despencaram de Curitiba até aqui, de carro, com o papai a tiracolo para vocês me questionarem sobre o que eu faço com o meu dinheiro?

Dessa vez ninguem prescisa me incentivar a me impor, eu estou irada com esses dois idiota que pulo do sofa onde estava sentada e fico de pé enfrentando os dois de igual, essa situação toda me paree um dejavu, mas paro os pensamentos aletorios e volto a me concentrar nos neandertais que eu chamo de irmãos.

– Eu estou esperando uma explicação agora Monteiros. Como vocês sabem do dinheiro que eu tirei da minha conta particular?

– Primeiro somos seus irmãos mais velhos e nos preocupamos, segundo o Benício gerencia nossas contas e quando há uma grande movimentação ele é avisado, ele sabe até dos meus gastos, terceiro você nunca tirou uma quantia tão grande de dinheiro das suas finanças sem falar com a gente antes. Pelo amor de Deus o Benício quem comprou todos os seus carros. – Bento vai pontuando as coisas em seus dedos como se eu fosse uma criança. – então eu acho que nós como seus irmãos mais velhos ficamos preocupados.

– Vocês acham que eu não sei quê porque vocês machos não conseguem controlar as esposas, tentam fazer isso com a minha vida, mas eu tenho uma notícia para dar: eu não vou permitir isso.

– Você tá fugindo do assunto, Bea conta pra gente, somos seus irmãos e estamos preocupados. Não é questão de controle maninha e que nós te amamos e você anda estranha desde que tudo aquilo aconteceu – Benício fala com voz mansa o que me enche de raiva, pois está conseguindo me abrandar com as palavras cálidas.

– Diz pra gente que você não tá envolvida com drogas pesadas

– O que ? de onde você tirou essa merda Bento? – respiro fundo tentando manter meu controle e não estrangular o barbudo a minha frente – eu ganhei uma aposta.

– Claramente são drogas Benício, ela não sabe que quando se ganha a aposta você ganha mais dinheiro não perde dois milhões.

– Ela é uma médica brilhante, ela sabe que quando se ganha a aposta a conta bancária sobe não é defasada.

– Por isso que as drogas são a opção mais plausível nesse casso, ela passou por muita coisa nos últimos meses deve ter se desestabilizado. – eles ficam discutindo como se eu não estivesse aqui o que me deixa ainda mais irritada então me lembro de quando éramos crianças e eles vinham passar as férias aqui no interior e me irritavam o dia inteiro implicando e puxando as minhas tranças.

Eu faço pinça com os dedos, miro na região dos mamilos dos dois idiotas e aperto com toda minha força. Em segundo tenho os dois de quase de joelhos e eu não paro de apertar. Percebo minhas cunhadas vindo da cozinha, mas param na divisa da porta e percebo ambas se divertindo com a cena.

– Ta bom, ta bom! eu desisto e a Beatriz e a rainha do mundo todo – Benício grita, ele sempre foi o primeiro a se render.

– Bebe chorão – eu falo soltando ele, mas não o Bento ele sempre foi durão, mas nesse jogo eu sou mais – desiste irmãozão, você sabe que não vai aguentar muito tempo

– Eu não sou mais um adolecente, sou um homem adulto pai de três filhos e não vou passar por arregão. – ele fala entre os dentes mas percebo que seus rosto está ficando vermelho.

– Você sabe que eu sou uma cirurgia cardíaca, minhas mãos foram treinadas para segurar um bisturi por horas, sem vacilar, sem soltar e sem desistir – falo com ele com as sobrancelhas levantadas em sinal de desafio ele olha pra mim com a cara fechada e como resposta eu aperto mais o seu peito.

– Eu desisto e a Beatriz e a rainha do mundo todo – ele fala rendido e eu levanto os braços para cima como a vitoriosa que eu sou e as minhas cunhadas batem palmas animadas.

A vovó está parada na ponta da escada olha para a gente com o mesmo olhar de desgosto de quando a gente era criança e deixava ela louca, mas no final ela dá uma piscada marota pra mim e sobe as escadas. Quando os ânimos se acalmam e resolvo deixar a raiva e as brincadeiras de lado e ter uma conversa séria com os meus irmãos, pois no fundo sei que eles falam sério quando dizem que estão preocupados comigo.

Conto a eles tudo sobre o Gregório, o Lorran e a situação que eles estão passando. Conto que o Gregório não queria aceitar o dinheiro, mas o estado de saúde do pequeno menino está delicado e então por fim falo sobre o jogo de sinuca que eu saí vitoriosa.

– Olha minha irmãzinha de coração de ouro aí gente. – Bento fala e beija o topo da minha cabeça.

– Nós queremos ajudar também, vamos lá falar com o Gregório, eu me lembro dele de quando a gente vinha passar férias e ficava pelas ruas jogando futebol com a molecada. Eu sei bem como é ter uma filha a beira da morte e precisando fazer uma cirurgia de grande porte. – Benício fala com a voz triste como sempre acontece quando ele se lembra do problema de saúde da minha sobrinha que precisou passar por um transplante. – vamos lá falar com ele se precisar eu trago o médico aqui pro brasil.

– Primeiro vocês não vão se meter, já foi difícil o bastante convencer o Gregório a aceitar o dinheiro. Segundo eu já cuidei de tudo e por isso movimentei o dinheiro na minha conta eu entrei em contato com o doutor Gutemberg tivemos uma longa conversa e decidimos que ele vai vir ao Brasil realizar a cirurgia, por isso eu movimentei a minha conta paguei tudo que era necessário desde a prótese óssea ao pagamento do médico.

– você fez o quê? – olho para trás e Gregório está parado na porta da cozinha com uma expressão nada boa, droga, não era pra ele ficar sabendo assim. 

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