Capítulo 25
GREGÓRIO
— Anda rápido Lorran ou eu vou deixar você para passar a véspera de natal sozinho — grito da sala e recebo um "já to indo" como resposta e reviro os olhos.
Ainda estamos hospedados na casa da Beatriz e para mim está sendo muito estranho ficar aqui sem ela, eu nem consigo passar pela porta de seu quarto sem sofrer, minha vida de fazer visitas no hospital não mudou com a saída do Lorran, pois todos os dias volto para ficar com a Bea o maior tempo possível. Tem sido difícil para ela e vejo que até o brilho de seu olhar se apagou um pouco pelo que aconteceu, ela vem tendo pesadelos todos os dias e me liga aos prantos e então fico por horas a fio com ela ao telefone, mas o que eu queria de verdade e estar ao lado dela para abraçá-la e cuidar dela.
— papai, o que você acha? — Lorran pergunta parando a minha frente.
Meu filho está vestido com uma camisa vermelha, calça Jeans seus velhos tênis, que eu já cansei de falar para ele jogar no lixo, e casaco na cor preta. Os cabelos ainda estão trançados assim como os meus, o que na minha opinião deixa o meu menino super estiloso.
— Você está lindo – afirmo.
— Acha que a lari vai gostar?
— Ela vai adorar filho — respondo e ele abre um sorriso brilhante, eu acho fofo a devoção que ele vem tendo com a nova amiga. Eles até andam se chamando de primos e meu filho trata os pais dela como família. — Agora vamos todos já devem estar lá.
— Acha que a tia Bea vai gostar da surpresa?
— Tenho certeza que ela vai amar, filho. Vai pegar as sacolas na mesa da cozinha que eu vou lá chamar o elevador.
Chegamos ao quarto do hospital e a bagunça já estava formada, o lado bom de ser rico é que eles pagam por quartos hospitalares que parecem verdadeiras suítes de hotel e só assim para caber a família Monteiro inteira reunida. As crianças estão sentadas em um grande tapete que foi colocado em um dos cantos do quarto e é para lá que meu filho vai assim que entramos, o senhor Vitório está conversando em um canto com os filhos, Camilly e Lívia paparicando o bebé Isaque e a minha Beatriz sentada na cama conversando com a avó. Comprimento a todos antes de chegar até minha mulher e dar um pequeno beijo nela, Dona Elisa se levanta e vai para perto dos netos nos dando um pouco de privacidade.
— Eu estava esperando por vocês — ela fala se ajeitando melhor na cama e não me escapa seu nariz se enrugando um pouco, conheço a Beatriz o bastante para saber que ela está com dor, mas não quer preocupar a sua família.
— Como você está se sentindo?
— Feliz — responde apenas.
— E o que mais? — insisto.
— Com bastante dor, minha cabeça parece que vai explodir e a minha mão parece que vai cair do corpo a qualquer instante. — fala baixinho e eu me preocupo que possa ser demais para ela — mas acima de tudo eu to feliz, amo o natal e pra mim é especial ter todo mundo aqui.
— Eu trouxe um presente — faço e levanto a sacola em sua direção e vejo os olhos dela brilharem.
— Todo mundo está me bajulando hoje, ganhei vários presentes e tô adorando
— Uma mimada como sempre — brinco e ela me olha feio.
— A segunda pessoa que me chama de mimada hoje, da aqui meu presente.
Entrego a ela a primeira sacola vermelha e ela até se senta mais ereta na cama. Observo ela tirar o embrulho e rasgar o papel e quando vê do que se trata ela dá um gritinho empolgada o que me faz rir.
— Que fique registrado, eu acho esse troço muito feio, foi o Lorran quem escolheu, então é o presente dele — falo torcendo a boca para o pequeno boneco colecionável do palhaço medonho do filme IT A COISA. A Beatriz por algum motivo é apaixonada pelo livro e pelo filme desse troço horrendo.
— É tão macabro, eu amei obrigada!
Não consigo entender como ela pode parecer tão fofa e meiga, mas amar filme de terror e quanto mais macabro melhor para ela, delicadamente Beatriz coloca o boneco no colo e continua fuçando a sacola que só tem mais um embrulho.
— Aí Gregório eu amei é perfeito. Coloca em mim.
Eu me levanto e pego o colar da mão dela, como o cabelo está com uma trança longa o que facilita meu trabalho, puxo o delicado fecho do colar e o coloco em seu pescoço e ela sorri tocando o pingente em forma de estetoscópio com um pequeno diamante no centro.
— Eu também tenho um presente para você — ela fala me surpreendendo — Lívia pode me entregar as minhas sacolas?
– Aqui está — a cunhada entrega duas sacolas grandes que ela nem dá conta de segurar sozinha já que está com uma das mãos imobilizadas.
— Essa é para você e a outra para o Lorran.
— Presente para mim? — Meu filho se levanta com um pulo e vem para perto da cama, nisso ele presta atenção, garoto danado — Legal.
Imitando o que a Bea fez ainda a pouco eu rasgo o embrulho do que está envolto na caixa e quando vejo o conteúdo meus olhos se arregalam e juro que meu coração acelerou, ainda sem acreditar eu levanto a tampa da caixa de sapatos.
— Feliz natal! você gostou? — Ela pergunta com um sorriso presunçoso de quem sabe que a resposta vai ser afirmativa.
— Como você conseguiu isso? Estão esgotados, eu estou na lista de espera e a previsão é para seis meses à frente.
— A Camilly me ajudou.
– Sabe querido Gregório se tem uma coisa que eu entendo e de fazer comprar – a loirinha se gaba.
— Eu que o diga — Bento pronuncia e recebe um tapa da esposa o que faz todos rirem, mas eu não estou prestando muita atenção.
Tudo que consigo enxergar agora e a preciosidade em minhas mãos um Levit maxpro original, simplesmente o melhor e mais cobiçado tênis do momento da empresa MaxPro e assinado pelo brasileiro Levi Torino um jogador de basquete brasileiro que atualmente está na NBA e para completar é da cor vermelha que esta super esgotado no país inteiro, pois essa cor foi uma edição especial.
— Como você sabia? — questiono me sentindo ainda meio chocado
– Além de saber que você tem uma coleção de tênis, numa das nossas conversas pela madrugada a fora você me falou que estava na lista e que queria muito esse sapato.
— Não chama de sapato.. chama de obra prima. — falo e ela sorri. — obrigada eu to realmente muito feliz pelo presente.
Chego mais perto e pelo fato de seu lábio ter um corte, a beijo com delicadeza.
— olha papai o meu é igualzinho. — Lorran vem me mostrar a cópia idêntica do tênis que está em minhas mãos .
Os outros homens vêm para perto e eu mostro meus novos sapatos favoritos da vida, engatamos uma conversa sobre esportes e a noite vai seguindo de forma tranquila, depois de um tempo resolvemos comer, pois em breve teríamos que ir embora já que a Beatriz precisa descansar e o hospital deu hora marcada para gente partir. A comida estava maravilhosa e o clima de felicidade só tornou tudo melhor, quando o relógio bate às dez da noite desejamos feliz natal e abraçamos uns aos outros .
Eu só consigo ser grato nessa noite, pois é o primeiro natal que vou passar sem a preocupação pensando em meus ombros, o meu filho finalmente está bem, saudável e com uma linda perspectiva de futuro. Apesar do que aconteceu a Beatriz está se recuperando e saber que ela vai ficar bem é mais um motivo para agradecer.
— Tio Greg — Larissa chama minha atenção e eu sei que lá vem bomba, já conheço a figura o bastante para saber que quando ela usa esse tom de voz e que vai pedir alguma coisa. — Você sabia que eu já estive muito doente?
— Sabia sim, você até já me mostrou sua cicatriz.
— É verdade, então o senhor sabe que eu sei cuidar de alguém que fez uma cirurgia — olho além da menina e percebo a mãe dela segurando a risada — sendo assim o Lorran pode dormir lá em casa hoje? Vai ser super legal a mamãe fez uma árvore enorme e encheu de presente, eu escolhi um monte pro Lorran e ele não pode perder isso.
— E pai por favor deixe eu quero muito fazer a noite do pijama de natal.
Pondero por alguns segundos se vou permitir apesar dos médicos terem dado ao Lorran alta total e terem garantido que o meu filho agora pode viver a vida normalmente, parte de mim ainda é super protetora, eu penso nos piore cenários possíveis e tenho vontade de guardá-lo em uma bolha, onde eu possa protegê-lo de tudo. Mas eu sei que é injusto e que ele já perdeu coisa demais na vida por isso lutando contra todos meus instintos protetores eu respondo.
— Ele pode sim, mas vou buscá-lo pela manhã para passar o natal comigo. — As crianças começam a gritar comemorando e ver a felicidade do meu filho e a confirmação que fiz a coisa certa.
Arrumamos toda a bagunça que fizemos e deixamos o quarto impecável. A dona Matilde ajuda a Beatriz a se trocar e vestir um pijama e eu a coloco na cama, pois percebi que a noite começava a cobrar seu preço pela careta de dor que ela faz vez ou outra. Todos se despedem e somente eu fico por mais alguns minutos com ela.
— Eu queria te beijar de verdade — ela fala enquanto eu me deito ao seu lado — você está especialmente mais gostoso hoje.
– Acho que os analgésicos estão mexendo com sua cabeça eu to igual a ontem.
— Pode ser que seja a saudade e o tesão falando por mim — ela fala sonolenta e eu riu baixo.
— Você não estava com dor doutora safada?
— Posso facilmente estar com dor e com tesão, uma coisa não tem nada a ver com a outra.
— Você está impossível hoje — tomo ela em um beijo mais demorado, porém tomando todo o cuidado. — Tenho mais um presente para você, mas queria entregá-lo quando estivéssemos a sós.
Retiro a caixinha de cor preta do meu bolso e abro mostrando a ela as alianças finas de ouro branco.
— Eu também presto bastante atenção nas nossas conversas e você uma vez me disse que morria de vontade de usar alianças de compromisso e que aquele verme nem para isso serviu, nem mesmo quando ficaram noivos.
— Gregório... — chama meu nome emocionada.
— Tenho uma pergunta para você.
— Qual pergunta Gregorio?
— Aceita namorar comigo, Beatriz? Acho que já deixei claro minhas intenções com você então então nada mais justo que formalizar nossa relação.
— Eu aceito — responde e começa a chorar, pego a mão dela que está boa e coloco a aliança no dedo anular e dou um beijo sobre ele e Beatriz faz a mesma coisa comigo. Ficamos abraçados vários momentos apenas curtindo um ao outro.
— Gregorio? — ela chama quando está quase dormindo em meus braços — você acabou de deixar o natal mais especial.
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conta pra mim o que voces acharam do pedido de namoro?
nossa historia esta na reta final e confeso que não to pronta para me despedir desse casal, e você?
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