Capítulo 24


– Surpresa! – Vozes gritam ao meu redor e eu abro os olhos desorientada.

Acordo com meu quarto sendo invadido e ainda meio grogue, tanto pelo sono quanto pelos analgésicos que vejo minha família inteira entrando no meu quarto de hospital, eles trazem um monte de sacolas nas mãos e meus sobrinhos assim que me veem vem correndo em minha direção.

– Tia Bea, estávamos com saudades – Mateus fala e quero me levantar e pegá-lo no colo, mas me contenho em abraçá-lo de modo desajeitado.

– Eu também estava morta de saudades de você meu amor, aliás de todos você. Mas o que tá rolando aqui? – Pergunto mais alto para que os adultos me escutem.

– Viemos te fazer uma surpresa minha linda – papai conta se aproximando da minha cama hoje ele não está na cadeira de rodas e sim andando com o auxílio da bengala – não achou mesmo que essas malucas iam permitir que você passasse a véspera de natal sozinha.

– E nós não íamos mesmo, a família tem que estar unida – Lívia fala mexendo em algumas, das várias, sacolas que trouxe e então vejo ela abrindo uma pequena árvore de natal e colocando sobre uma bancada que fica perto da televisão no quarto.

Meus olhos ameaçam se encher de lágrimas e então sinto a mão do meu pai sobre a minha, o encaro e vejo que está tentando me dizer com o olhar que vai ficar tudo bem

– Como vocês conseguiram que o hospital liberasse essa loucura? – pergunto me recompondo um pouco, limpando as lágrimas furtivas que caíram dos meus olhos.

– Você é muito querida por todos aqui – camilly diz prestando atenção em mim – eu vim pronta para briga, mas assim que falei sobre a minha ideia todo mundo concordou, o diretor do hospital só disse que não podemos ficar até tarde pois você precisa de descanso, mas por algumas horas estamos liberados.

– E que ideia é essa? – pergunto enquanto tento com uma mão só dar um jeito no meu cabelo que deve estar pior que um ninho de pássaros.

– Vamos fazer a ceia de natal aqui com você tia – Larissa grita animada enquanto segura um laço vermelho natalino.

Começo a prestar atenção no que todos estão fazendo, meus irmãos estão montando a pequena árvore de natal enquanto meus sobrinhos ajudam com os enfeites, mas noto que esta faltando a pequena Amara, Livia tira vários vasilhames plásticos de sacolas enquanto a camilly monta uma mesa dobrável bem no meio do meu quarto. Eu olho embasbacada toda minha família trabalhando ao meu redor até o meu pai ajuda a deixar a mesa de jantar bonita.

– A árvore está pronta – Benício diz animado e me viro para conferir o trabalho deles e só posso dizer que mesmo pequena árvore ficou adorável com as bolas e laços em tons de vermelho e a estrela dourada na ponta.

– Eu amei, ficou perfeita – falo com voz embargada pela vontade de chorar causada pela emoção de ver o esforço que todos estão fazendo para estar comigo essa noite.

– Agora vamos acabar com essa cara de choro é natal e está na hora de deixar você linda Beatriz – Lívia fala e só então vejo ela puxando uma mala de rodinhas e vai em direção ao banheiro.

Meus irmãos ajudam a me sentar na cadeira de rodas e Camilly me empurra até o banheiro onde elas me ajudam a tomar banho, tomando todo cuidado para não molhar minha mão e nem o curativo na cabeça. Depois de me secar com cuidado uma enfermeira bate a porta trazendo uma bandeja de procedimentos e então meninas lesões são limpas com e meu curativos trocado.

— Obrigada amiga, to me sentindo mais humana agora — agradeço a Malu.

— Quero que você tenha uma ótima noite Beatriz, aliás o hospital inteiro desde os estagiários ao staff, enfermeiros e técnicos, em fim todos nós torcemos muito pela sua melhora e que você supere tudo isso.

— obrigada mais uma vez, amanha vou agradecer a todos por terem permitido essa loucura que minha família inventou — comento, antes dela sair me deixando outra vez com as minhas cunhadas que voltaram para o quarto e tiram da mala um vestido de malha vermelho, não é muito chique mas é lindo e bem folgado para que eu me sinta confortável, depois sou colocada a frente do espelho e algumas lágrimas descem dos meus olhos quando vejo o meu estado.

Além da minha cabeça estar com um grande curativo no lado esquerdo, meu olho esquerdo está totalmente roxo e fechado enquanto o olho direito está com tons de vermelho e um grande corte no supercílio, minha boca também estar cortada e minha bochecha tem um enorme hematoma de várias cores desde o vermelho até o roxo. Fecho os olhos querendo fugir da imagem deturpada de mim mesma que encaro no espelho e sinto braços me rodeando.

– Eu sinto muito Be – Lívia fala também chorando abraçada a mim – sinto por você estar passando por isso e por aquele maluco ter te machucado.

– Mas agora está tudo bem Bea, você vai se recuperar cercada do amor de sua família e amigos. Esse episódio vai ficar para trás assim como essas cicatrizes. Lembra quando eu levei os tiros? – camilly me pergunta eu balanço a cabeça afirmativamente, foi um período horrível e muito assustador uma maluca sequestrou o Matheus ainda bebe e baleou a camilly ela ficou em coma por algum tempo e acompanhei de perto o desespero do meu irmão – toda vez que eu olho para a cicatriz eu me lembro do que houve, mas a cada dia a lembrança passa a significar menos um trauma e mais uma vitória, eu venci o que elas me fizeram, sou feliz e tenho tudo. Com você também vai ser assim meu amor, logo isso vai ser insignificante perto da sua felicidade, confia em mim.

– Eu confio, só que eu ainda não tinha me olhado no espelho e é assustador ver o que ele fez comigo, eu achei que fosse morrer e vejo que ele quase conseguiu fazer isso.

— Todos nós passamos por coisas pesadas na vida — Livia comenta — a Larissa teve uma doença horrível e seu irmão quase morreu em um acidente de carro. Mas nos passamos por tudo isso e vencemos e com você não vai ser diferente. Estamos aqui para te apoiar e cuidar de você.

— Parando para pensar em um panorama geral a gente é bem azarado — comento chorosa — mas como vocês disseram superamos antes e eu vou superar agora. Vamos deixar os maus pensamentos para lá, hoje não é um dia para tristeza, é véspera de natal e a minha família está quase toda aqui.

Elas terminaram de me arrumar da melhor maneira possível a pessoa até um gloss sabor morango pelos meus lábios, meu cabelo e desembaraçado com todo cuidado e Lívia faz uma trança bonita e eu me sinto bem melhor que no começo desse dia.

Quando finalmente saímos do banheiro com alegria, vejo a minha vozinha no quarto, nós só contamos para ela o que aconteceu há dois dias, pois minha família queria ter a certeza que eu estaria bem, para não preocupá-la já que o coração da dona Matilde não é mais tão forte. Mas agora ela está aqui me abraçando e tudo parece melhor e mais feliz.

— Ainda to muito brava que vocês me esconderam que minha menina estava machucada, eu poderia ter vindo bem antes — fico calada enquanto levo a bronca da vovó — eu sou velha, mas não sou de cristal, cuidei de voe a vida inteira e quando mais precisou eu estava em Minas curtindo minha vida enquanto você estava aqui nesse hospital sozinha.

— Sozinha não ne vó, a gente estava aqui com ela — Bento diz fazendo bico e sei que lá vem drama.

— É sempre assim irmão a Beatriz é a favoritinha da vovó, só ela serve.

— Para de dizer besteira menino, eu não tenho favoritos e só que a sua irmã é minha bonequinha.

— Se isso não e favoritismo eu não me chamo Benicio.

— Vamos parar com isso agora, sua irmã é a única menina que tínhamos na família por isso ela é a mais mimada — papai me defende o que faz meus irmãos revirarem os olhos e eu sorrio antes de mostra a língua para eles.

— A gente não queria te preocupar vó, por isso não te contamos, mas eu prometo que não vamos mais fazer isso.

— Acho bom mesmo, agora toma trouxe um pote de doce de leite lá de Minas, só porque você gosta e antes que os dois grandões ali fiquem com ciúmes eu trousse goiabada cascão para o Bento e pêssego em calda para o Benicio.

A partir daí é só animação meus irmãos agarram seus potes de doces e dividem com todos, meus sobrinhos um por um sobem na minha cama fazendo bagunça e me encehendo de carinho, mas mesmo diante de tanta distração uma duvida na minha cabeça persiste: onde diabos estão o Gregório e o Lorran?

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