Capítulo 18
BEATRIZ
Quinze dias se passaram desde a cirurgia do Lorran, como esperado os primeiros dias foram difíceis, tanto para o garoto quanto para o pai, já eu peguei todos os plantões possíveis o para estar no hospital caso eles precisassem, mas hoje o meu querido chefe de cirurgia me obrigou a tirar quarenta e oito horas seguida de folga.
Então eu dormi por várias horas seguidas e quando acordei cuidei um pouco de mim lavei e escovei os cabelos, fiz uma máscara facial e pintei as unhas, mas depois fiquei entediada e liguei para minhas cunhadas virem me fazer companhia, meus irmãos que lutem para cuidar das crianças. Fofocamos sobre vários assuntos, bebemos, comemos e agora estamos falando sobre o assunto que elas estavam se coçando para saber: O Gregório.
As duas loucas estão se matando de rir porque eu contei do sonho e da interação super constrangedora que tivemos na manhã seguinte, com a preocupação dos últimos dias não tive a chance de ficar sozinho ou falar sobre o assunto, coisa pela qual eu sou totalmente grata ao universo, pois a minha vergonha ainda é enorme com tudo isso, sem contar minha insegurança com outro aspecto:
– Mas não acredito que ele realmente me queira agora, é só olhar pra ele todo gostoso é sarado e eu continuo a mesma gorda.
– Não fala assim sobre si mesma, se continuar vai ter um motivo pra se chamar de feia porque eu vou quebrar a sua cara na base do tapa – camilly fala e eu e a Lívia caímos na risada porque sabemos que ela não é capaz de matar uma mosca.
— Mas em uma coisa a loirinha barraqueira está certa, você não deveria falar assim de si mesma. Achei que a gente já tinha trabalhado a fase de se sentir o patinho feio, você é belíssima cunhadinha além disso é gostosa e tem um bundão.
– credo não fala que eu tenho um bundão, não é um elogio.
– No Brasil é sim, quanto maior a bunda melhor e a sua bunda é ótima, eu daria um dedo para ter um bundão no lugar dessas duas maçãzinhas que eu tenho aqui – camilly levanta, sobe vestido e mostra o bumbum pequeno pra nós duas.
O quanto a gente já bebeu? me questiono em meio às risadas.
– Acham que eu devo colocar silicone no bumbum? Beatriz você bem que poderia ser cirurgia plástica pra me fazer um bumbum bonito como o seu.
– Se eu mexesse no seu bumbum o Bento ia me caçar e dar uma surra.
– O meu marido me ama mesmo e ama meu bumbum pequenino, fazendo bom uso dele.
– Credo, vamos lembrar da regra número um de não contar a Beatriz das saliências envolvendo os irmãos dela – falo colocando a mão sobre os ouvidos e as duas caem na risada.
– Tadinha a gente traumatiza ela Liv. Vamos voltar ao assunto importante então: Beatriz, Gregório e o futuro relacionamento deles.
– Não tem futuro relacionamento gente, tenho certeza que ele não me vê assim
– Ele parece bem interessado. Mas você tem dúvidas? Acha que ele está te usando? Tipo você deu todos aquele dinheiro a ele é tudo mais.
– Não acredito nisso, Gregório teria que ser o maior manipulador da face da terra para enganar a mim é ao filho – rapidamente o defendo – sem contar que eu vi quando ele está desesperado com a situação do filho, dava pra ver o medo nos olhos dele. E todo dinheiro foi pra cirurgia do garoto.
– Então qual seu medo? Por que não dá uma chance e vê onde vai dar.
– Eu não sei, acho que é só fogo de palha, não tem como o Gregório estar realmente interessado em mim – no momento exato que a palavras sem da minha boca Gregório passa pela porta.
O clima fica tenso e as meninas olham para todo o lado menos pra nós dois, ele me encara intrigado e meio chateado, tenho certeza que meu rosto está completamente vermelho pois me sinto envergonhada até o último fio de cabelo.
– A gente vai embora, vou pedir pro meu marido vir nos buscar – Camilly fala já se levantando e pegando os sapatos que estão jogados pela minha sala.
– Mas antes de sair eu vou dizer uma coisa – Livia começa a falar e eu sei que lá vem merda, por isso eu me apresso levntando do chão toda desajeitada e corro atras dela que coloca a Camilly entre nos duas e continua falando em meio as risadas – Vocês dois deveriam transar, fazer um sexo selvagem, tapa na bunda puxão de cabelo e tudo mais.
Encarro gregorio e enquanto eu estou mortificada por toda situação ele parece achar tudo divertido.
– Se dependesse só de mim a gente já tinha feito muito isso, mas a Beatriz é uma mulher difícil. – Ele vai na onda das duas maluca
– A Beatriz é meio lenta, e só você pegar ela de jeito que eu tenho certeza que ela se solta. – Camilly fala e eu quero matá-las por estarem falando de mim como se eu não estivesse presente.
– Pra fora vocês duas, nunca mais eu dou vinho pra vocês, falam pelos cotovelos quando bebem. – digo abrindo a porta e as duas passam por ela rindo, mas antes que eu feche a porta a Lívia ainda fala:
– Aproveita o momento a sós e senta com vontade cunhadinha – eu o agradeço a Deus por ter só um apartamento por andar e eu não ter vizinho para escutar as pouca vergonha que ela fala.
Respiro aliviada quando finalmente fechou a porta, mas o alívio dura pouco pois quando me viro dou de cara com o Gregório parado no meio da sala me esperando.
– Eu era um garoto negro em um colégio que a maioria era branca. – Ele começa e eu não entendo nada...
– o que?
– Eu estava sempre buscando aprovação de todos, meu talento no futebol ajudou muito, mas mesmo assim eu ainda me esforçava ao máximo para fazer tudo certo e me encaixar. Meu pai, você sabe, era o gari da cidade e isso também não ajudava muito na minha reputação. Eu tive que fazer meu nome e mesmo com todo o meu esforço eu sempre achava que não era o suficiente. Não que isso justifique o que eu fiz com você, não justifica! eu só estou tentando dar o contexto da coisa toda
– A gente não precisa falar sobre isso – falo categórica e passo por ele, começo a recolher a bagunça que fazem na sala, não que eu não pudesse fazer isso outra, hora porém eu quero fugir dessa conversa, mas Gregório de repente segura meu braço me fazendo ficar cara a cara com ele.
– Precisamos sim, falar sobre isso, porque obviamente está afetando tudo. Quando os meus amigos me disseram que queriam fazer uma pegadinha com você no começo eu neguei, estava namorando e além disso eu te achava legal, sempre solícita com todos, sempre disposta a ajudar o outro... eu te achava bonita. Mas quando a zoeira e as provocações começaram eu fui fraco e topei.
Minha garganta está seca como se eu tivesse engolido um punhado de areia, eu não quero ouvir nada disso, porém ele não me dá a chance de protestar e encerrar o assunto e continua falando.
– Naquele dia eu tentei ir até a sua casa demarcar com você, mas a Cecília sabia o que provavelmente ia rolar e ficou no meu pé o dia todo, eu fui um garoto fraco, imbecil e muito mau caráter. Meu pai teria vergonha de mim e do que eu estava fazendo. Eu tenho muita vergonha do que eu fiz a você. Me perdoa Beatriz, eu nunca vou ter paz e seu não escutar que você me perdoa.
– Por que a gente tem de falar disso agora? Hoje? – Falo angustiada, essa história mexe muito comigo e me deixa extremamente chateada.
– Porque você não entende que eu quero você, Beatriz. Você acha que eu ainda sou o mesmo adolecente babaca que quer te enganar para impressionar os amigos igualmente babacas. Você não está me vendo, não percebe que eu tô me apaixonando por você – diz angustiado, me olhando como seu fosse a solução de todos os problemas e eu praticamente engasgo com minha própria saliva quando escuto a última parte.
– Você não pode me dizer essas coisas Gregório – grito com ele e meu instinto me diz para fugir dessa conversa que só vai machucar meu coração, por isso vou em direção a saída, mas ele é bem mais rápido colocando as mãos sobre a porta impedindo que eu a abra e me mantendo travada por seus braços que estão ao meu redor, mas sem me tocar.
– Por favor não fuja, olha pra mim. – Ele pede eu levanto o olhar marejado em sua direção. – você é uma mulher linda por dentro é por fora, eu te admiro, acho você incrível. Eu errei muito com você e mais uma vez peço perdão, eu quero muito que você me desculpe, pois só assim eu terei uma oportunidade de te mostrar que eu mudei, que eu cresci, que eu te quero.
Ficamos em silêncio vários minutos, uma batalha sendo travada dentro de mim entre meu instinto de segurança e a vontade de acreditar nele e me permitir experimentar algo novo com ele. Observo seus olhos e ele me parece sincero.
– Beatriz só peço uma única chance de mostrar o quanto eu quero você, não é uma brincadeira, não estou jogando com seus sentimentos eu to aqui totalmente entregue. Todas as minhas cartas na mesa agora é sua vez de fazer uma jogada. – Suas palavras me fazem refletir e aos poucos o medo dentro de mim enfraquece um pouco.
Eu sei que eu posso me ferir novamente, e sinceramente não fazer isso também vai me machucar, não tem aquela frase famosa que diz: é melhor amar e perder do que nunca ter amado?
Saber que nunca tentei pode me atormentar bem mais que ter tentado e falhado.
– Só uma chance – falo com Gregório olhando em seus olhos.
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