Capítulo 5
CAMILLY
– Bom, eu me chamo Camilly bezerra de Mendonça, meu pai e Arlindo Mendonça o CEO da grande empresa de aviação LUNNAR. Minha mãe é Melissa bezerra uma socialite paulistana. Quando meus pais se conheceram meu pai ficou obcecado pela beleza da mamãe e ela obcecada pelo dinheiro do meu pai. Eles se casaram e tiveram filhos gêmeos, meu irmão se chama Camilo.
– Eu já ouvi falar dos seus pais, fofocas sobre o fim do casamento deles.
– O Brasil inteiro ouviu que meu pai pegou minha mãe em uma orgia com vários homens incluindo o sócio dele.
Foi um escândalo na época, meu pai fez questão de contar para quem quisesse ouvir, todos os sites e revistas de fofoca da época noticiaram a "depravação da socialite".
– Pois bem, meu pai resolveu sair do Brasil e levou meu irmão, segundo ele o Camilo era o futuro da Lunnar e por isso não o deixaria nas garras da minha mãe sendo influenciado por ela.
– E você? – ele pergunta e eu sinto a angustia que sempre aparece quando falo desse assunto.
– Eu fiquei pra trás, minha mãe com minha guarda, que meu pai não fez questão nenhuma de pedir, ele mandava todos os meses a pensão para ela e esse era o único vinculo que ele tinha com nós duas, o dinheiro. Desde que eu tinha treze nos não vejo meu pai ou o Camilo.
– Sinto muito por você.
Há muito tempo eu me resignei com tudo isso, eu costumo pensar que quem perdeu foram eles por não conviverem comigo. Isso ajuda a não cair no espiral da rejeição.
– Pois bem quando eu fiz quinze anos minha mãe deu uma festa para trezentas pessoas, fez questão de chamar todos os influentes da sociedade paulistana. E apesar de falarem mal dela pelas costas todo mundo compareceu. Foi ai que ela me apresentou ao Gael Bragança, filho de um deputado super importante na época.
Me perco nas lembranças eu e o Gael começamos um romance pouco tempo depois, a gente não podia sair na rua que éramos cercados por paparazzi, nossa vida era acompanhada de perto por milhares de pessoas nas redes social, claro que também havia muita fofoca e maldade, pessoas falando quanto tempo iria demorar para que eu seguisse o mesmo caminho da minha mãe.
Perdi minha virgindade com ele e achava realmente que ficaríamos juntos para sempre. Sai do colégio e não fiz faculdade minha mãe nunca incentivou falava que era perda de tempo já que eu seria a esposa de um importante politico já que o Gael segui a os mesmos passos do pai.
Depois de cinco anos de relacionamento eu descobri que estava gravida, foi um choque eu não esperava, pois eu me cuidava, ser mãe não estava nem de longe nos meus planos. Contei pra minha mãe e ela ficou em êxtase por saber que eu esperava o neto, do já então governador, Cristóvão Bragança.
Fui contar ao Gael é para a minha surpresa peguei ele na cama com outra mulher, a filha mais velha de um dos apoiadores políticos do pai dele, eu fiz um escândalo gritei que estava gravida e eles simplesmente riram da minha cara e me acusaram de tentar da o golpe da barriga e que eu era uma vadia como a minha mãe. É não parou por ai o Gael disse que os pais dele não aprovariam nunca que ele se cassasse comigo e que na verdade ele estava esperando a oportunidade de terminar comigo, pois iria em breve anunciar o casamento dele e da Veronica Siqueira.
Eu nunca me senti tão humilhada em toda minha vida nem esperei ele terminar de falar e sai de lá aos prantos. Olhado bem pra mim eu sei que sou uma menina carente, por isso o Gael era tão importante pra mim, queria ser amada, cuidada e querida. Apesar do que todas as pessoas falavam eu gostava dele, não era um golpe. Dediquei-me até o fim ao nosso relacionamento e o que ganhei? Um par de chifres e ser abandonada gravida.
Cheguei em casa e contei a minha mãe o que tinha ocorrido, ela saiu furiosa prometendo que iria resolver, mas horas depois voltou completamente diferente.
– Camilly amanhã vamos até uma clinica muito discreta resolver esse problema.
– Que problema? – Perguntei assustada
– Você vai fazer um aborto.
– Nunca eu não vou tira esse bebê, a senhora ficou louca? Não disse que iria resolver tudo?
– Olha aqui menina está na hora de crescer, nada na vida é como a gente quer se acostuma. O Cristóvão tem coisas contra mim, coisas pesadas que ele ameaçou jogar no ventilador caso essa criança atrapalhe os planos dele. Ele me deu uma quantia generosa para que resolvamos o problema de forma discreta.
– Para de falar problema é o meu filho, seu neto. Você não tem coração? Como por que esta me dizendo esses absurdo mãe?
– olha aqui insuportável – ela fala se aproximando de mim e segurando meu rosto com força – nem você eu queria que tivesse nascido, a gravidez foi apenas para segurar o seu pai que já estava desconfiado das minhas aventuras. – meu rosto doí pelo aperto, mas meu peito doí mais por tudo que estou escutando – só fiquei com você pela gorda pensão que seu pai mandava, mas até isso ele já cortou; minha esperança era você se casar com o filho do governador, mas nem pra isso você presta.
Ela solta meu rosto com força me jogando pra trás e eu caio sobre a cama.
– Eu não vou deixar você estragar minha vida amanhã, nós vamos tirar esse feto imundo de você. Talvez assim eu possa arrumar outro casamento vantajoso.
Antes que eu possa reagir ela sai do quarto e tranca a porta por fora eu choro desesperada. Eu nunca vou permitir que ela faça algo assim com a pequena vida que eu carrego, ate parece que estamos no século dezoito, pego meu telefone e ligo para a única pessoa que sei que pode me ajudar agora.
– Três dias depois eu já estava aqui no interior de Minas na fazenda aliança o único lugar onde fui verdadeiramente feliz e amada na minha vida, eu sabia que minha avó não iria me abandonar e que ela cuidaria de mim e do meu bebe.
– Então o que mudou? Por que você fugiu? – Bento me pergunta curioso, ele ouviu todo meu relato muito interessado na tragédia que é minha vida.
– Ontem a noite eu descia as escadas para tomar água e comer, então eu ouvi a empregada falando o meu nome no telefone, fiquei curiosa e achei que ela estava fazendo fofoca da neta solteira e gravida, então fiquei quieta escutando.
– O que você ouviu?
– Ela estava falando com a minha mãe, elas estavam combinando roubar o meu bebe quando ele nascer, pelo que eu entendi elas tem um comprador pra ele, pelo que parece o esquema está todo montado com até uma enfermeira da maternidade da cidade participando de tudo.
– Que horrível e eu achando que minha família era problema. É ai então você decidiu fugir sozinha pela mata?
- Foi um impulso totalmente comandado pelo medo, fiquei desesperada com a possibilidade da Vera perceber que eu tinha escutado a conversa. Em minha defesa eu não imaginei que ficaria perdida.
– Mas você não pensou em falar com a sua avó?
– Claro que pensei, mas entenda, minha mãe foi o bebê milagre dela. Por dez anos ela tentou engravidar sem sucesso então quando a minha mãe veio vovó ficou radiante ela viveu toda sua vida em função da minha mãe, sei que ela me ama e me ajudou, mas sei também que ela faz tudo que minha mãe quer, tenho medo que ela manipule a vovó a creditar em alguma mentira dela e no final conseguir o quer. Minha cabeça ficou bem confusa com tudo isso.
– A cabeça de qualquer pessoa não ficaria bem depois de tudo que você viveu. Mas me diz o que você vai fazer depois?
– Eu tenho algum dinheiro, pensei em ficar num hotel barato em alguma cidade vizinha, acredito que depois que ele nascer e for registrado minha mãe não poderá fazer nada a respeito e eu iria contar a verdade a minha avó e ficar de vez na fazenda.
– Camilly um hotel barato não é melhor opção para alguém em vias de dar a luz, você não tem nenhuma amiga a quem possa recorrer?
– Não. Minha vida inteira eu fui o troféu da minha mãe. Ela não me deixava brincar com outras crianças, pois não aceitava uma criança suja ao mesmo tempo que não me dava atenção e me deixava aos cuidados das empregadas da casa. Ela exigia que eu estivesse sempre linda, limpa e bem arrumada para me exibir pras amiga dela. A frase preferida da minha mãe era " olha como minha filha e linda com seu cabelo loiro e esses olhos verdes".
– Gosto cada vez menos da sua mãe, já passou a barreira do ódio.
– Na adolescência ela sempre dizia que as outras meninas tinham inveja de mim por eu ser bonita, que eu não deveria chegar perto delas ou convier com gente inferior. Eu tinha isso como regra. Eu aprendi a gostar de ser bajulada e ela me ensinou a mexer com os homens e usar minha beleza desde cedo, entenda isso foi tudo que eu aprendi na vida e levava como verdade absoluta, então nunca procurei fazer amigas, não achava importante. E esnobava qualquer um que pensasse estar abaixo de mim. Eu era uma ridícula. Só comecei amadurecer de verdade quando fiquei gravida e vim morar no interior, ai eu comecei a refletir como estava levando uma vida errada e fútil. Não quero passar esses valores ao meu filho.
– Eu entendo mais do que você imagina, os pais são nossa referência para o bem e para o mal. Sei bem como eles podem mexer com a cabeça e a vida de um filho ao seu bel prazer. Sem se importar coma as consequências que isso pode trazer a cabeça de uma criança. – Ele fala como se entendesse bem do assunto e talvez entenda afinal ele parece ter receio de falar sobre a própria família.
Deixo escapar um bocejo e ele nota.
– Chega de falar por hoje, amanhã a gente continua nossas conversa e vemos o melhor jeito de te ajudar. Pode ir deitar na cama e tenha uma boa noite.
Faço o que ele falou sem nem questionar, coloco a cabeça sobre o travesseiro e o sono me leva.
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