CAPÍTULO 21 | QUARTO BRANCO

Júlia

Minha cabeça dói muito, muito mesmo, me esforço para abrir meus olhos, tudo o que consigo ver é branco, fecho meus olhos novamente tentando me adaptar a claridade e quando os abro novamente consigo ver que não estou sozinha nesse quarto branco, Rafael está sentado numa poltrona do lado da minha cama, ele está inclinado e repousa a cabeça no colchão da cama em que estou e suas mãos estão unidas a minha.

Não sei quanto tempo estou aqui, mas a sede e a dor de cabeça que estou sentindo agora são extremas e como eu preciso muito saber se meus filhos estão bem depois daquele pesadelo todo eu decido acordar o Rafael:

– Amor... – Digo com a voz fraca, mas ele nem se meche.

– Raf... – não consigo concluir pela minha garganta estar seca, mas vejo ele se remexer e logo seus olhos azuis me fitam.

– Amor, você acordou, vou chamar um médico – Ele diz e se levanta para chamar um médico mas aperto sua mão e ele me olha.

– Agua – Peço e ele entende, caminha para o outro lado da minha cama e pega um copo da água que foi deixado ali para mim juntamente com um canudo, ele me ajuda a tomar e depois vai à porta e chama uma enfermeira dizendo que eu acordei.

Ele volta pro meu lado e beija a minha testa com delicadeza, mas sinto uma pontada forte e levo a minha mão para a cabeça, porém o Rafael me impede de fazer isso.

– Amor, aquele desgraçado acertou sua cabeça quando te sequestrou e pelos ferimentos sabemos que ele bateu outras vezes no seu rosto também, eles fizeram uma pequena cirurgia e por isso você não deve fazer muito esforço está bem?

– Sim – E antes que eu pudesse falar mais alguma coisa o médico entra na sala e caminha até a minha cama.

– Bom dia bela adormecida, como está se sentindo está manhã? – Meu Deus já é de manhã? E porque ele está falando assim comigo? – Meu nome é Tiago e sou o médico responsável pela sua cirurgia – O tal médico diz e pega na minha mão fazendo um carinho estranho, trato de tirar a minha mão e respondo:

– Muita dor de cabeça, que horas são?

– Já passou das dez querida, mas não se preocupe, fizemos a cirurgia quando você chegou ontem e depois tivemos que seda-la para não sentir tanta dor, sei que ainda deve estar sentindo uma dor de cabeça, mas logo isso passa e você poderá voltar pra casa –  Ele diz dando uma piscadela para mim e eu fico desconfortável com a situação, vejo o Rafael tenso ao meu lado e isso só piora a situação.

– E os meus filhos, estão bem? – Vejo o médico fazer uma cara estranha e olho rapidamente para o Rafael, então vejo um sorriso brilhar em seus lábios e ele passa a mão na minha barriga e diz:

– Não se preocupe amor, nossos bebês estão bem, apenas descanse – Ele aproxima sua boca da minha e me da um beijo casto mais demorado e com isso eu fico vermelha da vergonha por ele ter feito isso na frente do médico que ainda esta ali nos olhando serio, como se não gostasse da cena que acabou de ver.

– É...eu volto mais tarde...para ver como você está e as enfermeiras logo virão lhe trazer os medicamentos para dor – Ele parece ter ficado todo estranho depois de o Rafael ter me beijado na sua frente e isso me incomoda muito, não quero esse médico cuidando de mim. Quando enfim o médico sai do quarto percebo o Rafael relaxar o corpo, sei que aquele médico o irritou, ele suspira e então me olha e diz:

– Você é minha, e não deixarei nenhum outro homem colocar a mão em você! Se aquele médico voltar aqui se insinuando ele vai ser colocado no seu devido lugar – Ele diz brabo olhando nos meus olhos.

– Adoro te ver com ciúmes – Digo rindo dele e ele faz uma careta – Eu te amo e quero só você meu príncipe – Digo com carinho e ele se ajeita para ficar mais próximo de mim e beijar meus lábios novamente, mas dessa vez eu não deixo que seja apenas um beijo casto, quero sentir todo o seu sabor na minha boca.

– Assim você me mata – Ele diz assim que finalizamos o beijo e sorrio em troca do seu comentário – Preciso te contar uma coisa – Ele diz serio.

– Fala amor.

– Tenho que te pedir desculpas por tudo o que aconteceu, é tudo culpa minha.

– Ei, olha pra mim – Digo e ele levanta a cabeça e olhando – Não é culpa sua me ouviu? Você não tinha como adivinhar que isso iria acontecer.

– Mas eu fiz uma coisa que se eu não tivesse feito, teria te poupado de tudo isso.

– Do que está falando Rafael? – Pergunto confusa.

– Eu retirei o processo que eu tinha colocado na Samanta e no Dylan, como a gente estava muito bem e eles não faziam mais partes das nossas vidas, eu quis nos poupar disso antes de o juiz encerrar o caso. Nunca imaginei que a suja da Samanta poderia se envolver nisso, me desculpa amor – Ele diz quase chorando.

– Ei, o Mark nos avisou da vingança também e ninguém deu ouvidos, nenhum de nós poderia saber o que eles estavam tramando amor, eu te entendo, sei que não queria mais se incomodar com o passado que nós já enterramos, a gente já se perdoou pelos erros que cometemos e ninguém aqui vai se culpar pelo o que aconteceu está bem?

            Ele suspira e fica encarando o chão, perdido em pensamentos e eu não sei mais o que falar para ele entender que ele não tem culpa de a Samanta ser uma psicopata junto com o Mark – Ei, me escuta Rafael, se não fosse por você, eu não estaria aqui nessa cama de hospital, carregando nossos bebês saudáveis na barriga, então para de se culpar e fica feliz por ter me encontrado e por estarmos bem, vamos nos casar e ser muito feliz, para de pensar em coisas que não te fazem bem, por favor – Peço carinhosamente.

– Ah minha pequena, o que seria de mim sem você? – Ele diz e vem me beijar e quando finalizamos o beijo ele diz:

– Preciso sair para a sua mãe vir te visitar, se não eu vou ser um homem morto em poucos minutos – Ele diz rindo e conhecendo bem minha mãe, se ela souber que eu já acordei e ninguém deixou ela vir me visitar ela coloca esse hospital abaixo.

– Eu sei, mas logo estarei nos seus braços novamente amor e de preferencia como sua legitima esposa – Ele sorri e me beija levemente ante de sair do quarto. Em menos de um minuto minha mãe passa pela porta como um furacão e para ao meu lado.

– Quase que você fica sem noivo Júlia, se ele demorasse mais trinta segundos eu iria invadir este quarto e ai de quem me impedisse.

– Oi mamãe, também senti saudades.

– Ah meu bebê... – Então ela começa a chorar compulsivamente.

– Mãe, vem aqui, eu estou bem – Digo e ela se aproxima e me abraça deixando todas as suas lágrimas caírem e eu não resisto e acabo chorando junto com ela – Estou bem, estamos bem, seus netos estão dormindo agora.

– Vocês nos deram um susto muito grande, eu não consego passar por isso de novo minha filha, quase te perder uma vez naquele acidente já tinha sido o suficiente para o meu coração aguentar.

– Eu sei, mas estamos bem e quero esquecer tudo o que aconteceu mãe, por favor, vamos falar do meu casamento, dos preparativos, menos do que aconteceu, não quero lembrar e isso me deixa nervosa e não faz bem pros bebês também.

– Tudo bem – Ela suspira e limpa as lagrimas, coloca um sorriso no rosto e se senta na poltrona ao lado da minha cama e então começa falando de tudo o que falta fazer ainda...

***

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