CAPÍTULO 1 | O QUE FAZ AQUI?
Júlia
Após dois anos longe estudando fora, volto ao Brasil, meu lar, hoje eu começo meu trabalho na Smith investimentos. Só em pensar que eu possa reencontrar algumas pessoas aqui meu coração dispara. Converso sempre com a Lisa e a Paty por Skype, mas não é a mesma coisa que ver elas pessoalmente.
Faz dois anos também que não venho pra casa, meus pais e meu irmão e a noiva Carol foram me visitar algumas vezes, mas eu nunca voltei. Terminei minha faculdade de contabilidade e voltei para assumir meu lugar na empresa da família.
O Peter, motorista do meu pai, que foi me buscar no aeroporto me deixa em frente à empresa e depois vai para a minha antiga casa deixar minhas malas, parece estranho voltar aqui e ver que nada mudou.
Com passos largos e confiantes entro no prédio, todos ali já me conhecem, pois entro sem dificuldade alguma até o momento, entro no elevador e subo para o andar principal, e quando as portas do elevador se abrem, vejo uma secretária loira muito bonita por sinal, e mais algumas portas além da sala que é para ser minha.
– Bom dia – Digo à secretária que até então não tinha me visto entrar, pois está mais concentrada seu celular, do que em qualquer outra coisa.
– Bom dia, gostaria de falar com quem? – Opa, a guria nem se deu ao trabalho de saber quem eu sou? Estendo a minha mão e ela pega em comprimento e então digo meu nome:
– Prazer Júlia Petterson Smith.
– Ah Srta. Smith, desculpe-me...é...sou a Jéssica, sua secretária – Ela diz nervosa.
– Sim Srta.Miller, eu sei quem você é, agora, por favor, pode me levar até minha sala? Gostaria de iniciar os meus trabalhos.
– Ah sim, claro, por aqui – Sigo ela e paramos na última porta, meu nome já esta ali – O Sr. Carter está lhe aguardando lá dentro.
Escutar o sobrenome do Rafael fez meu coração disparar, droga, porque lembrar dele agora? Para Júlia, deve ser o Alex, que também não vai ser fácil de me encontrar, afinal, não falei com ele e nem sua família durante esse tempo fora, mas preciso já que terei que trabalhar com meu ex-cunhado. Abro a porta e me assusto com o que eu vejo.
Tudo o que eu menos esperava ao voltar ao Brasil era encontrar ele na minha frente, na empresa da minha família. Rafael estava aqui, bem na minha frente, depois de dois anos.
– Seja bem-vinda Júlia – Estou parada, sem reação alguma, abro e fecho a boca repetidas vezes, não sei o que falar, eu me preparei para rever ele pessoalmente, mas eu não imaginava que veria ele aqui, na minha futura sala, no meu primeiro dia, e com ele assim tão lindo. Como pode mudar em tão pouco tempo? Está mais musculoso, a barba por fazer, o cabelo continua meio revirado como antes, vejo algo brilhar em seu pulso e reconheço na hora, o relógio que dei a ele anos atrás de aniversário e o terno que ele está usando foi para completa a perfeição em pessoa. Pena que é um galinha sem vergonha, ver ele na minha frente me faz pensar em tudo o que passei, sofri e tive que superar sozinha, então não vou dar o gosto de ele me desequilibrar agora.
– O que faz aqui? – Eu tinha que perguntar isso, como meus pais poderiam deixar ele entrar aqui depois de tudo o que fez comigo? Não posso acreditar que isso realmente está acontecendo.
– Eu trabalho aqui, e precisava falar com você antes de qualquer coisa que fizesse no dia. – Oi? Como assim ele trabalha aqui? Como meus pais fizeram isso, e ainda esconderam isso, e será que faz quanto tempo que ele trabalha aqui? Minha cabeça está girando e não estou conseguindo entender mais nada.
– Faz quanto tempo? – Perguntei ainda estática no mesmo lugar em que parei assim que o vi.
– Quanto tempo o que? – Ele pergunta confuso.
– Que trabalha aqui, na empresa dos meus pais?
– É por isso que estou aqui, pode sentar para podermos conversar? Eu explico e depois você pode perguntar o que quiser – Minha vontade era de dizer não, que nunca mais queria ver ele na minha frente, que meus pais foram loucos em permitir que ele trabalhe aqui depois do que ele fez, mas deve ter algum motivo maior e preciso entender, por isso, quando eu vejo minhas pernas já se movem lentamente para a cadeira que está atrás de uma mesa grande, coloco minha bolsa ali e sento, olhando em sua direção, esperando que ele comece a me explicar.
– Pode começar, estou esperando.
***
Rafael
Preparei-me por dias ou até meses para revê-la, mas nada se compara ao que eu vejo agora, seu corpo está mais definido, seus cabelos mais longos, mas seus olhos verdes continuam com a mesma intensidade de antes, sua boca carnuda chamativa igual sempre foi.
Tudo o que eu não queria, senti nesse momento, medo, insegurança, saudades, amor, meu peito arde somente em olha-la na minha frente novamente. Pedi para que ela se sentasse, pois precisamos esclarecer algumas coisas, e neste momento ela está esperando justamente isso, então eu começo:
– Bom há dois anos, quando você não me deixou expli... – Ela me corta sem dar a chance de eu terminar a frase.
– Nós não estamos sentados aqui para falar do passado Rafael, minha pergunta foi simples, porque diabos você trabalha para os meus pais e definitivamente é a única resposta que preciso – Ela diz grosseiramente, nem parece a garota doce que foi embora a dois anos atrás, droga, eu deveria estar esperando essa reação dela.
– Me deixa falar ok? Depois se quiser falar beleza, mas agora me deixa falar – Ela pensa um pouco antes de concordar.
– Dois anos atrás, quando tudo aquilo aconteceu com a gente, você foi embora sem me deixar explicar, e logo em seguida fugiu para outro país, sem me dar a oportunidade de a gente sentar e conversar, e por isso eu vim até seus pais, não foi bem assim que aconteceu às coisas que você acha que aconteceu, então só me escuta está bem? – Não dou muita chance de ela falar algo, e já inicio:
– Naquela noite, depois de deixar você no quarto, fui em direção ao meu, mas infelizmente dei de cara com a Samanta e o Daniel.
– Para, eu não quero saber disso Rafael, eu realmente não quero – Ela diz com a voz num fio.
– Eu preciso para você entender como estou aqui hoje – Vejo seus olhos se encherem de água por tocar nesse assunto e então ela abaixa a cabeça para que eu não perceba. Se ela soubesse o tanto que sofri pelo nosso relacionamento, por sua falta de confiança. Mas saber que ela ainda sente algo por mim, bem lá no fundo, me da esperança. Droga, eu nem poderia pensar em esperanças.
– Eles me ofereceram umas bebidas, lembro-me de falarem que era em comemoração ao final do ano e o que faria de mal tomar uma né? Virei sem pensar, dai em diante não me lembro de mais nada até eu acordar com uma puta dor de cabeça, só então eu percebi o estado do meu quarto e sai para te procurar e então aquelas fotos foram praticamente esfregadas na minha cara, por todos os nossos amigos – Faço uma pausa para recuperar o folego e depois continuo.
– Estar lá, vendo todos te julgarem, sabendo que não tinha feito nada daquilo foi horrível, e eu precisava te provar que eu não fiz aquilo, então eu fiz um exame, que indicou que minha bebida foi batizada – Ela olha nos meus olhos e percebo a surpresa estampada em seu rosto.
– Porra eu fui drogado e aqueles dois se aproveitaram da situação. Quando eu voltei para te explicar no outro dia você não quis me receber, lembra? Eu pensei, vou dar um tempo a ela, depois eu explico e tudo vai ficar bem – Rio amargamente me lembrando da cena.
– Mas ai no dia seguinte fui informado que você tinha ido viajar para o Canadá e que não tinha previsão de voltar. Mas eu esperei, e quando você iniciou os estudos lá, percebi que eu estava ficando pra trás, que você estava seguindo a sua vida e eu não, então entrei na faculdade e me formei em Direito.
– Na primeira oportunidade que tive, denunciei o Daniel e a Samanta pelo o que fizeram comigo e eles respondem esse processo judicialmente até hoje, e foi onde eu consegui provar a sua família que eu fui vitima do que aconteceu. Pedi um emprego ao seu pai recentemente e disse para não te falarem nada, porque eu te devia essa explicação há dois anos, mesmo que você não quisesse saber, você tinha o direito.
– Não estou aqui pedindo o seu perdão, e muito menos quero de volta o que éramos antes, até porque nem existe mais essa possibilidade, só quero que possamos conviver em paz pelo bem da empresa e que você não fique chateada com sua família por eles me darem esta oportunidade – Vejo tristeza em seus olhos, mas não posso me deixar levar por isso, tudo o que eu sofri me ajudou a me transformar em outra pessoa.
– Era isso o que eu tinha para te dizer, caso tenha alguma coisa para falar fica a vontade – Ela somente balança a cabeça negativamente, mas não me olha nos olhos, ela fita a sua mesa, me levanto para sair da sua sala e me lembro de mais uma coisa.
– Ah, já ia me esquecendo – Ela parece sair do transe e me encara esperando o que tenho a dizer, entrego a ela a pasta preta que esta na minha mão e ela faz uma cara de confusa.
– Essas são as provas de que tudo que lhe falei aqui não é nenhuma mentira, caso precise de mim para alguma coisa, minha sala é do lado da sua, tenha um bom dia – Dito isso, viro as costas e saio da sua sala, tentando ser o mais frio possível.
Parece que rever ela não me fez bem, minha vontade é de afogar numa garrafa de whisky para esquecer tudo o que aconteceu comigo, com a gente, e o que seu retorno está causando no meu coração. Isso definitivamente é uma droga.
***
Vish Júlia, e agora, depois de dois anos descobrir a verdade dói né?
Um beijo a vocês pessoal!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top