CAPÍTULO 15 | AMIGAS?

Júlia

Eu chego em casa e vou direto para o meu quarto, pensar que a momentos atrás eu estava lá com o Rafa, e que estávamos tão próximos, e de repente, meu mundo virou de cabeça para baixo, quando vi a Paty na porta, olhando diretamente para mim, lembrei de tudo! A minha amiga gostava do cara que eu estava quase beijando, quer dizer, não sei se ainda somos amigas, ela não ficou comigo ontem depois do que aconteceu, e a forma que ela me fuzilou com os olhos quando me viu na casa dele, com certeza não é cara de uma amiga feliz. Mas o que você queria Júlia, ELA GOSTA DELE. Bota isso na sua cabeça, você e o Rafael não vai rolar nada.

Tento esquecer o que aconteceu mais cedo, tomo um banho para relaxar a mente e o corpo. Quando chego ao meu quarto levo um susto, a Paty está sentada na minha cama, com uma cara triste, o que o Rafael fez? Porque ela está aqui? Era para eles estarem se resolvendo, e não para ela estar aqui.

– Oi, você está bem? – Digo, e ela ri forçadamente.

– Não era para ser ao contrário? Você passou por tudo aquilo ontem e não eu, porque você está me perguntando isso? – Eu vejo que ela está muito magoada, decido me sentar na cama também.

– A última coisa que eu quero é me lembrar da noite passada. Mas você está aqui, sentada na minha cama, com cara de quem estava chorando, então sim, estou perguntando se você está bem.

– Olha Júlia, ontem eu não fui a amiga que você precisou – Ela diz e quando vou falar ela faz um sinal com a mão, pedindo para deixá-la continuar, eu apenas confirmo com a cabeça, permitindo que ela termine.

– Ontem eu só pensei em mim, e nos meus sentimentos, em como ver o Rafael te proteger, cuidar de você, e nesse momento eu queria que o Bruno alguma vez fizesse isso por mim, por nós, mas parece que tudo o que tivemos não foi importante para ele – Ela começa a chorar, mas continua falando...

– Então eu fui para casa, eu precisava botar minha cabeça no lugar, e percebi o quanto eu errei, eu escondi um segredo, e isso estragou tudo, porque se eu soubesse que você gostava dele, eu nunca teria ficado com ele, teria respeitado nossa amizade, e também não teria feito a burrada de usa-lo para fazer ciúmes no Bruno – Estou pasma, do que ela está falando? Eu nunca falei dos meus sentimentos pelo Rafael para ninguém, guardei isso comigo a sete chaves por seis meses, como ela sabe?

– Fica tranquila, hoje eu não fui lá para implorar para ele ficar comigo, eu vi como vocês se olham Jú, vocês se gostam, e eu bem idiota não percebi isso antes. Vocês se ignoravam para não admitirem o que sentem um pelo o outro, e mesmo agora, que se tornaram amigos, estão fingindo que não sentem nada, mas sentem, e isso ficou claro ontem, e não só para mim, para todos. O que eu sentia pelo Rafael não era nada Júlia, mas a minha magoa pelo Bruno fez com que eu pensasse em procurar um outro alguém para me distrair, e quem sabe esquecer ele, mas olha o que aconteceu, estraguei tudo.

– Eu sei que você deve estar me achando uma louca, por ter vindo aqui falar isso, mas Jú, você sempre foi minha amiga, nesses quatro anos, a gente se aproximou muito, e sempre que eu precisei de você, não importava a hora, você estava lá por mim, e ontem, quando você precisou de mim, eu simplesmente fui embora, eu pensei em mim, e nos meus sentimentos egoístas.

– O Rafa é um cara legal, mas não é para mim, e eu percebi isso um pouco tarde, depois de magoar você. Por isso eu fui lá primeiro hoje, precisava falar para ele e esclarecer as coisas, e então virar a página. Só que lá minha ficha realmente caiu, e eu vi que eu tinha estragado a nossa amizade, por causa de um garoto, que tipo de amiga eu sou? – Ela desaba a chorar.

Eu não sei o que pensar tudo o que ela falou sobre o Rafael, o que ela acha que eu sinto, e o que ela acha que ele sente, é confuso demais, mas ela é minha amiga, ela e a Lisa foram às únicas que ficaram do meu lado quando o Dylan inventou a história que só ficou com a Ariane porque eu não tinha coragem para me entregar para ele.

Eu me levanto e sento mais perto dela, passo meus braços por ela e a abraço. Não resisto e começo a chorar também, foi um final de semana turbulento, confuso e muito doloroso, então não consigo me segurar, solto todo o choro que reprimi durante toda a manhã, as lembranças invadindo a minha mente, e a Paty simplesmente me abraça e me deixa chorar também, ela me conhece há bastante tempo para saber que não consigo falar nada agora. Porém o fato de estarmos tão conectadas mostra que independente do problema, sempre estaremos juntas.

Não sei quanto tempo ficamos assim, quietinhas, em silêncio, abraçadas e chorando, mas logo eu tento me recompor, limpando as minhas lágrimas e depois as dela e digo:

– Eu não sei nem o que falar. Mas uma coisa disso tudo é certa, você e a Lisa são minhas melhores amigas, as únicas em quem eu confio, e eu também errei, porque não falei para nenhuma de vocês que desde que vi o Rafa pela primeira vez na casa ao lado, eu já me senti atraída por ele, e quando ele entrou na sala eu deveria ter falado, ter dito que eu queria ele, mas quando ele me ignorou, ficava longe e me afastava, preferi deixar meus sentimentos guardados. Vocês iam querer me ajudar, e eu sabia que só ia me machucar, então evitei isso. Mas aí ele em vez de me machucar, o deixei machucar você – Respiro fundo e continuo:

– Ontem aconteceu tanta coisa também, que eu quero passar uma borracha e esquecer, porque lembrar é doloroso demais, e mesmo eu não estando bem psicologicamente, eu entendo você. Ontem você precisava de um tempo para colocar a cabeça no lugar, distinguir seus sentimentos, antes de fazer alguma coisa pior, e o fato de que você veio falar comigo para recuperarmos nossa amizade, é o mais importante.

– Jú, ele não me iludiu em nenhum momento, eu que fui idiota, ele me beijou para tirar você da cabeça, mas depois ele disse que não voltaria a acontecer, e eu me deixei levar, porque achava que ele só queria se fazer de difícil, e eu precisava de alguém que me fizesse esquecer o Bruno, nem que fosse por alguns minutos, e lá estava o Rafael – Ela fez uma pausa e continuou falando:

– Ele me falou hoje que até ficou comigo para te tirar da cabeça, mas não funcionou. Vocês se gostam, e estão perdendo tempo, não deixe mais ninguém se machucar nessa história. Se vocês se gostam, devem estar juntos. E mesmo que ontem eu tenha tomado algumas atitudes idiotas, nós sempre seremos amigas, você é muito importante para mim, desculpa se eu percebi isso um pouco tarde.

– Paty, eu e o Rafa não fomos feitos para ficarmos juntos, e mesmo que a história fosse outra, tem você, eu não vou ficar com alguém e ver minha amiga sofrer por uma decisão minha, mesmo você aqui dizendo que não gosta dele, mas como vou ter certeza Paty? E se depois você perceber que não era isso tudo que estais me dizendo, eu não vou conseguir.

– Não Jú, eu não vou sofrer, eu vou seguir em frente, o Rafa foi um casinho que eu queria que desse certo para poder esquecer o Bruno, mas já vi que esquecer aquele lá é mais difícil do que eu imaginava. Depois de namorar o Bruno, eu nunca mais consegui namorar ninguém. E o Rafa é um cara legal, e amigo do Bruno, eu quis me vingar, e queria que desse certo, para poder esfregar ele na cara do Bruno, dizer que eu venci, que namorei alguém legal, que ele não foi o único que me fez feliz sabe? Mostrar para ele o que é ver a pessoa que você ama com outro, como ele faz comigo – Vejo seus olhos se enxerem de lágrimas e minha vontade é de abraça-la novamente, mas sei que logo ela vai chorar muito e não vale a pena derramar lágrimas por alguém que nos feriu.

– Achei que você já tivesse esquecido o Bruno, ou sei lá, virado a pagina – Digo com pena, não acredito, o Bruno vive se esfregando em todas as garotas do colégio, desde que ele e a Paty terminaram, ele fez questão de pegar todas as meninas, o que é muito idiota, porque todo mundo sabe que ele só faz isso porque os pais da Paty não aceitaram o namoro deles. Ele é bolsista, e a família dela, nadam no dinheiro, enfim, eles fizeram ela terminar com ele, caso contrário eles mandariam ela para o internato na Suíça, que tipos de pais fazem isso?

– Eu tentei, eu fiz de tudo, mas cada vez que fecho os olhos eu me lembro de nós, dos carinhos, lembro-me da nossa primeira vez, ele foi o meu único até hoje, enquanto ele, já deve ter levado todas as garotas do colégio para a cama.

– Desculpa Paty, me desculpa por não perceber isso, por não perceber como você estava sofrendo calada – Digo abraçando ela bem apertado, e logo ela começa a chorar novamente, sei que o Bruno não merece as lágrimas dela, mas a deixo chorar, sei que ela precisa disso.

Para mim, o Bruno é um ótimo amigo, e sei que ele ainda ama a Paty também, mas o orgulho ferido por ser rejeitado pela família dela, faz com que ele se torne um babaca na frente das outras pessoas.

– Jú, me desculpa também, por não ter percebido que o Rafa era mais do que um simples vizinho, que você dizia odiar, desculpa por ter ficado com ele.

– Ei, vamos prometer uma coisa? Sem segredos a partir de agora? Assim a gente se ajuda, ninguém se magoa, e não precisa se desculpar, eu errei também.

– Claro – A gente dá mais um abraço apertado.

– Vou ligar para Lisa. Temos que contar tudo isso para ela, vamos ter uma noite de pijama das meninas, e confidenciar todos os segredos, o que acha?

– Perfeito, vou ligar para minha mãe e dizer que vou dormir aqui hoje, e que amanhã eu uso um de seus uniformes para o colégio – Sorrio com carinho para ela, confirmando com a cabeça, pego o celular para ligar para a Lisa.

***

Estou deitada na minha cama com as minhas amigas, a cama é gigante, então cabe nós três tranquilamente. É tão bom poder contar as coisas sem medo, sei que a Paty hoje contou coisas que ela nunca falou para ninguém, e a Lisa nos contou de todo o passado turbulento dela, enfim, pela primeira vez, eu consegui contar tudo o que eu sinto pelo Rafael, chorei contando e relembrando tudo o que o Ethan me fez passar ontem, e sei que tenho amigas que eu posso confiar e não vou deixar que meu passado interfira em nossa amizade.

Rimos, choramos, comemos, e enfim dormimos. Quer dizer, elas dormiram, eu não consigo parar de pensar no Rafa, em tudo o que a Paty falou. Eu levanto e vou até a sacada do meu quarto, que fica em frente à da sacada do quarto dele.

Pelo visto eu não sou a única que perdi o sono, logo vejo cobertas se mexerem no quarto do Rafael, e ele se levanta e vem para a sacada dele também, faz um sinal para eu pegar meu celular. Entro, pego da cama e volto para a sacada. Logo o vejo digitar, e recebo uma mensagem dele:

Rafael: Porque não está dormindo?

Júlia: Sem sono, e você?

Rafael: Também. Está com uma carinha mais animada, gostei de ver.

Júlia: É as meninas me fizeram bem. Consigo ver o reflexo de algo brilhando no seu pulso, é o que eu acho que é?

Rafael: Sim, gostei muito do presente, da carta, e principalmente da garota que me deu.

Olhei para frente, precisava ver os olhos dele, ver se ele estava brincando comigo, se ele estivesse rindo eu ia entender que era uma piadinha entre amigos. Mas a única coisa que vi, foi um olhar sério, eu precisava responder, mas eu não conseguia pensar, nem agir, meu coração estava pulando rápido demais. Comecei a digitar:

Júlia: É muito ruim conversar por mensagem, que tal, daqui a 5 minutos, no portão da minha casa?

Era agora ou nunca pensei, olhei para ele, que parecia estar travando uma batalha interna, mas ele não me respondeu, apenas fez sinal de positivo com a cabeça e se virou para sair do quarto. Eu precisava trocar de roupa, estava com roupa de dormir, e na rua estava frio. Botei o moletom que eu estava hoje de manhã, que estavam jogados no canto do meu quarto. Não quis demorar, não queria dar tempo para ele desistir, coloquei os calçados e sai do quarto de fininho, desci as escadas devagar, para não fazer barulho e nem acordar ninguém.

Quando saí da casa e fui ao portão, ele já estava lá, com uma calça de moletom e uma camisa cinza, o cabelo estava todo bagunçado, parecia de alguém que estava dormindo. Esse pensamento me fez rir.

– Rindo de mim? – Ele disse me olhando com um olhar travesso.

– Eu não ousaria fazer isso nem nos meus sonhos – Digo ironizando.

– Ah, então significa dizer que você sonha comigo? – Ops, agora ele não estava mais rindo, pelo contrário, estava mais perto de mim do que antes, estava sério, como se precisasse que eu confirmasse, eu conseguia escutar nossos corações batendo acelerados, as respirações alteradas, então, decidi que era o momento:

– Sim.

Eu não precisei dizer mais nada. Ele diminuiu o espaço que havia entre nós, passou a mão pelo meu rosto, alisou com delicadeza, como se quisesse guardar aquele momento para sempre, então, ele passou a outra mão pelos meus braços, subindo até a nuca, o que me fez arrepiar, eu não aguentava mais, não queria mais esperar, e como se ele tivesse lido meus pensamentos, se inclinou e colou sua boca na minha. Sentir aquela boca macia novamente na minha, era uma sensação surreal.

O beijo começou lento, só um leve encostar de lábios, mas depois queríamos mais, o simples roçar de lábios passou a ficar mais forte, até eu sentir a sua língua passar pelos meus lábios, pedindo passagem para encontrar a minha, e assim fiz, abri a boca e deixei nossas línguas se entrelaçarem.

Ele tinha um gosto doce, muito bom. Ele desceu a mão até minha cintura, e a outra manteve na minha nuca para poder me puxar mais para a boca dele, aproveitei e deixei uma mão apoiada no seu peitoral, no qual me permitiu sentir o seu coração batendo rapidamente e o outro braço, passei pelo seu pescoço, logo minha mão encontrou seu cabelo, e dei um puxão leve, ele deu um gemido baixo e com isso ele intensificou o beijo, me puxando mais ainda de encontro a ele, deixando nossos corpos colados, agarrei a sua camisa e o puxei, como se necessitasse muito estar grudada nele, o beijo ficou forte.

Senti quando ele me virou, me deixando de costas no muro, e desceu a mão pela lateral do meu corpo. Meu Deus, aquilo era tão bom, que não hora não pensei em nada, o senti mordiscando meu lábio inferior.

Quando ele diminuiu o ritmo e foi se afastando senti um vazio, quero puxar ele novamente, e dizer para ele não parar, mesmo que eu soubesse que não era certo fazer aquilo ali, na rua, mas eu só queria me entregar por completo a ele. Parece loucura, mas, eu me sentia tão segura com ele, que não conseguia pensar direito.

– Jú, isso foi...– Ele não consegue terminar de falar, nossas respirações estão aceleradas, quando ele fixa o olhar no meu, nenhum de nós tenta se controlar, e logo estamos nos beijando de novo.

Dessa vez o beijo é mais urgente, com mais vontade. Logo sinto algo duro pressionar minha barriga, ele está excitado? Ele me puxa forte contra ele, e involuntariamente eu solto um gemido. Quando faço isso, ele parece perceber onde estamos e o que estamos fazendo em um lugar onde qualquer pessoa pode nos ver.

Ele se afasta, e eu fico desolada, porque ele se afastou? Ele começa a andar de um lado para o outro, passando as mãos nos cabelos, eu não falo nada, não quero estragar o melhor momento da minha vida. Então ele para de andar e se aproxima de mim novamente, e diz:

– Jú, desculpa, eu não deveria, não aqui, você merece coisa melhor, do que só um amasso no meio da rua – Ele passa os nós dos dedos no meu rosto, alisando, me tratando com carinho.

– Rafa, não importa onde, o que importa é que estou aqui, com você – Ele escuta com atenção o que eu falei, e se aproxima e cola nossas bocas, em forma de selinho.

– Acho melhor a gente ir dormir agora, caso contrário não responderei pelos meus atos – Ele fala com um sorriso safado nos lábios. Ah, como eu gostaria que você não respondesse pelos seus Atos Rafael, mas não aqui, no meio da rua, e se meus pais acordarem vão ver a cena, isso me preocupa, e se eles já acordaram? E estão na sala só me esperando entrar para me dar uma bronca? Decido que ele tem razão, é hora de entrar.

– Tudo bem, mais um beijo e eu entro – Olho para ele com olhar pidão, ele não vai me negar um beijo de boa noite, ou vai? Ele ri e se aproxima, colando nossos lábios, o beijo é lento, passo os braços pelo pescoço dele puxando para mais perto, ele entende o recado e passa os braços pela minha cintura, colando nossos corpos. Ele finaliza o beijo com selinhos lentos, e depois vai se afastando de mim e diz:

– Boa noite princesa!

– Boa noite Rafa – Assim me viro e passo pelo portão, quando eu chego à porta de casa eu olho para trás, e lá está ele, com um sorriso nos lábios, aceno com a mão e entro. Ufa não tem ninguém na sala, então ninguém me descobriu certo? Subo para o quarto bem a tempo de vê-lo tirar a camiseta e ir para a cama. Meu celular apita, corro para ver quem está me mandando mensagem há essa hora e vejo o nome dele na tela:

Rafael: Pare de babar e vá dormir.

Isso me faz rir, tenho que colocar a mão na boca para abafar meus risos, se não vou acordar as meninas. Ficou assim tão explícito que eu estava babando por ele tirar a roupa para dormir?

Júlia: Desculpe, não resisti, boa noite Sr. Mandão.

Rafael: Mandão eu? Você não viu nada AINDA.

Júlia: Uuuh, estou com medo de você agora. Boa noite, beijos, sonha comigo ;D.

Rafael: Boa noite princesa sonha comigo também, beijos.

***

ROLOOOOOOOU, agora sem desculpas genteeee!

Será que agora vai?

Um beijo a todooos =*

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