Quero mais uma vez
Senti o exato momento em que ele se levantou. Mantive minha respiração por não saber ao certo como me portar com ele partindo.
Um beijo surpreendentemente carinhoso foi deixado em minha testa.
Controlei o ímpeto de envolvê-lo pela cintura em busca de uma despedida que se preze.
Eu estava cansada, moída. Porém, a vontade de estar com ele somente mais uma vez, gritava dentro de mim.
Meu corpo amou o seus lábios e minhas mãos adoraram se perder em seu corpo firme.
Sua saída foi confirmada com o bater suave da porta.
Me sentei na cama buscando meu senso de responsabilidade.
Onde eu estava com a cabeça para deixar ele entrar tão facilmente?
Sei que sentimentos machucam e eu já me machuquei várias vezes.
A menina escondida em mim, ainda ousava sonhar com um amor puro e sincero. No entanto, a mulher que me tornei, luta feroz contra ela e a primeira regra é nunca se envolver emocionalmente.
Saio da cama em busca de algo que saceie minha fome. Mas a fome que sinto, alimento algum pode saciar.
*
Sei algumas coisas sobre ele. Nada muito pessoal.
Sei que é o filho do meio e o irmão rebelde. Sei que seu gosto pelas mulheres se restringe as loiras modelos e que à cada fim de semana uma diferente ornamenta sua cama.
Justamente por ter ciência deste fato, me questiono o que o fez estar comigo neste.
O dia se arrasta e às três da tarde tenho que me encontrar com Fred em um restaurante no Leme. Precisamos conversar sobre o telefonema que recebi.
Quando chego. Ele me aguarda impaciente. Olha que somente me atrasei dez minutos. Fato que nem é considerado atraso.
-Oi nega! Você está linda! -Fala me cumprimentando com um beijo no rosto e puxando a cadeira para eu me sentar.
-Obrigada Fred. Conseguiu resolver o contrato?
-Em parte sim, Sei que agi errado em ter assinado por nós dois, mas entenda que se você me deixar na mão, estará me prejudicando bastante.
-Eu não autorizei você a falar por mim...
-Eu sei nega, mas eu pensei que estava lhe ajudando. Te incentivei tanto no início da sua carreira, que não vi problema em você me ajudar aqui no Rio. Você sabe que meu maior público é em São Paulo. Aqui no Rio, sou apenas mais um. -Fala tentando se justificar.
-Em quê me ajudou? Você somente me levava com muita insistência para seus shows. Aprendi tudo olhando de onde você sutilmente me escondia.
-Eu não te escondia. Em nossas carreiras ter alguém dificulta tudo. Nunca menti para você que nosso lance não passaria do que era.
-Não é essa a questão. Sabe que susto tomei ao receber aquele telefonema hoje de manhã? A mulher me chamou de irresponsável por eu não ter ido me apresentar ontem com você. Eu não sabia de nada e você me usou por saber que estou muito requisitada depois da minha parceria com o DJ Zatran.
-Se fez parceria com ele, pode muito bem fazer comigo. Sabe que mesmo não tão conhecido aqui. Eu tenho um público legal. Poxa Grazi, não custa nada me dar essa força. Imagina como vai ser gostoso depois que à noite terminar e nós voltarmos juntos para sua casa.
Por motivos que eu bem sei. Sua proposta não me agradou. Já passava da hora de dar um basta nessa situação de merda que vivemos.
-Ótima colocação. Acontece que eu não quero mais ser sua distração no final na noite quando você está cansado para uma noitada com suas amiguinhas. Passei tempo demais esperando por...
-Eu nunca...
-Eu sei que nunca me prometeu merda nenhuma. Eu te agradeço por não ter me dado esperanças. Aquela paixão finalmente morreu e eu estou livre de seus joguinhos.
-Nem vem Grazi, outros homens frequentaram sua cama e eu nunca reclamei. Esse sempre foi nosso acordo. Nunca pedi que me amasse ou algo do gênero. Sempre te deixei livre. Eu não posso ser encarcerado e esses seus sonhos infantis de Príncipe encantado nunca valeram para mim.
-Quem disse que você era meu Príncipe encantado? Você não seria um Príncipe nem da bruxa má. -falei sorrindo.
-Porra! Porque estamos falando desta merda e não do contrato que eu assinei.
-Falou tudo. Você assinou. Não eu.
-Por favor Nega. -implora ele.
-Não tenho tempo de cumprir sua agenda. Posso me apresentar com você esporadicamente, mas sem compromissos.
-Obrigado! Vou resolver tudo com o advogado. Agora me conta aí. Quem foi o cara que balançou você desse jeito?
-Me poupe Fred. Isso não é da sua conta meu bem.
-Então tem mesmo um cara diferente na área?
-Não tem ninguém. Eu simplesmente acordei.
-Espero que ele esteja dentro dos padrões exigidos por seu pai.
-Como se a opinião do meu pai valesse alguma coisa pra mim.
-Valeu durante anos. Foi isso que nos afastou naquela época.
-Desculpas esfarrapadas. Você nunca quiz assumir a adolescente gorda e eu me contentei com isso na época. Simples assim.
-Nunca fomos namorados nega. Mas sabe que tenho um carinho todo especial por você. Nossa amizade colorida flui bem assim, sem amarras e sem ciúmes bobos.
-Cansei Fred. Pede minha torta preferida que tenho mais o que fazer.
Assim que o garçom pois na minha frente um delicioso pedaço da torta de damasco com queijo brie. Meu humor mudou.
Passei o restante da tarde rindo das histórias bizarras do Fred e constatei mais uma vez, que no fundo sempre fomos amigos que transavam. Me desculpando por meu descontrole inicial. Assumi que aquele arranjo também foi bom pra mim.
Thiago
Foi difícil me conter e não falar para meus irmãos sobre minha vizinha.
Brinquei falando que iria variar meu cardápio e no final até eu mesmo achei uma boa ideia.
Sei que o fogo daquela mulher não tem nada haver com sua cor. Mas dou o braço a torcer, aquela negra é quente. Tão quente que eu gostaria de tê-la ao menos mais uma vez.
O poderoso chefão resolveu dar as caras na reunião de hoje. Detonou quase todo o meu projeto de marketing e depois saiu com seu ar arrogante de sempre. Meu pai nunca soube ser pai e a mínima demonstração de carinho e dada a Thomas através do seu olhar e a Thales através de suas aprovações em quase tudo que ele propõe. Para mim sobra as patadas e indagações. Os piores dias e quando ele aparece na empresa. Ele é um homem honesto, mas que não sabe demostrar afeto. Talvez quem sabe um dia ele se orgulhe de mim. Se orgulhe do homem que me tornei.
Pensamentos como estes acabam literalmente com meu dia.
Eu preciso de adrenalina. O sol ainda está presente quando dei por encerrado meu trabalho. Só quero chegar em casa pegar minha mochila e fazer uma leve escalada. Me sentar do alto de um morro e contemplar o horizonte. Esquecer por alguns segundos, as coisas que me trazem dor.
Nunca vou perdoar a Deus por ele ter me tirado minha mãe.
No caminho para casa. Me questionei se os braços de Grazi poderiam novamente me fazer esquecer minhas dores. Me repreendi de imediato. Nunca quero depender de alguém para achar meu norte. Se essa pessoa partir também eu não seria capaz de me refazer. Porra! Como ouso pensar que ela poderia me fazer falta. Este pensamento e o suficiente para eu entender que tenho que me manter bem longe dela.
Todo o tormento do dia não se comparou a cena que eu vi assim que virei na rua do nosso condomínio. Apertei fortemente o volante na tentativa de me acalmar. Minhas mãos suavam e o ódio me consumia. Minha vontade era jogar o carro em cima daqueles dois. Controlando meu ímpeto passei direto pela entrada do condomínio.
Uma hora depois, me sentindo engasgado, retornei para casa.
A encontro no hall, saindo do elevador.
Nossos olhares se cruzam. Desvio para esconder minha ira e entro calado no elevador lhe dando as costas.
Que merda de feitiço ela lançou sobre mim? Que sentimento doloroso é esse?
🌻🌻🌻
💐Por favor! Não esqueçam de votar e comentem à vontade.
💋Beijos da Aline💋💋.
Volto domingo.
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