Medo
A saudade que eu estava dele, me fez passar à noite em claro enquanto ele dormia. Desta vez sobre o meu peito. Isso e a notícia que minha mãe logo chegaria.
Fiz promessas de nunca mais me envolver com alguém que tivesse uma real importância sentimental para mim e Thiago chegou como um intruso, derrubando sem permissão as barreiras tão planejadas com que me fechei.
Tenho medo do que estou sentindo e principalmente aonde este sentimento pode me levar. Sofri no passado por querer a todo custo Fred comigo. Mas sei que meus sentimentos por Fred, era como um desafio. Eu o queria por ele não me querer, por ser também uma afronta. Eu queria que ele gritasse ao mundo que me amava somente para satisfazer meu ego. Demorei demais para entender que se eu não me amava era impossível amar alguém.
Hoje me amo e me conheço, sei bem que estou brincando com fogo, Thiago é um espírito livre assim como eu era antes dele. E é justamente aí, que mora o perigo, isso que me enche de medo.
Meu corpo, mesmo sem permissão, parece esperar por ele, outros são dispensados sem a menor chance de chegar perto. A proposta de "amigos exclusivos" me incomodou... Percebi, que não era bem isso que eu desejava e me repreendi imediatamente.
Cansada da minha briga interna, estico a mão pegando meu celular que estava no chão. Meu movimento faz ele se mexer e me abraçar com um pouco de força. Com o celular em mãos, suspiro relendo a mensagem enviada por Gabi. Mamãe estará na cidade para o fim de semana e vai ficar hospedada aqui.
Não sei se foi meu suspiro ou a claridade do meu aparelho. Thiago se mexe rolando o corpo para o lado e ficando de frente para mim.
-Por que não está dormindo pequena? -questiona com suavidade e ainda sonolento.
-Estou acostumada com a madrugada.
-Deixa esse celular de lado e vem dormir comigo. -fala retirando o aparelho da minha mão e o colocando no chão, do lado dele.
Me envolve em um abraço gostoso, deitando minha cabeça em seu peito nu. Alisa meus cabelos e deixa um beijo na minha testa.
-Me conta o que a está incomodando?
-Não é nada.
-Conheço bem esses nadas, sou o mestre da insônia e talvez falar, te ajude a relaxar. -aconselha ele.
-Isso te ajudou? .
-Na verdade, nunca conversei sobre isso com ninguém, com os anos me habituei a não dormir muito, meu corpo se acostumou as poucas horas de sono.
-Não acho que você dorme tão pouco assim, sei que não descansa às oito horas recomendadas, mas creio ser pelo tempo que passamos juntos acordados.
-Não menti, quando disse que minhas melhores noites são com você. No geral, durmo menos que quatro horas por noite. -contou me surpreendendo.
-Quer dizer que eu te dou sono? -pergunto fingindo indignação.
-Não pequena, quer dizer que você me traz paz. Uma paz que eu não sei de onde vem e nem como te explicar. Com você sempre corro o risco de perder à hora. -completa, me fazendo segurar a emoção dentro de mim.
-Isso é ruim?
-Ai depende, se tiro o seu sono é.
-Você não tira meu sono lindo, minha mãe vem passar o fim de semana comigo e isso sempre me incomoda.
-Vocês não se dão bem?
-A maior parte do tempo sim, mas ela não aprova um monte de coisas que eu faço ou como faço. -explico, levantando o rosto e olhando para ele.
-Exemplos?
-Trabalhar na noite; comer fora de hora; beber até o dia raiar... -parei com o som da sua gargalhada.
-Desculpa. -pediu entre risos. -Pequena, quê mãe ficaria feliz com estes exemplos que você deu. Se coloque no lugar dela e pense se você não faria a mesma coisa.
-Okay lindo sensato, só que minha mãe pouco morou comigo, nunca participou da minha criação. Não acho certo ela agora querer apontar onde estão os meus erros. Gosto dela, respeito e acho até que nos damos bem. Esquece, você não vai entender.
-falo deitando novamente a cabeça em seu peito.
-Me ajude a entender, qual o seu medo neste encontro?
-Perto dela, eu perco minha identidade. Tento ser alguém que à agrade.
-Sou assim perto do meu pai também. Parece que tudo que faço, nunca é o bastante. Acho que é por eu ser o filho do meio. -desabafa.
-Por isso a rebeldia?
-Não sei, sempre fui problemático. Fiz coisas que não me orgulho, mas te digo, se eu tivesse a chance de ter minha mãe outra vez ao meu lado, eu faria tudo diferente.
-Minha mãe saiu de casa quando eu tinha te três anos, levou o Gabriel com ela é me deixou pra trás. Gabi foi filho do amor, eu não. Praticamente fui abandonada com meu pai. Isso machuca. Mesmo escondendo, senti a falta dela, me mandava presentes que nem me serviam, somente à encontrei quando fiz quinze anos, e naquela época suas palavras eram sempre me cobrando um corpo mais magro. Em uma dessas cobranças Gabi chegou da faculdade e entrou em minha defesa. Eu e ele nos falávamos por telefone diariamente e eu nunca tinha revelado o que mamãe fazia. Aos dezoite, fui morar com Gabi em São Paulo.
Ele me abraçou com mais força e deu vários beijinhos na minha cabeça. -Deus o que este homem está fazendo comigo... -suspiro pensando.
-E o seu pai? -questiona ele.
-Vamos dormir agora, outro dia te falo sobre ele. -me aninhei melhor em seus braços. Dando o assunto por encerrado.
Thiago
Finalmente entendi porque todos adoram o sexo de reconciliação.
Essa mulher tem sabor de quero sempre mais. Seus olhos transparentes e seu sorriso fácil me encantam tanto quanto seu corpo cheio e seus cabelos revoltos.
Passei três dias me odiando por ter proposto o desafio, somente para hoje agradecer o feito.
Estou tão relaxado que o sono chega sem aviso. Desperto minutos antes dela pegar o celular, mas me mantenho calado. Percebo que ela não está bem e tenho medo de saber o motivo. Será que se arrependeu do nosso acordo? Será que quer estar com outros?
Calado, recordo do fiasco que foi minha noite com Mônica. Até o toque dela me irritava, então não tive escolha a não ser deixar ela na mão e partir. Por agora, eu estou muito satisfeito ao lado de Grazi e não desejo que nada estrague isso. Muito menos as amarras de um compromisso sério. Ainda somos jovens e temos muito para curtir e por enquanto, faremos isso um ao lado do outro. Ao menos é isso que eu espero.
Com o celular na mão ela vacila na respiração. Será um ex perturbando nossa paz, por que ela está acordada e eu dormindo? É evidente seu tormento. Viro pro lado é retiro o celular de sua mão.
A conversa foi surpreendente, quem vê seus sorrisos não imagina o quanto sofreu. Fiz ela dormir alisando seus cabelos, assim que sua respiração mudou, meu sono retornou.
Acordei com a claridade do Sol em meu rosto. Olhei ao redor e ela não estava. Um barulho de panela caindo seguido de um palavrão, me fez pular da cama.
Cheguei em segundo na cozinha e vi a cena mais loucamente apaixonante.
Grazi em meio a bagunça, arrumando ou tentando arrumar, uma bandeja com o nosso café. Caminhei com passos lentos e a abracei por trás enchendo seu pescoço de beijos.
-Droga! Assim não vale Thiago!
-O que não vale Grazi?
-Eu queria te fazer uma surpresa.
-Pode ter certeza que você fez. -afirmei sorrindo.
Para não estragar a "surpresa", voltei pro quarto e esperei pacientemente por ela.
O café estava fraco e melado, os ovos um pouco cru, mas as torradas, estavam perfeitas. Comi feliz e sem reclamar de nada. O que me deixou feliz mesmo foi o esforço dela no preparo.
Tomamos banho juntos. Depois ela foi lá em casa pegar minhas roupas, enquanto eu preparava uma massa para deixar pro seu almoço.
Antes de sair, fiz um café forte e a enchi de beijos. Tomei o café pensativo.
Dentro de mim o maior medo era fazê-la sofrer. Sei que não sou homem de uma só e essa minha natureza provavelmente vai voltar.
Fui trabalhar sorrindo, mesmo ainda com o medo dentro de mim.
🌻🌻🌻
Oi amores! Meu Celular não está nada bem. O patife apaga até mesmo estando no carregador e muitas vezes perco parte do texto. Me perdoem a demora, mas é que tenho sempre que ler a outra história pra não fazer feio nessa kkk. Eu sou mãe, esposa e dona de casa. Então imaginem como fica meu tempo. Mesmo o capítulo sendo curto, ele exige preparo e imaginação. Às vezes cem palavras me tomam mais de cinco horas.
💐Por favor! Não esqueçam de votar e comentem à vontade.
💋Beijos da Aline💋💋.
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