Inusitado

Estou bem acostumado com à noite. Porém a agitada noite dela, chegava a me deixar cansado somente em observar. Cada vez que ela voltava ao camarim, eu tinha vontade de aninhá-la em meus braços e fazê-la descansar. Por toda à madrugada ela passava mais de uma hora de pé, antes de poder ao menos se sentar.
Mesmo diante de seu estado de euforia, claramente percebi seu esgotamento físico ao entrar novamente no camarim.

Entrou e sorriu largamente ao me ver.

-Por que não dormiu um pouco Thiago?

-Não se preocupe comigo pequena, senta e me dê esses pezinhos aqui.

Obdiente, sentou-se na poltrona colocando os pés sobre um cooler que tinha ali.
Me sentei de frente para ela e com naturalidade retirei seu tênis e começei a massagem.

Concentrado no que eu fazia. Levantei meus olhos minutos depois. O brilho que vi nos olhos dela fez meu coração disparar e sem eu perceber, desviei o olhar.

Me olhava tão diferente que eu não soube como me portar. Eu conhecia o olhar de cobiça, luxúria, amizade e até mesmo o do amor. No entanto, aqueles me olhavam tão diferentes que como um imã, fui atraído por eles novamente. Não sei quanto tempo se passou, eu nem respirar conseguia direito. Ela não sorria. Nada dizia. Eu estava com algo preso em minha garganta, mas minha voz não saía.

O momento foi quebrado com a entrada de Gabriel acompanhado de uma das amigas de Grazi. Ela foi a primeira a quebrar o contato e eu demorei um pouco para notar que não estávamos mais sozinhos.
Nem sei se Gabriel bateu antes ou simplesmente entrou.

Bárbara à abraçou e danou a falar sem parar. Me levantei e fui beber água, entregando um copo também para ela. O lugar pareceu me sufocar e em silêncio deixei aquele recinto.

No corredor de acesso o som era mais alto. Porém, não estrondoso e o ar parecia circular melhor. Eu não sabia se saía ou voltava. A porta detrás de mim abriu e Gabriel parou ao meu lado.

-Se tem dúvidas, deixe ela e vá. - falou calmamente.

Dúvidas? Dúvidas de quê? Eu realmente não soube dizer.

-Não tenho dúvidas de nada Gabriel. -respondi incerto.

-Ter você ao lado não é tão fácil assim para ela. Mas acho que sabem aonde estão se metendo.

-Sabemos sim. -afirmei.

-Mas estou preocupado.

-Por que?

-Por nadaThiago. -falou já abrindo a porta e retornando ao camarim, depois de dar dois tapinhas no meu ombro.

Pensei. Acho que ele acredita que eu e ela temos algo a mais do que realmente temos. Por segundos me questionei o que eu fazia ali em um ambiente tão diferente do meu. Isso apenas durou até ela abrir a porta. Na ponta dos pés, beijou meu rosto e seguiu de volta ao palco, acompanhada do irmão e da amiga. Fiquei parado olhando ela seguir.

Eu estava ali por ela e não por mim. Eu estava ali, para ela saber que era importante. De uma forma inusitada essas palavras dançavam em minha mente.
-Ela é importante. Ela é importante.

Segui calmamente atrás dela. Cheguei a tempo de ver ela desviar o rosto de um beijo que aquele babaca tentou lhe dar ao entregar o microfone de volta para ela. De punhos fechados dei dois passos. Gabriel me segurou.

-Ele é um babaca e ela sabe muito bem disso. Não se preocupe que ela sabe como se cuidar. -falou ainda com a mão em meu braço.

-Eu sei que ela sabe. -Concordei o agradecendo mentalmente por não me deixar fazer um papelão.

Ali dos bastidores esperei aquela hora passar, seu ritmo me contagia e toda a tensão anterior some. Me permitindo apenas curtir o som que ela com maestria produzia.

O palhaço se retirou sem falar conosco, ao meu lado observava Barbara provocando Gabriel que por algum motivo que eu desconhecia, resistia.

Às cinco da manhã em ponto, Grazi se despediu do público e veio sorrindo ao meu encontro. A abracei sussurrando -Parabéns! Você arrasou pequena. -para em seguida lhe dar um beijo.

Cinco e meia da manhã entramos no carro, tendo como destino nossas casas. Passamos para deixar Barbara primeiro.

Eu dirigi com ela ao meu lado e um Gabriel calado no banco de trás.

Estacionei e gabriel desceu se despedindo e pegando a case dela na mala. Saí para lhe abrir a porta e me lembrei automaticamente da nossa primeira noite juntos. Beijei seus lábios com ternura.

-Na sua casa ou na minha? -perguntei dando beijinhos em seus lábios.

-Na sua por favor, não estou a fim de encontrar minha mãe antes de dormir um pouco.

-Sim senhora.

Pela primeira vez segurei suas mãos e caminhei ao lado dela naquele curto trajeto. A sensação foi boa.

Ao sair do elevador ela sugeriu buscar uma peça de roupa. Sorri perguntando ô pra quê?

-Senta que vou preparar algo para você comer. Percebi que não comeu nada durante o show. -Falei assim que entramos em meu apartamento.

-Não estou com fome, só quero tomar um banho e deitar um pouco. -falou se jogando no sofá e tirando o tênis.

-Pode ir tomar banho que vou lhe preparar algo leve. -sugeri.

-Não quero Thiago.

-Não está com fome ou não quer comer por causa da sua mãe? -Questionei olhando em seus olhos.

-Chato! Quer ter trabalho antes de descansar, fique à vontade. -respondeu levantando e seguindo em direção ao meu quarto.

Na cozinha, optei por colocar uns morangos com yogurt no pote e um copo de suco de melancia para acompanhar. Eu não estava fome, havia comido aquelas guloseimas do camarim.

Isso foi rápido, deixei a bandeja sobre o criado mudo e entrei no banho para acompanhá-la.

Ela estava de costa e a sua postura ficou rígida com meu toque.

-O que foi pequena? Nem tenta dizer quê nada.

-Por que você faz essas coisas pra mim? -Questionou se virando.

-Que coisas? -perguntei colocando uma mecha dos seus cabelos para trás.

-Ontem me protegeu a ponto de não me deixar só e agora essa preocupação com minha alimentação. -explicou liberando o chuveiro.

-Isso é ruim?

-Para de me responder com perguntas.

-Certo. Faço isso porquê me importo com você. Agora me responda se isso é algo ruim.

-Não é... -Calou-se me dando um beijo.

Saiu do box primeiro e quando cheguei no quarto com uma toalha enrolada na cintura, a vi comer sem reclamar.

Desforrei o meu lado, fechei as cortinas e liguei o ar. Deitei e a chamei para meu peito.
Ela deixou a bandeja de volta no criado mudo e veio se aconchegando.

Fiz carinhos suaves em sua costa até ela dormir. O turbilhão de dúvidas em minha mente não foi empecilho para eu fazer o mesmo.
*
Acordei com um suave beijo no meu queixo. Sorri de olhos fechados sentindo o aroma dela. Insistindo ela continuou desta vez beijou meu peito.

-Para de fogo e volte a dormir pequena, você precisa descansar. -falei abrindo levemente os olhos.

-Lindo, seu telefone estava tocando sem parar.

Achei difícil de acreditar, mas na duvida. Ainda sonolento, peguei meu aparelho. Duas chamadas perdidas de Thomas e antes que eu retornasse a ligação, uma mensagem dele apareceu no alto da tela.

Ele me convidava para ir para um bar mais tarde.
Somente ao responder, percebi que já passava dás 15:00 horas.
Antes de dizer que eu não ia, perguntei se ele estava bem e se queria conversar.
Ele respondeu que estava e iria apenas encontrar uns amigos para beber um chopp.

Encerrei o papo mandando ele se cuidar e sorri ao ver Grazi até agora com o rosto apoiado em meu peito me olhando com aqueles olhos penetrantes.

Pisquei para ela sinalizando que estava tudo bem e depois de me sorrir, ela voltou a beijar meu peito. Ainda custava a acreditar, que eu havia dormido mais de oito horas seguidas.

Rodei nossos corpos, colocando ela em baixo. Que reclamou! Depois falou que precisava de um banho para despertar, saiu da cama me jogando o travesseiro e me mandou escovar os dentes.

A intimidade estava crescendo e assustadoramente, eu estava gostando disso.
*
Pôs banho, segui com ela para seu apartamento, ela queria saber se a mãe tinha almoçado e está deixou um bilhete falando que saiu com o filho e voltaria para o jantar.

Voltamos para minha casa e em fim pude me perder nos lábios e corpo dela.

Fizemos strogonoff, optando pela praticidade e voltamos para a casa dela com tudo pronto.

Gisele desta vez me olhou diferente, sei que ainda não me aprovava. Porém, também não reprovada. Elogiou a comida e sorriu feliz quando Grazi contou que foi ela quem fez, sobre minha pequena supervisão.
*
Gabriel lavava a louça e a mãe secava. Estávamos todos bem à vontade na cozinha. A sensação sufocante voltou e me despedindo de todos resolvi me encontrar com Thomas. Não antes de dar um beijo gostoso em Grazi, que me acompanhou até a porta e eu combinar de encontrar com ela na manhã seguinte.

Dirigi sorrindo e realmente feliz, eu acho que gosto dela, mas nem por isso preciso viver em prol dela. Eu sou livre assim como ela.

🌻🌻🌻

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💋Beijos da Aline💋💋.


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