Abusado

Há cinco anos deixei Minas Gerais para trás e vim morar no Rio de Janeiro na tentativa de me encontrar e tentar ser feliz.
A primeira coisa que mudei foi os cabelos alisados. Eu não aguentava mais ser escrava da prancha e da escova progressiva. Nada contra as mulheres que usam seu cabelo assim, mas comigo era diferente. Eu não me identificava.

Em um ato de rebeldia. Segundo meu pai. Abri mão de tudo que ele me oferecia buscando a liberdade de ser quem eu queria. A música sempre me encantou. Agora me dedico totalmente a ela.

Creci para ser administradora de empresa. Cansei de não poder ter meus sonhos realizados. Assim que conheci Fred, me encantei com a sua profissão. Isso, ainda lá em Minas Gerais.

Fred era o Dj que agitava as noites da cidade e como sua "namorada" eu o acompanhei muitas e muitas noites nas baladas.
Aprendi olhando. Até que me arrisquei e me encantei quando vi a galera na pista ir ao delírio com a minha batida. Sou eclética.
Sou romântica. Sou fera. Sou guerreira. Sou mandona, chorona, risonha e brincalhona. Mas acima de tudo, hoje eu sei que eu sou Graziela. Meu sobrenome não importa. Principalmente aqui, no Rio de Janeiro.

Tem seis meses, que finalmente, alcancei um dos meus desejos.
Não preciso mais implorar para tocar em uma balada. Hoje eles que me ligam e tenho até dificuldade em agendar todos eles. É gostoso demais passar à noite fazendo o que amo. Mesmo meu pai não aprovando.

Não posso dizer que não tive dificuldades. mas posso dizer com certeza que nunca pensei em desistir. Desistir seria deixar de existir e isso eu jamais ia querer para mim.

Estou morando nesse condomínio há 3 meses. A piscina me chama, mas me falta coragem. Depois de muitas vezes chegar ainda na madrugada. Descobri que este é o melhor horário para aproveitar.
Deixei meu material no carro e me troquei no banheiro da piscina. Antes que o sol a ponte, me deleito nas águas frescas em contraste com a quentura do Rio. Assim que o sol aparece aproveito para pegar uma cor. Meu cansaço e meu sono é evidente. Mas ou aproveito nesse horário para receber uma boa dose de vitamina D ou passo a vida sem ela.

Estava tudo bem até que me sinto ser observada. O incômodo não é como os de antes. Sim! Sempre me sinto incomodada quando sou observada. Porém, desta vez é diferente. olho ao redor e nada. Imagino ser algo da minha mente e resolvo relaxar.
Assim que noto os primeiros movimentos dos moradores, percebo que chegou a hora de me recolher.
*
Fred, é meu ponto fraco. desde Minas. acabo sempre passando à noite em seus braços.

A conversa dele para mim é sempre a mesma. gata não se apegue. Sofri, demorei, mas aprendi. Para viver nesse mundo tem que ser dura. Não pode ser uma sonhadora. Hoje ele é apenas meu pau amigo.

Como já esperado. Depois da nossa apresentação na inauguração de uma casa de show. Fred, veio para casa comigo. Hoje em dia quase não trabalhamos juntos. O forte dele é as baladas de Sampa.

Todos me julgam. Mas ninguém me conhece e nem tem porquê conhecer.

Embalada no fogo trazido pelo álcool, falto pouco devorá-lo dentro do elevador. Saio do mesmo sorrindo e sou surpreendida pela delícia do meu vizinho. O cara sabe ser gato. Já o tinha visto algumas noites atrás. Ele sempre entra na madrugada acompanhado. E quase sempre eu o vejo na garagem. Sempre espero ele subir, para depois eu fazer o mesmo.
Isso é o que eu estou curtindo em morar em apartamento. Aqui não conheço ninguém a não ser o simpático senhor Severino e a chata da síndica. Esta que por sinal vive querendo saber da minha vida e até já me falou como Thiago. Meu vizinho gato. É um mulherengo. Na certa deve falar de mim também.

Após cumprimentá-lo fico indignada com sua falta de educação.
Com certeza é mais um pleyboyzinho mimadinho.
Ele não me respondeu e ainda por cima fez cara de pouco caso.
*
Hoje é sábado. Fui me apresentar em Magé. Participei de uma rave. Toquei de três da tarde até às três da manhã.
Agradeci aos céus quando Gabriel me avisou que iria me buscar. Ele foi de táxi somente para voltar comigo.
Faço muitos shows. Mas não dispenso quando consigo vim dormir em casa ao invés de um hotel. Gabi, sabe bem disso.

Depois de mais de dez horas de pé. Quando saímos do carro, após alguns passos. Não resisto e peço colo.

-Você deve estar doida Grazi, se eu te pegar vou fuder com a minha coluna.

-Poxa Gabi, você já foi melhor que isso. De quê adianta ficar levantando peso na acadêmia e não ser capaz de me levantar.

-Levantar eu levanto. Mas te carregar e missão impossível. -respondeu sorrindo.

Passei à frente dele e parei me virando. Coloquei as mãos em seu pescoço e mandei ele provar que me levantava. A resposta foi cócegas em minha cintura.

Amo o jeito como ele me mima. Assim que entramos. Ele foi encher a banheira para mim e depois preparou um reforçado café da manhã. Quase nem comi de tanto sono que eu estava.
*

Domigo depois do almoço. Saí para levá-lo para passear um pouco.
Assim que as portas do elevador se abrem, Thiago sai e bate literalmente de frente comigo. Meu rosto se choca em seu peito rígido.

-Não olha pra onde anda não? -fala com ripidez.

-Me desculpe! Eu estava distraída. Mas você também deveria olhar por onde anda.

Gabi que acabava de fechar a porta se aproxima.

-O que aconteceu Preta? -questiona Gabi ao nos ver nos encarando.

-Nada Gabi. Meu vizinho que é cego. -respondo ainda olhando a fuça de Thiago.

Thiago desvia os olhos para Gabi que sorri. Em resposta o intojo fecha mais a cara e o olha de cima a baixo. Para depois dizer um bom dia entre os dentes e nos dar as costas.

Mas é num abusado mesmo. Ia ser bem feito se Gabi quebrasse a cara dele.

Está cena, foi o suficiente para Gabi me encher a paciência à tarde toda fazendo perguntas que eu não saberia responder. Ousou até mesmo supor, que o vizinho abusado tinha interesse em mim.

-Você fala isso porque não vê as beldades que ele trás pra casa. Todo fim de semana é uma loira diferente. -Esclareci.

-Isso porque ele ainda não conheceu o poder de uma negona. -falou sorrindo.

-Sei. E você? Finalmente se rendeu?

-Estou fora. Sabe que acabei de sair de um casamento e não quero complicações.

-As meninas vão lá em casa hoje. Lembre-se que são minhas amigas e se comporte.

-Juro que vou tentar. -falou beijando os dedos em sinal de Cruz.
*
No começo da noite. Minhas quatro amigas chegaram. Estou com elas desde que cheguei no Rio e até morei um curto período na casa da Fabíola no Morro do Vidgal. Foi ela que me levou para o projeto aqui do Rio. Ela sabia que eu fazia o mesmo em Minas. Éramos amigas apenas na web.
Amo ver o sorriso daquelas crianças no hospital quando chegamos para alegrar seus dias.

Música no limite permitido regada de muita bebida com conversa alta e gargalhadas barulhentas.
Acabei dormindo no sofá mesmo e por pouco não perco à hora de levar Gabi ao aeroporto.

Ele mora em São Paulo, mais em breve estará de mudança para o Rio.
Fato que me enche de felicidade. Finalmente vou tê-lo comigo.

                            🌻🌻🌻
Oi amores! Este capítulo foi somente para vocês conhecerem um pouquinho da Graziela.

Por favor não esqueçam de votar e comentem à vontade.

💋Beijos da Aline💋💋.






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