Testamento.

Assim que cheguei em meu escritório, fiquei remoendo as informações que Carvalho havia me dado e eu  temerosa passei ontem para Thales.

Não tenho dúvidas de quê Theodoro sumiu com o testamento. Porém o que realmente está me incomodando é o quê Ivan tem contra ele que o fez refém por tantos anos.

No fim da tarde Thales me liga tentando esconder a decepção na voz e me conta não ter achado nada, nem mesmo as promissórias que ele disse ter deixado no escritório de casa.

Com esse mistério em minha mente, resolvi telefonar para meu pai.

Depois de muitas palavras de amor e saudade eu exponho um pouco do motivo do meu telefonema.

-Pai, Theodoro Parker está chantageando o filho com um casamento arranjado para que eles não percam a empresa. O que me chamou a atenção é que Ivan Macedo que foi motorista de Theodoro seja o pai da mulher que Thales deveria se casar.

-Como isso chegou ao seu conhecimento Becca?

-Juro que te explico isso depois e espero que me perdoe. Mas, agora eu preciso saber se o senhor sabe de alguma coisa.

-Quando rompi com Theodoro, Ivan ainda era seu motorista. Lembro-me bem, porque ele servia à nossa empresa.

-Theodoro alegou que perdeu a empresa no jogo.

-Aquele babaca é muita coisa, menos burro. -Ele se cala é escuto minha mãe o interrogando.

Depois de explicar tudo à ela, ele desliga com a promessa de me ligar mais tarde.

Ligo para Thales e ele nem me deixa falar. Apenas diz que vem me buscar e que passará à noite comigo.
*
THALES

Assim que pego Becca ela me conta que ligou para o pai pedindo uma opinião ou ajuda. Me conta que o pai ficou de ligar mais tarde e é exatamente quando entramos em seu apartamento que o telefone dela toca.

Nos surpreendendo e sua mãe quem fala com ela. Pedindo que eu e meus irmãos estejamos em sua casa na manhã seguinte às dez da manhã.

Ligo para meus irmãos avisando que teremos uma reunião externa e que precisarei deles. Combino de pegá-los as nove em casa mesmo.

Não contei à eles o que Becca descobriu, quero provas antes de acusar nosso pai.

Mesmo com Becca presa em meus braços, não consigo parar de pensar em o quê Igor pode ter para nos dizer na manhã seguinte. Sei não ser coisa boa, pois o casal somente retornaria na próxima semana.

Os carinhos dela me ajudaram a finalmente dormir, mesmo ela sorrindo sei que também está preocupada e que essa preocupação e por mim.

Deixei claro que independente do que for revelado amanhã, não vou mais fingir estar de acordo com um possível casamento com aquela dondoca. O sorriso de Becca me provou que é somente dela que eu preciso. Graças aos apoios externos, o orfanato não será abalado e para mim isso basta.
*
Becca queria buscar os pais sem mim no aeroporto para contar finalmente sobre nós. Não permiti. Quero eu mesmo falar com eles e por este motivo, acordamos às seis e às oito estamos em pé no saguão do aeroporto.

Quando anuciaram a chegada do vôo, não nego que fiquei nervoso. Nunca pedi ao pai de alguém sua bênção, e Igor é Luíza são simplesmente os pais da mulher que amo.

Para minha surpresa, Luíza abre um sorriso igual ao de Becca quando me vê com a mão na cintura de sua filha.
Igor somente acena com a cabeça enquanto vamos em sua direção.

Becca beija e abraça ambos e quando ela termina eu estendo minha mão a Igor que a aperta com firmeza.

-Doutor Igor, Senhora Luíza. Eu estava esperando o retorno de vocês na semana que vem e agradeço que tenham retornado antes para assim espero me ajudar. Eu e Becca estamos juntos e de verdade eu gostaria dá bênção de vocês.

-E se eu não der? -Questiona ele sério.

-Eu lamentarei muito. Porém, isso não será o suficiente para me afastar dela. -declarei olhando em seus olhos que me avaliava sem piscar.

-E o que seria? -pergunta Luíza sorrindo.

-Ela dizer que não me quer e falar isso olhando em meus olhos. -respondo me virando para Becca que está sorrindo. -Como ela pode sorrir quando estou quase tendo uma crise nervosa?

-Calma amor. Pai, relaxa eu sou bem grandinha. -Fala ainda sorrindo.

-Já esqueceu o outro rapaz? -questiona Igor me olhando.

-Que rapaz? -Indagou sem conter meu ciúme tão evidente.

-O rapaz era ele, não era?

-Era sim mãe. Ou melhor, é ele.

Pronto! Agora Luíza me abraça e Igor me fuzila com o olhar.

-Sei que sua filha falou um pouco sobre o que tivemos...

-Sei que você agiu como um moleque não dando a ela, chance de se explicar.

-Cala a boca Igor. Becca também não foi muito correta. O importante é que se acertaram e parecem gostar muito um do outro.

-Na verdade senhora. Eu amo a filha de vocês.

-Agora entendo o porquê de Theodoro querer te casar na marra com outra. Somente por isso vocês já têm minha bênção e chega dessa história de Doutor e senhora. Igor e Luíza está de bom tom.

-Obrigado! -agradeci mesmo não achando os seus motivos corretos.

No caminho para a casa deles, Luiza entregou que eles já sabiam do nosso envolvimento. Que depois de ver o sofrimento de Becca, eles obrigaram os seguranças a contar e à partir daí, um pequeno relatório era mandado semanalmente para eles.

Becca surtou e disse que vai despedir os dois. Sorri sabendo que ela não o fará, aqueles dois são como irmãos mais velhos que somente protegem sua caçulinha.

Os deixei em um condomínio de luxo no Recreio e fui buscar meus irmãos em Copacabana.

Como combinado eles esperavam por mim na portaria.

No caminho contei o pouco do que eu sabia. Falei também sobre a amizade de mamãe com Luíza. Eles já sabiam que no passado papai e Igor foram sócios, contei a eles no dia seguinte ao coquetel.

Foi Becca quem abriu am porta para nós receber e em seu rosto percebi, que nada lhe foi revelado enquanto estive fora.

Assim que sentamos num confortável sofá na sala, Luíza e Igor desceram as escadas com roupas informais e bem à vontade. Não deixei de perceber uma pasta na mão de Luiza.

Comprimentos feitos e Igor ainda de pé começa o falar:

-Estou casado há vinte nove anos com essa bela mulher, este foi o motivo do meu negócio com o pai de vocês chegar ao fim este também o foi motivo do primeiro divórcio dos país de vocês.

Olhamos uns para os outros e talvez pela surpresa nos mantivemos calados.

-Helena se separou dele quando escutou os absurdos que ele disse para Luíza no dia do nosso casamento. -Ele olha para a esposa e está entende à deixa.

-Mesmo tendo agindo por impulso, Helena sempre foi loucamente apaixonada por Theodoro. Um amor que à cegou por um tempo. Mesmo divorciados eles não se separaram e voltaram a se casar vinte três anos à trás.

-Realmente Becca falou algo sobre testamento depois do casamento e eu não percebi a data. -falei à interrompendo.

-Três meses antes de sua triste despedida, Helena sabia que eu iria viajar e ficar dois anos fora. Ela me procurou na semana da minha viagem e me fez jurar que faria o que ela me pediu. -calou-se, olhou para o céu e disse: -me perdoe amiga mais vou adiantar alguns meses. -olhou para nós e continuou. -Ela me fez jurar que independente de onde eu estivesse, se quando Thales completasse 30 anos a empresa não estivesse nas mãos de vocês, eu deveria entregar este documento à vocês. Foi lacrado por ela depois de lê-los para mim. -concluí, entregando um envelope à cada um de nós.

Antes de abrir o meu. Chamo Becca para meu lado e meus irmãos abrem espaço para ela.

Em nossas mãos tem cópias autenticadas dos dois testamento e o último derruba o primeiro.

Como previsto, a empresa é nossa. Cada filho tem trinta por cento e meu pai dez por cento.

-Igor não sabia desses documentos. Ela pediu segredo. Eles foram deixados anexados ao meu testamento, aos cuidados dele ou de Becca. -Explica Luiza. -O pai de vocês ficou com o original.

Ela fala. Entretanto, ainda vejo seu nervosismo e em suas mãos ainda há um envelope. Ou perceber meu olhar para Thomas, de uma forma confusa, entendo que ela quer o meu consentimento.

-Ela te pediu para fazer o que falta? -questionei sem nem saber o que seria.

-Sim, seguida da entrega do testamento. Eu conheço a história e ela pediu que eu explicasse ela à vocês. Aqui somente tem o mesmo que irei falar. Era para o caso de eu também não está por aqui.

-Então, por favor continue. -falei trocando de lugar com Becca e me sentando ao lado de Thomas, mesmo sem conseguir imaginar o que seria eu sabia que era relacionado a ele.

-Como eu havia dito, eles se divorciaram mas não se separaram. Até três anos depois. Sua mãe descobriu que seu pai a traiu. O homem tão racista teve como clichê, um caso com a empregada. Sim ela era negra. Ela colocou os dois na rua e foi passar um mês comigo em Portugal. O jatinho de Igor tirou vocês daqui e por isso seu pai não conseguiu encontrá-los na época. Thomas ainda não era nascido. Ela ficou despedaçada. Por mim ela não retornaria tão cedo ao Brasil. Ela voltou e ficou novamente a frente da empresa, tirou ele da vida dela, mas logicamente não da vocês. Isso não impediu seu sofrimento como mulher. Uma traição as vezes nos faz sentir menos mulher, menos capaz, procuramos a nossa parcela de culpa, mesmo muitas vezes não tendo. -Ela para e olha para Thomas e eu já sei o que vem a seguir. -Ela não estava carente, mas parecia querer provar para si que era capaz de tirar Theodoro do seu coração.

Ninguém falava nada e ela se aproximou do marido que a abraça, lhe incentivando a continuar.

-Ivan, nesta separaçao ficou ao lado de Helena. A enchendo de elogios e se mostrando um grande amigo. Mesmo forte ela estava fragilizada, em uma noite depois que o pai de vocês os levou para o primeiro fim de semana com ele, ela se rendeu as investidas sutis de Ivan. Na manhã seguinte ela se arrependeu e entendeu que somente estava querendo punir Theodoro. Chorou em dobro por sua tolice e foi assim que Theodoro a encontrou de manhã, ao retornar por que vocês não dormiram bem longe da mãe. A culpa, um tempo depois. À fez perdoa-lo e eles voltaram. -novamente ela para e agora se ajoelha de frente à Thomas. -Aquela noite com Ivan. Trouxe você Thomas, Theodoro não é seu pai e você se tornou o filho mais amado pois foi o fato de você ser concebido que abriu novamente o coração da sua mãe para Theodoro. Ela não escondeu a gravidez e ele simplesmente a apoio e declarou que você era tão filho dele como os outros.
Para não levantar suspeitas, eles continuaram com o Ivan. Seu pai vendeu a empresa dele e aplicou na da sua mãe. Acho que foi a única vez que admirei esse homem. -Falou mais para si do que conosco. -Quando despediram Ivan e se casaram jurando amor eterno. Ivan revelou que sabia que você era seu filho. Sua mãe escondeu este fato dele. A partir dai começaram as chantagens, Ivan já era casado e tinha uma filha e seus pais bancaram tudo para aquela menina. Sua mãe não se importava, mais seu pai foi categórico em dizer que não queria que as pessoas soubessem que ela se envolveu com o motorista e muito menos que você era fruto desta traição. Ela te amou em igual e dizia que você era o seu presente. Pois a uniu ao homem amado. Não a culpe ou se culpe. Ivan nunca quis assumir a paternidade, ele Somente enxergava ali uma chance dê se dar bem.

As lágrimas de Thomas rolavam e eu ainda não conseguia entender o que isso tinha haver com a empresa.

Ela se levanta e volta a falar

-Ela fez outro testamento por que recebeu uma carta anônima dizendo que Theodoro engravidou a empregada e a obrigou a fazer um aborto. Ela o questionou e ele confirmou dizendo que não teria um filho neguinho. Ela entendeu que se Thomas fosse negro, ele não o teria aceitado também. Neste dia ela de verdade enxergou quem era Theodoro e resolveu definitivamente se separar dele. Tanto Pelo racismo, como por sua crueldade em não deixar a outra mulher ter direito a gerar seu filho. Uma criança os uniu e negar o nascimento da outro os separou. Ela morreu achando que ele nunca a amou e que era tudo por dinheiro. Fato que eu não posso afirmar. Porém, não acho que tenha sido.

Depois de vários minutos de silêncio e Thomas parecendo digerir melhor tudo aquilo, eu resolvi falar.

-Então, será que me casar com a filha do Ivan era um meio para manter isso em segredo? -inquiri sem tirar minhas mãos das de Thomas enquanto Thiago afagava seus cabelos.

-Isso somente quem pode te responder é seu pai.

Recusamos o convite para o almoço, pois agora precisávamos ficar sozinhos antes de questionar os motivos de meu pai.

Parados no Calçadão de Copacabana escutamos o choro solto de Thomas. Que no fim entendeu que nosso amor era o mesmo e que realmente ele sempre foi o queridinho do papai.
Thiago até mesmo falou que era mais fácil ele não ser filho, já que papai nunca foi muito próximo à ele.

Agora estamos parados em frente ao quarto do nosso pai e prontos para uma conversa, que me parece não ser nada fácil.

🌸🌸🌸

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💋Beijos da Aline💋💋.

Gente hoje não consegui responder aos comentários que tanto amo, pois minha internet está uma Devilyn.

Espero conseguir postar e assim que possível responder os comentários.

Volto Sábado ou antes.



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