O começo do fim

Cheguei na empresa correndo e me surpreendi ao encontrar meu pai a minha espera.

Depois de um tempo de papo furado ele mudou o tom e prosseguiu...

-Sabe filho! A perda de sua mãe me tirou dos trilhos, sei que você se lembra que eu quase não ficava em casa, vivia viajando. Tentei de tudo um pouco para suportar a minha dor.

-Eu sei pai. -Falei compreensivo.

-Tive uns problemas com jogos de azar, porém não se preocupe que está tudo sobre controle.

-Não sabia que o senhor jogava! -Falei surpreso.

-Sempre joguei e sua mãe odiava isso. -Confidência ele.

-Imagino!

-Bom! Hoje eu preciso da sua ajuda. -Declara me encarando.

-Fale. -Disse sem paciência.

-Preciso que você vá a um jantar em meu lugar, não precisa ficar, diga apenas que não estou bem de saúde e que logo entrarei em contato.

-Com quem seria esse jantar e principalmente, quanto o senhor deve para esta pessoa.

-Devo uma mixaria. Mss não posso deixar ele perceber que isso para mim é pouco. Não devemos deixar o inimigo ciente das armas que temos.

-Ligue você e diga que não está bem, sinto muito, mas hoje tenho que chegar cedo em casa.

-Filho, você é sensato e sabe que se estou te pedindo isso é por ser de suma importância para mim, vá até lá e deixe o cara saber que você está ciente da minha dívida.

-Está me mandando para a morte? -Questionei sorrindo, porém realmente querendo saber.

-Claro que não! Nem brinque com isso. Será em um restaurante de luxo na Barra, sem perigo algum e se achar melhor vá de táxi e avalie o homem, dará para vê-lo do lado de fora, ele nem sabe quem é você, somente diga que é meu filho e que na semana que vem eu pessoalmente o encontrarei para acertar tudo com ele.

-Não sei pai, pensarei e a tarde lhe dou minha resposta.

Ele saiu cabisbaixo e eu fiquei remoendo aquela informação. Nunca soube que meu pai tivesse problemas com jogos.

A tarde o nervosismo dele era aparente e eu tive até medo dele enfartar, por esse motivo aceitei ir ao tal encontro em seu lugar.

Mandei uma mensagem para Becca, mesmo achando que eu chegaria primeiro que ela em casa, achei melhor não arriscar.

O jantar estava marcado para sete e meia, fui em meu carro mesmo, porem, estacionei por medida de segurança na lateral do restaurante.

Cheguei e falei o nome do cara para o metre, que me acompanhou até o tal homem.

-Boa noite senhor Ivan, me chamo Thales Moretti. -Resolvi usar o sobrenome de minha mãe por segurança.

-Boa noite Thales, sente-se. Seu sobrenome não seria Parker como o do seu pai? -Perguntou olhando em meus olhos.

-Também, por sinal, somente vim aqui à pedido dele. -Respondi me sentando.

-Calma rapaz, vamos beber alguma coisa e aí conversamos.

Assenti e vi a sua curiosidade explícita com o meu pedido.

Ele é alto e loiro, parece ter quase a mesma idade do meu pai, ele me avaliava e eu olhava todo o movimento ao redor, um rapaz negro na mesa ao nosso lado me chamou a atenção. Pois ele olhava o relógio caro de um em um minuto, assim como eu. Com certeza estava ansioso para estar nos braços da amada.

Mal comecei a explicar ao homem o motivo da minha presença e um senhor moreno se aproximou do rapaz ao meu lado, falando alto e gesticulando.

Bebi minha água enquanto escutava o tal senhor falar com rapaz e ouvia o conversa mole do Ivan.

-Boa noite Bruno, que surpresa te encontrar aqui, recebi o convite para o casamento de vocês, muito obrigado mesmo. -Falava o senhor já se sentando na mesa ao lado para o rapaz ansioso.

-Por nada Professor, Becca gosta muito do senhor. -Explicou o rapaz.

Me desliguei do meu "anfitrião" que estava me contando sobre sua rentável empresa de cerveja e me liguei na mesa ao lado, sei que existem milhões de Beccas por aí, e com certeza essa não era a minha. Porém, o simples nome dela me chamava à atenção.

-Sua noiva é linda por dentro e por fora, saiba que tirou a sorte grande,  meu rapaz. -falou dando um tapa exagerado no pobre rapaz.

-É verdade, Becca vale ouro mesmo, temos uma ótima relação, somos amigos e isso é muito importante para um bom casamento. -O rapaz falou sorrindo.

-Isso é verdade. Está preparado para ser um homem casado daqui apenas quinze dias? Está esperando por ela? -perguntou na certa reparando que o rapaz não parava de olhar o relógio.

-Estou sim, para as duas perguntas. -Respondeu o rapaz sorrindo.

O tal Ivan era só sorrisos. Eu não consegui tirar nada dele, nem mesmo o valor devido. Doido para estar com a minha mulher em meus braços, me despedi antes dele pedir o jantar.

Assim que me sentei em meu carro avistei um Porshe branco parar do outro lado da avenida, bem em frente a praia. Quase ignorei, se não fosse o fato do tal Renan sair do carro. Meu coração bateu mais forte e quase parou quando ele abriu a porta traseira dando passagem à Becca.

As palavras do rapaz do restaurante ecoaram em minha cabeça e sem querer acreditar aguardei sentado imóvel em meu carro.

Ela atravessou a rua e eu saí do meu carro.

Pelo fato do restaurante ser todo de vidro eu conseguia acompanhá-la dali mesmo de onde eu estava.

O tal rapaz ao ver ela chegar, sorriu de orelha a orelha e ela retribuiu. Ele se levantou e foi ao encontro dela, a abraçou com um enorme carinho.

Meus olhos escureceram e depois se encheram, uma dor aguda fez meu peito doer, andei pra trás e para frente, fiz uma técnica de respiração e só aí consegui respirar um pouco melhor, lá dentro já sentada ao lado deles, ela sorria nervosa. Na certa contando suas mentiras.

Com a vista embaçada entrei em meu carro novamente e fiquei ali por mais uns dez minutos tentando me acalmar e pensando se eu deveria entrar e desmascarar aquela filha da puta mentirosa.

Resolvi ir para casa, ela não merecia a minha exposição.

Assim que abri a porta toda minha força se esvaiu, pela segunda vez eu chorei de dor, porém essa dor veio acompanhada de ódio e decepção.

Meu maior pecado foi abrir meu coração, que há anos estava tão bem trancado.

Como eu pude me entregar assim já sabendo que esse sentimento destrói um homem, em quê momento me esqueci que jurei a mim mesmo nunca amar alguém? Em nunca transformar uma pessoa nos motivos da minha felicidade? Em quê momento eu me enganei tanto achando que ela também me amava?

Eu tinha que sair dali, na verdade eu tinha medo da minha reação ao encontrá-la. Por esse motivo dirigi por algumas horas rodando por aí antes de parar na portaria do prédio de Thiago, que por azar meu, não estava.

De volta ao carro parei de frente ao de Thomas, porém antes de descer, pensei que na certa ele estaria acompanhado. Achei prudente não atrapalhar.

Atravessei rua e me sentei na areia olhando aquela imensa escuridão do mar.

Sei que sou um homem feito, porém naquele momento somente desejava o colo da minha mãe. Queria houvir sua suave voz dizer que toda aquela dor iria passar, do jeitinho que ela me falava quando eu era criança e me machucava.

O vento bagunçava os meus cabelos e as lágrimas já não mais rolavam.

Um grupo de adolescentes parou próximo a mim, sorriam e dançavam ao som de uma música que tocava em um celular.

Me levantei para partir e meu celular tocou. Era ela, deixei tocar até parar, porém ela insistiu em retornar.

-Alô. -Atendi tentando me controlar.

-Amor você está bem?

É muita ousadia dela me chamar assim.
Meu orgulho falou mais alto e respondi:

-Estou ótimo. -Falei desligando em definitivo meu celular.

Eu poderia sim, continuar com ela mesmo depois desse maldito casamento. Poderia também mostrar para o pobre noivo que a sua "menina de ouro" não passava de uma piranha dissimulada. Porém mesmo tentado, sei que eu não seria capaz de dividir aquela vaca com ninguém.

Já era de manhã quando retornei ao meu apartamento.

Sobre o aparador do hall as chaves que eu tinha dado a ela, uma rosa Branca e um bilhete.

                          🌸🌸🌸

Feliz dia dos pais e também para as "pães"

🌹Não dormi escrevendo este capítulo, porém, acho que valeu a pena. Volto durante a semana.

🌹🌹Me contem o que estão achando.

🌹🌹🌹Por favor não esqueçam de votar.

💋Beijos da Aline💋💋.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top