Às cinco da manhã, novamente ela pulou da cama. Me deu um beijo e partiu.

Minha empregada chegou quando eu estava saindo.

-Está feliz em Thales, gostei de ver meu Rapaz.

Ruth trabalha comigo há sete anos e cuida das minhas coisas como uma mãe cuidaria das de um filho.

-Acho que estou. -Falei sorrindo e saindo.

Em meu carro a caminho da empresa, pensei sobre o que Ruth havia falado. Realmente eu estava feliz, feliz de um modo que há anos não me sentia.

Não adiantava eu tentar negar o que me era tão evidente.

Eu realmente gosto da Becca.

O problema é o que fazer com esse sentimento.

Em minha sala somente quem esperava por mim era Thiago.

-Cadê Thomas? -Perguntei preocupado depois lhe dar um abraço caloroso.

-Não sei irmão.

Liguei para Thomas que atendeu de prontidão.

-Está tudo bem? -Perguntei sem rodeios.

-Está sim irmão, chego em cinco minutos.

Desliguei o telefone e me voltei para Thiago.

-Alguma vez já se apaixonou? -Perguntei olhando em meus olhos.

-Varias vezes, atualmente estou apaixonado pela mulher que agora estou transando. -falou sorrindo.

-Não estou fala de sexo Thiago. Estou falando da vontade de ficar perto, de cuidar e de ser o único motivo dos sorrisos dela.

Ele me olha com a sobrancelha levemente levantada, parece pensar no que eu acabei de falar e depois pergunta:

-É assim que você se sente com ela?

-Eu acho que sim e isso realmente me assusta.

Sempre quis para mim o amor que via no casamento dos nossos pais. Só que com a perda de minha mãe esse sentimento mudou. Ver diante dos meus olhos meu pai sofrer tanto me fez ver que aquilo nunca seria para mim.

Thomas chega com cara de quem pouco dormiu e um sorriso bobo no rosto.

-Aí donzela, Thales está amando. -Conta Thiago sorrindo.

-Para de gracinha Thiago, esse daí tem pedra no lugar do coração. -Fala Thomas me olhando e também sorrindo.

-Amando é exagero, no entanto não nego que pela primeira vez quero passar mais que apenas algumas noites ao lado de alguém. -Confesso tanto para eles como para mim.

-E quem é ela?

-A mulher do Baile.

Eles se olham, e eu já estava preparado para brigar, se eles pensassem em falar qualquer coisa contra ela ou sobre sua raça. No entanto sou surpreendido pelo silêncio.

-Não irão falar nada? -Questionei.

-Maldita hora que fiz aquele desafio. -Fala Thiago sem olhar para mim.

-Tenho minhas dúvidas... -Sou interrompido por ele.

-Porra éramos imbatíveis e agora meus dois irmãos estão apaixonados.

-Dois?

-É só olhar para a cara de babaca do Thomas que vai ver que está igual a sua. Cara nunca vou entender, com um monte mulheres por aí, e vocês querendo permanecer com uma.

-Ninguém aqui está falando em casamento Thiago, na verdade nem sei o que fazer com esse sentimento. -Desabafo.

-Corre, largue ela antes que sem que você preceba seja arrastado para o altar.

-Não é para tanto Thiago, sabe bem que eu não vou me casar, e você Thomas está mesmo apaixonado?

-Sei lá, só sei que me sinto bem ao lado dela.

É exatamente assim que me sinto.

-É a do baile? -Pergunta Thiago.

-É sim. -Afirma Thomas.

-Puta que pariu! Pra que fui inventar aquela porra. Tratem de manter as suas mulheres bem longe da vista de papai ou então vou me tornar seu único herdeiro, logo eu o filho irresponsável. Porque na certa ele vai deserdar vocês.

-Sobre isso eu não tenho dúvidas. - Fala Thomas.

-Nem eu. -Fui obrigado a concordar.

-Quem diria em? Não resistiram aos encantos de uma negra. Vocês estão fodidos.

-Já entendemos essa parte Thiago. -Retruquei incomodado.

-Que bom. Vou adorar ver papai surtando quando o sobrenome tão idolatrado dele for dado a um monte de lindas criancinhas negras. -Fala rindo e saindo da sala.

-Nossa! Thiago as vezes me irrita com essas brincadeiras dele. -Explode Thomas.

-É irmão, quem está na chuva é pra se molhar, então vamos redobrar os cuidados.

-Até parece que eu quero ser pai agora.

-É, e antes disso acontecer, será bom realmente arrumar outro emprego.

-Você também Thales.

-Eu não, não demora muito e aquela maluca some, do jeito que ela é, se eu ousar falar como me sinto, ela faz isso hoje mesmo.

-Não acredito! O irmão fodão, está realmente de quatro por uma negra que não dá a mínima para ele.

-Estou porra nenhuma, sei que nosso caso não vai longe e logo isso passa, porém no momento quero curtir ao lado ela.

-Te entendo, me sinto quase da mesma forma, só que no meu caso e recíproco.

-Sorte a sua.

-Ou não, tenho ciência que permanecer ao lado dela geraria um grande problema, então vou fazer como você e aproveitar o tempo que temos.

-O foda é que com Becca eu sempre quero mais, cara isso é uma loucura, nem a conheço direito e sinto a falta dela assim que ela sai lá de casa.

-Casa?

-Sim Thomas, minha primeira noite com ela foi em meu apartamento.

Ele me olha sorrindo, por saber que isso para mim e uma total novidade.

-É irmão, como diz Thiago, estamos fodidos mesmo.

-Que nada, paixão é fogo que logo se apaga. Vamos aproveitar o que temos e quando chegar o momento vai cada um para seu lado. -Explico.

-O problema e que não sei se será tão fácil assim irmão, ela parece que me conhece melhor que eu mesmo, ela é doce e realmente se preocupa comigo. -Desabafa Thomas.

-Nem sei o que é pior, a sua se preocupar ou a minha que não me pergunta nada pessoal e simplesmente aparece e some quando bem entende.

-Talvez você só goste dela por ela ser assim, que diferente das outras não beija o chão que você pisa. Creio que assim que ela mostrar interesse, sua paixão acaba.

-Então eu sou o mais fodido, aquela lá nunca vai realmente se interessar por mim, ela só está me curtindo. -Falei pensativo.

-E isso é bom ou ruim?

-O pior é que eu não sei.

Depois de ouvir Thomas falar sobre seus medos e sentimentos, iniciamos os trabalhos.

Às três da tarde, antes da reunião me peguei pensando nela. Será que o quê a difere das outras e realmente o fato dela não me dar muita atenção, será sua bela cor ou seus mistérios?
Acho que nunca irei descobrir, porém tenho certeza que adoraria chegar em casa hoje e encontrá-la com aquele sorrisão a minha espera.
Essa mulher está fodendo minha mente.

Hoje já é terça-feira. Cheguei em casa antes dás seis, tomei um banho e fui para academia. Às sete eu ainda lutava contra a vontade de ligar para ela, às oito retornei, tomei um banho e jantei. Ontem foi difícil resistir e hoje não está sendo diferente.

São exatamente, dez horas da noite, e eu estou ainda na dúvida se devo ligar ou não, opto por não ligar, não posso permitir que ela ache que me tem nas mãos. Com esse pensamento me preparo para dormir, porém não antes de enviar a ela uma simples mensagem de Boa Noite. Que por sinal, ela nem ao menos visualizou.

Meia noite e vinte quatro, meu celular apita e sonolento leio a mensagem dela.

Boa noite gato, tenha bons sonhos.

Simples assim, nem um coraçãozinho ou beijinho. Aonde ela estava para só me responder a essa hora? Acho que nunca saberei.

Talvez eu realmente deva dar fim nisso, antes que se complique mais.

Sem saber porquê o fiz, aperto o botão para chamada de vídeo.
Depois de quarto toques, ela atende com os olhos vermelhos e o rosto triste, essa visão na mesma hora me causa angustia.

-Por que você estava chorando? -Pergunto sem rodeios.

-Por nada.

-Impossível Becca, não quer me contar tudo bem, não sei onde você está nem porquê você chorou. Vem pra cá. Me deixa cuidar um pouquinho de você.

-Obrigada Thales, mas realmente não estou no clima.

-Não vamos fazer amor, só quero te abraçar e dormir agarradinho com você, me passa seu endereço que vou aí ficar com você.

Que merda eu estou fazendo?

-Quer saber, me espera que vou pra aí, até daqui a pouco. -Decide ela depois de alguns segundos.

Me levanto lavo o rosto e preparo um chá de camomila, depois coloco uma camisa e vou para a portaria.

Vinte cinco minutos depois um Land rover preto para e um homem negro abre a porta para ela, que mesmo não estando tão frio, está usando um sobretudo.

Destravo o portão e a aguardo do lado de dentro, ela se despede do homem com um abraço, ele lhe entrega uma mochila e depois parte.

Quando ela me olha ainda vejo sua tristeza. Me aproximo deixando um beijo suave em seus lábios, pego a mochila e entramos mudos e de mãos dadas no elevador.

Assim que entramos em casa a conduzo gentilmente para meu quarto e vou a cozinha buscar o chá, que agora já esfriou, o aqueço no micro-ondas e levo para ela que está com uma linda camisola branca e longa, ela está de costa para mim olhando pela porta da varanda.

Me aproximo deixando a xícara sobre o criado mudo. A abraço por trás e beijo o alto da sua cabeça. Ela respira pesado e se vira me abraçando descançando a cabeça em meu peito.

Após o chá ela se deita em meu peito e dorme serena. E assim finalmente meu coração se acalma.

Não tenho ideia alguma do que a deixou assim, e nem quero saber, só quero mesmo que dor dela passe.

🌸🌸🌸

Aí gente estou apaixonada por Thales.

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Quanto mais votos mais inspiração eu tenho 😉.

💋Beijos da Aline💋💋.