Visita inesperada

Acabei conversando com Fabiano. Tia Cida até tentou me deixar sozinha com ele, mas não aceitei.

Na verdade me senti aliviada quando o que ele tinha para mim, era uma proposta de trabalho. Fabiano é dono de algumas casas de festa e me chamou para integrar sua equipe.

Lhe expliquei que estava grávida e também prestes a abrir uma lojinha.
Ele falou que sua melhor confeiteira estava se aposentando e que havia gostado muito das minhas trufas.
Marcamos de nós encontrar amanhã no final da tarde para ele provar meu bolo e meus docinhos.
*
Depois de fazer e confeitar um bolo para lhe apresentar, fiz uns docinhos fondados.

O recebi em minha casa e ele disse ter se apaixonado por meu bolo e que mesmo eu não estando em sua equipe, os encomendaria comigo e assim que minha loja ficasse pronta, ele me enviaria alguns clientes também. Deus até tinha me fechado uma janela, mas estava me abrindo portas.

Na sexta-feira, lhe entreguei dois bolos e dois trezentos docinhos. No sábado, três bolos, mil docinhos e duas tortas salgadas. No domingo, um bolo e dpis mil docinhos. Mas a verdade é que eu estava muito cansada e meu pulso doía por enrolar tantos docinhos, mesmo tia Cida tentando me ajudar.

O lucro com os docinhos era ótimo e compensava pelo tempo e cansaço, mas tive medo de não dar conta e os bolos valiam muito mais a pena. Tia Cida me falou da vizinha que tinha uma filha adolescente que estava desempregada. Bati na porta da mulher e fiz o convite para sua filha me ajudar com os docinhos. Por meu apartamento também ser pequeno. Eu mandaria alguns para ela enrolar na casa dela mesmo.

Na terça-feira, Fabiano apareceu e acabamos passando à tarde conversando, com a chegada da noite, ficamos sozinhos e pedimos uma pizza, pois eu estava muito cansada para cozinhar. Era impressionante como em tão pouco tempo, eu me sentia à vontade ao lado dele e não demorou para eu lhe falar sobre minha vida e ele sobre a dele.

Fabiano era assumido um mulherengo e deixou claro que se não tivesse se interessado nos meus doces, faria de tudo para me lavar pra cama. Disse que meus doces e meu bebê, me salvaram das suas garras. Na verdade, ali nascia uma amizade.

Na quarta, me chamou para conhecer algumas das suas casas de festa. Saímos à tarde, depois que vendi minhas trufas. Tia Cida não pode ir. Tinha cinema com um amigo. Ela é terrível.

Fiquei admirada com a primeira, ali mesmo no Flamengo. O salão parecia mais com uma casa de show chic, onde todos os sonhos podiam virar realidade. Visitamos cinco e ele ainda tinha mais três. Mas marcamos para outro dia. Me falou que assim que eu estivesse melhor estruturada, encomendaria meus bolos para todas as suas festas. Acabei pulando em seus braços de felicidade, já que seus espaços tinham lista de espera e começavam a funcionar nas quintas. Abrindo exceções para algumas quartas, quando o cliente insistia muito. Mas foi saindo do quinto salão, que vi a forma como ele olhava para a faxineira. Ele poderia querer negar, mas o coração daquele preto, já tinha dona.

-Já à chamou para sair? -perguntei assim que entrei em seu carro.

-Ela quem Julinha?

-A Fátima.

-Não e nem vou?

-Por que? -me virei para -lhe encarar.

-Ela é casada e tem dois filhos.

-Nossa! Se ferrou amigo.

-Fazer o quê? O jeito e tentar esquecer.

-Você é um cara legal, logo vai conhecer alguém que valha a pena.

-O problema é que só consigo pensar nela quando fico sozinho, por isso evito ficar sozinho. -entregou tentando zoar brincalhão.

No fundinho eu sentia vontade de insentivá-lo a batalhar por ela, mas eu sabia que era errado. Então me calei.

-Engraçado Julinha, te conheço a tão pouco tempo e você sabe mais coisas de mim que amigos de longa data.

-Eu só tinha uma amiga, mas ela foi morar em Manaus, mas agora tenho você e tia Cida.

-Gostei daquela velhinha.

-Se ela ouvir a chamar assim, te mata Fabiano.

Essa noite a pizza, foi em uma pizzaria perto da minha casa.
*

Acordei na madrugada vomitando horrores e com dor de barriga. Fabiano me ligou com a voz de doente, antes dás 6:00 da manhã, dizendo que também estava mal e já tinha ido ao banheiro quinhentas mil vezes. Foi só ele falar, que lá estava eu de volta ao banheiro. Agora novamente para o número dois.

Preocupada com uma possível intoxicaçao, falei que ia ao médico e ele passou para me levar. O problema é que assim que ele chegou, comecei a sentir um pouco de cólica e fiquei apavorada. Tia Cida foi conosco.

A intoxicação foi confirmada.

Sem poder tomar alguns medicamentos, fui colocada no soro sob vigilância. Tia Cida quis ficar no hospital, mais não permitimos e Fabiano chamou um amigo para levá-la pra casa. Fabiano também foi colocado no soro.

Tudo piorou quando o obstetra de plantão, me falou que intoxicação, podia colocar a vida do meu bebê em risco.

Fabiano de sentiu culpado e depois furioso. Na mesma hora ligou para a Vigilancia sanitária e denunciou o lugar. Parece que realmente o que nos fez mal foi a pizza. Ele mandou um amigo ir até a pizzaria e tinha três clientes reclamando na porta. O rapaz pegou o número dos três. O tal amigo é advogado, eu acho.

Passei a quinta-feira todinha no hospital e somente tive alta na sexta a tarde. Fabiano ficou lá comigo mesmo ja tendo recebido alta. Cheguei em casa sem ânimo e me sentindo um lixo. Acho que perdi uns cinco quilos em quase dois dias e ainda deixei meus clientes na mão.

No sábado, ainda abatida, seguia o concelho do doutor Gilberto. Manter repouso por três dias, bebendo bastante líquido. Ao menos meu bebê não corria mais risco e me lembrar do medo que senti, me trouxe novamente lágrimas nos olhos.

Às três da tarde, uma batida em minha porta me assustou, quando abri, vi Thales e Becca em minha porta. O interfone estava ruim e os moradores estavam deixando o portão destravado.

-Você está bem Júlia? Está precisando de algo? -foi a primeira coisa que ele me perguntou, antes de dar um beijo em minha bochecha.

Tive vontade de me agarrar a ele e chorar. Thales sempre me passou algo parecido com proteção, como um irmão mais velho ou até mesmo um pai. Acho que por ver ele com os irmãos.

Ele me olhava de forma diferente e parecia querer me pergunta algo e permaneceu assim até se sentar ao lado de Becca que me avaliava.

-E você e Thomas?

-Me desculpe Thales, não quero falar do seu irmão.

-Mas ele...

-Deixe tudo como esta por favor, aceitam um café.

-Não obrigado. Queria te chamar de volta para a empresa.

-Obrigada! Mas tenho um novo emprego e estou gostando muito.

-Bom, viemos aqui te convidar para nosso casamento semana que vem, será uma reunião íntima e gostaríamos de sua presença. -sorri feliz por eles. Eu sabia o quanto ele sofreu longe dela.

-Infelizmente estarei viajando a trabalho. -não consegui lhe encarar por causa da mentira.

Mas a verdade é que eu não queria mais ficar no mesmo ambiente que Thomas nunca mais e ver Thales e Becca, aumentava essa certeza.

Becca me contava sobre sua gravidez quando percebi Thales olhando para uma foto minha, que estava em meu pequeno rack. Seu olhar estava distante e Becca também percebeu.

-Meu pai lhe falou algo para te ferir Júlia?

-Sim. -ele fechou os punhos e respirou pesado

-O que ele te disse?

-Não tem mais importância.

-Claro que tem, Becca é uma ótima advogada e pode te orientar para processá-lo Júlia.

-Deixa pra lá.

Acabei me levantando para fazer um café, mesmo meu corpo estando tão exausto.

Eles ficaram mais meia hora, mas o clima estava estranho, eu não queria dar bobeira no que dizia e Thales, as vezes parecia distante. Mas na hora de partir me abraçou forte e eu segurei o choro. Ali estava o tio do meu bebê e eu não tinha coragem de lhe contar.

Thomas

Meu celular apita e vejo ser uma mensagem de Thales.

Irmão, me encontrei com Júlia. Pare de teimosia e vai atras de sua mulher.

Eu não tive coragem de contar que já tinha ido e ela havia me rejeitado por isso, apenas respondi que eu não me sentia pronto.

Mesmo assim ele me enviou o endereço que eu já conhecia.
*
Mas na segunda, eu fui atrás dela, e paralizei ao ver o tal Cesar saindo de seu prédio logo de manhã. Acabei não indo trabalhar atormentado pela hipótese dele ter passado à noite com ela. Será que foi por ele, que ela me pediu para ficar distante? Será que foi por ele que ela saiu da empresa?

Acabei voltando pra casa e sai bem mais tarde, para ir a um bar com Thiago. Que também não estava nada bem.

Theodoro

Chamei um táxi e fui para Ramos, lá descobri que ela não morava mais ali. Uma vizinha comentou que ultimamente, muitos homens apareciam procurando por ela. Seu comentário foi maldoso e na hora da raiva, acabei falando que ela era minha filha.

O estranho foi isso sair de forma natural.
*
Na empresa eu tentava falar com Thales, recuperar a pouca amizade que tínhamos, mas ele simplesmente me ignorava.

Sem pensar, fui direto para o escritório de Rebeca Baptista. No caminho, me apavorei ao perceber que outra negra me tirava algo de precioso.

Entrei em sua sala furioso e Igor apareceu em defesa da filha. Como um bom pai deve fazer.

Com sua calma irritante, me aconselhou a procurar Júlia e falar minha versão da história. Mas eu não podia, não depois da forma que a tratei.

Thales também apareceu como um furacão, pronto para me atacar. O mal realmente estava feito e tudo que tentei evitar em anos se cumpriu. Meu filho me via como realmente eu era e eu o havia perdido, assim como a Thiago.

Me controlei para não abraçar Rebeca, quando está me falou de sua gravidez e disse que me quer por perto. Mas é melhor eu ficar longe, ou essa criança em breve, também me odiaria. Parece que tudo que toco vira um desastre.

Deixei o prédio com um sorriso bobo no rosto. Talvez eu estivesse mudando. Mas isso não durou. Bati de frente com um homem negro e meu corpo ficou tenso. O racismo parecia ser mais forte que eu.
*
Mesmo com o convite na mão, não me atrevi a aparecer no casamento de Thales e Rebeca. Minha presença deixaria um ambiente feliz, pesado. Luiza me odiava e ela tinha seus motivos. Mas me senti orgulhoso, em ver meus filhos homens feitos e com sorrisos nos rostos.
*
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💋Beijos da Aline💋💋.

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