O amor e a dor

Jantamos às 19:30, no quarto dela e em seguida começamos a ver um um filme.

Eu sempre jantava ao seu lado, sentado em sua cama. Durante o filme, deitei a cabeça em suas pernas, me virei para beijar seu ventre e conversar com nossa filha. Lá fora chovia bastante e eu lamentava pela hora que teria que partir. Mas isso foi esquecido no momento que ela pôs as mãos em meus cabelos e iniciou seus carinhos. Eu estava cansado. Desde quando ela saiu da minha casa, não consegui dormir direito, passando horas imaginando elas comigo. Pensando em como seria nossa menininha, lendo sobre partos e cuidados com o deslocamento de placenta no último mês, e principalmente; implorando pra Deus me ajudar a reconquistar minha mulher.

Sempre quando a hora de partir se aproximava, eu ficava aflito. Mas hoje seus carinhos me relaxaram e eu cochilei.

Despertei com ela me chamando porque queria ir ao banheiro. Quando retornou eu estava de pé.

— Não precisa ir embora hoje Thomas. Está chovendo muito e a cidade com certeza está alagada.

Me aproximei dela e acariciei seu rosto sonolento.

— Obrigado anjo. Vou sair bem cedo e tentar não te incomodar no processo. —beijei sua testa e inalei seu perfume natural.

Era para me afastar em seguida. Entretanto, seus olhos se prenderam nos meus e levei minhas mãos em seus cachos desalinhados. Nossos rostos estavam tão próximos que sentia sua respiração se misturando a minha. Era tortura demais para resistir. Desci mais o rosto e nossos lábios se tocaram. Um beijo suave iniciou trazendo lagrimas à  meus olhos. Nossa beijo aprofundou quando ela me abraçou, me envolvendo pelo pescoço. Nosso beijo era salgado, mas doce e perfeito. Afastei nossos lábios com pesar. Seus olhos também  estavam molhados.
A peguei no colo e caminhei a deitando na cama. Ela não podia ficar muito tempo de pé.

Arrisquei ao me deitar ao seu lado e ela se virou me beijando novamente. A saudade era sem tamanho e eu lutava para manter minhas mãos apenas em seus cabelos e cintura.

— Eu te amo tanto. — falei de encontro aos seus lábios.

— Também te amo Thomas. —acaricia meu rosto com seus olhos brilhantes me encarando antes de me beijar novamente.

Depois dos beijos que eu não queria parar nunca. Sorri ainda mais quando ela me mandou tirar os sapatos e ficar confortável para dormir ao seu lado.

Me levantei e ela fez o mesmo. Desabotou minha camisa lentamente e correu as mãos em meu peitoral. Fechei os olhos para apreciar cada toque seu. Depois os abri, para ter certeza que não  era um sonho. Me olhou com luxúria  e me beijou. Levou a mão sobre minha calça, onde meu pau pulsava implorando por ela. Tirando forças  nem sei de onde, me afastei.

— Não podemos meu amor. Eu te quero tanto, mas não podemos. —Eu tremia de tanto desejo e saudade e minha voz saiu rouca e tremida.

— Oral podemos Thomas. —Declarou, afastando-se e levantando o vestido.

Eu estava em outra dimensão, mas não perdi nenhum detalhe de seu corpo e as mudanças que a gravidez lhe trouxe.

—Tem certeza anjo? Eu posso esperar...

—mais eu não posso. —Tirou totalmente o vestido, deixando seus seios, agora bem maiores expostos. Em seu perfeito corpo, apenas uma calcinha de algodão branca.

Era tortura querer me afundar nela e não poder. Mas seria maravilhoso sentir seu gosto outra vez.

A levei de volta para a cama. Tirei minha calça e permaneci de cueca. Contemplei novamente seu corpo por um curto tempo antes de voltar aos seus lábios.

— Que saudade meu anjo.

— Me chupa Thomas. -simples e direta.

Sorri e desci meus lábios para seu pescoço. Ela tinha pressa e eu precisava de controle. Nos seios, foi uma tortura não sugá-los feito um louco faminto. Mas cada lambida, ela me agraciava com seu gemido. Quando virei seu corpo para ela ficar de barriga pra cima. Ela se sentou e pôs a mão em minha cueca.

—Quero você na minha boca. Levanta. —Ordenou.

Gemi de antecipação e tremi quando ela o liberou com suas mãos quentes. Passou a língua em toda minha extensão e rodiou a cabeça com a língua. Eu estava no paraíso antes mesmo dela me abocanhar faminta. Acariciando seus cabelos, não tardei a soltar um gemido rouco quando explodi em sua boca quente e tremer de tanto prazer. Gemi novamente quando ela engoliu tudo e lambeu os lábios com um sorriso de satisfação e desejo no rosto. A beijei em seguida, sentindo meu gosto marcado em sua boca.

Se deitou apoiando nos travesseiros. Tirei sua calcinha e ela se abriu para mim. Me ajoelhei no chão e a trouxe mais pra ponta da cama. Inalei seu perfume e gemi com ela na primeira linguada. Não usei os dedos por medo. Mas minha língua buscou todas as suas dobras antes de me concentrar em seu clitóris. Sua explosão veio acompanhada de um tremor e seguida de uma respiração acelerada.

—Me beija. —Pediu esbaforida.

Atendi imediatamente, misturando em nossos lábios nosso prazer.

Depois de meia hora de beijos. Fomos tomar banhos juntos. A levei no colo e me delicie em ensaboar seu corpo e templo da nossa filha. Mas tivemos que ser rápidos pra não abusar.

Dormimos juntos e de conchinha. Passei metade da noite alisando seu ventre enquanto ela dormia. Eu apenas conseguia agradecer a Deus pela chance de reaver minha família. Sim, Júlia sempre foi minha família e agora teríamos Juliana conosco.

Eu tinha que viajar. Entretanto, não desejava ir.

Antes de sair da sua casa na sexta de manhã, liguei remarcando meu vôo para às 10:00 horas. Ainda chovia e o trânsito estava complicado por causa da chuva, que diminuiu, mas não parou.
Quando saí de sua casa, me senti estranho e não soube entender o que era aquele frio na barriga. Do carro mesmo liguei para ela, que me atendeu sorrindo. Respirei tranqüilo antes de fazer contato com meus irmãos e meu pai. Tudo estava bem. Cheguei em casa apenas para pegar minha pequena mala e mudar de roupa. Me senti vigiado, mas ignorei a sensação.

O vôo curto foi conturbado por turbulências e assim que pousei seguro em São Paulo, tirei meu aparelho do modo avião para ligar para ela. Mas o mesmo foi bombardeado por mensagens.

Tentei um vôo de volta, porém o tempo em São Paulo piorou muito e o aeroporto fechou temporariamente.

Eu já tinha falado com meus irmãos e o medo me dominava totalmente quando entrei no taxi. Taxi esse que praticamente não saiu do lugar após deixar o aeroporto. Eu estava apavorado e desesperado e para piorar tudo. A porra do celular não completava mais ligação nenhuma e até mesmo a internet ficou ruim.

Deus! Cuida da minha família. Era apenas isso que eu pedia enquanto continuava tentando contato com alguém e retornava a pé para o aeroporto.

Júlia

Deixei meu medo de lado e me entreguei aos anseios do meu coração. Eu amo Thomas e resolvi não lutar mais contra isso.

Acordei feliz com minha decisão. Thomas estava de volta em minha vida e dessa vez seria para sempre, ao menos era isso que eu desejava.

Tia Cida chegou cantando em meu quarto com um sorriso no rosto e a bandeja de café nas mãos. Hoje Mada não viria, pois tinha consulta médica na parte da manhã e achei justo lhe dar o resto do dia de folga.

Meu interfone tocou, era um entregador dizendo ter flores para mim. Tia Cida ja estava em sua casa recebendo uma amiga e por isso orientei Daniel. Meu ajudante de cozinha. A atender a porta para mim. Daniel bateu na porta do meu quarto pedindo permissão para entrar. Em suas mãos um lindo buquê de rosas brancas e atrás dele, alguém que eu jamais esperava ver em minha casa.

— o que pensa que está fazendo aqui?

— Vim te conhecer e saber por quem Thomas me pediu um tempo.

—Tempo? Ele me garantiu que vocês nunca tiveram nada.

—Claro que temos, ele apenas me pediu um tempo até a filha nascer. Júlia eu não sabia que era você e por isso estou tão surpresa.

— Senhora está tudo bem? Quer que eu peça para ela sair? — pergunta Daniel preocupado.

— Não Daniel. Obrigada! Pode voltar para a cozinha por favor. Eu e essa pessoa temos muito o que conversar. Pode ficar tranquilo que qualquer coisa eu te chamo.

— Tem certeza Dona Júlia?

— Tenho sim Daniel, pode ficar tranquilo.

Ele saiu e eu me ajeitei melhor na cama. Contei até 10.

—Então Michele. já viu que é comigo que ele terá uma filha, se era apenas isso, pode ir.

—Eu vou Júlia, mas quero que me desculpe pelo transtorno que estou lhe causando. No entanto, eu precisava ver com meus olhos que você realmente era negra, já que ele sempre me falou da sua cor com tanto desprezo. Também me contou que vocês tiveram um caso passageiro e que ele te mantinha escondida dentro de casa, pois jamais sairia com você para os lugares que nós dois frequentamos —suas palavras rasgavam minha alma. —Estou aqui, quase como uma amiga e mesmo ficando surpresa em saber que é você, vou seguir em frente com o que eu vim fazer. Acho que merece saber tudo o que ele pretende. Assim que esse bebê nascer, ele entrará na justiça com o pedido de guarda total, alegando que você não tem condições financeiras para criar a filha dele. Mesmo estando com uma situação financeira melhor agora, ele tem muito mais dinheiro que você e com os advogados certos lhe tirará essa criança e juntos vamos criá-la.

— Já deu o seu recado Michele. Agora pode sair.

— Não se iluda Júlia. Thomas é o que é e nunca será diferente.

—Já entendi Michele, pode sair.

Ela saiu, mas antes deixou um pequeno envelope sobre a cômoda. Eu não tinha intenção de descobrir o que continha nele. Mas fui tomada pela curiosidade. Ali dentro, tinha muitas fotos deles dois juntos e até mesmo uma dela seminua com ele dormindo ao seu lado, na cama dele.

Não conseguia ficar parada e andava de um lado para o outro do quarto tentando entender qual necessidade ele teve de me envolver em suas mentiras dizendo me amar. Bastava ele entrar com processo na justiça quando a Juliana nascesse. Ele não precisava ser tão cruel; tão mentiroso; tão fingido. Mais uma vez ele brincou comigo. Lágrimas tomavam e eu nem tentei contê-las.

Uma dorzinha no pé da minha barriga, me fez lembrar que eu não podia abusar. Porém, antes de voltar para cama, senti uma vontade enorme de vomitar. Corri para o banheiro com lágrimas escorrendo em meu rosto e abracei a lixeirinha enquanto me sentava no vaso sanitário. A ânsia de vômito contraia fortemente meu abdômen.

O vômito não cessava, me senti fraca e minha sorte foi a chegada de tia Cida em meu quarto. Ela me ajudou a levantar justamente na hora que minha bolsa estorou. O líquido estava rosado, mostrando claramente que eu sangrava.

Tia Cida gritou desesperada e todo mundo da cozinha entrou em meu quarto. Foi uma correria. Ligaram para uma ambulância e para o hospital. Ligaram não sei para quem enquanto eu estava deitada na cama sentindo uma dor imensa que não passava e me dava vontade de abrir o máximo as pernas.

A vontade de vomitar passou. Mas eu  continuava com nojo. Não era dele, o nojo era de mim. Nojo e vergonha. Não sei que sentimentos sentia, mas eu tentava lutar contra eles para salvar minha menina. Tia Cida tentava me ajudar com as orientações que o médico lhe passava por telefone. No entanto, nada daquilo parecia funcionar.

Dez minutos, foi o tempo que a ambulância demorou para chegar. Fui tirada de casa numa maca outra vez. Na ambulância, me colocararam um aparelho para me ajudar a respirar, um medidor de pressão  em meu dedo indicador e furaram meu braço para acesso ao soro. Fiquei mais nervosa ao ouvir o socorrista falar que minha pressão estava 17x14, e em seguida 18x15. Eu sempre tive pressão baixa e pelo que sei, aquilo era mais um risco pra nós duas. Um perigo que não permitia tentarem fazer meu parto dentro da ambulância.
Em meio ao desespero, implorei para que salvassem minha filha e não se importassem  comigo. Mas todos se negaram.

Cheguei ao hospital mimutos depois, minutos que pareceram uma eternidade.

Tudo pareceu um pesadelo. Ouvi de longe alguém dizer que os batimentos cardíacos da bebê não eram ouvidos e os meus pareceram falhar antes de tudo ficar escuro.

O aparelho ainda estava me ajudando a respirar e o soro continuava conectado a meu braço. Por instinto levei minhas mãos em meu ventre e notei o curativo. Lágrimas rolaram pois eu já sabia. Me neguei a abrir os olhos. Eu não queria ouvir, eu não queria saber. Eu queria apenas ficar quietinha e sozinha em meu canto. Era tudo culpa minha. Eu tinha que ter me controlado.

🌸🌸🌸

Votem e comentem, mas não me xinguem.

💋Beijos da Aline💋💋

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