Melhorando
Quando Paula insistiu para que eu enviasse meu currículo para a TrêsTS, eu aceitei para não contrariá-la.
Todas as minhas tentativas de estágio acabavam com uma porta se fechando em minha cara. Ela não se candidatou porque está grávida, descobriu semana passada e vai se casar em breve no Civil.
Lógico que eu sabia que Thomas Parker era um dos diretores e filho mais novo do dono. Ao longo dos anos li algumas publicações sobre ele, tanto no setor financeiro como no pessoal.
Trabalhar nessa empresa seria um sonho; já que ela também apoia micro-emprendedores.
Neste período que estou estudando, saí do call-center e entrei para o ramo de buffet. Descobri que levo jeito pra coisa, mas desejo ter minha própria empresa. Aprendi a fazer um pouco de tudo. Desde os bolos super confeitados até as decoraçãos dos ambientes. Mas tive que sair nesse último período, pois consegui passar para à noite e assim poder procurar por estágios na minha área.
Um dia quero ser capaz de gerir com sabedoria à minha própria empresa, se eu conseguir essa vaga estarei mais próxima do meu objetivo.
Esses três homens, em menos de quatro anos mudaram para melhor a TresTS. Hoje ela é referência no ramo de empreendedorismo.
*
Eu não estava tão confiante como deveria. Mesmo assim, entrei no imponente edifício da Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul do Rio. Com meu nariz em pé. Dizem que a cor não define ninguém. Mas a minha, irá me definir quando eu sair daqui com muita experiência. Um dia eu serei a dona do melhor buffet da cidade. Acabo sorrindo com meus devaneios. Há qual é! Sonhar ainda é gratuito e tudo que me move é o meu sonho.
Pronto! Pensar assim, me encheu de coragem e quando a senhora Soraia me mandou entrar, deletei o que vi das outras canditatas e entrei verdadeiramente confiante. Eu somente não imaginava que em uma empresa desse porte, a entrevista seria feita pelos filhos do dono.
Eu não estava preparada para ver o homem que até hoje ainda aparece sorrindo em meus sonhos, claro que eu sabia que esbarraria com ele por aqui, mas não hoje, não agora.
Meus olhos se encontraram com os dele e pude perceber um pequeno sorrisinho em seus perfeitos lábios. Cumprimentei à todos e me sentei. Deus é mais! Esses caras precisam saber que candidata nenhuma conseguiria ficar calma diante de tanta beleza e poder.
Seco minhas mãos em meu jeans enquanto Thales me avalia com o olhar, Thomas parece fazer o mesmo. Parece! Porque seu olhar agora está longe, Ele claramente me olha mais não me vê. Thiago me olhou e voltou sua atenção ao notebook.
É Thales quem começa a falar e para me concentrar, foquei apenas nele. Me candidatei para a vaga de estagiária da administração, mas ele me explica que à vaga e para ser sua secretária e assistente, por um período indeterminado. Que ele é os irmãos preferiam contratar pessoas sem muita experiência e treiná-las de acordo com a necessidade da empresa. Achei perfeito e me enchi de esperança. Assim eu aprenderia muito mais. O salário também era melhor do que o anunciado. Gostei dele não me perguntar quanto eu gostaria de receber. Para mim essa pergunta é uma cilada. Se fala além é arrogante, se fala menos é enganada. Só acho! Ainda alegam que é para saber como você se valoriza. Balela!
Thales tem olhos que me prendem com ternura, vejo um mundo de conflitos e responsabilidade neles.
Agora é Thiago quem fala, ele se retém ao meu curriculo e me parabeniza por minhas notas. Seus olhos esconder um enorme tormento.
Parece que o próximo seria Thomas. Entretanto, esse apenas me dispensa. Em seus olhar eu não consegui ver nada além de dúvida.
-Não sei de onde saiu essa ideia de que conheço o olhar das pessoas. Devo estar ficando doida, isso sim! -resmungo dentro do elevador.
Entro no ônibus totalmente desanimada com a certeza de que não consegui a vaga. Meu celular toca e me surpeendendo, a senhora Soraia me pede para voltar.
Desço no próximo ponto e pego um táxi que passava. Não que eu pudesse me dar ao luxo, mas o tom da voz dela, me dizia para eu ter esperança
Na recepção fui informada que deveria me dirigir ao departamento pessoal. Lá entreguei meus documentos, que já haviam me avisado para levá-los na entrevista.
Porém, mais uma vez sou surpreendida ao ser comunicada que eu trabalharia como assistente/secretária de Thomas e não de Thales. O bom foi que o salário seria o mesmo que me foi informaado. Quando saí da sala, quê me dei conta...
Meu Deus! Eu consegui! Sorri sem conter minha felicidade e liguei imediatamente para contar a novidade para minha avó.
Eu começaria na próxima segunda, depois de fazer o exame médico admicional.
Tudo estava melhorando outra vez. Mês passado minha avó, teve que fechar sua pequena confecção. O novo síndico, fez um abaixo assinado proibindo vovó de trabalhar em casa. Alegou que isso trazia pessoas estranhas para o prédio e colocava a vida dos outros moradores em risco. Em parte, admito que ele tinha um pouco de razão.
Procurei uma lojinha próxima para minha avó continuar, mas além do aluguel ser caro, ela disse que já estava cansada e preferia parar. O que também tinha muita logica, há alguns meses ela vem reclamando de dor de cabeça e se nega a ir ao médico.
Esse mês sentimos um pouco a diferença no orçamento. Tanto pela falta do meu emprego por minha mudança de horário, como também pelo fechamento repentino da confecção e mesmo anunciando, ainda não conseguimos vender suas máquinas de costura.
Eram dois ônibus para voltar pra casa. Mesmo assim, nada diminuiu minha alegria em visualizar dias melhores.
*
Durante a semana separei minhas roupas apresentaveis e acabei optando em criar uma espécie de uniforme, aproveitando um terninho preto que comprei para trabalhar nos eventos do buffet. Tenho umas roupas legais que minha avó fez pra mim, mas são roupas para noite.
Na faculdade, Michele continuava me enchendo a paciência. Nunca fiz nada para à louca. Porém, parecia que seu passatempo era se juntar com as outras para tentar estragar minha vida. Ela também passou pra noite, antes de mim. Aliás, Ela estuda Medicina.
No fim de semana, arrumei novamente a casa, fiz minhas unhas e massagem nos meus cabelos. Quase não dormi de domingo para segunda de tanta ansiedade.
*
Entrei na TrêsTs, faltando vinte minutos para às 8:00 horas. Como me foi passado, segui para o último andar. Lógico que cumprimentando a todos com meu sorriso que não conseguia ser contido.
No elevador mesmo já recebi um olhar de desdém. Sorri mais ainda, eu cheguei aqui e vou me dedicar muito para não perder essa chance que me foi dada.
Soraia me recebeu e me apresentou a Rafaela. Às duas são bem simpáticas. Porém, Valéria que é assistente de Thiago, foi a criatura que me olhou torto à pouco. Foi até divertido ver seu olhar de surpresa quando esta, foi informada que eu seria sua colega direta de trabalho.
Espero não ter problemas com ela.
As portas do elevador se abrem e de lá sai os três Parkers sorrindo e conversando entre si. Nos cumprimenta e entram na sala, que agora sei pertencer à Thales, como bem legível na porta.
Thomas também nos cumprimentou, mas o fez sem olhar para mim. Acabo desanimado um pouco, se o cara parece não ir com minha cara. Na certa vai querer me derrubar. Mas se é assim, por que permitiu me contratarem? Somente o tempo vai me ajudar a entender, isso se eu tiver tempo. Tenho que ficar ligada.
Cada uma assumiu seu posto e Soraia, entrou na sala onde eles estão, levando o cafezinho dos três. O mesmo foi feito e entregue por um rapaz da copa, que ficava no andar de baixo em frente à sala de reuniões.
Me sentei ao lado de Rafaela e ela começou a me explicar minha função.
Alguns minutos depois, Thomas e Thiago deixam a sala de Thales. Thiago passa direto por nós assim como Thomas. Porém, antes de Thiago entrar em sua sala...
-Seja bem vinda Júlia, não deixe Thomas te assustar. - falou sorrindo de lado para o irmão. Este, entrou em sua sala sem nada dizer.
Quando Rafaela começou a me explicar o programa usado na empresa a porta do meu chefe se abre.
Automaticamente olhei para ele, que se encostou no batente e sorriu-me cínico. Notei que ele havia trocado a parte superior do seu terno caro, por uma blusa despojada cinza e posto sobre ela uma blusa rosa enrolada nos braços. Braços estes que me surprenderam ao deixar à mostra algumas tatuagens.
Odeio tatuagens, mas aquela visão me deu calor.
Acabei passando inconcientemente a língua em meus lábios para umidece-los. E parei de imediato quando seus olhos voltaram-se diretamente para meu ato. Engoli seco e olhei rapidamente para o computador.
-Júlia, venha. Vamos conversar. -ordenou virando-se e deixando a porta aberta.
Assim que entrei ele me mandou fechar a porta.
-Pôs não senhor.
-Fiquei surpreso em te ver outra vez. -me estudava com o olhar enquando falava calmamente.
-Então o senhor lembra-se de mim? -sorri.
-Tenho uma boa memória. -explicou serio. -Sente-se. -a partir daí, ele começou a falar sobre o que esperava de mim como funcionária. Frisou bem que odiava atrasos.
Sei que não posso vacilar!
Deus me defenda!
*
Theodoro
Odeio ficar em casa, esse lugar tinha vida com Helena e as crianças e sem eles, se tornou muito triste e vazio.
*
Chamo o táxi e saio para aguardá-lo no portão. Um motoboy se aproxima e eu dou dois passos para trás. Ele me chama por meu nome, me entrega um envelope pardo e parti.
O envelope não tem remetente. O abro assim que me sento dentro do táxi.
O aborto não foi feito. Seu filho nasceu e vai adorar saber que é filho de um milionário. Vá à Vegas e ganhe mais dinheiro pra gente. Sim Theodoro, se você não aumentar o valor e ficar reclamando, eu conto para seus filhos que mesmo com o que você mandou Silvania fazer; eles tem um irmão. A propósito, seu filho sabe bem que você não o quis.
Não preciso ser um gênio para saber se tratar de Ivan. Junto a isso, ele também enviou duas fotos. A primeira mostra Silvania sentada em uma Praça com uma barriga enorme e a segunda foi tirada aperentemente em um hospital, com uma bebê todo de branco mamando em seu seio.
Eu deveria me sentir feliz, mas apenas me sinto atordoado.
Mudo o itinerário e em um impulso ligo para Igor. Meu ex sócio e ex amigo.
*
Igor me encontra em uma cafeteria e por meu semblante ele apenas se senta e me ouve por um tempo.
-Se ele quer mais dinheiro e é isso que farei. Não posso permitir que meus filhos saibam de tudo agora e tenho que ganhar tempo. Talvez esse bebê nem seja o meu. Não tenho como saber a data das fotos.
-Mais uma vez, vai pagar para se livrar dos "problemas"? Da última vez não deu certo não é mesmo? Quem está te chantageando Theodoro? Como vai saber se é ou não seu filho?
-Com o tempo Igor.
-O que sentiu com essa notícia?
-Confuso, você melhor que ninguém sabe que Siçvania me atormentou naquela época.
-Sei sim, mas o fato desse bebê ter nascido, pode ser sinal dê que ela não é tão doida assim.
-É isso mesmo que você acha?
-Theodoro, Silvania te conhecia bem. Ela jamais te contaria que não tiraria um filho seu.
-Sei, e agora quer mais dinheiro!
-Então o bilhete veio dela?
-Não Igor, veio de outra pessoa. Mas não duvido que estejam juntos.
-Tente achar esse filho.
-Não sei se é uma boa idéia. Ele deve me odiar. Imagina o que aquela megera falou para ele. Já te falei que preciso de mais tempo
-Quanto tempo mais? Conte sua versão dos fatos.
-Vou pensar. Obrigado!
Ele se levanta para partir e para.
-Sabe que esse seu filho pode ser negro não sabe?
-Eu sei Igor. -respondi ainda perdido.
Ele saí e eu fico aqui sentado pensando se isso é realmente possível.
Acabo ligando para Ivan e lhe oferecendo mais dinheiro para ele me falar onde achar meu filho.
-Tenha calma Theodoro, muito em breve você irá saber. -me respondeu, desligando em seguida.
*
Desisti de viajar e voltei pra casa.
Eu nem sei se quero conhecer esse filho. Porém, isso mexeu comigo e me tirou o sono a semana inteira.
Por fim, procurei um detetive e lhe pedi que localiza-se Silvania Amaral.
Se fosse para pagar a alguém, que fosse à ela.
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Amei todas as felicitações e comentários. Obrigada meus amores!❤
Votem e comentem à vontade. Eu amooo.
💋Aline Victal💋💋
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