Julia e Aline

Me dói lembrar que todo o medo que senti dos outros destriuirem nosso amor, foi anulada por Thomas, quando ele mesmo o fez.

Antes mesmo de nós casar eu já percebia que ele parecia diferente, sempre aparecendo na minha empresa do nada e se justificando com saudades de juju.

ignorei e acreditei que tudo isso era por receio de eu não aceitar me casar, já que muitas vezes ele me questionava sobre isso e insistia em saber se eu realmente o havia perdoado.

À lua de mel foi linda e perfeita, porém  tudo mudou mesmo foi em nossa viagem para Búzios. O primeiro desentendimento ocorreu quando eu coloquei o biquíni e ele surtou saindo para me comprar um maiô. Me recusei a trocar de roupa e ele colou em mim como um um carrapicho. Nem mesmo pegou Juju, deixando ela em meu colo o tempo inteiro e sempre se posicionando atrás de mim.

Depois tive a impressão de estar sendo seguida e meu segurança mesmo falou que era Thomas. O cobrei e ele alegou que estava com um mal pressentimento e apareceu para me acompanhar de perto. Não posso negar que nos primeiros três meses até achava seus ciúmes fofos e achei graça quando ele trocou meus seguranças masculinos por femininos. Porém, enxerguei o problema quando ele quis me proibir de encontrar Fabiano sem a sua presença. Algo totalmente impossível, já que minha empresa presta todos os serviços para a de Fabiano e ele ainda é meu melhor amigo.

Para evitar problemas comecei a evitar sair de casa com as meninas e comecei a marcar tudo aqui em casa. Mas aos poucos comecei a me sentir sufocada. Não que fosse baladeira, mas parece que praticamente não poder sair me trouxe uma enorme vontade de liberdade.

Comecei a me sentir triste e comer mais que precisava para me sentir bem. Foi Theodoro quem me chamou para conversar, notando em mim uma mudança que ninguém mais percebeu.

— O que está acontecendo filha?

— Nada velho.

— Eu posso não ter te criado, mas já te conheço tão bem quanto seus irmãos. Sei que Thomas te chama para viajar e você sempre arruma uma desculpa para não ir.

— Ir pra quê? Se chegando lá, ele quer me manter dentro do hotel quase o tempo todo. Cama eu tenho em casa.

— Thomas, sempre foi o mais ciumento dos irmãos. Mas acho que ele já está passando dos limites.  Vou chamá-lo para uma conversa.

— Não faça isso por favor. Ele vai pirar se imaginar que estou ficando infeliz.

— Se está infeliz, faça algo para mudar essa situação. Você já foi privada de tantas coisas filha. Teve que começar a trabalhar cedo e quase não saía. Agora tem que se privar por Thomas ter se tornado um babaca.

— Está certo Velho, vou conversar com ele e resolveremos isso como casal.

Assim eu fiz. Porém Thomas negou o excesso de ciume, e justificou ser seu amor que aumentava cada dia mais. Começou até mesmo me dizer que algumas roupas que eu escolhia para ir trabalhar não condiziam com uma mulher casada e mãe.

O único lugar que eu me sentia livre era na cama. Mas até nela eu o pegava me olhando de forma diferente e as vezes ele questionava onde aprendia algumas posições.

Eu realmente estava ficando muito triste e disfarçava com sorrisos. Me encontrava quase em uma encruzilhada quando chamei Thales para conversar. Sempre fui na minha, mas tem coisas que não somos capazes de resolver sozinha.

O local para o encontro foi na casa de Thales em horário comercial

Quando cheguei e o vi seu olhar preocupado, lágrimas presas por dias rolaram sem qualquer palavra deixar meus lábios.
Thales sempre tão protetor, me envolveu em seus braços acolhedor.

Depois de me acalmar, me sentei de frente para meu irmão mais velho.

— Estou ficando perdida, amo demais Thomas e não sei o que fazer.

— São os ciúmes?

— Sim Thales. Não dou motivos, mudei até mesmo minhas roupas para evitar problemas, mas parece que ele está sempre pronto para dizer algo desagradável e se arrepender em seguida.

— Tenho notado ele diferente também, sempre nos questionando se temos certeza que estamos fazendo nossas esposas felizes. A última foi quase exigir que Thiago mandasse a nova babá embora por ele achar que a tal mulher olhou para Thiago de forma nada profissional.

— Quero entender o que está acontecendo Thales. Pensei em chamá-lo para fazer terapia de casal, mas não sei como ele pode reagir.

— Eu e Thiago estamos sempre conversando com ele Júlia e chegamos a conclusão que ele mudou bastante desde que soube que não era filho do nosso pai. Posso chamá-lo para conversar e falar que vice está ficando sufocada...

— Não Thales. Você falou que estão sempre conversando, se tiver abertura dada por ele. O aconselhe procurar ajuda. Qualquer profissional vai orientá-lo a me levar um dia na consulta. Ele não pode imaginar que isso partiu de mim. Tem que pensar que foi idéia dele.

— Você está com medo dele?

— Ele nunca me agrediu, mas... não sei se ele chegaria a tanto.

— Me prometa se algo chegar perto disso, não irá me esconder Júlia. Ele é  meu irmão, eu o amo. Mas não podemos deixar ele tão...

— Eu aviso sim Thales.

Ele levantou e beijou minha testa.

— Amanhã as meninas querem ir para a boate, eu queria muito ir também, mas não sei se devo.

— Júlia, Thomas é seu marido e não seu dono. Você está a um passo de entrar em depressão. Vice também precisa de ajuda anjo. Está pensando muito mais nele do que em si. Se quer tanto ir, vai.

— Eu não sei. Thales se ele me agredir não poderei continuar. Não poderei viver ao lado de quem não vou confiar.

— Você já não confia Júlia. Por isso não quer ir.

— Você deve ter razão, até amanhã eu decido. Obrigada meu irmão, me desculpe por trazer problemas para você.

— Eu te amo maninha, e sempre estarei aqui para vocês. Para os três na verdade.

Foi trabalhar e Thales fez o mesmo. Quando cheguei em casa Thomas já estava e por alguns segundos me olhou parecendo procurar algo. Depois sorriu lindamente, pegou Juju e me deu um beijo declarando o quanto nos ama.

*
Resolvi ir para a boate. Mas não tive coragem de falar com ele antes de sair, então liguei antes da hora do almoço.
Não foi surpresa ele aparecer querendo me levar ao cinema. Ele sempre inventava algo a dois quando eu pensava em sair com as meninas. Mas neguei. Eu realmente preciso respirar um pouco. Em casa fizemos um sexo selvagem, mas eu sabia que seu objetivo era me fazer desistir. Até estranhei quando ele me mandou se divertir e que qualquer coisa eu ligasse.
Fiz como adolescente e liguei para Thales avisando de minha saída e falando da reação positiva de Thomas. Thales me avisou que iria ligar para vó Cida e pedir que ficasse de olho em Thomas enquanto eu estivesse fora.

Fui para a boate e fiquei surpresa em não estar sendo seguida. As meninas estavam animadas, mas eu não conseguia relaxar. O tempo todo imaginava Thomas entrando e fazendo um barraco.

Depois de mais de uma hora, bebi uma taça generosa de vinho que logo surtiu efeito. Dancei com as meninas, sorri de verdade. Eu estava feliz, muito feliz por Thomas ter conseguido se controlar e talvez eu estivesse vendo coisas onde não tinha. Devia ser somente ciúmes  mesmo.

Depois de descansar, bebi um drink qualquer e voltei a dançar. Isso até me deparar com ele parado na minha frente. Tentei disfarçar e o chamei para dançar. Afinal podíamos nos divertir como casal. Mais não, Thomas estava bem nervoso e tudo pareceu pior quando chamamos a atenção de todos. Eu estava tremendo de medo com o que ele faria quando chegássemos em casa. Nem mesmo a presença de Thales e Thiago me fizeram parar de tremer. Nessa hora decidi que eu não merecia e não queria viver assim.

Thiago torceu o braço dele para trás  e ele me soltou. Meu braço estava dolorido, mais eu não liguei. Eu só corri para fora. Precisava chegar chegar antes dele. Grazi e becca sairam comigo. Cansei de ouvir relatos de mulheres que sofriam abuso e Cátia mesmo tinha sido uma dessas e carregava seus traumas ate hoje.
*
Me hospedei em um hotel e aceitei a ajuda de todos. Troquei até mesmo a segurança.

Eu nunca desisti dele. Nunca deixei de amá-lo. Mas entendi que devia me amar primeiro. Thales me passava toda a sua evolução junto a psicóloga. E todos os dias eu orava a Deus antes de dormir, pedindo que Thomas achasse os motivos dos seus transtornos. Suas mensagens me trazia alegria em saber que ele não me esqueceu. Que não desistiu de nós.
*
Não fiz festa para Juju em seus dois anos. Nossa separação era recente. Mas na de três eu faria e veria com meus olhos se ele realmente tinha mudado. Eu preciso que ele mude. Mesmo que não volte para mim.
*
Hoje Eu o vi de longe. Meu coração disparou como antes e tive que ser muito forte para fingir indiferença. Isso foi um meio de saber como ele reagiria. Se não iria surtar.  Ele não surtou e segundo Grazi. Chegou bem e disse que me viu. Que eu continuava linda.

O positivo dessa história era que eu estava morando com Theodoro. O fiz por causa de Juju. Para ela não estranhar tanto a mudança já que é  apaixonada no vovô. Vó Cida também mora conosco. Aprendi a confiar em Theodoro e hoje consigo aceitar bem que ele é meu pai.

Aline(autora) fatos reais

Sempre leio os comentários. Não sei quais de vocês leram COMO ELA ME MUDOU. De minha autoria. Mas nele, contei que me casei aos dezessete anos com um homem mais velho. Que é o pai da minha filha. Um relacionamento interracial com um homem aparentemente "perfeito"  todas as loucuras de Thomas foram espelhadas no que vivi e superei com a ajuda de terapia. Sempre deixei claro que todos os meus livros tem algo de mim e do que escuto. Sou de gêmeos e extremamente comunicativa. Então faço sim amizades de confidências em uma simples fila de supermercado. Meu atual marido acha um absurdo as pessoas me contarem confidências e desabafos em poucos minutos. Eu adoro!
Pensei até em ser psicóloga. Isso até entender que eu tinha que escutar mais que falar. Aí não dá.  Sou boa em aconselhar a vida alheia. Mesmo eu não seguindo meus próprios conselhos. Kkk
Leio facilmente um casal com olhar. Minhas amigas sabem bem disso.

Meu falecido marido era um príncipe. Mais trouxe traumas bem guardados do casamento dos pais. Traumas que começaram a aparecer quando me tornei mais independente.

Algumas questionaram o pra quê disso bem perto do fim. Isso é porque infelizmente nem tudo acontece no começo de nada. É assim na vida, É assim nos livros.

Me perguntem se fui feliz. Sim eu fui muito. Fui antes e depois da crise. Porém no meio, sofri. Quebrei carro. Dormi no banheiro por ser o único cômodo com porta de madeira e não sanfonada. Acordei com o chuveiro aberto molhando a mim e o edredom forrado no box. Já voltei para casa a pé  com mais de quatro bairros de distância. Porque ele deu crise de ciúme e pegou minha bolsa. Vim andando e ele de carro me seguindo implorando para eu entrar. Teve comida jogada na parede. Que ficou lá por todo o fim de semana até ele limpar. Já que foi ele quem jogou!
E na segunda quando ele foi trabalhar, limpei o dinheiro da gaveta e do Banco e fui para Minas, Leopoldina para ser mais exata. Fiquei lá dois meses e ele me procurando até embaixo da cama da casa dos meus pais. Quando voltei ele tinha queimado todas as roupas que eu deixei e ele não gostava. Mas depois comprou tudo de novo.
Saía do serviço na hora do almoço em Laranjeiras para me vigiar no meu em Bonsucesso. Comprou uma piscina de 5.000 litros na dia seguinte que fui para a praia sozinha.

Ficamos oito meses separados enquanto ele buscava ajuda psicológica.

Nós dois passamos a frequentar a igreja. Quando engravidei ele já era um novo homem. 

Infelizmente ele morreu de bala perdida. Voltando do trabalho quando nossa filha tinha apenas três meses.

Bom! Minha vida ficou de pernas pro ar e eu que pesava 70 kg, cheguei a 139kg. Isso vale para algumas leitoras que estranharam a mudança física da personagem do SÓ O TEMPO. Saberem que mudamos muito sim. Mudei, porém  meu sorriso é o mesmo. Mudei mas continuo me amando apesar dos olhares preconceituosos. Às vezes me abato, como qualquer ser humano. Mas no geral. Eu sou feliz. Me apego com facilidade e desapego do mesmo jeito (gemeos).

Não pretendia contar isso agora. É talvez logo eu apague. Pois ainda penso em escrever minha história. Que começa com um amor louco aos 15 anos. E que quase voltou depois que fiquei viúva. Gente tenho 39 anos mas já vivi muita coisa. Comecei a trabalhar aos 14. Casei aos 17. Fiquei viúva aos 23. Fui casada 3 vezes. Então imaginem quanto de mim tem em cada livro.

Júlia e Thomas e o livro que mais se assemelha a minha história. Claro que sem a grama kkk. E eu era mais parecida com Grazi. A mesma leveza em levar a vida. Ainda sou assim na verdade. Becca foi inspirada na minha época misteriosa. Foi um tempo depois que fiquei viúva e a sociedade me cobrava um luto sem fim. Luto que eu mandava as favas com um amigo bem interessante do Recreio dos Bandeirantes. Um amigo que queria saber mais de mim e eu não estava pronta para falar.

Chega. Logo logo vou apagar.

Me desculpem os erros.

Louca pelos comentários.  🙈💋.

Eu e minha filha. Hoje ela está com 16 anos.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top