A verdade
🎆TENHO UM MAL, NUNCA CONSIGO SEGURAR UM CAPÍTULO PRONTO. VOTEM BASTANTE EM.
Theodoro
Dancei com Malu imaginando estar fazendo isso com Júlia.
Eu já estava farto de me esconder e assim que a festa terminou. Pedi que Thales fosse em minha casa durante a semana.
*
Ele chegou na Quinta-feira, com o seu atual costume de me olhar de cima e não aceitou tão bem o meu abraço.
-Vou direto ao ponto meu filho.
-Sabe que só tem uma coisa que desejo saber de você.
-Te respondo qualquer coisa se me ajudar.
-Eu não te ajudo enquanto estiver manipulando Thomas.
-Eu não faço mais isso. Se ele deixou algo pendente é por culpa do próprio, mas também preciso de sua ajuda nisso.
-Fala logo pai. -ordenou sem nem ao menos se sentar.
-Quero que se aproxime de sua irmã. Ela nunca vai me perdoar mas sempre pareceu gostar bastante de vocês. -ele me olhou sem surpresa.
-Sempre soube ser ela?
-Não, era isso que Ivan também usava para conseguir dinheiro nos últimos meses. Eu achava ser um rapaz e nunca cogitei a hipótese de ser uma moça.
-Continue.
-Traga Júlia pra casa. Traga sua irmã para perto de vocês. Ela não precisa me perdoar, mas quero que ela tenha vocês por perto. Também preciso que entregue isso a ela. -lhe entreguei um envelope.
Nele havia a escritura de um apartamento no Leme e um cheque com uma quantia razoável.
-De onde veio esse dinheiro?
-O apartamento eu comprei assim que soube da possível existencia de um outro filho e deixei em testamento pra o mesmo. O dinheiro eu comecei a guardar na mesma data. Não nego que achava que Ivan mentia pra mim, mas mesmo assim achei prudente guardar algo.
-Como conseguiu se manter distante depois de saber quem era ela? -pareceu magoado.
-O amor não nasce pelo laço sanguíneo Thales. Mas não nego que sinto hoje um carinho por ela e um arrependimento enorme por não ter ido fundo nessa história anos atrás. Eu juro que não imaginava que Silvânia não tinha feito o aborto e torno a repetir que não a pedi pra fazê-lo. Mas na época me senti aliviado com seu possível ato, mesmo depois me sentindo culpado.
-Sei. -falou irônico.
-É sério filho. Thomas veio como uma segunda chance divina de reparar meu erro. Eu só não imaginava que Deus tinha tido misericórdia de mim e poupado a vida da minha filha também. Cuide dela Thales; ela é forte e guerreira, mas acha estar sozinha no mundo.
-Eu já estava providenciando um exame de DNA. Mas não sabia como abordar o assunto com ela sem deixá-la assustada ou revoltada.
-Não precisa exame, mas pode fazer se quiser. O destino a trouxe pra mim e eu cego não enxerguei o óbvio. Aquele sorriso e de seu avô e Júlia tem traços discretos meus.
-Ela ser negra não te incomoda mais?
-Acho que não. Ela é sangue do meu sangue e determinada como um Parker deve ser. Também estou ansioso pela chegada da minha netinha Helena. -finalmente ele sorriu.
A psicóloga estava me ajudando com isso. Grazi e Malu também. Becca e a parte carinhosa e delicada, Grazi a realista sem filtro.
Grazi. Já me acompanhou duas vezes na consulta e finalmente parece que todo o meu recebimento foi realmente pelo abandono de Almerinda. Meu pai como eu, se afastou depois de largar minha mãe por vergonha de mim e assim me tirou a pessoa que eu mais amava na minha infância. Almerinda. Minha mãe sabia disso é usou todo seu poder de manipulação para me fazer odiar os dois e culpar Almerinda por destruir nosso lar que nunca foi feliz.
-Eu já amo aquela menina pai. Thiago tem um carinho por ela e agradeço ela ter se apaixonado justamente por Thomas. Vou fazer isso por mim; por ela e por meus irmãos.
-Obrigado Thales. Mais uma vez me perdoe todo sofrimento que causei a todos vocês.
-Tchau pai. -saiu sem olhar pra trás.
Thales
Sorri de felicidade assim que deixei a casa de meu pai. Eu precisava contar a meus irmãos agora que eu tinha certeza, mas Thiago ainda estava em lua de mel e ainda não pensei em como abordar o assunto com Thomas. Algo pareceu me mandar diretamente até Júlia.
Sentado em meu carro vi meu irmão se afastar da loja dela cabisbaixo falando ao telefone e depois entrar no carro. O segui até ele parar duas quadras à frente, descer e caminhar para uma praça. Sorriu para Fabiano. Depois de ver eles se abaçarem, voltei para a loja de Júlia ainda preocupado.
-Boa tarde! Eu gostaria de falar com a Júlia. - a jovem me sorriu abertamente e bateu os cílios brincando.
-A patroinha está na fábrica recebendo entregas. Mas sei que são amigos, pode subir lindo. Apartamento 102. A porta deve estar aberta e o portão está destravado.
-Obrigado Larissa. -agradesci lendo seu nome no novo uniforme.
Antes de entrar vi quatro homens fortes e suados saindo. Passei por eles desejando boa tarde e subi o primeiro lance de escadas.
Bati levemente na porta, mas lá dentro uma música tocava.
Entrei e paralizei ao ver Júlia de toper e uma calça de malha larga. Ela ainda não tinha me visto quando dançando escorregou. Por mais rápido que eu corri. Não consegui evitar seu tombo de bunda no chão.
-Meu Deus!
-Aí.
Me abaixo ao seu lado e vi sua cara de dor e desespero.
-Minha filha! Me ajuda Thales.
-Calma Ju. Não se mexa que vou chamar uma ambulância. -falei já discando 192.
Expliquei o ocorrido e até ofereci dinheiro pra eles chegarem rápido.
A atendente me orientou a não movê-la e perguntou se ela sangrava e de quantos meses estava. Quando Júlia falou quase oito meses. Meu coração acelerou ainda mais. O sangramento não era visível.
-Meu pulso está doendo muito e estou com uma cólicas forte. -acrescentou.
O desespero me dominava mas mesmo assim não mexi nela. Os minutos pereceram horas e só me acalmei um pouco ao ouvir a sirene da ambulancia se aproximando.
Na maca, julia pediu para eu pegar sua bolsa e orientou os socorristas a levarem para um hospital particular ali perto. A princípio o motorista negou. Mas lhe paguei para fazer o que ela pedia. Entrei na ambulancia e me sentei ao seu lado. Segurando sua mão que não estava imobilizada. E em certo momento ela a apertou forte.
-Acho que ela está com contrações. -falei nervoso enquanto ela aliviava o aperto.
-Sabemos senhor.
Em minutos chegamos ao hospital pela entrada de emergência e eles sumiram com ela pra dentro de um longo corredor. Com a adrenalina baixando. Liguei para Becca explicando o ocorrido e também o fato de Júlia ser minha irmã. Mandei um áudio para Thiago e Grazi, apenas falando do acidente dela e que a mesma está grávida de um filho de Thomas. Eu tinha que avisar. Era nossa sobrinha que estava possivelmente prestes a nascer. Lutando contra sentimentos estranhos de proteção. Liguei para Thomas, Mas por duas vezes deu que o aparelho estava desligado ou fora da área de cobertura. Mesmo assim lhe mandei mensagem falando que Júlia estava no hospital e o endereço do mesmo. Me sentei e rezei por eles.
-Thales! - a voz surpresa de Thomas invadiu o ambiente.
-O médico ainda não me deu notícias, acho que a bebê vai nascer antes do tempo. -falei nervoso sendo abraçado por ele.
Fabiano que não se aproximou, tinha ido diretamente para a recepção e voltou minutos depois bem nervoso.
-Meu Deus! Eu sabia que não deveria deixá-la sozinha. Se algo acontecer jamais me perdoarei. -falou Fabiano, se sentando e passando a mão nervoso no rosto.
-Calma Fabiano, sua amiga vai ficar bem. E Thales, relaxa donzela. Nossa Helena já está formada e se nascer hoje, virá forte e com saúde.
Na mesma hora um médico veio em nossa direção e apertou a mão de Fabiano e ficou surpreso em ver Thomas, apertando sua mão também. Depois se apresentou pra mim, que fiz o mesmo.
-A placenta dela descolou e ela teve um pequeno, mas significativo sangramento. Esta em observação, a mediquei para diminuir as contrações. As próximas horas que vão definir se faremos ou não o parto prematuro. Ela está assustada e pediu pra ver você -falou com Fabiano e depois se virou para mim. - e acho que você também Thales. Somente esperem ela ir para o quarto 205 e uma enfermeira virá buscá-los.
-Não entendi. -Falou Fabiano assim que o médico se afastou.
-Foi eu que a socorri.
-Mas a recepcionista falou que ela caiu dentro de casa. -acrescentou desconfiado.
Não tinha jeito. O segredo não era meu, mas eu tinha que ser direto.
-Júlia é uma amiga muito querida e amada, e hoje eu fui visitá-la. Graças a Deus cheguei segundos antes de sua queda. -Ele me olhou mais desconfiado ainda e Thomas parecia tentar processar tudo.
-Não me diga que você é o canalha racista que pediu um tempo pra ela justo no dia que ela descobriu à gravidez. -Rosnou fechando os punhos.
Thomas praticamente caiu sentado na cadeira e eu, secretamente desejei que fosse no chão.
Olhei para Thomas de cara fechada e Fabiano seguiu meu olhar.
-Meu Deus! -foi a única coisa que Thomas falou antes de Becca entrar com Malu ao lado.
-Como está Júlia Thales?
-Acalme-se Amor, ela está em observação. -Expliquei a colocando sentada ao lado de Thomas, que continuava de cabeça baixa.
-Tio, é verdade que vou ganhar mais um priminho ou priminha?
-É uma priminha minha princesa. -falei passando a mão em seus cabelos.
-Como ela foi capaz de me esconder isso? -questionou erradamente Thomas.
Fabiano que parecia se conter, o levantou pela gola da camisa.
-Você é um cretino mimado que só enxerga o próprio umbigo. Como teve coragem de abandonar Júlia sabendo que ela não tinha ninguém depois de juras amor e dizer que desejava uma família ao lado ela? Como foi capaz de não perceber a dor que lhe causou sendo tão egoísta? -os olhos ferozes de Thomas mudaram para vergonhosos e Fabiano praticamente o jogou de volta para cadeira socando em seguida a parede. Bem que podia ser em Thomas.
Quando a enfermeira veio nos buscar, Thomas até tentou nos acompanhar. Mas naquele momento, nem eu e nem Fabiano permitimos.
Júlia estava recebendo soro na veia e seus olhos estavam cheios. Fabiano se adiantou e a abraçou com cuidado e eu segurei gentilmente sua mão.
-Me desculpe por esconder isso de você e de Thiago.
-Tudo bem Ju, o importante agora é vocês duas ficarem bem.
-Assim que eu sair daqui, vou contar à seu irmão.
-Ele já sabe. Ele estava comigo quando me ligaram do hospital. Ele está lá em baixo na recepção. -Falou Fabiano com carinho e alisando seus cabelos.
-Eu quero falar com ele, mas não hoje.
-Sem problemas Ju. Faça tudo ao seu tempo. Se preocupe apenas com você e minha sobrinha agora.
O celular de Fabiano tocou e ele passou para Júlia. Ela atendeu forçando uma naturalidade ao falar com a tia do outro lado e tentando acalmar a senhora.
Fabiano interveio e depois de segundos encerrou a chamada.
Beijei seu rosto e disse que ela era mais amada do que imaginava. Depois me despedi, atendendo a chamada de Thiago.
-Que confusão é essa donzela? -Questionou Thiago.
-Júlia está grávida de oito meses e é uma menina. O médico falou que a bebê ainda corre o risco de nascer antes do tempo.
-Como Thomas nos escondeu isso?
-Aquele imbecil não sabia. -minha língua coçava para revelar que Júlia é nossa irmã.
-Parece estar me escondendo algo mais?
-Quando voltar da lua de mel conversamos.
-Grazi acabou de entrar no site pra adiantar nossas passagens. Eu estou no viva voz.
-Chegaremos amanhã Maluco.
-Obrigado cunhada.
Na recepção, Becca conversava calmamente com Thomas. Eu não me sentia preparado para fazer o mesmo.
Me sentei mudo e sorri quando Malu se sentou em meu colo. Meia hora depois Fabiano desceu.
Eu até queria ficar no hospital, mas também tinha que pensar em minha esposa grávida e também em Malu.
Saí parcialmente tranquilo por saber que Fabiano ficaria como acompanhante dela. Thomas se negou em deixar o hospital. E mesmo sem poder subir, deixou claro que não sairia dali até poder ao menos ver Júlia. Seu sofrimento era aparente, mas eu não senti pena.
No caminho de volta pra casa, Meu pai me ligou. Becca colocou no viva voz enquanto eu dirigia.
-Grazi me ligou Thales. Por favor, me confirma que minha filha e minha neta estão realmente bem. -suas palavras desesperadas me surpreendeu.
-Elas estão em observação pai. Mas se acalme que estão bem assistidas.
-Ela passou mal por quê você contou?
-Não. Ela ainda não sabe. Ela escorregou e deslocou a placenta.
-Vou agora para o hospital.
-Hoje não pai. Ela precisa de repouso e não entenderá sua presença.
-Tudo bem. Mas amanhã cedo estarei lá.
Quando ficamos sozinhos pude contar direito tudo pra Becca. Falar as palavras exatas me trouxeram lágrimas. Eu tinha uma irmã e em breve também teria mais uma sobrinha para crescer junto com minha filha.
*
Às oito da manhã. Fui levar uma troca de roupa para Thomas. Na verdade fui ver como ele estava e saber de Júlia diretamente com o médico e não por telefone.
Thomas pareceu envelhecer uns cinco anos e quando me viu. Se levantou e me abraçou forte. Ele não disse nada e nem eu. Mas não neguei o abraço. Depois fui pra empresa.
O horário de visita eram às 15:00 horas. Thiago acabou de chegar ao Brasil com Grazi. Ele marcou comigo no hospital e Grazi foi para a casa de meu pai buscá-lo e pegar Malu lá em casa.
Cheguei meia hora antes dás três. Encontrei Thiago entrando no hospital.
Nos abraçamos e fomos juntos até Thomas.
-Conseguiu falar com ela? -perguntei diretamente a Thomas.
-Ainda nao.
-Cara, como pode ser tão estúpido em ficar tanto tempo longe dela assim? -questiona Thiago.
-É tanta coisa Thiago. Mas agora nada disso importa.
-E você Thales? O que ainda esconde. -Thiago se virou pra mim.
-Vamos para a cantina, acho que precisamos de um café forte. -eles me seguiram calados. Saboreamos o café do mesmo jeito e Thomas me olhava de lado aflito.
-Pode falar Thales. -incentiva Thiago dez minutos depois.
-Mamãe me deixou um documento à parte, relatando a possível existência de um irmão ou irmã. Ela de alguma forma desconfiou anos depois, que a tal empregada não fez o aborto -eles me olharam surpresos.
-Então você achou essa pessoa? -questionou ansioso Thiago.
-Na verdade, de alguma maneira achei ser ela quando Becca me mandou procurar por uma irmã e não irmão. E nem me pergunte por quê, pois não faço a minima ideia. Mas ontem atendi ao pedido do nosso pai e fui a casa dele. Ele também não sabia até alguns meses atrás quem era ela. E apenas há dois anos, soube de sua existência...
-Quem é ela? - Interrompe Thiago.
-É a Julia. -falei de uma vez.
Eles parecem em choque, logo depois Thiago sorri. Porém, Thomas parece perder mais a cor.
-Eu roubei o lugar dela durante todos esses anos? -Thomas parece falar mais pra si do quê conosco.
-Para de besteira. Você não roubou nada. Você é nosso irmão materno e ela nossa irmã paterna. -falou Thiago dando um tapinha na nuca dele.
-É Thomas! Você que gosta tanto de falar em destino. Olha ele aí bem na nossa cara. -falei
-Ela sabe? -questionou Thomas.
-Ainda não. -ele estranhamente sorriu.
-Ela agora realmente tem uma Família. Tem a vocês que são homens dignos pra cuidar dela...
-Claro que vamos cuidar dela. Mas a filha e a mulher são suas idiota.
-Ela me odeia.
-Relaxa, Becca já me odiou também e hoje estamos muito felizes e apaixonados.
-É diferente Thales.
-Já vai fugir de novo? -questionou meu pai se aproximando de braços dados com Grazi e de mãos dadas com Malu. Becca segurava a outra mão de Malu.
-Não. -respondeu com convicção.
-Então entra naquele elevador e vai ver sua família meu filho.
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