A entrevista
Depois que Thales foi nomeado presidente, algumas mudanças aconteceram na empresa. Uma delas é que agora fazíamos negócios com pequenos empreendedores.
Entro atrasado na empresa e com ressaca. Sábado foi o renomado Baile de máscaras e eu mais uma vez, saí acompanhado de uma modelo que já estou saindo há dois meses. Entretanto, da mesma forma que nos anos anteriores, apenas saio mesmo. Deixei ela em sua casa e fui sozinho para a minha. Essa data me destrói e não consigo pensar em nada que não seja o sorriso de minha mãe e acabo bebendo o domingo inteiro olhando para algumas de suas fotos que eu leivei comigo.
Entro calado na sala de Thales e depois conto uma história qualquer de meu "final de semana memorável". -Tudo para não deixar meus irmãos preocupados.
Depois de bastante papo furado, fomos juntos para a sala de reunião.
Outra mudança que fizemos. entrevistamos pessoalmente cada novo candidato; independente de que área ele almeje e preferimos pessoas que cursam ou acabaram recentemente a faculdade. Entendemos que precisam de uma chance e também porque nessa fase todos tem mais disposição para o trabalho, nos causando menos problemas. Às vezes da errado. Mas a porcentagem de sucesso é bem satisfatória.
Nos sentamos na grande mesa oval e Soraia, a secretaria assistente de Thales, que vai sair de licença e depois parar de trabalhar. Autoriza a entrada da primeira candidata. Soraia mesmo vai treiná-la e quando sair em três meses, veremos se acertamos na escolha.
A primeira entra sorrindo e não consegue responder quase nada de tanto que desliza seus olhos cheios de desejo entrei eu e meus irmãos. Isso me irritou e reprovei sua ficha.
A segunda, sorri o tempo todo e ficou mexendo no cabelo. Reprovei.
A terceira, me pareceu focada e já tinha estagiado um curto período no setor de contabilidade. Aprovei.
A quarta também foi aprovada.
Paramos para um café, antes de entrevistar as duas últimas candidatas. Soraia e Thales selecionaram as fichas anteriormente.
Ainda estávamos conversando, quando Soraia anunciou a quinta candidata.
Ela entrou seria. Me deparei com o mesmo olhar inocente e sorri internamente. Seus olhos se prenderam aos meus apenas o tempo para um reconhecimento e depois ela se sentou e voltou sua atenção para Thales, que dava início a entrevista.
Olhei sua ficha e sorri finalmente descobrindo o seu nome. Júlia Nascimento, Vinte quatro anos, moradora de Ramos, sem filhos e cursando o último período em administração. A olhei novamente e me arrependi de não tê-lá beijado anos atrás, quando minhas escolhas eram diferentes e eu não estava na lista da mídia. Agora era tarde demais. O mundo ao meu redor se tornou complicado.
Estava tão olhando distraído para os lábios dela que abriam e fechavam com sua fala macia que demorei a perceber o silêncio presente. Olhei para Thales que sorria para ela e Thiago que me olhava sem entender nada.
Por que Thales sorria para ela?
-Vai perguntar alguma coisa Thomas? -Questinou-me Thiago, agora também com um sorrisinho cínico.
-Não, por agora o que foi informado foi o suficiente. Por favor! Aguarde nosso contato. -respondi, me quetionando por quanto tempo fiquei olhando para ela.
-Muito obrigada senhores! Com licença. -despediu-se e saiu da sala.
-Qual foi o problema donzela? -pergunta Thiago, enquanto mexe no seu notebook e me olhando de lado.
-Nada, eu não sabia que papai havia permitido essa contratação para estar tão perto da presidência.
-Estamos sozinhos Thiago, eu deixei claro que teríamos negros e latinos na empresa. -explicou Thales
-Sim, mas eles estão concentrados na copa e na faxina, temos apenas um Office-boy negro. -relatei nervoso ao imaginar ela no mesmo andar que eu.
-Será somente isso mesmo? Se não gostou da idéia reprove a ficha da moça -sugeriu.
-Se você acha que ela é capaz, não vou me meter, ela será sua secretária e não minha. -completei não achando justo reprová-lá apenas por meu desconforto.
-Sei. Não nego que a entrada dela me fez questionar, mas depois ela sorriu e em segundos eu acabei simpatizando com a moça, ela parece ter uma energia boa, na verdade não sei o que ela tem, mas resolvi lhe dar uma chance. -revelou meu amado irmão mais velho, me causando mais desconforto.
-Engraçado, aconteceu praticamente o mesmo comigo. -sorriu Thiago.
-Por mim tanto faz. -fiz por menos.
A sexta candidata era quase uma Barbie e olhamos de um pro outro divertidos, apesar de suas excelentes notas ela máscara chiclete e seu decote quase mostrava seu umbigo. Essa com certeza não servia.
Assim que a "barbie" saiu, Thales pediu para Soraia ver se julia ainda estava no prédio e se ela estivesse, era para lhe mandar ao departamento pessoal.
-Thomas, acho que realmente não vai ser bom tê-la na frente da presidência, acho que vou levar sua secretária para mim e deixar Júlia com você, o currículo dela tem mais haver com sua área. Acho que ao seu lado ela será mais bem aproveitada. -falou me trazendo um alívio perturbador. -O que você acha?
-Eu concordo, ela realmente parece uma boa moça -respondi fazendo Thiago sorrir e Thales me olhar de forma estranha. -Qual o problema de vocês? Eu também simpatizei com a moça. -Acrescentei.
-Então é isso, Rafaela treina ela e Soraia ajuda Rafaela no que for necessário. -finalizou Thales.
Fui para minha sala me sentindo diferente. Não tenho ideia do que senti, mas sei que terei que manter distância dela se eu não quiser problemas com meu pai e meus irmãos. Que porra de pensamento é esse! É claro que não tenho interesse pessoal nela. Foi apenas a surpresa de sua presença.
Fui almoçar com meus irmãos e na volta papai estava na empresa.
*
Theodoro
Eu saia do elevador quando me deparei com aquela menina saindo sorridente do RH. Senti uma coisa estranha que não sei explicar.
Por esse motivo, fui ao RH e me surpreendi em saber que ela estava sendo contratada com assistente de Thomas.
A princípio tive vontade de mandar concelar sua contratação, mas algo me fez parar. Vou ficar de olho. Espero que meus filhos nunca cometam os mesmos erros que eu e meu pai cometemos no passado. Essa menina pode até parecer inocente, mas sei bem do que essa raça é capaz. Brigar com Thales agora seria um problema. Quando lhe passei meu cargo, ele foi categórico em dizer que essa gente precisava estar presente para deixar outros sócios confortáveis. Deve ser um dos seus arranjos de mestre, já que uma cadeia de hotéis quer fazer sociedade conosco e seu dono e um criolo que se deu bem. Sim, com certeza é isso.
Fui para sala de Thomas, apenas para compartilhar meu desagrado e depois fui para a de Thales, deixar claro que a cota de negros já estava encerrada. Tem muita gente de primeira precisando de emprego também. Ele concordou, eu sabia que não me contrariaria.
Na saída avistei Thiago no corredor, parei para falar com Soraia e ele passou atrás de mim. Muitas vezes seu olhar me deixava nervoso.
Fui para um cassino clandestino em Botafogo e lá encontrei Ivan. A única coisa que me impedia de lhe quebrar a cara, era suas ameaças de contar tudo para meu filho. Thomas não suportaria um golpe desses e eu sempre prometi a Helena zelar por sua proteção. Prometi zelar por todos, mas principalmente por Thomas.
Helena! Como errei tanto com minha única e verdadeira amiga, a única que amei em toda a minha vida. Tudo era culpa daquela negra desgraçada que se aproveitou do meu momento de fraqueza. Eu fui um idiota traidor e queria ser capaz de voltar no tempo. A bebida não justificou meu ato, eu sei que naquela noite eu quis aquela piranha golpista. Eu tinha essa curiosidade desde a minha adolescência. Isso nasceu depois de ver meu pai ser tão feliz ao lado de Almerinda. Ele rejuveneceu. Eu a odiava. Meu pai deixou minha mãe e se casou com ela. Entrando na fase adulta, meu ódio por Almerinda cresceu. Eu a culpo por tudo que deu errado em nossas vidas. Isso piorou quando minha mãe se matou mal dizendo essa raça traiçoeira. Mas nada disso foi suficiente para acabar com minha curiosidade. Almerinda, assim como Silvânia, era a empregada do nosso lar. Porém, a golpista da Silvânia não se deu tão bem como Almerinda, ela foi apenas uma lamentável noite que deixou marcas tristes e profundas. Para completar, foi um negro quem tirou à vida de Helena e uma outra negra me tirou meu amigo. Sei do que fui capaz de permitir e isso também me atormenta até hoje.
Depois que Helena partiu... tento me manter afastado dos meus filhos o máximo que posso. Sei dos meus problemas e gostaria que eles fossem mais parecidos com ela e não comigo.
Bastou eu ver aquela garota, que toda a dor voltou. Acho que eu devo mandar Thomas dispensá-la ou então, me afastar mais um pouco. Bebo meu último drink antes de entregar o dinheiro para Ivan e voltar sozinho para casa.
Em casa a mesma cena se repete. Lembro-me de nossa última briga, ela insistia no divórcio e eu concordei para não perder além de minha esposa, minha amiga. Também sei que foi o meu preconceito que afastou meu amor de mim ao longo dos anos, mas isso, era algo que eu não consiguia controlar e ainda não consigo. Mesmo eu às vezes tentando.
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Parabéns pra mim. Completo 39 anos. Há menos de dois anos, minha filha me apresentou esse aplicativo que mudou minha vida. Talvez vocês nem imaginem... Mas é gratificante ler os comentários de vocês e muitas vezes me emociono com eles. Obrigada de coração.🎇🎆🎉🎊
Comemorando meu aniversário, resolvi posta o capítulo que terminei agora.
Mas tarde vou tentar responder aos comentários que amo, mas meu tempo realmente está muito curto.
Agora é sério. Vou descansar ao menos uma semana. Eu acho! 😂
💋Aline Victal💋💋.
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