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"Nossas vidas são definidas por momentos. Principalmente aqueles que nos pegam de surpresa."
Bob Marley
Fez tudo do jeito que a irmã ordenara e em alguns minutos já estava em frente à casa do Rodrigues, decidida em fazê-lo ver que o queria por perto, mesmo que nunca fosse correspondida da forma que desejava.
Deixou a bicicleta jogada de qualquer jeito e bateu afoita na porta de madeira, ficando um pouco desanimada quando o irmão de Miguel abriu a porta.
— Sophia, é tão bom te ver!
Estranhou a atitude de Lucas, mal se conheciam, e o Rodrigues mais velho já a abraçava pelos ombros como se fossem amigos de longa data.
— E-eu... queria falar com o Miguel — comunicou se soltando do abraço de Lucas.
— Meu irmãozinho saiu faz algum tempo, pensei que tivesse ido atrás de você, mas pelo que vejo continua um tolo.
— Ele passou na minha casa, mas brigamos, então...
— Isso só torna o Miguel ainda mais tolo. — Segurou o queixo da Almeida com a mão. — Brigar com uma garota tão linda é quase um pecado.
— Na-na verdade fu-fui eu que briguei com ele... vim pedir desculpas — declarou sem graça, tanto por estar ali, quanto pelo modo que Lucas segurava seu queixo.
— Bem, daqui a pouco ele deve aparecer, pode aguardar aqui mesmo.
Sophia ficou vermelha com o modo que Lucas a fitou.
— Volto mais tarde... É melhor.
— Não, o melhor é esperar aqui mesmo. — Lucas a puxou para dentro da casa e a ajudou a tirar o casaco que usava colocando-o em cima do sofá da sala. — Além disso queria muito conversar com você, Sophia.
— Co-comigo...?
— Com você, linda.
Confirmou Lucas com um sorriso luminoso nos lábios.
* S2 *
Após atender ao pedido de Sophia, Miguel foi para o único lugar que se sentia pelo menos um pouco mais a vontade, onde poderia desabafar sem parecer o maior idiota do mundo, pelo menos era o que achava ao decidir ir pra casa de seu amigo André, ninguém conseguia ser mais idiota do que ele. Era o que sempre achara, mas logo se deu conta que não. Deveria arranjar mais amigos, de preferência um que não risse descaradamente de sua desgraça.
— Não tá me ajudando André — resmungou para tentar conter as risadas do loiro.
— Qual é Miguel, tenho de aproveitar esse raro momento. — Secou uma lágrima ocasionada pelo acesso de riso. — Você levou um fora de uma garota, cara, isso não acontece todo dia.
— É eu sei. Mas agora poderia me ajudar a fazer as pazes com a Sophia?
— Deixe-me pensar.
— Devo alertar os bombeiros de um possível incêndio? — perguntou debochado recebendo um olhar irado do loiro. — Força do habito.
— Bom mesmo. — André coçou a cabeça e depois o queixo pensativo. — Podíamos fazer um programa a quatro. Posso pedir para a Marina convencer a Soph a nos acompanhar. — Sorriu de orelha a orelha. — A Marina me pediu para leva-la ao cinema, tô meio sem grana, mas você...
— Eu pago. — garantiu se perguntando quando o Marinho ficara mais esperto. — Mas tem de convencer a Sophia a ir.
— Sem problema! Vá pra casa e deixe tudo comigo.
— Esse é meu medo... — murmurou já do lado de fora.
Caminhou até sua casa do outro lado da rua e viu uma bicicleta rosa choque jogada sobre a grama em frente à porta. Pelo jeito Lucas decidira trocar de vítima, só torcia para ser mais discreta que a anterior.
Entrou e viu um casaco lilás jogado no braço do sofá, o pegou por acha-lo igual a um que Sophia possuía. Levou o casaco até o nariz e franziu o cenho ao identificar o perfume que ela exalava.
Sorriu de canto com cansaço, devia parar de paranoias. Não existia somente um casaco como aquele no mundo e o perfume... Devia ser só uma coincidência. Passou as mãos no cabelo e decidiu que precisava descansar. Subiu as escadas e ao colocar a mão na maçaneta de seu quarto ouviu a voz melodiosa de Sophia.
— Oh, não!
— Que foi Soph?
Arregalou os olhos ao ouvir a voz de seu irmão logo após.
"O que o Lucas faz no meu quarto com Sophia? Os dois, a sós?", se perguntou apertando a maçaneta com força, as dobras dos dedos ficando brancas.
— Na-da... acho que não deveríamos estar aqui... fazendo isso...
"Fazendo isso...?". Sentiu um frio intenso subir por suas costas, a mente trabalhando com mil possibilidades do que poderia ser o isso que Sophia e Lucas faziam em seu quarto. Conhecendo seu irmão boa coisa não era. Obrigou-se a manter a calma e lembrar que Sophia não era do tipo que cairia na lábia de seu irmão Don Juan. "Ela caiu na minha". Sacudiu a cabeça, forçando a todo custo recordar que na época Sophia estava fragilizada com a perda das chances com o seu idiota do André. O problema era que a única coisa que passava por sua cabeça era a briga de manhã e ela dizendo que não queria vê-lo nunca mais, então o que diabos ela fazia ali, em seu quarto com seu irmão?
— O Miguel não vai gostar, Lucas.
Isso ela podia ter certeza, queria matar Lucas só por estar ali com Sophia.
— Ah, mas é tão divertido, Soph.
Miguel apertou os pulsos com raiva.
— Você não gostou, linda?
— Gostei muito... foi maravilhoso ver tudo isso, mas...
Aquela conversa só piorava as cenas que sua imaginação insistia em criar.
— Então vamos continuar... Curtir mais um pouco...
— Ah, mas não vão continuar mesmo — berrou ao abriu a porta com brusquidão e encarar furioso o casal em sua cama.
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