Capítulo 18

"Eu não poderia ir embora, nem se quisesse,
Pois algo continua me empurrando em sua direção,
Desde a primeira vez que nos amamos,
Desde a primeira vez que nos tocamos."

—Major Lazer

________________________________

Ellie

Todavia, nos encontrávamos no campo de girassóis, não podia acreditar que tudo isso estivesse acontecendo comigo, me parecia algo de outro mundo, pensar em tipo como Sven fazendo isso, era surreal, me fez sentir a garota mais especial, ele estava justamente em cima de mim neste momento, sentia como meu coração já havia perdido todo compasso, batia numa velocidade que humanamente seria impossível, já tinha perdido a conta de quantos beijos nós havíamos dado, até que ele se levanta abruptamente e procura por algo atras da arvore em que estamos próximos, embaixo de umas folhas secas está uma bolsa de formato quadrangular de cor castanha, onde parecia ter muitos objetos dentro devido ao tamanho da mala, a primeira coisa que retira é uma pequena paleta seguido de vários frascos de tinta, por último uma enorme tela branca.

—Estas brincando—digo surpresa.

—Não—diz ele olhando na minha direção e vejo como um lado da sua boca se levanta sutilmente se convertendo em um lindo sorriso.

Sven começa a montar o cavalete e faz sem nenhuma dificuldade, confirmando o que ele me tinha dito antes, de uma forma louca, este tipo "Brutos" e a arte estavam interligados, não podia acreditar que ele fosse me pintar aqui e justamente agora, olho para a roupa que estou vestida e não é nada especial, tenho um suéter cor areia que deixa meus ombros amostra, e uma calça branca que era justa na cintura e folgada nas pernas, ou isso era antes de comer como se estivesse presa a cem anos, mais para a minha defesa não tinha terminado de comer antes que Sven me arrastara para aqui, depois teve toda a situação no banheiro, assim que tinha muita fome.

—Em que tanto pensas? —pergunta Sven notando meu silencio de repente.

—Eh... que não sei se estou vestida adequadamente—digo olhando minha calça.

—Ellie, é só uma pintura, assim que não passa nada.

Olho para ele e reviro os olhos, abro minha bolsa e procuro entre um mar de livros, um espelho para que possa ver minha cara, hoje era aquele dia típico em que não queres fazer nada, acaso não existiam regras para que os garotos nos chamarem para sair? Ou seja, nos dizem, e no mesmo dia saímos, eu não estava preparada para nada disso, e demostrava como estava vestida, minha cara tinha um pedaço de manga no canto da boca, eu definitivamente era um desastre andante, rapidamente peguei um pó cor de rosa, que estava solitário na minha bolsa, gritava a quilômetros que não pertencia ali, deve ter ficado na minha bolsa depois de uma torturante aula de maquilagem, e nem preciso dizer quem era minha tutora, mais justamente agora rezo a Ise por ser tão irritante, e ter me ensinado a colocar blush, sem parecer uma palhaça ou isso espero já que é a primeira vez que vou colocar em pratica seus ensinamentos, passo um gloss da mesma cor da minha boca, e passo a mãos pelo meus fios de cabelo emaranhado.

—O que estas fazendo?

—Pois... tento ficar apresentável para a pintura—digo como se fosse obvio.

—Mas isso você já estava, eu gostaria de pintar você natural, quero me lembrar como você é realmente, não como querem que você seja—responde um pouco desconcertado passando a mão no cabelo.

Não sei por que, mas eu gostei de ouvir aquelas palavras, não é porque somos garotas temos que estar sempre apresentáveis, e com um sorriso no rosto, só porque isso é o que a sociedade espera da gente, eu gosto de ficar à vontade, de me sentir à vontade onde seja, não acho ruim as garotas que fazem tudo em pro da beleza, afinal cada um decide o que é bom para si, e podia provar com minha melhor amiga que lhe encantava o mundo da beleza, isso era o mundo da Ise e não o meu.

—Mas se você quer passar não estou aqui para te criticar, assim que fica à vontade, quando você estiver pronta me diz.

—Certo.

Me sentia extremamente nervosa e não sabia por que, afinal isso era só uma pintura, olhei em sua direção, estava sentado num pequeno banco de madeira, à espera da sua suposta modelo se posicionara, para assim iniciar sua brincadeira com os pincéis e tinta fresca, porém, parecia tão distraído que nem percebeu quando me aproximei timidamente junto a ele.

—Bom, começamos? —me pergunta, e faço um gesto afirmativo com a cabeça em modo de resposta.

Ele se levanta e caminha até ficar próximo a mim, e delicadamente faz uma caricia na minha bochecha, automaticamente fecho os olhos aproveitando seu tacto em meu rosto.

—Você está linda—diz em um sussurro.

Depois de umas trocas de beijos, caminhamos juntos até ele me deixar perto dos girassóis, não sabia o que fazer, muito menos como posar para uma pintura, Sven ao perceber meu desconforto me falava uma e outra vez que eu precisava relaxar, e que isso era para ser algo divertido, dizia enquanto me dava um sorriso amável, não podia negar que essa nova faceta dele me encantava, e pouco a pouco comecei a relaxar.

—Queres ouvir uma piada? — eu disse depois de ficarmos uns minutos em silencio.

Vejo como ele me observa com testa enrugada, está completamente concentrado e extremamente sexy assim, morde um pouco seu lábio inferior, sempre faz isso quando estar nervoso ou pensativo, em poucos segundo sua testa enrugada relaxa e vejo como sua boca se curva ligeiramente para cima, formando um sorriso.

—Ok, me surpreende—me diz com um largo sorriso.

—O que diz uma impressora para a outra? —ele continua com a pintura e ao perceber que não falo nada me olha com cara de confusão, estou sorrindo como uma psicopata esperando alguma resposta da sua parte.

—Não sei—responde revirando os olhos.

—Está folha é tua, ou é impressão minha—digo e começo a sorrir com uma desequilibrada.

—É serio isso? —pergunta incrédulo, depois de ouvir tamanha estupidez.

—Que? —pergunto tentando me recuperar do ataque de riso—Eu disse que ia te contar uma piada, nunca te prometi que fosse boa ou engraçada—digo revirando os olhos.

Observo como tenta não sorrir e quando percebe que não vai conseguir esconde seu rosto atras da tela para que não veja sua reação, já estava ficando impaciente depois de ficar mais alguns minutos parado que pareciam como horas, sabendo como sou inquieta optamos por uma posição em que eu me encontrasse o mais confortável possível, ou isso foi o que pensei quando escolhi ficar de frente a tela, meus cabelos ondulados caiam como cascata no meu ombro descoberto, levava no pescoço um colar que tinha uma única perola branca, e obviamente eu não era uma garota bonita, mais nesse exato momento me sentia como rainha, e com minhas mãos segurava uns quantos girassóis.

A essas alturas eu estava transpirando como uma porca, Sven por sua vez, já tinha tirado a camisa, por conta de toda a tinta e o calor, não saberia explicar se era o sol quente ou o garoto que tinha quase na minha frente, mais de uma hora a outra começou a fazer demasiado calor, Sven não era um tipo muito musculoso, era magro, alto e branquelo, mas isso não tirava seu charme, nem os quadrados que tinha em seu abdômen definido.

—Ellie—grita Sven me trazendo de volta.

—Que? —pergunto surpresa.

—Estou perguntando faz quase uma hora se você quer agua—responde revirando os olhos.

—Sim—digo em um suspiro.

—Já estas cansada? —pergunta se aproximando com uma garrafa na mão.

—Sim—admito e bebo um pouco de agua.

—Quem deveria estar cansado era eu já que sou que estou fazendo tudo—diz ele divertido enquanto pega minha garrafa de agua e toma um gole—Também porque você não para de me olhar, ou você acha que não percebo—me diz com um sorriso malicioso.

—Eu não estava te olhando—digo afinando ligeiramente a voz, e desvio o olhar, me sentindo envergonhada.

—Ahh, não? —pergunta se aproximando tranquilamente.

—Se supõe que devo olhar na sua direção para você me pintar, não seja tão egocêntrico Sven—respondo revirando os olhos.

—Vaia, vejo que você incorpora mesmo o papel—diz ele sorrindo, e sinto seu alento na minha testa.

Lentamente levanto a cabeça, e me encontro com seus olhos, esses olhos que me tem como sua prisioneira, sinto como meu coração bate depressa, e de pronto tenha a sensação de um milhão de mariposas na minha barriga, essa sensação que sinto só quando estou com ele, minha boca fica seca e sem que eu perceba mordo meu lábio inferior, ele ao ver minha reação passa o dedo polegar delicadamente pela minha boca fazendo com que eu solte o lábio inferior, coloca a suas duas mãos em ambos lado da minha cara, ele sustenta meu rosto a modo de que eu não desvie meu olhar do seu.

—Admite que você me estava secando—diz em sussurro roçando delicadamente seu nariz com o meu.

—Nunca—respondo gaguejando um pouco, sinto como minha garganta esta seca.

Sven ao ver que não responder o que ele quer escutar, começa a castigar-me com suas caricias, que só piorava o calor que eu sentia, definitivamente necessitava de um banho de agua gelada, quando tenho sua boca a poucos centímetros da minha abro esperando devorar esses lábios carnosos, que faz tempo que me estão maltratando, fecho os olhos esperando sentir seus suaves lábios com os meus, quando passa alguns segundos e não sinto nada abro os olhos e vejo o único garoto que me faz amá-lo e odiá-lo ao mesmo tempo, fiz um ademão de colocar minhas mãos no seu pescoço para trazê-lo mais perto de mim, mais ele prontamente passou meus braços para atras, me deixando a sua mercê.

—Sven—digo praticamente como uma súplica.

Ao parecer ele teve piedade de mim, e novamente aproxima seus lábios dos meus, quando estes estão a poucos milímetros, os molha dolorosamente lento, aumentado ainda mais minha vontade de beija-lo, e quando estou pronta para recebe-lo, ele abre a boca e rapidamente faço o mesmo, mas ele se afasta como num piscar de olhos, não entendo nada até que vejo como em sua maldita cara tem um sorriso descarado, e lhe dou olhar de poucos amigos.

—Que? —responde se fazendo de desentendido.

—O que você acha?! —digo com sarcasmo.

Ouço sua gargalhada, me deixando ainda mais irritada, enquanto ele começa a caminhar em direção a tela, bebe um pouco mais de agua, vejo como Sven joga um pouco de água na sua cara, deixando seu cabelo pegado no rosto, e como restante escorre por seu torso desnudo, sinto como se tudo estivesse passando em câmera lenta, depois de sacudir a cabeça por alguns segundos, ele passa a mão no cabelo tentando arruma-lo, sinto como se estivesse numa cena de um filme, em que um garoto sexy sai do meio do mar, e a personagem principal fica babando descaradamente nele.

»Mas isso é o que você está fazendo estupida« diz minha consciência.

Balanço a cabeça tentando pensar em qualquer coisa que não seja no corpo dessa pessoa quase desnuda, penso em como seria vê-lo completamente desnudo »Meu Deus, em que estou pensando« quando olho na sua direção vejo como me olha e me dá um sorriso travesso, e tento disfarçar o que isso provoca em mim.

—Está gostando da vista? —me pergunta orgulhoso.

—Claro, os girassóis são muito bonitos, e muito grande—digo e lhe dou um sorriso forçado com a boca fechada.

—Eu também tenho um girassol que é muito grande—diz ele com um sorriso de orelha a orelha.

—Sven—digo envergonhada.

—Que? Eu estou falando da pintura por algo a tela é desse tamanho ne, a culpa não é minha se você tem pensamentos impuros—responde sorrindo, levantando e abaixando as sobrancelhas.

—Claro, claro—digo revirando os olhos.

Voltamos para que estávamos fazendo, antes do Sven fazer uma pequena pausa, parecia bastante concentrado como se só existisse a tela e ele, e eu me sentia fora desse círculo, na verdade me sentia muito inquieta quando tudo ficava em silencio, talvez eu fosse um furacão no mundo silencioso do Sven, sem fazer muito movimento, já que tenho um par de girassóis nas mãos pego meu telemóvel no meu bolso traseiro.

—O que você está fazendo? —me pergunta um pouco impaciente. —Preciso que você fique quieta por um par de minutos Ellie, quão difícil é isso?

—Tranquilo, só vou colocar uma música—digo revirando os olhos, e desbloqueio o aparelho.

—Faz o que queiras, mas fica quieta—responde.

Levanto um pouco a vista, e vejo como me responde enquanto limpa as manos num pequeno trapo de pano, de cor branco ou isso era antes de ser manchado por tintas frescas, e entre seus lábios repousa um pincel de cabo alongado, e a vista mais sexy que tenho visto desde que deixei de ir aos treinos de futebol do colégio, seu corpo, todavia se encontra um pouco molhado, sua calça está um pouco baixa, deixando a amostra sua cueca preta que faz jogo com a peça de cima, sinto como me arrepio por completo, desejando algo que nem eu sei o que é, sou interrompida por um barulho em seco, que chama minha atenção, e vejo como a paleta de cores está no chão, junto com outros frascos de tinta, e Sven olhando para sua mão, e fazendo movimentos repetidos de abrir e fechar.

—Estou um pouco enferrujado—diz sem dar muita importância ao acontecido, me dando um sorriso forçado.

—Se você diz.

Ele começa a pegar as coisas que está no chão e vejo como sua postura a mudado, não sei que, mais aquela sensação de leveza que se sentia no ambiente foi substituída por uma de inquietude.

—Bom acredito que tenho tudo que preciso— diz em um suspiro e passa a mão pelo cabelo desordenando um pouco.

—Sim? — digo emocionada e corro em direção a tela.

—Não, para—diz se colocando na minha frente impedindo que me aproxime a tela.

—Que? Estas brincando certo?

—Ainda não está terminada, quero que você a veja finalizada—me responde colocando uma mecha de cabelo atras da minha orelha

—Isso é injusto—digo cruzando os braços e fazendo um beicinho.

—O mundo é injusto— diz ele fazendo uma pequena caricia no meu queixo.

—E agora, o que fazemos?

—Não sei, você quer ficar aqui ou quer ir para casa?

—Bom, acredito que posso ficar já que minha mãe hoje está de plantão.

—Assim que hoje a noite é uma criança—diz com um sorriso malicioso.

—Talvez—digo sorrindo.

Ele pega na minha mão e se senta no gramado, se apoiando numa arvore atras dele, e eu me apoio minha cabeça no seu colo, de modo que seu rosto e o céu são as únicas coisas que vejo.

—Podemos nos fazer pergunta se você quiser, assim podemos nos conhecer um pouco, mais—digo tentando iniciar uma conversa.

Já que por ele, ficaríamos em silencio todo o tempo.

—Tipo verdade ou desafio? —me pergunta confuso.

—Mais ou menos.

—E que queres saber?

—Bom, não sei, tudo—digo sorrindo.

—Claro, como não—diz ele sarcástico.

—Qual é a tua cor preferida? —pergunto.

—Preto.

—E sério? Não imaginava—digo com sarcasmo revirando os olhos.

—Então não me faça perguntas tão obvias.

—A quem você não suporta?

—A ti—me responde, e faço uma cara de ofendida.

—Mentes—lhe respondo, ele encolhe os ombros dando pouca importância ao que eu disse.

—Qual é...

—Você já se apaixonou? —me pergunta, e o observo desconcertada.

—Ehh... pensava que sim, mais acho que não—respondo sincera.

—Deixa-me adivinhar por Matthew—diz em um suspiro, e vejo como seu semblante muda para um desconfortável, talvez triste, prefiro não responder sua pergunta e olho em outra direção que não seja sua cara.

Vejo como ele puxa sua mochila e tira dela uma pequena garrafa de vodca, e bebe seu conteúdo, ele me olha por uns instantes e desvia o olhar.

—Que?!—me pergunta—Ao menos uma vez na vida deixa de ser tão certinha.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top