FIM
Nos primeiros raios de sol, a copeira segue como faz toda manhã, na casa dos Alioth... Segue para o quarto de Esteban.
Além de servi-lhe a comida, ela, deixa-o servisse do seu corpo.
Adélia, tem uma segunda chave do quarto dele.
Ela abre a porta com cuidado. Sempre gosta de surpreendê-lo.
Com bastante cautela, coloca a bandeja com o café da manhã, regado de frutas, na mesa que fica antes do quarto.
Ela tira a roupa e com a ponta dos pés, entra na ante-sala e passa para o quarto.
Esteban não estava na cama.
O filho mais velho de Andrej Alioth está sentado de frente para janela.
Adélia, continua andando com as pontas dos pés... Escuta a voz dele bem baixinha... Quase um sussurro.
Ela posiciona-se atrás da poltrona azul.
Pode ver por cima dele, que Esteban está com a perna direita dobrada, e segurando algo.
Ela, acha estranho ele já está tomando o café da manhã.
— Esteban?!
Ele não responde. Continua concentrado no que está fazendo.
— Meu amor...
Adélia cai para trás ao ver o filho mais velho, devorando-se.
Esteban, estava segurando a batata da perna e a devorando.
Ele já havia comido os dois olhos, a língua, nariz e arrancado com uma adaga de prata, as maçãs do rosto.
Ele sorri para ela, com sua boca cheia do músculo do tornozelo.
Adélia grita o mais alto que pode!
Ela grita, grita e grita!
A copeira, encolhe-se no canto da parede. Não consegue parar de olhar, o jovem noviço auto-mutilando e comendo-se.
Os guardas entram rapidamente no quarto.
Procuram a todo custo, tirar a adaga da mão dele, mas, a quantidade de sangue que banha seu corpo, o deixa escorregadio.
— Ajuda! Precisamos de ajuda! — Grita desesperadamente o mais velho de bigode... Mais dois homens entram e pegam a manta da cama o enrolando.
Eles sentem através do tecido, os vários pedaços de carne que faltam do corpo do rapaz.
O sexto homem, entra mais pálido que os demais.
— Cedomir, — Ele engole seco. — Você precisa vir comigo.
— Seu bosta! Você não está vendo? Somos cinco homens tentando fazer com que o mestre Esteban não se devore.
— É que o senhor Andrej já foi devorado.
Os cinco ficam parados segurando, dentro da manta, o filho mais velho que continua a arrancar-se os pedaços.
— Como assim Homem? — Pergunta Cedomir.
— Acho que o pai foi devorado pelo filho.
Os seis escutam Esteban sorrindo, para logo em seguida escutarem dentes triturarem pequenos ossos.
A cidade acorda, às mais variadas horas, com os choros incessantes dos infantes.
Passados doze meses, a população de Werzov aumentara consideravelmente.
Havia crianças já andando.
Mulheres grávidas, desfilando garbosamente pelas ruas com seus imensos barrigões.
— Padre Bartolomeu, eu olho a cidade, depois desses doze meses e parece que estou em outro lugar.
— Sim, jovem Borjan. Graças ao senhor, descobrimos que não havia maldição, mas, um infortúnio da natureza que castigava o vilarejo. — Comenta o padre branco, de bochechas vermelhas, com uma cintura de cento e oitenta centímetros.
— Não fui eu... — O rapaz olha para um medalhão, para depois virar-se para o padre. — Graças ao forasteiro.
O padre se benze.
Borjan abre um leve sorriso, por que há um ano atrás, quando o padre Bartolomeu chegou... O que se falava à miúdos, é que o forasteiro havia enfeitiçado o irmão mais velho dele, que além de devorar o pai, se devorou... E só não fez o mesmo com ele, por que Borjan estava preso no quarto dormindo.
Londres 1888
Um navio com passageiros, vindo da Europa, para no Porto de Londres.
As mais variadas pessoas vão descendo com suas malas de mão.
Londres, capital do mundo moderno!
Um jovem magro grita no meio da rua:
— Extra! Extra! Mais uma mulher é encontrada morta!
O homem que passava pelo vendedor de jornal, para e volta.
— O jornal está um centavo de Libra. — Diz o rapaz franzino.
O homem de chapéu preto e vestido num smoking, igualmente preto, bem cortado, feito à mão, vasculha seu bolso e tira uma moeda de ouro.
— Desculpas senhor, mas, com essa moeda, o senhor se brincar, compra todos os jornais que circulam hoje em Londres.
— Verdade, — O jovem tenta ver os olhos do homem, mas desiste. Ele continua: — É difícil encontrar uma alma honesta nos dias de hoje.
O homem deposita na mão do jornaleiro mais uma moeda de ouro.
Os olhos do rapaz saltam as órbitas!
— Amanhã estarei aqui, se o senhor quiser outro jornal, é por minha conta. — Fala empolgado!
O rapaz percebe os olhos esmeraldas e um sorriso levemente cínico. O homem responde:
— Nós só temos o agora meu rapaz, o futuro não nos pertence.
O jovem afasta-se ao escutar a resposta e também por perceber, ou achar que viu, os olhos do homem ficarem vermelhos iguais a sangue ao começar ler o jornal.
E o jovem ainda o escuta falar, lendo o jornal:
— Jack, Jack... Jack.
FIM
O encontro de Jack com Drake, está escrito no conto Whitechapel, no livro Contos de Matar.
E Trilogia Fogo do Céu, contém um pouco da origem desse mundo, que começou em Visceral.
Obrigado 🙏🏻
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