27.

Naquela noite, decidi fazer uma pesquisa sobre Jennifer Huh.

Eu esperava encontrar algo grande, algo que pudesse ser relacionado ao caso.

Em uma hora, eu estava desapontada e arrasada.

Não consegui encontrar quase nada além da escola que ela frequentou e o fato de ser herdeira de uma empresa multimilionária.

Não havia mais nada, como se os mecanismos de pesquisa tivessem sido subornados para evitar a exposição de informações importantes.

Havia uma foto de Yunjin com sua irmã quando eram adolescentes. Yunjin de uniforme, sorrindo alegremente para a câmera, e a que tinha uma expressão estoica era, sem dúvida, Jennifer.

Era possível uma irmã ter tanto ódio por alguém que era praticamente parte dela?

Ouvi dizer que os gêmeos, especialmente os gêmeos idênticos, eram muito próximos.

O que as diferenciava?

Nesse momento, meus pensamentos foram interrompidos por uma batida na porta.

Olhei para o relógio.

Já passava das onze horas da noite.

Quem poderia estar na porta a essa hora?

Olhei pelo buraco da porta e vi que não havia ninguém.

Houve uma batida novamente, desta vez mais urgente e um pouco mais alta.

— Quem é? — eu disse, sem receber resposta.

Peguei minha arma que estava escondida debaixo do travesseiro, carreguei-a e, com a outra mão, abri a porta.

— Não atire! Sou eu!

Minha mão voou para minha boca rapidamente. — Oh meu Deus, Yunjin!

Ela entrou e fechou a porta com um chute.

Em seguida, ela pegou a pistola em minha mão e encaixou a trava de segurança no lugar.

Ela sorriu para mim. — Estou impressionada por estar seguindo minhas instruções. — disse ela.

Eu a abracei com força, com a cabeça em seu pescoço, meus olhos lacrimejando.

Ela me abraçou de volta. — Vou sujar você de terra assim, preciso de um banho. Onde fica o banheiro?

Apontei na direção do local.

Eu sabia que meus olhos ainda estavam cheios de lágrimas quando olhei para ela. Seu cabelo estava mais comprido, eu podia dizer que ela não o lavava há dias, a oleosidade era bem evidente.

Seu rosto havia perdido o brilho e ela parecia cansada em geral.

— Também preciso de roupas limpas, por favor — disse, e um segundo depois acrescentou. — E roupas íntimas, se possível.

Eu sorri. — Vou ver o que consigo encontrar.

— Perfeito.

Coloquei as roupas enquanto a Huh tomava um banho de vinte minutos. Quando saiu, parecia melhor e mais limpa.

Ela começou a se vestir lentamente e, quando percebeu que eu estava observando, deu uma piscadela para mim.

Estava começando a esquentar aqui.

Liguei o ar-condicionado.

— A que horas seu irmão chega do trabalho?

— Ele tem um turno noturno hoje. Ele não estará de volta até amanhã de manhã Seus olhos brilhavam com malícia.

Passei a mão pelo meu cabelo, desejando ter usado pelo menos algo mais... sensual ao invés da camiseta e do short que eu estava usando.

Yunjin passou por mim e foi até a geladeira.

Abriu-a e tirou uma caixa de leite, que engoliu após abrir e depois começou a devorar os biscoitos da caixa no balcão da cozinha.

Eu ri. — Eu fiz o jantar, você gostaria de se sentar e comer?

— Ah, sim, isso seria bom.

Ela se acomodou na sala de jantar e comeu o purê de batatas, o molho e os sanduíches de queijo grelhado como uma mulher que teve acesso limitado à comida por meses. Ela estava com fome há muito tempo.

Huh me viu observando-a e apontou para o prato quase limpo. — Isso é bom. Minha oferta de casamento ainda está de pé.

— Então você quer se casar comigo só por causa da comida. — decidi provocá-la.

Ela balançou a cabeça. — Por tudo o mais que vem com a comida. Seu sorriso, Chae, me dá esperança de que ainda há espaço para a normalidade na porra da minha vida.

E a sala foi preenchida por um silêncio.

Ela não foi sarcástica, ela falou a verdade.

— Você parece magra, não tem comido? Estava morando sozinha na cabana?

Ela soltou uma risada seca, tomando um gole de vinho — Você não faz ideia. Depois daquele acidente, fiquei sob os cuidados do Jiung. Fui à cabana uma semana depois e a encontrei revirada, literalmente destruída em pedaços.

— O FBI e a polícia..

Ela balançou a cabeça. — É claro que a polícia chegou lá, mas só depois que o lugar foi virado de cabeça para baixo. Alguém mais deve ter sido mais rápido que a polícia. Não foi difícil juntar os pontos.

— O assassino.

— Acho que sair daquele lugar foi uma boa decisão. Tenho certeza de que ele teria me deixado viva, mas você? — Yunjin me olhou angustiada — Não quero nem pensar no que ele teria feito com você se ainda estivesse naquela cabana comigo.

— E então teria sido mais fácil colocar esse assassinato em suas acusações também.

— Correto. Você não estaria viva para lhes dizer o contrário.

Era muito estranho ter Yunjin em minha casa, sentada à minha mesa, conversando.

Há alguns meses, eu nunca teria imaginado que me apaixonaria pela criminosa mais notória da história do ForestVille, e o engraçado é que me sinto mais segura do que antes.

Decidi fazer a ela a pergunta que vinha me perseguindo há algum tempo. — Você acha que sua irmã matou todas aquelas pessoas?

Em vez de responder a essa pergunta, ela disse. — Desde que éramos crianças, Jennifer e eu competíamos uma contra a outra. Fosse por notas escolares, esportes, afeição de nossos pais, conquistas. Sempre tentávamos vencer uma à outra por alguma coisa e, à medida que envelhecíamos, isso ficava fora de controle. — desviou o olhar, como se a memória a estivesse perturbando.

— O que aconteceu? — perguntei, com curiosidade.

— Estávamos competindo pelo trono. — falou, sarcasticamente. — A posse da empresa. Veja bem, apenas uma de nós se sentaria naquela cadeira, e nosso pai queria que a gente arrancasse a garganta uma da outra para isso.

— Isso é horrível, por que seu pai iria querer isso?

Ela riu. — Porque essa seria a vingança do meu pai contra a minha mãe.

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quem é vivo sempre aparece, né 👁️👄👁️

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