1


ANTES


— Mãe, posso ir dormir no Evan hoje?

— Outra vez? — ela parou de mexer na panela e olhou para mim. — Você dormiu lá semana passada.

Eu esperava muito que ela deixasse porque minha mochila já estava pronta e eu também.

— Ele me chamou mais uma vez.

Soube que ela iria querer conversar quando não me respondeu e desligou o fogo, deixando a panela de lado.

— Querida, vem cá. — ela pediu sorrindo e se sentou, quando eu me aproximei ela estendeu as mãos para pegar as minhas. — Você está bem? Não acha que as coisas estão acontecendo rápido demais?

— O que você quer dizer?

— Você sabe amor, vocês só se conhecem a alguns meses e só agora que ele pediu você em namoro sabe? E eu só concordei por que conheci seus pais e vi que ele é de uma boa família e um bom garoto, mas você não acha que tudo está indo rápido demais?

Um pouco sim.

Mas ela não precisa saber disso.

— Não acho. Eu gosto muito dele e ele de mim, qual o problema?

— Querida, você só vai fazer 15 anos...

— Sim, não sou mais criança.

— Sim, — ela riu carinhosa e tocou meu rosto. — Você não é, mas também não é adulta, você ainda não sabe o quão relacionamentos são complicados.

— Não acho.

Eu e Evan estamos apaixonados.

Vamos ficar junto para sempre.

Eu o amo e ele me ama.

Tudo bem que nenhum dos dois ainda tinha falado, mas os sentimentos não mentem.

Eu o vi logo no meu primeiro dia de aula.

E me apaixonei.

Seu rostinho bonito e o cabelo claro com cachos fez meu coração bater forte demais e não desmaiei por pouco.

Demorou um pouco até que ele me notasse e eu fiquei tão feliz quando aconteceu e fiquei mais feliz ainda quando ele me pediu em namoro uma semana atrás.

Foi tão romântico e engraçado, ele ficou todo vermelho e se tremendo e eu só sabia rir.

Eu gosto muito dele.

— Que tal se ele vier dormir aqui dessa vez? — ela propôs. — Só para mudar um pouco as coisas.

— Ah não... — lamentei. — Toda vez que alguém vem aqui em casa o Ben não para de falar e é muito chato, eu não quero que Evan fique entediado.

Benjamin, meu padrasto, era o maior careta que eu conhecia.

Eu desconfio que ele fale até dormindo porque a todo momento ele está falando.

Ele é ótimo, eu juro que sim, mas as vezes eu não aguento ouvir sua voz e só quero correr para o mais longe possível.

— Não o deixe ouvir você falando isso dele. — ela falou baixo. — Ele gosta muito de você.

— E eu dele, mas ele é muito careta!

— Quem é careta? — falando no próprio... — O seu namorando Evandro, Mia?

— O nome dele é Evan! — o corrigi emburrada. — E ele não é careta.

— É sim, garotinha. — ele se aproximou de mim e da minha mãe dando um beijo na cabeça de nós duas. — O que eu perdi?

— Convença a mamãe a me deixar dormir no Evan, por favor.

Observei os dois se olharem e conversarem em silêncio, decidindo se me faria feliz ou não.

— Sua mãe que manda, garotinha. — ele bagunçou meu cabelo antes de se afastar dizendo que iria tomar banho.

Ben e nada é a mesma coisa.

— Por favor, mãe. — pedi mais uma vez. — Na próxima será aqui, prometo.

— Tudo bem. — ela sorriu pra mim. — Pode ir.

— Obrigada! — eu me levantei sorrindo e dei a volta na bancada para encher seu rosto de beijos em agradecimento. — Já estou indo então, Evan está lá fora.

— Espera, o que? — ela segurou minha mão. — Vocês são impossíveis... Pegou tudo?

— Sim.

— Tudo mesmo?

— Sim, mãe. — revirei meus olhos. — Tudo.

Desde que eu e Evan firmamos nosso relacionamento ela tinha me convidado a falar sobre sexo, e eu não pude nem negar porque ela ameaçou chamar meu padrasto para os dois falarem sobre.

E apenas minha mãe era necessário.

Então, ela estava a todo momento me lembrando de sempre carregar camisinha na bolsa.

Como se eu e Evan fossemos fazer alguma coisa.

Mal tinha língua no nosso beijo.

— Então vá feliz. — ela beijou meu rosto. — E pode me ligar a qualquer momento, para qualquer dúvida.

— Tudo bem, amo você.

— Amo você também, amor.

Assim que ela me soltou eu saí correndo da cozinha e já fui pegando minha bolsa do chão e correndo até lá fora.

Por Evan ser alguns anos mais velho, ele já dirigia e ia para todos os lugares de carro já que seus pais o tinham dado um.

Ele como um bom garoto que é já estava esperando por mim encostado em seu carro e ficou todo risonho quando me aproximei.

— Oi. — ele falou baixinho e pegou minha bolsa. — Sua mãe deixou de boa?

— Sim. — sorri feliz. — Ela acha que estamos indo rápido demais.

— Eu não acho, boo — ele abriu a porta do carro para mim e eu entrei me aconchegando no banco e esperando por ele.

— Foi o que eu disse a ela.

Estamos apaixonados, não tem como negar.

Chegamos rápido em sua casa.

Cumprimentei sua mãe que estava sentada na sala e novamente ela foi muito gentil comigo perguntando o que eu gostaria de comer.

Eu como de tudo, e eu falei isso a ela quando vim aqui a primeira vez, porém ela insiste em cozinhar o que eu gosto.

— Qualquer coisa está bom, sério. — falei sorrindo.

Gostava do fato dela gostar de mim.

— Acho que vou fazer uma torta então. — decidiu. — E vocês crianças podem subir para estudar, se precisar de ajuda chamo.

Evan segurou minha mão e me puxou antes que eu pudesse agradecer a ela, e nós subimos.

— Porta do quarto aberta, Evan! — ela gritou lá de baixo, mas isso não impediu que ele fechasse a porta mesmo assim.

O que nossas mães têm?

Não vamos fazer nada demais.

E eu realmente tenho que estudar.

Ele deixou minha bolsa em um canto de seu quarto e eu fiquei parada ao lado da porta, sem saber o que fazer exatamente.

É tudo tão estranho.

Não seu quarto, mas isso.

— Vem cá. — ele chamou por que ainda me viu parada ao lado da porta. — Deita comigo.

Eu fui.

Praticamente corri até sua cama e me deitei ao seu lado.

E ficamos nós dois um sorrindo para o outro.

Eu estava quase finalizando o meu primeiro ano e ele estava quase indo para o terceiro. Mas ele tinha comentado que seus pais queriam que ele terminasse os estudos em casa.

Evan era um verdadeiro artista, então ele e seus pais estavam investindo nisso.

Ele era louco por teatro e filmes.

Ele me mostrou todos os vídeos de suas participações e percas que já tinha feito.

E ele é bom.

Muito bom.

Uma gracinha.

E eu estava tão feliz por ele, porque ele estava muito feliz com isso.

— Como você está? — ele perguntou tocando meu rosto, tirando meu cabelo da frente. — Senti saudades.

— Também senti saudades. — sorri e seguirei sua mão. — Estou bem.

No meio da semana ele tinha ido para a premier de um filme que tinha um papel legal, era a sua primeira participação grande e ele ficou eufórico.

— Ainda está tendo problemas em álgebra?

— Muita.

Eu odiava álgebra. Mais do que odiava História.

— Vou te ajudar então, boo, você vai ficar tão boa que vai roubar o lugar do professor.

Isso eu duvidava muito.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top