6°| Não Trago Boas Notícias, Garoto

   _ Ele chegou. - Nanda anuncia atravessando a porta do salão e se colocando ao meu lado. Alguns segundos se passam até que os passos pesados de Elarus Rein ecoassem. Fechei e abri a mão várias vezes para conter o nervosismo e ansiedade.

Por fim, Elarus adentra o cômodo. A pele pintada de vermelha, os cabelos excessivamente ruivos... Me pergunto como os ternianos olhavam para aquilo e não desconfiaram de nada?

_ Elarus, é...

_ Peter, garoto! - grita entusiasmado, me envolvendo em um abraço apertado - Como está grande! - ele afasta nossos corpos para me analisar detalhadamente. Fiquei feliz por ter escutado Nanda e raspado a barba - Olha o homem que se tornou, seu pai deve estar muito orgulhoso.

"Não muito...", penso comigo mesmo. A regra básica de ser um guardião é proteger e eu falhei miserávelmente. Papai está certo em estar me desprezando, mas assim como fez com Henriksen, irá esquecer com o tempo.

_ E quem essa linda donzela? - Elarus ergue uma sobrancelha curiosa para Nanda e depois estreita os olhos para mim - Noiva?

Droga, porque todos acham que temos algo? Se eu soubesse que convencíamos tão fácil, então não era necessário todo o showzinho que fizemos com Elle e aquela cena ridícula na piscina. Quer dizer, eu e Nanda até tentamos ter algo de verdade, mas Elle continuava me puxando para si.

_ Você não pode fazer isso, vai ser preso e executado! - Nanda gritava, suas bochechas vermelhas e repletas de trilhas negras deixada pela maquiagem. Respirei fundo.

_ Minha avó não foi...

_ Não, mas ela perdeu muito mais! - a voz de Nanda sai estrangulada - Sua avó nunca mais viu, tocou ou sentiu o amor da vida dela. E nunca amou de novo.

_ Só diz isso porque não quer que eu vá.

_ É verdade. - ela deu de ombros e deu alguns passos pra frente, quebrando a distância entre nós - Eu não quero que vá e não é apenas pela chance de ser executado... Eu te amo, mas você não me vê.

_ Nanda, é exatamente esse o ponto! Você merece mais, merece alguém que te entregue flores todos os dias, que segure em sua mão quando sentir medo, que diga o tempo todo o quanto você é importante... Eu tentei, mas não é justo com você se eu penso em outra. Eu não vou tentar nada com Elle, é óbvio, mas também não posso te prender a mim.

_ Não, somos apenas amigos. - Nanda responde, me tirando do transe - Fernanda Vorkowish, de Flornes.

_ Uma fada? Interessante... Onde estão as asas? - brinca Elarus. Fadas não possuem asas desde os Trevores.

_ Em um algum lugar no escuro. - Nanda devolve a brincadeira, causando risadas no homem na nossa frente.

_ Tio, vamos nos sentar...

_ Que saudade de ouvir alguém me chamando assim! - diz e me dá outro abraço. Não somos parentes de sangue, mas Elarus e papai lutaram juntos na Guerra das Duas Rosas e desde então, se tornaram inseparáveis. Até Elarus decidir que sentia falta da ação e se tornar espião, trabalhando para a coroa da Corte Gelada. Faz três anos que está infiltrado em Ternes - Como vai seu pai? E seus irmãos? Aposto meus botões que Henricksen continua causando problemas...

_ Sim, como sempre - respondo levemente irritado. Eu sei o que ele estava tentando fazer. Fez a mesma coisa com meu pai quando decidiu se tornar espião e fez a mesma coisa com Henricksen quando o medico deu o diagnótisco, dizendo que ele nunca teria uma perna boa novamente. E agora está fazendo comigo, enrolando até onde pode... Isso significa que algo está errado - Tio, vamos nos sentar e você vai me dar o relatório. Por favor. - meu "por favor" sai estrangulado, uma súplica. Resignado, Elarus segue eu e Nanda até a mesa oval no centro do salão, se sentando de frente para mim e Nanda se acomoda na cadeira ao meu lado.

_ Espero que esteja preparado, garoto. As notícias que trago não são boas. - meu coração se aperta no peito, contanto, me mantenho firme. Nanda, ao contrário, agarra minha mão e a aperta forte. Posso perceber que segura o fôlego, então coloco minha outra mão em cima da dela como forma de consolo, o que parece ajudar. O olhar de Elarus pousa sobre nossas mãos antes dele continuar - No último ataque, a Princessa tentou fugir, mas Brand a impediu antes que alcançasse a porta. Como punição, Lor Anihí foi levada para a prisão e lá não é um local muito amigavel...

Engulo em seco antes de perguntar: - Ela está junto com o Rei?

_ Temo que não...

_ Como pode não ter certeza? - Nanda explode ao meu lado. Elarus se ajeita confortavelmente na cadeira, sem ser intimidado pelas ações de Nanda.

_ Obviamente não entende nada sobre espionagem, fada. - ele dá de ombros - Entrar no primeiro nível significa que tenho interesse nela, e os companheiros de cela da Princesa são muito, muito fofoqueiros. Em outras palavras, eu estaria arriscando não apenas minha vida, como também a vida da operação e de todos os outros espiões na Corte Escarlate. - Ele inclina a cadeira pra trás e entrelaça os dedos em cima do peito, seu rosto se vira na minha direção - É por isso que a Rainha deve tirar imediatamente todos os espiões de lá. Brand está muito estressada e louca desde a quase fuga da Princesa.

_ De forma alguma! - Nanda guincha.

_ Mandarei seu pedido para a Rainha, Elarus. Muito obrigado.

Com um aceno de cabeça, ele sai do salão, me deixando a sós com uma Nanda indignada.

_Você está brincando, certo? - ela ri nervosamente - Não podemos fazer isso! São o único meio para sabermos como Elle está... Peter, você não pode estar falando sério!

_ Não temos opção...

_ É claro que temos! - Nanda me interrompe. Me levanto da cadeira e começo a marchar pra fora do salão, determinação queima dentro de mim. Ouço o barulho da cadeira se arrastando e os passos de Nanda ecoam atrás de mim - Aonde está indo?

_ Capturar um maldito Luzente.

Oi, meus flocos de neve ❄💙

Sei que devem estar muito tristes e desapontados comigo pela demora do capítulo, mas espero que entendam. As coisas aqui estão muito difíceis, o que torna escrever difícil, mas estou tentando de verdade e espero que sejam pacientes comigo e não desistam do livro.

Você é incrível!

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